17 - Mudanças
Deep in bones, I can feel you
Bem no fundo dos meus ossos, posso te sentir
Take me back to a time
Leve-me de volta ao tempo
Only we knew hideaway
Em que sabíamos como esperar
(...) Say you'll never let me go
Diga que nunca me deixará ir
The Chainsmokers
-
-
Permaneço olhando para seus olhos enquanto milhões de pensamentos malucos passam pela minha cabeça.
Vou morrer no dia do meu aniversário.
Como pude confiar nele?
Não acredito que minha mãe estava certa esse tempo todo!
Eu amo meu assassino.
Jack respira profundamente e passa as mãos pelos cabelos soltando um grunhido animalesco. Me assusto colocando uma mão no peito tentando, em vão, controlar meu coração. Meu padrasto caminha em minha direção e passa suas mãos ásperas pelos meus ombros descendo pelos braços e subindo novamente. É como se estivesse me escaneando com as mãos a fim de me guardar em sua memória. Então, explora meu colo descendo pelos meus seios, onde os aperta com firmeza e continua pela minha barriga rodeando meu corpo até que chegue à minha bunda. Nesse momento eu já não sei mais nada. Minha mente vira um grande emaranhado de sentimentos confusos e desconexos. No mesmo momento que quero Jack arrancando minha toalha, também desejo profundamente que vá embora de uma vez. Amor e ódio nunca estiveram tão latentes em mim como neste momento.
Quando ele termina o tour pelo meu corpo, sobe as duas mãos até meu pescoço e o massageia como que estudando sua presa. Eu penso que devo cair a qualquer momento se continuar sem respirar por mais alguns segundos.
- Porque eu tinha que te amar tanto, sua filha da puta? - fala baixo, quase sussurrando.
Eu o olho confusa e sinto as lágrimas descerem. Jack sobe suas mãos até minha nuca e me puxa para si. Nossos lábios estão muito próximos quando o sinto morder meu lábio inferior. Arrepio cada pêlo do corpo e sem nenhum controle das minhas ações, tiro minha toalha deixando-a cair sob meus pés. Diminuo nossa distância e envolvo meus braço em torno de seu pescoço. E sem jamais esperar tal atitude, Jack se afasta e me olha de maneira diferente de todas as vezes que estivemos juntos. Decepção, angústia e tristeza. Uma tristeza absurda deixando seus olhos marejados.
- Quando tinha sua idade fiz muita merda. Achava que não tinha motivos para ser melhor. Depois de viver anos com um ódio que só destruiu a mim mesmo, eu... Conheci você - há tanta tristeza em suas palavras que o choro vem descontrolado - Achei que, enfim, pudesse viver uma vida de verdade. Ser feliz. Mas como sempre... - ele abre os braços e os bate ao lado do corpo - eu estava errado. Você foi manipulada e eu não posso fazer nada sobre isso.
Ele pega a chave em cima da cama e se dirige à porta, destrancando-a. Antes que saia completamente, pego a toalha do chão e coloco em frente ao meu corpo chamando-o com sofrimento e dor intensa.
- Jack! Por favor, me entenda! Eu estou lutando por algo que nem sei se é real! É minha mãe! E você também...
Não consigo terminar! A cara que Jack me lança é cortante, mordaz e meu coração é esmagado a cada segundo que permaneço olhando para ele.
- Você é jovem. Tem tanta coisa pra conhecer, viver! Eu nunca deveria ter me entregado a esse maldito sentimento. Agora eu tô... Boa sorte, Amy.
E sai deixando o vazio mais profundo que eu sentiria em toda minha vida.
-
**-**-**
-
2 MESES DEPOIS
-
Aquela praça me trazia uma paz que eu não sabia explicar, afinal era movimentada demais para aflorar-me tal sentimento. Dam é cercada de prédios históricos formando uma muralha magnífica. Diversas apresentações aleatórias acontecem ao mesmo tempo em vários pontos da praça. Um rapaz completamente prateado faz a alegria das crianças com mímicas verdadeiramente reais. Amsterdam tinha cheiro de vida. Cheiro de "não se preocupe, tudo vai dar certo". Me sinto segura aqui. Protegida do mundo. Protegida do mal. Mal esse que insiste em voltar. Olho novamente os papéis em minhas mãos e inalo aquele ar fresco de fim de tarde. Por alguma razão não sinto medo. No entanto, tenho uma certeza viva dentro de mim que o pior ainda está por vir.
