[ 24 ] Reencontro

Reescrito e revisado por: poisontequila


Eu encontrei uma razão para eu
Mudar quem eu costumava ser
Uma razão para começar de novo
E a razão é você
The Reason — Hoobastank 

Jungkook havia ido ao inferno, não sem antes deixar a cobertura protegida, visto que Jimin estava inconsciente a quase três dias — o reino das sombras estava um caos, seu pai? furioso. 

Voltando a Terra, em sua residência notou o ar suave como se não houvesse gravidade, andando rapidamente até o quarto encontrou Jimin na sacada, observando a cidade, a brisa afagando os fios brancos dos cabelos, as vestes sendo a mesma, estava frouxa ao corpo que está um pouco mais magra. 

— Sei que está aí. — sua voz estava diferente, arrepiando o demônio dos pés à cabeça. 

Era um diferente bom, intenso e aveludado como cânticos celestiais, um coral de anjos louvando seu Criador. 

— Jimin? — sussurrou temeroso, não conseguia se aproximar, havia uma barreira invisível, como uma parede no centro do cômodo. 

— Sim. Ao que parece é um de meus nomes. — o platinado se virou, Jungkook teve a visão deslumbrante do Anjo Albino. 

Reluzindo da mais pura luz, os luzeiros violeta cintilante e admirável, como a nebulosa da constelação Orion. Ele era ainda mais lindo. 

— Lembra de mim? — Jeon ajeitou a postura, o tom vermelho da íris escureceu para o castanho escuro, quase preto. 

— Como não lembrar? — sorriu. — Lembro de ti desde antes da criação de tudo. — Você não lembra porque não o permiti a isso. 

— Do que está falando? 

Jimin manteve a serenidade, quebrando a barreira e seguindo até o demônio, as palmas pequenas o segurando pelo rosto. 

— Vou te mostrar. Feche os olhos. 

O demônio nada compreendeu, assim fechou os olhos e sentiu os lábios fartos e quentes tocarem os seus tão frios e receosos — como se houvessem tirado a venda de seus olhos, sua mente foi inundada de momentos únicos com o anjo. 

Em épocas, séculos diferentes, antes e depois de Cristo — até mesmo antes do primeiro ser humano ser criado. Temendo perder aquilo que o assombrou de pronto, o puxou mais contra si, intensificando o ósculo. 

Numa realidade jamais vista, Jeon abriu os olhos e contemplou o universo, a terra fofa em seus pés descalços, o tronco despido e a pele sendo beijada pela luz e pelo corpo agarrado a si. 

— Onde estamos? 

— Em um mundo que eu mesmo criei a bilhares de anos. — afastou-se, as orbes violetas fascinadas por aquele lugar, pela saudade e nostalgia que o inundou em instantes. — Criei assim que nos conhecemos. Ano zero, cristão. Dentre um caos de calendários da época, um monge chamado Dionísio Exigeus apareceu. Ele questionava o motivo das pessoas estarem datando as coisas pela fundação da cidade de Roma. Logo então ele decidiu considerar um dos eventos mais importantes da história, como o início do calendário. Certamente, bem antes disso, conquanto, este humano deu início aos dias, a contagem. 

O demônio franziu o cenho e Jimin alargou o riso. 

— Eu o vi num futuro que não tardou a vir. Meu Criador, a quem me agraciou em ser sua cópia, me presenteou você. — a coroa de estrelas se amontoaram acima da sua cabeleira branca como a neve. — O meu amor. A minha fraqueza foi você desde antes de seu nascimento, da sua devida existência. 

— Isso não é possível. — a confusão o deixou pouco atordoado. — Jimin eu sou filho de Lúcifer. 

— Sim, você é. E também é quem deu existência aos sete pecados capitais. — no céu antes claro, escureceu, mantendo o brilho intenso  das estrelas, e em meio a elas, a aurora boreal branca pincelou a escuridão como seda. — Foi humano em vidas diferentes e morreu nelas para que um pecado nascesse. Estive em todas elas. 

A minha dor foi a sua e isso o condenou, o tornou um demônio poderoso e digno do trono infernal e meu irmão, seu pai sabe disso. 

