Capítulo 15
A batalha sob a luz do luar
Algumas horas passaram após a batalha contra a criatura de fogo. Durante a batalha nós perdemos muitas pessoas, éramos um grupo de 130... E agora, apenas 92 restavam. Os sobreviventes da batalha estavam reunidos em volta de uma pira. Ellen fez um breve discurso para homenagear os mortos.
Enquanto ela falava eu olhei para Clarys, que estava com os punhos cerrados e tentava segurar o choro. Apenas suspirei e olhei para Ellen, que estava de pé em frente a pira tentando nos consolar.
— Clarys, venha — disse Ellen gesticulando para Clarys ir à frente. Clarys andou lentamente e parou a alguns metros de distancia da pira. Uma bola de fogo se formou em sua mão direita e ela a jogou na pira, fazendo-a acender. — Que suas cinzas se elevem aos céus e fiquem em paz! — disse Ellen. Logo após ela colocou seus braços em volta de Clarys abraçando-a.
Enquanto a pira queimava eu cerrei meus punhos. Eu fui totalmente inútil nessa batalha!
Valerie que estava de pé ao meu lado segurou a minha mão. Eu olhei para ela, que fazia um sorriso caloroso e gentil enquanto eu apertava suas mãos ainda mais.
Olhei para esquerda e vi a misteriosa mulher que havia cercado o local que estávamos com espetos de gelo gigantes. Ela tinha em seu rosto um olhar distante e pensativo enquanto encarava a pira, que continuava a queimar.
Mais tarde estávamos todos reunidos em volta de uma fogueira. A estranha mulher olhava intensamente para o fogo crepitando sem dizer nada.
— E então? Pretende ficar olhando para o fogo ou vai responder nossas perguntas? — perguntou Valerie sentada ao meu lado. A mulher estava no lado oposto. A mulher não respondeu e continuou a olhar para o fogo.
— Onde é Arudyn? A Semente da Vida está lá? Responda! Quanto tempo pretende nos fazer esperar?! — disse Ellen.
— Meros mortais não tem autoridade para falar comigo sobre tempo — a mulher respondeu com um olhar frio em seus olhos. A cabeça de Clarys, que até então estava abaixada se levantou. — Parece que a única entre vocês que sabe ter paciência é a garota ali — ela falou enquanto apontava para Clarys, que apenas a encarou com duvida.
— Por favor, responda. Estamos desesperados e... ficando sem tempo — falei.
— Eu vivi incontáveis vidas... esperando pacientemente pela pessoa que viria buscar a Semente. Vendo-os aqui, não posso deixar de tortura-los um pouco em troca — ela falou enquanto um leve sorriso se formava em seu rosto, porém ele desapareceu assim que fora notado. — Arudyn não é um lugar — ela continuou. — É meu nome. — todos tiveram reações variadas. Alguns ficaram boquiabertos, outros apenas arregalaram os olhos. — Estou em posse da Semente da Vida desde que a roubei de meu pai anos atrás. Ela era um fragmento do Santo Graal, mas como a garota ali já deve saber, ele já não existe mais.
— Como pode saber disso? — Clarys levantou a cabeça e a encarou.
— Por que eu o senti aqui. Ele veio a este mundo com um demônio — respondeu Arudyn. — Posso senti-lo se aproximando. Um olhar triste tomou o rosto de Clarys, que abaixou a cabeça.
— Amira... — murmurou ela. — Se for a Amira, então temos que nos preparar. Onde está a Semente?! Eles estão muito longe?
— Devem chegar aqui em doze- talvez treze horas. — vendo a urgência nos olhos de todos, ela se levantou. — Venham comigo.
Todos se levantaram. Aqueles feridos demais ficaram e apenas pouco mais da metade seguiu conosco. Theldham ficou para trás já que estava gravemente ferido. Andamos por um tempo até chegarmos ao que parecia ser uma fortaleza feita de e envolvida por espinhos de gelo gigantes.
Ao entrar nos deparamos com algumas estatuas de gelo e pedra paradas em fila próximas a entrada fazendo um corredor. Andamos por entre as estatuas, subimos algumas escadas até chegarmos a um vasto corredor, onde nele havia ainda mais estatuas, algo que causou alguns calafrios na espinha.
