Capítulo 07
Vermelho Escarlate
Era uma noite fria como todas as outras, porém essa era diferente. A tensão, o silêncio, o medo... a preção era esmagadora. Era quase como se até o calor do sangue fora roubado, era insuportável permanecer ali.
Grupos de vinte patrulhavam os arredores da muralha enquanto o resto vigiava em cima dela. Era possível sentir o medo das pessoas só de ela passar perto de você, em alguns casos podia-se sentir até o cheiro dele...
Valerie, Elizabeth e Keiji estavam apostos no lado leste da pequena muralha que circulava o vilarejo.
Elizabeth não estava tão tensa quanto o resto das pessoas que ficaram para defender a vila, afinal ela tinha ao lado dela o rapaz que lutou de igual para igual com o líder dos lobos e vários vampiros mesmo tendo apenas um braço. E também havia Valerie, que lutou e quase venceu um vampiro. Aquele era o lugar mais seguro da vila.
— Esta tensão acaba comigo... — murmurou Valerie para ela esma enquanto esfregava as mãos.
— Não tem como evitar. Apenas tentem relaxar — disse Keiji se escorando no parapeito da muralha.
— Você está muito calmo... nem parece o garoto que achei todo detonado e assustado naquele rio.
— Eu apenas me cansei se sentir medo...
Ter medo vai apenas piorar nossa situação.
Pensou Keiji enquanto olhava para escuridão da mata fechada que se encontrava logo a frente, à cerca de meio quilometro.
Escondidos em meio à mata densa, um pouco afastados da borda da floresta, os vampiros se preparavam para atacar. Alomër, o comandante, um vampiro alto de longos cabelos prateados, pele extremamente pálida, e vestido em uma armadura vermelha com detalhes em prata; ele afiava sua espada de lâmina longa sentado sobre uma pedra.
Um cavaleiro vestido dos pés a cabeça por uma armadura branca e com um elmo que cobria todo seu rosto exceto seus olhos vermelhos, Aliena, a segunda no comando. Ela se aproximou e parou ao lado do comandante e falou num tom entediado.
— Essa espera é um saco... — disse sua voz abafada emanando do elmo.
— Você não tira essa coisa para nada? — perguntou o paladino vermelho enquanto continuava afiando sua espada. — Apenas relaxe. Eles não vão para lugar nenhum.
— Você é muito despreocupado milorde...
Um dos cavaleiros então se aproximou dos dois e fez uma reverência.
— Meu senhor, minha senhora. Nós terminamos a varredura da área. Alguns humanos estão escondidos em uma caverna ao sul, o resto deles está no vilarejo. O que faremos?
— Deixe aqueles ao sul em paz, nosso objetivo é o vilarejo — disse o paladino vermelho ainda afiando a espada.
— Como desejar. Avisarei os soldados.
Ele então fez uma reverência e saiu.
— Tem certeza que vai deixar aqueles ao sul de lado? E se for uma armadilha?
— Aqueles ao sul são velhos e crianças, não são problema. Afinal temos que garantir a próxima colheita, certo?
— Entendo. Quantos levaremos?
— O máximo que conseguirem. São tempos difíceis Aliena... temos que garantir que nossos humanos cresçam fortes e saldáveis. E além disso... não deixe os soldados exagerarem. Agora vá e avise-os, nós estamos indo.
— Entendido.
No vilarejo a tensão apenas aumentava. Algumas das pessoas ficavam tontas, outras desmaiavam e algumas vomitavam. Valerie olhava para eles com certo desprezo "então está é nossa força de defesa? Que patético..." este tipo de pensamento também passava pela cabeça de Keiji, que mesmo inconscientemente, mapeava e marcava em sua cabeça todas as possíveis rotas de fuga. Em sua mente havia um conflito: "corra!" e "lute!", qualquer pessoa sensata correria, mas depois de passar tanto tempo sozinho e fugindo, ele fazia de tudo para seguir o "lute!".
Keiji, que estava sentado com as costas escoradas no parapeito da muralha sentiu o mesmo calafrio em sua espinha que vinha lhe atormentando. Um medo inominável tomou seu corpo, e por dois segundos ele não respirou. Ele então se levantou olhando em volta.
— O que foi? — perguntou Elizabeth.
Ele não respondeu e continuou a olhar em volta. Seus olhos finalmente pararam na borda da floresta, e em meio a escuridão da floresta pequenas luzes laranja-avermelhada surgiram. Ele então se virou desesperadamente para o vilarejo.