- Não se preocupe, tudo vai dar certo, Amy - mais uma vez, repito meu novo mantra.
- Ah Rá! Te achei!
Sanne coloca as mãos nos meus ombros dando-me um beijo no rosto. Sorrio para minha mais nova amiga e me sinto grata em tê-la por perto.
Assim que cheguei na Amst Academy há quase dois meses, todas as garotas e rapazes que iniciariam o curso profissional de dança participaram de uma seleção intensa e esgotante à fim de separar o grupo de 50 bailarinos em dois: Intermediário e avançado. Cada bailarino tinha duas chances para apresentar sua melhor performance e eu já havia desperdiçado a minha primeira com erros ridículos e amadores.Minha tensão era tamanha que não consegui focar na coreografia que havia preparado. Saí do palco controlando-me ao máximo para não desabar na frente de mais de dez professores renomados, mas assim que cheguei no corredor, não suportei a pressão e chorei como há muito tempo não fazia. Havia muita tristeza engasgada na garganta.
Desde que Jack me deixou naquele quarto sozinha, nunca mais o vi. Naquele dia, não derramei nenhuma lágrima e mantive uma angustia permanente até então. Eu havia perdido o homem que amava, e isso era doloroso demais de admitir.
Ele cuidava de Jeni enquanto os primeiros sintomas da gravidez se afloravam a cada dia. Eu não tinha direito de acabar com a minha própria família. Fui embora dois dias depois e recebo notícias através de Megan e Kate.
Embora Jeni quisesse vir comigo para os acertos burocráticos da Academia, não suportava ficar dois minutos perto dela, quem dirá alguns dias.
A Senhora Weiss se ofereceu para me acompanhar e foi realmente a melhor companhia que eu poderia ter no momento, se não fosse por alguns comentários que mexeram profundamente com meu coração:
"Eu estou muito feliz por ganhar mais um netinho! Sim, mais um, porque você também é minha neta, meu amor"
"Jack está tão tenso com a nova responsabilidade que parece não conseguir desarmar aquela carranca toda!"
"No fundo Jack está feliz, tem que estar, não é? Às vezes me parece que ele perdeu algo; algo de muito valioso. Conheço meu filho, sei que está feliz com a paternidade, ele adora crianças! Mas tem alguma coisa que não o deixa completamente feliz."
Cada palavra de minha "avó" era um murro no meu estômago. No entanto, muita coisa foi esclarecida sobre o passado do meu ex-professor. Jeni me enganou com meias verdades. Tudo sobre a agressividade, falta de caráter e abusos sexuais foi desmentido. Depois de anos afundado nas drogas - quase morri do coração quando sua mãe me confidenciou isso - ele se recuperou e refez sua vida com muita determinação e uma dignidade admirável. Não queria acreditar que eu perdera aquele homem.
"Ele é um homem muito bom. Tem um coração enorme! Olha, depois de tudo que sua mãe fez á ele, eu jamais imaginaria que pudesse perdoá-la, mas mais uma vez Jack mostrou o grande homem que é."
E toda a sujeira que a vagabunda da minha mãe fez veio á tona. Sua traição, as humilhações a Jack. Me senti usada, manipulada. Não havia necessidade de um jogo tão sujo por causa de um pinto. Como alguém pode trocar uma filha por um homem? Que tipo de ser humano é esse? Depois disso tudo, Jeni morreu para mim.
No meu primeiro dia na Academia eu já havia falhado vergonhosamente. Enquanto corria pelo corredor chorando em desespero à minha derrota iminente , esbarrei em Sanne. Ela me ajudou a ir para o camarim, me acalmou e até conseguiu me fazer rir. Me incentivou com palavras lindas a tentar com toda garra a minha última chance na seleção final. A garota espalhafatosa decidiu dividir o alojamento comigo e usou uma lábia invejável ao convencer minha companheira de quarto a trocar com ela.
