Capítulo 53

Gabriela Pv'

 Ele me levou até perto de casa, entrei fingindo que estava tudo normal, continuei com a minha cara emburrada de sempre. 

 Minha mãe ficou me analisando por um bom tempo, parece até que sentia o cheiro dele. Na verdade eu acho que o cheiro dele grudou em mim.

Mas eu já não me importava mais com o que ela iria pensar da nossa relação, tava só esperando o momento certo pra contar pra ela que não tem volta, creio que ela já espera por isso.

...

A noite chegou e eu precisava ir pra escola. Essa seria a ultimo dia, sabe aquele dia chato em que os alunos entregam trabalhos pendentes, fazem provas e imploram por nota? Meu animo era zero, e eu já nem tinha esperança de me formar mais.

 Tomei um banho rápido, vesti meu uniforme  e apenas prendi meu cabelo em um coque desajeitado. Peguei minha mochila e o celular.

 Minha mãe estava na sala assistindo a novela, tão concentrada que só me viu quando girei a maçaneta da porta. 

- Já vai?- Assenti.- Juízo viu dona Gabriela.

- Também te amo mãe.- Mandei beijo no ar e sai trancando a porta.

 Comecei a descer o morro até escutar alguém me chamando, parei olhando pra trás e vi Mayra andando rápido em minha direção.

- Eu sou sedentária Gabriela.- Parou do meu lado com a respiração ofegante.

- Pra sentar pra vagabundo não é não.- Brinquei e ela mandou dedo do meio.

 Voltamos a caminhar. A rua como sempre estava movimentava, alguns alunos indo pra escola, uns trabalhadores voltando pra suas casa e os soldados do movimento subindo e descendo armados até os dentes.

 Andris nunca foi de deixar muito com armamento pesado assim por ai, alguma coisa tinha acontecido e ele não me contou.

- Você ta pensando o mesmo que eu?- Mayra quebrou o silencio.

- Tem coisa ruim vindo ai.- Falei baixo e ela parou meu olhando confusa.- Que foi?

- E o nosso ultimo ano Gabriela.- Balancei a cabeça ao notar que ela estava falando de outra coisa.

- Só se for o seu ultimo ano.- Entramos na escola.- Só vim porquê ainda não contei pra minha mãe.

- Não é possível que por causa de alguns pontinhos não vão te livrar desse inferno.- Ri com a forma que ela falou.

 A sala tinha algumas pessoas, dava pra ver o desespero naqueles rostinhos. Ninguém queria ter que repetir o ultimo ano.

 Me sentei no meu lugar de costume.

 Mayra me contava algumas fofocas do morro, mas minha mente estava longe. O que eu vou fazer agora?

 - Boa noite queridos!- A diretora entrou na sala, animada pra desgraçar com a vida de um monte.- Vocês tem até o segundo horário pra resolverem suas pendencias. Ao final dessa noite vou estar passando a lista de aprovados e reprovados.- Deu o recado e saiu da sala.

- Gabi?- Mayra me chamou.- Por que você não vai conversar com ela?- Se referia a professora.

- Não tem mais justificativas May.- Falei sem esperanças.

- Não custa tentar.- Ela se levantou e saiu da sala.

Eu sabia que todas minha chances ja foram gastar, então nem me dei ao trabalho de levantar daqui.

Peguei meu celular e fiquei futricando as redes sociais. Pensei em mandar mensagem pro Andris, afim de saber o que esta acontecendo no morro, mas preferi deixar quieto.

Alguns professores passaram por aqui, falaram seu discursos de fim de ano, e se foram.

Eu já não aguentava mais ficar sentada ali, o tédio já estava em consumindo. Peguei minha mochila pronta pra sair, mas Mayra segurou meu braço.

- O resultado vai sair agora, fica?- Pediu, revirei os olhos e me sentei novamente, ela deu um sorriso.

A diretora entrou na sala com duas folhas, colou ambas na parede. Só vi a galera levantar assim que ela saiu. Alguns comemoraram, já outros faltavam pouco chorar.

Eu e Mayra esperamos a sala ficar mais vazia pra verificarmos a lista.

Não foi difícil achar meu nome já que ele era um dos primeiros. 

- Aprovada!- Mayra comemorou do meu lado.- E você?-

Tomei coragem e segui a linha do meu nome até o resultado.

- Aprovada?- Falei pra mim mesma.

- Sério?- Mayra veio olhar meu nome.- Eu sabia que aquela vagabunda não iria fazer isso contigo.- Me abraçou forte.

- Mas... Mas ela disse que não tinha mais jeito.- A ficha ainda não tinha caído.

- E você vai reclamar?- Cruzou os braços.

- Logico que não.- Abri um puta de um sorriso.- Eu passei!- Gritei e todos ali me olharam, nem me importei.

Peguei minha mochila. 

- Vamos antes que alguém mude de ideia.- Puxei Mayra pelo braço.

A diretora estava no corredor. Pensei que ela fosse me falar algo, mas só ficou me olhando ir embora, foi a cena mais esquisita da minha vida. 

Só fui entender o porquê quando sai e avistei Andris encostado em sua moto, junto de alguns de seus aliados, dentre eles, Vitinho.

  Mayra soltou meu braço e correu na direção dele, pulando em seus braços. 

Já eu, fiquei ali parada associando aquela nossa conversa com o resultado de hoje. Balancei a cabeça em negativo e segui meu caminho pra casa. 

 Apressei meus passos, mas ele conseguiu me alcançar e segurou meu braço.

- Eu pedi pra você não fazer isso.- Gritei apontando o dedo na cara dele.- Não fala comigo.- Ele soltou meu braço. 

- Vai ser assim mesmo?- Sua voz era calma.- Po tento te ajudar e você só me esculacha.

- Eu não pedi ajuda Andris.- Ele fechou o punho, dava pra ver que tava segurando a onda.

- Se eu te pedir desculpa alivia?- Falou todo meigo, confesso que quis rir daquela cena. 

Mas ainda estava chateada com ele, dei as costas e voltei a caminhar. Ele veio atrás de mim.

- Caralho Gabriela.- Tava ficando com raiva já.- Difícil demais te entender.- Abri um sorriso.

- Vai precisar de mais pra ter meu perdão.- Continuei meu caminho.

...




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