— Estamos sob ataque, protejam-se!
Logo após gritar isso, flechas em chamas cruzaram o céu escuro e atingiram o vilarejo queimando casas e pessoas.
— Então começou... — disse ele puxando sua espada da bainha em suas costas.
Os soldados vampiros saíram da floresta montados em cavalos. Seus arqueiros mesmo sobre os cavalos continuavam atirando cada vez mais flechas em chamas.
— O que vocês estão fazendo!? Atirem! — gritou Valerie para os arqueiros da vila.
Os arqueiros então sacaram suas flechas e miraram para o alto atirando-as nos vampiros. A infantaria dos vampiros não sofreu quase nenhuma baixa, já que eram flechas normais.
Mesmo sem seus cavalos os vampiros continuaram avançando. Keiji então olhou para Valerie, que acenou com a cabeça.
— Liza, volte e junte mais pessoas para defenderem este lado da muralha. Valerie e eu vamos segura-los o máximo que pudermos!
— Espere, Keiji...!
Keiji e Valerie então saltaram da muralha. Ela tinha quinze metros de altura, mas Keiji e Valerie caíram em cima de alguns vampiros.
Enquanto Elizabeth corria, Keiji e Valerie rapidamente se reergueram e começaram a lutar. Os arqueiros daquele lado vilarejo subiram na muralha para dar suporte aos dois. Algumas outras pessoas se juntaram aos dois e os seguiram.
Ambos eram igualmente habilidosos. Valerie e Keiji estavam totalmente sincronizados enquanto lutavam, um complementava os golpes do outro. O jeito que os dois se moviam e cortavam as cabeças dos vampiros era totalmente diferente de como lutaram antes com Kuzan.
Porém mesmo se virando bem, ainda havia muitos vampiros, e vários deles conseguiram entrar no vilarejo. Mais algumas pessoas apareceram para ajuda-los, o grupo de defesa da muralha agora era composto de trinta e sete pessoas.
— Não os deixem passar! Matem todos eles! — gritou Keiji.
Lá dentro, Elizabeth e um grupo de vinte e sete pessoas defendiam com bravura o lado oeste. Porém mesmo assim as mortes eram inevitáveis. Gritos e sangue cobriam as ruas do vilarejo enquanto o vermelho escarlate das chamas se espalhava.
— Então você amiga daquela loba imunda da Rayla... — disse um dos cavaleiros vampiros de pé sobre o telhado de uma casa. A segunda no comando, Aliena.
— C-como sabe disso!? — perguntou Elizabeth.
— O fedor dela está impregnado em você. Você me dá nojo! — gritou Aliena enquanto pulava sacando sua espada e desferindo um golpe vertical.
Elizabeth então saltou para o lado. O impacto da espada de Aliena com a neve do chão produziu um pequeno nevoeiro.
Aliena então saiu do nevoeiro enquanto brandia sua espada na direção de Elizabeth, que não podia fazer nada além de esquivar e defender todos os golpes que podia.
A fim de tentar obter uma vantagem contra a vampira, Elizabeth pegou um arco e aljava no chão e rapidamente mirou no único ponto fraco daquela armadura branca, os buracos dos olhos.
Flecha após flecha atirou e todas Aliena defendeu. Elizabeth não viu outra escolha se não correr dali o mais rápido possível.
Ela correu por entre as ruas cobertas de corpos e sangue, porém no meio de desespero Elizabeth tropeçou em um dos corpos e caiu sobre a neve. — Deve ser uma merda morrer de forma tão clichê... mas não se preocupe... serei rápida.
— Não. Eu não vou morrer assim!
Elizabeth então chutou a canela de Alina, que desferiu um golpe horizontal enquanto caia sobre a neve.
Elizabeth então pegou uma espada no chão e aproveitando a abertura desferiu um golpe diagonal que cortou a mão direita da vampira e logo após isso chutou sua cabeça. Seu elmo então caiu sobre a neve revelando seu rosto.
Um cabelo castanho claro e curto, cortado na altura do pescoço. E uma cicatriz no lado direito de seu rosto. Aliena urrou de dor e ódio enquanto apertava sua mão decepada contra seu peito. — Sua humana imunda! Como ousa cortar minha mão!? — gritou ela enquanto encarava a garota.
Elizabeth então se levantou e colocou a espada no pescoço da vampira.
— Não subestime os human-!
Tão rápido quanto o vento, o braço direito da garota foi separado de seu corpo. Elizabeth então foi por terra enquanto gritava desesperada.