Sanne era incrivelmente radiante. Uma típica holandesa de cabelos compridos super loiro, sorriso fácil, pele clara e alta. Com uma exuberância nata e alto estima elevadíssima, intimidava qualquer criatura. Minha confidente, psicóloga e animadora em tempo integral. Tinha a impressão que a conhecia a vida toda. Achei a versão de Megan e Kate num só corpo.
- E ai? O que ela falou? - Sanne me pergunta sobre a carta que acabei de receber de Jeni.
Não falava com minha mãe desde que a senhora Weiss foi embora. Não respondia às suas mensagens nem ligações. Conversava frequentemente com Kate e Megan que intermediava as notícias de ambos os lados. A cretina ligara para o diretor da Amst Academy, Sr. Luiten, e pedira para que assim que recebesse uma carta endereçada a ele que me entregasse. Inventou uma história maluca de que estava sem internet e que apreciava se comunicar comigo por métodos ortodoxos. Dá pra acreditar, nisso! O gorducho me fez abrir a carta na sua frente, visto que Jeni pediu a confirmação da minha leitura e não apenas do recebimento da mesma. Satisfeito, disse que responderia mamãe de que a missão fora cumprida. Babaca.
- Está vindo pra cá. Sozinha.
- Damn! O que ela quer aqui? Fazer as pazes?
- Não faço a menor ideia. Mas pelas palavras amorosas, não deve ser nada bom.
- Ela sabe?
Encaro Sanne e sei que minha amiga sacou minha resposta. Temos essa energia de nos entendermos com o olhar.
- Megan contou.
- Que filha da puta! - diz furiosa - E agora?
- Vou dizer que é do Kevin.
- O meu peguete?
- Sim, mas ela não sabe que vocês estão namorando.
- Peguete - me corrige levantando o dedo e erguendo as sobrancelhas.
- Peguete - repito levantando as mãos para o céu.
- Ué? Mas vocês nem transaram!
- Na verdade...
- Na verdade o que?
- Sanne, antes dele ser seu peguete, eu peguei ele uma única vez.
- Como você deixa de me contar uma foda dessas?!?!
- Não foi importante... - soou mais triste do que gostaria.
Sanne me olha desconfiada e logo arregala os olhos como se descobrisse a cura para o câncer.
- Quando foi isso exatamente?
- A... nem sei.
- Quando foi, Amy? RESPONDE!
- Acho que alguns dias depois que chegamos aqui. Ele veio um dia depois de mim e nos encontramos num pub. Você também quer saber a cor da calcinha que eu estava usando?
A garota ignora minha fala e grita dando um pulinho. Super exagerada!
- Você... Você fez de propósito!
- Oi?
- Amy! Você é uma gênia! - ela me abraça e me puxa pela mão - Você merece uma torta gigante de chocolate!
- Você sabe que eu não tô muito pros doces.
- Mas eu tô falando DAQUELA torta! - e me olha cúmplice.
Eu começo a rir com a animação de Sanne e me rendo. Tem coisas que é melhor a gente não discutir quando se trata de Sanne Polman
- Suas amigas de Newport que me desculpem, mas a madrinha dessa garotinha será a Sanne aqui!
Megan e Kate surtariam se ouvissem isso..
-
**-**-**
-
- Não, Amy. Não existe nenhum tipo de licença aqui na Amst Academy.
- Mas é realmente um caso de vida ou morte!
- Quem está morrendo? - pergunta o gorducho do diretor.
- Minha mãe. Na verdade não é minha mãe exatamente, mas sua gravidez é de alto risco e eu tenho que acompanhar de perto.
- Não é possível, Amy. Você ganhou o papel principal para a próxima temporada. Totalmente impossível te afastar por 3 ou 4 meses.
- 7.
- Como?
- São 7 meses.
- Piorou! Impossível! Impossível! Arrume uma avó, madrinha, amiga, marido. Ela não é casada?
- Quem? - Eu estava surtando com a possibilidade de perder minha bolsa, mal prestava atenção nas negativas infindáveis do homem à minha frente. Estava prestes a chorar.
- Sua mãe, oras! - retruca impaciente.