— Como saiu do inferno? — a pergunta repentina mudou totalmente o foco da conversa. 

— Seu pai não pode me conter. Sou superior a ele, a qualquer arcanjo ou anjo, Jungkook. E eu sai, prometendo queimar todo aquele reino. 

— E porque não o fez?

— Não faz parte dos planos Dele. — referiu-se a Deus. — E o seu poder, sua existência e ligada ao mundo inferior, não quero perdê-lo. 

— Nunca vi algo assim. — comentou, passando o olhar por aquele lugar, a água cristalina foi vista e este caminhou até lá, Jimin ficou logo atrás. 

— Podia me lembrar. Nunca me esqueceria de você. — frustrou-se. — Porque fez isso? Porque me tirou todas essas lembranças. 

O anjo se sentou ao seu lado, a lua cheia parecia próxima, gigantesca, e sua luz prateada banhou ambos. 

— Foi o preço a pagar para ocultar a minha. Deus me deu duas opções, e optei pela pior mas que o manteria vivo em todas as realidades possíveis. Que sua energia jamais fosse apagada por Ele. — segurou sua mão. — Me apaixonei por você em todas. Como fazendeiro. Médico. Assassino. Rei. Príncipe bastardo. Policial. Mafioso. Gangster. Em todas, Jungkook. Não importando quem era ou o que o destino fez de ti. O meu amor mantinha-se igual e o seu também. — tocou o peito firme, um órgão que nunca bateu, que ainda estava ali, deu sinal. Bateu contra o peito rigido. — Este aqui é o que é. Sempre foi. Pois a maldição de Lúcifer o fez perecer e sofrer na Terra muito tempo até torná-lo o que é nessa realidade. A última. O número sete é o número da perfeição, pois além de Jesus perdoar setenta vezes sete¹, ele nos deu todas elas para provar que o amor é inquebrável, é puro, genuíno e digno de ser regado e cultivado. 

Jungkook sorriu, e paralisou por ver aquele anjo, o amor de tudo que era e possui, colocar uma coroa de diamantes negros em sua cabeça. 

— Meu rei. Meu parceiro. Minha existência. — sussurrou. — Nos reencontramos. Voltei para reivindicar tudo que é meu. E você é, sempre será. 

Eu te amo Jungkook. Neste mundo. No céu. No inferno. No universo é todas as realidades existentes. Eu o amo incondicionalmente. 

Jungkook o puxou para seu colo, tomando aqueles lábios com volúpia, saudade e desespero, a língua quente e molhada envolveu a sua, numa sincronia perfeita, aquele ato fez tudo brilhar intensamente, fez o vento tornar-se forte, a água como se houvesse luz dentro dela. 

Estavam onde precisavam. 

Cada peça foi tirada, a necessidade absurda de sentir ambos eram ansiosas e antigas, Jungkook teve cuidado ao invadi-lo, tendo o gemido soprado contra seus lábios entreabertos. 

— Eu te amo tanto. — o ouviu dizer entre suspiros. 

— Também te amo Jimin. Meu anjo. — sorriu antes de beijá-lo 

O amor foi feito ali, num mundo que não podia ser captado por máquinas humanas, muito menos por criaturas sobrenaturais — era um planeta criado para se amarem sem reservas, sem interrupções ou por problemas que os cercavam. 

Quando Jungkook atingiu o clímax, Jimin veio em seguida, as lágrimas foram o selo primordial daquele reencontro que ambos buscavam há tempos. 

Numa cama em meio a área e rochas, de frente para aquele lago enorme e cristalino, Jimin observava a aurora boreal, ambas coroas lado a lado a seus pés — estar nos braços de quem ama era divino, surreal e único. 

— Como quer que eu o chame? — ouviu Jungkook perguntar após minutos quieto. 

— Jimin. Chama-me assim. Por favor! 

— Não há outros?

— É o que escolhi. Jimin significa reflexo de Deus. É o que sou. — sorriu, esfregando o nariz na pele leitosa e cheirosa do demônio. 