Olhando para cima, um vampiro vestido em uma armadura igual a de Alina, porém sem elmo e manchada de sangue, ajudava a vampira a se erguer. Seu cabelo era castanho claro, curto. Seus olhos eram vermelhos e brilhavam com a luz das chamas.
— Não posso te deixar sozinha cinco minutos que você já é desmembrada por humanos?
— Caios... até quando me salva, você continua insensível.
— É assim que agradece?
Aliena então levantou sua mão e a encarou por alguns segundos. A mão então começou a crescer novamente, e poucos segundos depois ela estava inteira de novo. Elizabeth os encarava enquanto eles conversavam, até que Aliena deu alguns passos a frente e levantou Elizabeth pelos cabelos.
— Viu só? Mesmo que você me cortasse inteira, eu me recuperaria facilmente. — Elizabeth então cuspiu no rosto da vampira, que a jogou contra a parede de uma casa próxima. — Você me enoja! Até seu sangue fede.
— Antes um sangue podre e fedido... que ter que me olhar no espelho todo dia... com esse rosto deformado...
— Muito bem, lhe darei uma morte lenta e agonizante. — disse Aliena enquanto se aproximava.
Enquanto isso do lado de fora da muralha, Keiji e Valerie, e mais alguns já haviam terminado de matar os vampiros que saiam da floresta. Um grupo de ataque de trinta e sete pessoas fora reduzindo para apenas quinze.
— Conseguimos... — disse Valerie colocando a mão no ombro de Keiji.
— Sim. Mas muitos deles conseguiram passar...
— Têm aproximadamente umas 110 pessoas lá dentro. Acho que eles dão conta, não são muitos vampiros, eles eram quantos? Uns 70?
— Éramos oitenta e sete, na verdade.
Um vampiro vestido em uma armadura vermelha estava na muralha, todos os arqueiros ali estavam mortos. Ele então saltou.
Duas pessoas sacaram suas espadas e correram para mata-lo. Porém com apenas um movimento de espada, os dois foram partidos ao meio.
Ah, porra... e eu achando que já tinha acabado.
Pensou Keiji ao ver o paladino vermelho cortar duas pessoas ao meio como manteiga.
— Nos encontramos de novo, Valerie. Quanto tempo faz? Três anos?
— Você o conhece? — sussurrou Keiji.
— Ah, sim. Os pais dela eram uns de meus melhores soldados.
— O quê!? — questionou Keiji.
— Não contou a ele? Bem, isso explica o motivo de estar segurando sua força.
— Valerie, o que ele quer dizer?
— Ela é uma de nós, meu rapaz.
Os olhos de Keiji se arregalaram. Olhando para o lado, Valerie estava com uma expressão de ódio e raiva.
Não posso julgá-la sem saber o motivo de ela esconder isso... temos que encontrar um jeito de matar esse cara. Pelo porte dele, ele deve ser bem forte. Mas com a Valerie aqui talvez tenhamos uma chance.
Pensou Keiji enquanto encarava o paladino vermelho.
Alomër então deu dois passos à frente e entrou em posição defensiva. Keiji e Valerie se encararam por um breve momento, logo depois olharam rapidamente para seus companheiros. Não havia nenhuma sombra de coragem eu seus olhos.
O paladino vermelho então encheu o peito e respirou fundo, e tão rápido quanto o vento ele fatiou quatro pessoas.
Valerie então sacou suas adagas e avançou contra o paladino vermelho em uma velocidade anormal. O impacto de seus golpes com os dele ressoava por toda área, era impossível acompanhar seus movimentos.
Então é assim que um vampiro luta...
Pensou Keiji enquanto tentava acompanhar os movimentos dos dois vampiros. Valerie era rápida, muito rápida. Provavelmente era mais rápida que o vampiro de armadura vermelha.
Mas mesmo que ela estivesse mantendo o controle da luta, o paladino vermelho não parecia nada preocupado. Muito pelo contrario, aparentemente ele estava se divertindo.
— Você melhorou muito... — disse lorde Alomër enquanto esquivava e defendia os golpes de Valerie. — Mas mesmo tendo melhorado seus movimentos, é muito evidente que já faz muito tempo que não se alimenta.
— De fato, faz tempo que não provo o sabor do sangue. Mas mesmo assim não serei eu a morre hoje... Keiji! — gritou ela.
Ela então segurou o braço esquerdo do paladino vermelho enquanto Keiji avançava. Alomër se jogou para trás para se livrar de Valerie, o impacto dos dois corpos contra a pequena muralha a fez rachar completamente. Quando Alomër se afastou da muralha, o corpo desacordado de Valerie caiu sobre a neve.