- Ah, sim. Claro. Ela é. Mas... é que ela precisa de mim, sabe? É uma ligação além do sangue, é quase uma coisa astrológica mesmo. Signos, ascendentes, uma combinação transcendental ... difícil explicar.
Ao ver a mudança na expressão do Sr. Luiten, percebi que acertei em cheio com meus argumentos incoerentes. Sanne descobriu que o gorducho era vidrado em astrologia. Ele era discreto mas a loira deu seu jeitinho, jogou uns charminhos para o secretário do diretor e conseguiu essa informação que eu estava apostando minha vida.
Grávida de mais ou menos 3 meses, eu precisaria de um afastamento. Perderia minha bolsa com toda a certeza se descobrissem. A dedicação precisa ser exclusiva para a Academia. Sem distrações externas. Até um namoro mais sério era proibido. "Só pegação", como dizia Sanne.
- Bem, Amy, preciso conversar com seu professor. Não sei se Yuri vai aceitar. Você já começou os ensaios, menina! - o silêncio se instalou enquanto eu não sabia o que dizer - Não posso te prometer nada.
- Obrigada por tentar, Sr. Luiten.
Cumprimentei-o e sai desesperançosa. Não havia mais nada o que fazer.
.
**-**-**
.
- Se o Yuri não fosse tão detestável, você poderia seduzi-lo e dizer que o filho é dele. Licença garantida, amore.
- Não vou nem considerar essa ideia ridícula.
- Hoje você pegou pesado nos ensaios, heim? O Yuri judiou de ti. Mas eu tenho a minha teoria sobre isso, você sabe - ela me olha como se confirmando de que eu saiba mesmo sobre o que ela estava falando.
- Nem vem, ó...
- Ele é louco por você! E quer te comer! - Sanne ri escandalosamente como de hábito e eu olho repreendendo-a - Sério amiga! É igual no jardim de infância e no ensino médio. Quando desprezam demais, implicam demais... aí tem coisa! É matemática, gata!
- Ai meu Deus! Que assunto chato, Sanne.
- Se bem que ele podia judiar era de mim! - Sanne faz uma cara safada abraça o travesseiro simulando sexo. Eu não aguento e caio na risada.
- Sua besta. E seu peguete? - ainda deitada na minha cama, viro o corpo e apoio a cabeça na mão.
- O Kevin é uma delícia. Não sei de onde arruma tanta disposição depois de estudar corpos mortos o dia inteiro! Mas... O Yuri é tão... tão... quente. Essa é a palavra. Quente! Ele parece que está sempre pronto pra coisa, sabe? E muito gostoso, ó Senhor! Vai falar que não?
- É bonitinho...
Sanne faz aquela cara exagerada de espanto e me lança uma almofada.
- Bonitinho o cacete! Eu daria praquele cara o que ele quisesse - ela para um pouco e continua a falar devagar - Tudo mesmo.
- Afffff! Que horror! Ta parecendo a Megan falando.
- Nem me fale daquela filha da puta!
- Não foi culpa dela, Sanne. A mãe dela viu nossa conversa no whattsap e falou pra Jeni.
- Que assunto chato! Vamos voltar a falar do Yuri! Eu acho que ele...
Três batidas na porta cortam nossa conversa e faz meu coração quase pular pra fora do meu corpo.
- Será que é ela? - pergunto assustada.
- Se for, veio cedo demais. E eu estou aqui. Ela não sabe com quem está lidando agora. Eu abro.
Sanne levanta de sua cama, desce um pouco seu vestido justo, dá uma jogada no cabelo de lado e vai em direção a porta carregando toda a sua segurança.
- Pois não?
- Eu estou procurando Amy Clark. - reconheço aquela voz.
- E quem gostaria? - Sanne segura a porta não deixando nenhuma brecha.
- Jeni Weiss. Sou a mãe dela.
- Pode entrar.
Minha amiga se afasta da porta e continua encarando Jeni. Percebo o desconforto em minha mãe e um pouco de constrangimento. Assim que entra no cômodo, reparando em tudo, seu olhar para em mim, que estou sentada na minha cama com as pernas cruzadas. Seu vestido florido curto e soltinho mostra claramente uma barriga de grávida. Ela está com seu cabelo impecável, como sempre, e uma maquiagem forte demais para às quatro da tarde.