— Ótimo. Combina com você. Este nome é tão lindo quanto você. — o apertou um pouco mais, cheirando o pescoço, inalando a fragrância gostosa de flores. 

— Porque me negou tanto? 

— Temia o futuro. Ainda temo o que meu pai pode fazer com você, então nessa guerra, você não irá lutar. 

— O que? — arregalou os olhos, sentando na cama, cobrindo a nudez com o lençol branco. 

— Não vou arriscar sua segurança. Sabe que se ele puser as mãos em você, irá te matar e tomar o poder para matar Ele. 

— É impossível. 

— Não é. — acariciou o braço esquerdo do platinado, confortando-o. — Lúcifer esconde algo que eu desconheço. Você não irá lutar. — enfatizou. 

— Jungk… — foi silenciado pelo polegar alheio pressionando seu lábio inferior. 

— Por favor! Preciso fazer isso. 

— Não é justo. 

— Mas é necessário. Se enfraquecer isso dará vantagem a meu pai. Fora que, não está cem por cento. Esteve há muito tempo vivendo como humano, Jimin. Não é simples conter poder, ainda mais o seu. 

Jimin assente, voltando a se aconchegar nos braços do moreno, acariciando a pele tatuada. 

— Se algo der errado irei lutar. 

— Ok! — respirou fundo. — Seus pais, onde estão?

— São meus guardiões. 

— Então não são humanos? 

— Não. São anjos de classe baixa, eu os criei para cada um guardar uma porcentagem do meu poder. — beijou seu pescoço. 

— Sua inteligência me deixa fascinado, coisinha. — apertou a bochecha farta, deixando-a corada.

— Não me chame assim. Aquele pecado que diz isso. 

— Hoseok é assim. Os outros também. 

Park piscou algumas vezes, virando o rosto bonito do demônio para que o encare, um selar suave foi depositado na carne macia e fininha de sua boca.

— O que iremos fazer?

— Vamos te ensinar a usar seu poder e guardar energia, a lutar também. E eu, vou reunir todos os pecados para uni-los a mim para me dar força. — explicou. 

— Isso vai ajudar? 

— Espero que sim. Porque o Apocalipse não tardará a chegar. — lamentou. 

— Ficará tudo bem. 

— Não é da minha natureza ser positivo, então deixo isso para você. — sorriu. 

Jungkook cobriu o corpo menor com o seu, acariciando o rosto do anjo, antes de dar início ao beijo tranquilo, sem nenhuma intenção devassa. 

— Como que tudo isso se desencadeou? Tipo, eu o conheci em um ato totalmente profano. — eram infinitas perguntas, no entanto, tratou de priorizar as que mais o incomodam. 

— A impureza impedia minha versão original de surgir, sempre que sentia sensações estranhas no corpo eu buscava algo que pudesse adormecer aquilo. Através do impuro eu consegui conter ao máximo. — beijou o maxilar alheio. — Então você veio até mim, e tudo mudou, tudo aconteceu como tem de acontecer meu rei. 

— Não sou rei. 

— Será. — afirmou. 

— Reinará comigo? — mordeu o ombro esquerdo, a pressão dos dentes na carne morna arremeteu um gemido fraquinho. — Serás rei junto a mim no inferno?

— Sim. Se quiseres, então sim. 

— Sempre vou querer você. Ainda que não me lembre. 

O platinado sorriu, puxando-o, tudo aquilo estava fadado a acontecer. 

Tudo havia sido escrito a tempos e tempos. 

Nada saiu do lugar. 

Exceto por um, que não foi mencionado e logo irá. 

A primeira trombeta irá soar, dando início ao término de existência. 

Os dignos ao céu serão levados e quem ficar, padecerá no inferno, queimando por toda a eternidade sem chance de redenção. 

Porque o tempo de se arrepender acabou. 

Agora é o momento de acerto de contas. 

Que decidirá quem será acolhido por Jesus,  ou arrastado por Lúcifer ao lago de fogo e enxofre. 

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¹Até sete vezes? Jesus respondeu: eu digo a você: não até sete, mas até setenta vezes sete” (Mateus, 18:21-22). Isso se traduz em perdoarmos indefinidamente o nosso agressor.

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