Parte VI
Abruptamente, abro os olhos espantado e me ergo do divã. Aos poucos vou reavendo a consciência e me dou conta que estou no consultório de Dr. Saint.
— E então, Dante, encontrou as respostas que precisava?
— Cheguei à conclusão lógica que eu a matei.
— Você tem certeza disso?
Hesitei. Por um tempo permaneci em silêncio.
— Não - eu disse - Não tenho. Tudo aconteceu muito rápido, como um borrão. Vi Dandara com Vinny, ao mesmo tempo em que ela estava comigo, uma confusão completa.
— Quer tentar mais uma vez?
— Não.
—Tem certeza?
Faço que sim com a cabeça.
— Está com medo das coisas horríveis que sua consciência possa esconder?
— Muito! - respondo.
— Dante, eu te conheço melhor que qualquer um e sei que você não matou e nunca mataria alguém.
— Talvez o senhor esteja enganado. Talvez o senhor não me conhece suficientemente bem.
— Conheço muito bem sim. E não vou posso permitir que você saia por aquela porta pensando que é um assassino. Porque você não é um assassino. Por favor, Dante, tente mais uma vez. Você é forte. Você é totalmente capaz de enfrentar todos os demônios que habitam em sua consciência.
— Você tem razão. Vou tentar mais uma vez.
— Isso! É assim que se fala!
Deito no divã e sou novamente drogado por Dr. Saint. Segundos depois estou novamente na festa de ontem à noite, naquele mesmo instante em que Dandara vem de encontro a mim. Tento prestar mais atenção a cada detalhe para que nada saia do controle dessa vez. Tudo acontece do mesmo jeito. Tenho novamente com Dandara aquela mesma conversa reveladora. Depois me afasto dela, pego a garrafa de uísque e me jogo em um sofá e permaneço ali observando a movimentação ao meu redor.
A bebida me deixa rapidamente alto. Me levanto e começo a cambalear. Vejo Vinny e Dandara sentados juntos, conversando a alguns metros de mim. Minha visão está turva, mas consigo ver a troca de toques e sorrisos entre os dois. Onde está Clarice que não está vendo isso? A cena se repete do mesmo jeito. Os dois se levantam e se dirigem para o fundo do prédio principal. Eu começo a segui-los. Vinny a quer a todo custo. Penso em procurar Clarice. Minha mente começa a escurecer. Aaaaaaaah não cara, estou sentido isso outra vez, meu coração vai explodir, a minha mente vai explodir, ele está vindo...
— Dante, você pode me levar pra casa? — sinto uma mão tocar de leve meu ombro.
Era ela. Era Dandara. Mas como isso é possível? Ela estava com Vinny. Eu a vi com ele caminhando para o fundo do prédio.
Fecho meus olhos firmemente. Preciso resistir que uma das personalidades que habitam em mim chegue a superfície da minha consciência. Eu preciso resistir. Eu preciso resistir, pois só dessa maneira vou entender o que aconteceu de verdade.
— Dante, tá tudo bem com você? — ouço a garota perguntar, mas sua voz e diferente, não é a de Dandara. - Dante, você tá legal?
Abro os olhos e encaro a face da verdadeira garota que estava comigo nessa cena.
— Alice? — indago com espanto quando percebo que no fim da festa eu terminei ficando foi com a melhor amiga de Dandara.
Um pouco longe de onde estávamos parados vejo Clarice caminhando para a direção em que Dandara e Vinny deveriam estar e ela segura uma faca. Penso em gritar para tentar evitar o inevitável, mas antes disso acordo subitamente no divã do Dr. Saint.
— E então - ele diz - encontrou as respostas certas dessa vez?
— Encontrei. - respondo. — Clarice e Vinny mataram Dandara.
— Vá a polícia, Dante. E diga a eles tudo o que você sabe.
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