Capítulo 4

Gabriela Pv'

Ele ficou de frente para mim, olhou dentro dos meus olhos, não entendo porque ele faz isso.

- Se quer saber, eu vou embora.- Dei as costas pra ele indo pelo caminho que vinhemos. O barulho de seus passos entregava que ele estava a poucos centímetros de distância de mim.

- Não tem escolha Gabriela.- Apesar de querer saber como ele descobriu meu nome, o ignorei e continuei andando.- Sabe sua mãe, aquela enfermeira, como é mesmo nome dela?- Parei de andar.- É Cristiane né.

- Que inferno!- Me virei ficando cara a cara com ele.

- Toquei na ferida foi?- Deu risada.

- O que você quer de mim?- Comigo ele podia fazer o que quiser, mas quando envolvia minha mãe as coisas eram diferentes.

- Acredito que tenha conhecido meu tio, Apolo.- Só agora que me caiu a ficha da pequena semelhança entre os dois.- E sabe que ele foi morto, certo.

- Sim, mas o que eu tenho a ver com isso?- Cruzei os braços.

- Tu não tem noção do perigo menina?- Apertou meu braço.- E por isso que vai me ajudar na minha vingança.- Sorriu diabólico.

- Me solta.- Falei entre dentes.- E se eu não quiser te ajudar?- Minha vontade era de quebrar aqueles dentes dele, tão alinhados.

- Acho que sua mamãe talvez conheça o pior de mim.- Disse frio.

- Isso é  só  chantagem.- Ele apertou mais ainda meu braço, com certeza aquilo deixaria uma marca.

- Não me desafia.- Podia jurar que os olhos dele ficaram completamente escuros.

- Ta... Ta bom.- Senti uma lágrima  solitária rolar pelo meu rosto.- O que eu tenho que fazer?- Não  tinha mais para onde correr, eu não  iria colocar a vida da minha em mãe  risco, justo ela que lutou tanto pra me criar sozinha.

- Vai se infiltrar no morro inimigo, famosa Coreia.- Minha garganta secou.- Relaxa morena. Gostosa desse jeito, Fantasma vai cair facinho no teu papo.- Disse passando a mão  pelo meu corpo.

- Cara você é doente.- Me afastei dele.

- Cansei de pegar leve contigo.- Apertou forte meu maxilar. Sacou a arma e destravou a mesma, apontando pra minha cabeça.- É a última vez que te aviso, da próxima fez faço peneira com essa sua carinha linda.- Me empurrou, me desequilibrei por pouco não cai no chão.

Ele caminhou indo em direção a sua moto, montou na mesma mesma e deu partida indo embora.

Me largou sozinha, em um lugar escuro e desconhecido por mim. Por ali não passava se quer uma viva alma, e sem contar que eu estava muito longe de casa.

Tirei meu celular da mochila e liguei pra Mayra.

Call On

  - Amiga do céu, pra onde aquele filho da puta te levou?

- May..- Não consegui dizer mais nada, comecei a chorar.

- Me fala onde você ta? Assim você vai me matar do coração mulher.

- Eu não sei onde estou exatamente.

- Ele te levou pra fora do morro?

- Não, mas eu sei que to longe.

- Eu vou matar aquele desgraçado.

Ficou em silêncio.

- Gabi, eu vou procurar meu primo, eu peço pra ele te buscar, tudo bem?

- Ta bom, fala que ele que é  no topo do morro, perto de uma construção  mal acabada, ele deve saber aonde fica.

- Fica calma viu, ta tudo bem.

Call Off

Ela desligou. O primo dela fazia parte da tráfico daqui, apesar de eu não ter boas recordações  com ele, era a minha única alternativa pra me tirar desse buraco.

O silêncio daqui me deixava ainda mais aflita, mas eu não  tinha forças para sair de onde estava. O medo ainda me consumia.

Demorou mais de meia hora para eu escutar o barulho de uma moto, fiquei  em alerta, já que podia ser o Chucky novamente. Talvez ele tivesse pensado bem e quisesse acabar com o que começou.

- Gabriela?- Senti um certo alívio em escutar a voz de Alex.

Corri até ele e o abracei, algumas lágrimas insitiram em cair.

- Tu ta bem?- Assenti.

- Desculpa.- Nunca imaginei que fosse precisar da ajuda ele.

- Relaxa, vou te levar pra casa.- Subi na garupa. Ele deu partida indo morro abaixo.

Eu e ele não temos um passado muito  bom. Já tivemos um romance, ele me fez sofrer muito, durante alguns anos não  conseguia olhar na cara dele.

Não demorou muito até ele parar na frente da minha casa, Mayra estava sentada na calçada de cabeça baixa.

Pulei da moto com tudo, e corri para os braços da minha melhor amiga.

- Você ta bem?- Me analisou da cabeça aos pés.

- Bom, acho que sim.- Ela pareceu confusa, mas não  disse nada. Apenas me abraçou forte.

- Obrigada Alex, depois peço  a vó pra fazer aquele bolo que tu adora.- Mayra disse ao me largar.

- Tudo pra ver vocês bem.- Ele sorriu.

- Obrigada.- Eu não podia ser ingrata.

Ele apenas assentiu e deu partida na moto, indo embora.

- Me conta tudo.- May me puxou.

- Podemos conversar amanhã? Estou cansada, só quero minha cama.- Ela balançou a cabeça.

- Ta certo, deve ter sido barra.- Ela me abraçou novamente.- Vai descansar.

- Obrigada amiga.- Ela sorriu.

Ela seguiu seu caminho e eu entrei em casa. Tudo estava escuro, fui até o quarto da minha mãe. Ela dormia tranquilamente.

Me aproximei, passei a mão  em seu rosto.

- Vai ficar tudo bem.- Sussurrei. Fiquei ali por um tempo, depois sai.

Tomei um banho rápido, deixei algumas lágrimas rolarem junto com a água que banhava meu corpo. Não  dava para acreditar que isso estava realmente acontecendo.

Vesti uma roupa confortável e me deitei, a espera de que o sono viesse logo, mas o turbilhão de pensamentos  não  me deixava em paz.

Pensava em como iria prosseguir com essa história, não conseguia acreditar que estava sendo ameaçada. Por que eu tinha que ter sido boca grande aquele dia, agora estava pagando. Pagando muito caro.

...

 

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