No fim do corredor duas portas enormes estavam. Ao nos aproximarmos elas abriram sozinhas e do outro lado um altar de gelo, e sobre ele estava a Semente da Vida. Uma pedra branca de mais ou menos quinze centímetros com seis de largura em um formato meio oval; que emanava dela luzes de todas as cores, era como um arco-íris, porém pequeno. Meus olhos se encheram ao vê-la.
— Então aquilo é a semente da vida... — ouvi uma voz dizer, mas eu estava hipnotizado demais para saber quem era. Todos estavam hipnotizados pela Semente.
— Certo... temos que nos preparar — disse Ellen.
***
O céu noturno estava totalmente limpo e completamente estrelado desde que a tempestade passou. Nós planejamos as defesas da cidadela e com a ajuda dos golens – as estatuas que vi pelos corredores – ficará fácil defender este lugar. Eu acho que deveríamos usar a Semente para consertar o mundo logo, enquanto ainda temos tempo. Mas parece que precisa de algum tipo de ritual, ou coisa do tipo. Eu estava de pé do lado de fora observando de longe a grande planície coberta de neve banhada pela luz prateada da lua quando uma voz me puxou de volta para realidade. — Oi — disse Valerie se sentando ao meu lado. — No que está pensando?
— No futuro — respondi ainda olhando para as estrelas.
— Não gosto de pensar no futuro... — a encarei enquanto ela olhava para as estrelas.
Não falamos nem nos olhamos por algum tempo. Ficamos apenas observando o céu noturno em silêncio. — Se sobrevivermos hoje... — falei ao ver Ellen mais à frente me chamando enquanto gesticulava com a mão. — Vou me declarar para você de um jeito apropriado. — Valerie me encarou com o rosto vermelho – o meu deveria estar ainda mais – e apenas sorriu.
— Certifique-se de sobreviver! — ela falou enquanto se levantava.
Ela estava encarregada de defender o interior da cidadela, eu por outro lado, deveria suar para impedir que invadam a cidadela. Junto comigo estava um grupo de 27 soldados. Estávamos divididos em um grupo de lobos mais a frente com alguns golens e um de humanos mais atrás com mais alguns golens. Havia um grupo de 15 lá dentro da cidadela e mais uma enxurrada de golens.
Nós nos alinhamos e nos preparamos para a batalha que se aproximava a cada segundo. O silêncio era cortado apenas pelo vento uivante, enquanto alguns humanos tremiam os dentes de joelhos.
Até que o silêncio foi cortado por uma bola de fogo que veio voando. Ao tocar o chão, o mesmo se incendiou e explodiu matando alguns soldados e desmontando alguns dos golens, que era feitos de gelo e pedra. Uma muralha de espinhos de gelo e pedra se ergueram para nos defender dos ataques de longa distância.
A colisão das bolas de fogo com a muralha de gelo e pedra, que se erguia alguns metros à frente, deixava pequenas chamas azuis dançando.
De repente uma luz surgiu envolvendo uma parte da muralha, que explodiu devido a luz. Uma horda de vampiros veio correndo e nossa direção. Eles usavam armaduras prateadas, que com o toque suave da luz da lua, brilhavam intensamente.
Acenei com a cabeça para Ellen, que estava a alguns poucos metros de mim, e avancei contra os soldados vampiros. Os lobos vieram correndo logo atrás de mim.
Desembainhei minha espada, que até no momento estava repousando na bainha em minhas costas. Deferi uma serie e golpes que cortaram as armaduras dos vampiros como se fosse manteiga. Olhando para direita e esquerda pude ver os lobos retalhando os vampiros com seus dentes.
Um raio de luz vermelha veio em minha direção me atingindo no ombro. Voei alguns metros para trás com a força descomunal do impacto. Olhando para frente, uma mulher de longos cabelos negros e olhos que brilhavam em um amarelo vivo, me encarava. Ela usava um sobretudo negro; havia uma camisa branca por baixo e ela também usava uma calça de couro preta. — Se ela veio para batalha sem nenhuma peça de armadura, então ela é forte...
Olhei para o ferimento, que já estava se regenerando, e tão rápido quanto pude, me reergui e avancei contra ela. Minha espada começou a emitir uma luz azul. Não nego que um sorriso se formou no meu rosto. Uma série de quatro movimentos foi desferida contra a mulher de olhos amarelos. Ela conseguiu defender os dois primeiros ataques, porém foi atingida pelos outros dois.