O vampiro então avançou contra Keiji desferindo um golpe horizontal em uma velocidade assustadora. Por sorte ou acaso, Keiji se jogou por baixo da trajetória do golpe caindo de joelhos sobre a neve. Ele então desferiu um golpe vertical, que cortou a parte de trás do joelho do paladino vermelho, um dos poucos lugares que se podia causar algum dano.
Mas isso não foi o suficiente para pará-lo. Sem parar seu movimento, o paladino vermelho virou-se 180º graus e desferiu um golpe vertical. Keiji então rolou para esquerda e enquanto se levantava jogou neve no rosto do vampiro usando sua espada.
Keiji então se levantou o mais rápido que pôde e ergueu sua espada para o alto. Naquele momento ela começou a brilhar um vermelho intenso, o mesmo vermelho escarlate das chamas. Seu braço então desceu em uma trajetória vertical enquanto ele avançava contra o vampiro.
O vampiro então levantou sua espada para o alto enquanto a apoiava em sua mão esquerda na tentativa de defender o golpe. Porém a trajetória do golpe mudou, agora indo em direção ao braço direito do vampiro.
O sangue jorrou e o braço do paladino vermelho foi cortado fora. Mas mesmo gravemente ferido o vampiro segurou o braço de Keiji e usando sua perna esquerda ele desferiu um chute no tórax do garoto, que voou longe.
Muito sangue jorrou, Keiji urrou de dor enquanto o vampiro soltava o braço de Keiji que acabara de ser arrancado.
O vampiro então se aproximou de Keiji enquanto seu braço decepado voltava a crescer.
— Isso realmente foi inesperado. Não esperava ser enfrentado por alguém tão talentoso assim...
— Vai se fuder — disse Keiji enquanto encarava o vampiro com dor e ódio.
— Imagino do que você seria capaz de fazer se tivesse um treinamento adequado... mesmo nesta situação você continua sem medo de morrer.
— Fique longe dele! — gritou Valerie.
Ela então avançou com tudo contra o vampiro. A distancia de vinte metros entre eles foi reduzida a nada em poucos segundos.
Golpe após golpe ela desferiu, todos mirando no pescoço do vampiro, que esquivava por pouco. Valerie então saltou por cima dele cortando sua nuca enquanto ainda estava no ar. O paladino vermelho então pegou-a pelo pescoço e a jogou no chão com toda força.
— Você não é páreo para mim, Valerie.
— Você tem razão, mas eles sim.
— Eles?
De repente uivos podiam ser ouvidos em toda a parte. E então saindo da floresta, os lobos avançaram contra o vilarejo.
— Mas que porra... — disse Alomër.
— Alomër! — gritou uma voz extremamente potente que fazia seu corpo tremer apenas de ouvi-la. Ao se virar, Alomër contemplou a figura imensa de um lobo gigante de olhos vermelhos e pelo negro. O líder dos lobos, Theldham.
— Balrog...?
O lobo gigante então avançou contra o vampiro, que o segurou contra o pescoço jogando-o longe.
O lobo gigante rapidamente se recuperou e atacou o vampiro novamente, porem desta vez ele invocou uma espada, a mesma que ele usara contra Keiji dias atrás.
Alomër então pegou uma espada no chão e eles começaram a trocar incontáveis golpes.
Enquanto eles lutavam, Valerie se rastejou até o corpo de Keiji que estava quase tão pálido quando a neve sob seu corpo.
— Ei... Keiji — disse ela pegando-o em seus braços. — Não morra agora.
— Falar é fácil... — disse ele forçando um sorriso.
— Keiji...
Longe dali, Elizabeth, armada com uma espada quebrada lutava para sobreviver enquanto Aliena se deleitava com o sofrimento da garota.
Alguns minutos atrás, Aliena havia jogado Elizabeth contra a parede. Desde aquele momento a vampira apenas estava se divertindo com o sofrimento da garota.
Elizabeth então pegou uma espada com a lâmina quebrada e a apontou para a vampira, que riu e chutou-a para longe. Ela então pegou a garota pelos cabelos e bateu seu rosto contra o chão uma, duas, três vezes.
— Patético... — disse a vampira com repulsa. — Olhe só para você... você me da nojo. Acho que já chega. Vou mata-la agora.