- Oi, meu amor.
- Oi.
- Como você está?
- Bem.
- E o bebê?
- Acho que bem.
Ela respira fundo e olha para trás, onde Sanne permanece encostada na porta.
- Será que podemos conversar a sós?
- Pode falar.
- A sós, eu disse - diz olhando fixamente para mim.
Sanne desencosta da porta e responde por mim com tom irônico.
- Ela ouviu. Mas não vou sair e ela também não vai, ou seja, você pode desembuchar aqui mesmo.
Jeni olha de Sanne para mim espantada demais e abre a boca mas as palavras não saem.
- Oi? Estamos esperando - minha amiga senta ao meu lado e sorri para Jeni.
- Mas... Que tipo de gente você está convivendo aqui? Eu sou mãe dela, mocinha. Mais respeito!
Mais uma risada escandalosa e Jeni arregala os olhos mais ainda. Ela não está acostumada em ser desafiada. Eu ainda não consigo enfrentá-la como deveria e para evitar um show de horrores que tenho certeza de que as duas não se importariam nem um pouco, resolvo me pronunciar.
- Sanne, é melhor eu conversar com ela sozinha.
- Mas, Amy! Essa bruxa não pode vencer sempre com você! Vamos, eu tô aqui! - ela olha para Jeni como se fosse voar no pescoço da minha mãe a qualquer momento. Jeni respira com ar de superioridade, fazendo Sanne bufar de ódio.
- Por favor - digo sem muitas força para discussão.
A garota me dá um beijo na bochecha e levanta apontando para minha barriga:
- Estou fazendo isso por causa dessa criança e não quero te deixar nervosa, mas se eu ouvir qualquer vestígio de discussão arranco essa bruxa a vassourada. Ouviu, né? - pergunta à Jeni.
- Você é maluca, ou o quê? Assim que sair daqui vou falar com o Sr. Luiten para mudar minha filha de quarto. Você é uma péssima influência para Amy.
- Você não vai falar porra nenhuma, sabe porquê? - Sanne chega bem perto de Jane - Porque você é uma vadia que deu o golpe da barriga por não aceitar que seu macho se apaixonou pela própria filha.
Antes de sair do quarto, Sanne grita:
- Estou na escada. Bem aqui, Jeni.
Minha mãe que estava virada para a garota, agora retorna seu olhar para mim e vejo um espanto imenso em seu rosto.
- Eu ouvi isso?
Não respondo, apenas olho para o lado, para baixo, para qualquer lugar que não tenha que encarar aqueles olhos maldosos.
- Você andou falando da minha vida para aquela putinha?
- Não. Eu falo da minha vida.
Ela ri debochada.
- Então quer dizer que o meu macho se APAIXONOU por você? Amy do céu! Não me faça rir!
Ela realmente parece se divertir com aquilo e eu quase consegui levantar da cama e enxotá-la para fora. Mas o mal estar da gravidez mais esse encontro tenebroso estavam me fazendo pior do que imaginava.
-Ai Amy... Essa foi ótima mesmo. Ai... perdi até o fôlego. Ai...
- E o que você tanto quer falar comigo? - pergunto cortando seu teatro. Ela respira fundo com a mão no peito e dá um abanadinha com a outra.
- Bem, vou ser direta. Não tenho tempo para enrolação.
Me assusto com tanta frieza em suas palavras. Eu, definitivamente, não esperava por isso.
Jeni levanta o vestido, tira uma espuma no formato de uma barriga de mais ou menos seis meses de gravidez e a joga no chão.
Eu não consigo piscar ao ver aquela cena bizarra. Não digo uma palavra, apenas coloco a mão na boca chocada demais.
- Eu perdi o bebê há uma semana.
Suas palavras são tão frias, sem sentimento, emoção. Seu rosto se mantem sem um fio de tristeza. É como se ela me informasse que o Euro sofrera uma leve queda no mercado financeiro.
- E o que te faz pensar que eu possa te ajudar?
- Eu quero o seu bebê. Quero ele pra mim.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top