Um olhar de surpresa tomou seu rosto, porém ele desapareceu com um sorriso que se formou em seu belo rosto. Desembainhando sua espada, uma sequência de cinco movimentos foi desferida contra mim. Os três primeiros eu consegui esquivar, sendo assim atingido pelos dois últimos.
— Muito bom. São poucas as pessoas que conseguem me surpreender — ela disse.
— E eu conheço você? — perguntei meio ofegante.
— Se sobreviver a isso, eu lhe direi meu nome — mais um sorriso se formou em seu rosto. Mais uma série de ataques veio em minha direção.
***
A batalha lá em baixo estava feroz. A luz da lua, que era tudo que iluminava a planície coberta de gelo, agora havia sido substituído pelas luzes das chamas. Clarys estava ao meu lado. Ela apertava as mãos contra o parapeito da varanda onde estávamos. Segurei sua mão, que tremia. Em seu rosto estava um olhar de raiva, que encarava o campo de batalha com sede se sangue.
— Acalme-se! — falei apertando sua mão. — Você não deve ir até que a situação piore. Lembre-se do plano!
— Ela está aqui!
— Ela? De quem está falando?
— Amira... — seus lábios se contorceram de raiva enquanto sua mãos apertavam ainda mais o parapeito. — Ela... ela está aqui?!
***
Cada golpe que a mulher de olhos amarelos dava era devastador! Estava ficando cada vez mais difícil conseguir ficar de pé, e ainda mais difícil conseguir esquivar ou defender seus ataques. Ela praticamente não abria brecha alguma; as que se abriam, eram novamente fechadas em questão segundos. — Eu preciso de um ataque direto! Se continuar assim, nem mesmo minha cura acelerada não vai bastar par me mantar vivo! O que?! O que eu posso fazer?! — Meu coração começou a bater cada vez mais rápido enquanto a adrenalina se espalhava ainda mais pelo meu corpo. De repente uma sequência de três movimentos veio contra mim. Eu mal pude ver a lâmina de sua espada, apenas a trajetória de luz podia ser vista.
Consegui defender o primeiro golpe. O segundo pegou de raspão no meu pescoço, porém o terceiro me atingiu com força no peito. O impacto me fez voar para trás mais uma vez.
— Você é bem resistente garoto! Me pergunto quanto tempo ainda pode durar... quinze? Talvez vinte minutos? Mesmo os vampiros têm um limite de quanto podem se regenerar.
Sim, ela está certa! Não posso me garantir apenas defendendo e esquivando. Tenho que atacar com tudo sem lhe dar chance para se defender!
Levantei o mais rápido que pude e avancei contra ela, que desferiu um golpe horizontal. Me joguei por baixo da espada com um rolamento. Ao levantar, me virei rápido — Porra, isso vai doer! — Ela já havia se virado quando eu me virei para ela. Tudo que pude ver foi a luz de sua espada passar pelo meu braço, arrancando-o no processo.
— Se essas habilidades de espada tem o mesmo principio de um jogo de rpg... então ela deve ficar paralisada por um curto período de tempo! — uma luz envolveu minha espada. Uma sequencia de cinco movimentos foi desferida contra ela. Os dois primeiros golpes a acertaram em cheio, o terceiro e quarto ela conseguiu defender. Mas antes do quinto movimento, eu rolei para baixo, e numa velocidade assustadora, consegui dar-lhe o último golpe. De baixo para cima numa trajetória diagonal da direita para esquerda.
Ela voou alguns metros para trás enquanto eu caí de joelhos. Ela então se levantou.
Seu rosto sangrava e ela estava com raiva.
Em uma velocidade assustadora, ela avançou contra mim. Minha espada estava um pouco longe. — Porra! Então é assim que vou morrer?! — num piscar de olhos ela já estava de pé na minha frente. Sua espada erguida descia rapidamente.
Porém de repente o chão abaixo dela explodiu em chamas, que subiam num tornado. Fui lançado para trás com a força de seja lá o que foi aquilo. Caí nos braços de Valerie.
Olhando para frente, Clarys encarava a mulher de olhos amarelos enquanto seu corpo queimava intensamente.
— Finalmente nos encontramos... Amira!
— Oh, então você ainda está viva!
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