Elizabeth então fechou seus olhos. Aliena pegou sua espada e ergueu seu braço, porém tudo que caiu sobre o corpo da garota foi sangue. Elizabeth então abriu os olhos e viu o corpo da vampira cair sobre a neve enquanto sua cabeça rolava e o sangue voava.
Um lobo de pelo branco manchado de sangue lutava contra o outro vampiro que estava com Aliena, depois de mata-lo o lobo se aproximou e mexeu o rosto de Elizabeth com o fusinho. Ela então acariciou atrás da orelha do lobo.
— P-por que... demorou tanto? — disse Elizabeth com dificuldade.
Uma fumaça cobriu todo corpo do lobo que fora substituído por um corpo feminino. Uma garota de cabelos brancos e curtos, olhos dourados e sem roupa. Rayla. Ela envolveu Elizabeth nos braços e acariciou seus cabelos. — Está tudo bem. Agora vai ficar tudo bem. Nunca mais irei te abandonar.
Longe dali, do lado de fora da muralha uma luta feroz acontecia entre Alomër e Theldham. O chocar de suas espadas ressoava fazendo um som ensurdecedor.
Mesmo sobre quatro patas e usando a espada em sua boca, o lobo gigante era incrivelmente abio e rápido, Alomër mal podia se defender contra golpes poderosos do lobo e sua armadura estava em pedaços.
— Nunca pensei que torceria para aquele lobo... — disse Keiji com dificuldade enquanto observava.
Alomër então saltou por cima do lobo e cortou suas costas, porém antes de aterrissar ele fora atingido pela calda de Theldham. Ao cair sobre a neve o lobo então arremessou sua espada. Na tentativa de se esquivar ele fora atingido no abdômen. O corte foi de raspão, porém profundo.
O vampiro então caiu sobre a neve enquanto seu sangue vazava e ele lentamente começava a perder a consciência. Ele então olhou para o leste e viu uma pálida luz surgir no horizonte.
Colocando toda sua força para curar o ferimento, ele se levantou, pegou sua espada e jogou-a contra o lobo. Theldham se esquivou com facilidade, mas quando voltou seu olhar para onde o vampiro estava ele já havia sumido. Apenas seu sangue estava ali.
— Covarde... — disse ele enquanto olhava para o horizonte.
Vários uivos podiam ser ouvidos em todo vilarejo, o que significava que todos os vampiros haviam morrido ou fugido. Theldham então deu um longo suspiro e se voltou para onde Keiji e Valerie estavam.
Ele então andou até eles, e parou a poucos metros de onde estavam. Keiji o encarou e se forçou a se levantar um pouco.
— Acho... que agora você vai... me matar, não é? Balrog...
Ele encarou o garoto e abaixou a cabeça. Uma fumaça envolveu seu corpo, e quando ela se dissipou o líder dos lobos estava em sua forma humana. Um homem alto e musculoso, barba e cabelos negros e olhos vermelhos. Ele se aproximou e abaixou-se ao lado de Keiji e Valerie, que o encarou apreensiva.
— Não. Você ganhou meu respeito no nosso confronto, embora você não tenha muito tempo restando agora — disse ele de forma serena. — E quanto a você vampira? Nunca vi um vampiro tão perto de sangue assim sem estar tentado a bebê-lo. Por que não o transforma?
— Não quero impor este tipo de vida para ele...
— Talvez você não tenha escolha. Ou é isso, ou ele morrerá.
— Está tudo bem Valerie... não é como se eu fosse durar muito neste mundo mesmo...
— Não fale. Não faça esforço — disse ela acariciando sua cabeça.
— Irei deixa-los sozinhos — disse Theldham enquanto se levantava.
— Balrog... mesmo que tenha nos salvado... eu ainda não gosto de você — disse Keiji forçando um sorriso. — Mas... me pergunto como se tornou o líder dos lobos com esse graveto aí...
— Moleque maldito... — disse ele rindo.
Theldham então andou até o vilarejo deixando-os no local.
As lágrimas rolavam pelo rosto de Valerie enquanto ela observava Keiji lentamente perder a consciência. Ele então sorriu levemente e lentamente fechou seus olhos. — Não... — disse ela enxugando as lágrimas. — Não vou perder você também. — Ela então encostou o rosto no pescoço dele... — Me perdoe... — e o mordeu.
Alguns momentos depois seu corpo começou a ficar quente novamente, e ele finalmente respirou e tossiu um pouco. Suas bochechas começaram a ganhar cor novamente e seu sangramento parou.
— Bem-vindo de volta — disse ela enquanto sorria e acariciava o rosto do rapaz.
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