L7NNON

🦜ྀི ┋TEMA : fofo/reconciliação
🦜ྀི ┋AVISOS : nenhum
🦜ྀི ┋SINOPSE : onde S/n não sabe bem lidar com a fama do marido e pede divórcio, mas Lennon não está nem um pouquinho disposto a aceitar isso

Boa leitura, pivetes 💚

MINHA MULHER
! ʾ s/n pov's ˙

- Iai? - Lennon me olha com os braços cruzados e a expressão séria depois que tiro o termômetro da axila do Matteo, nosso filho mais velho, de cinco anos.

- A febre abaixou. Ele vai ficar bem. - suspiro e levanto da cama. Cubro meu bebê e deixo um beijo na testa dele antes de me afastar. Já tinha tomado o antitérmico e agora tava cochilando. - Boa noite, amor. Mamãe te ama.

Sussurro e logo me retiro do quarto fazendo caminho para a sala. Quero pegar minhas coisas e sair logo daqui. Mas também quero deixar um cheirinho em Maria, minha filha de quase dois aninhos, antes de ir. Deixo a bolsa no sofá novamente, mas assim que me viro já vejo meu ex vindo na minha direção.

O ar na sala é sufocante, abafado, me faz querer abrir as janelas enormes que tem aqui. Meu cabelo gruda na nuca e na testa por causa do suor. Não é bom estar tão perto de Lennon assim, não quando tenho feito até o impossível para esquecê-lo, assim como meus sentimentos por ele.

Acabou. É o que digo para mim incessantemente. Vocês não deram certo. Foi bom enquanto durou.

- Achei que era algo mais grave, fiquei preocupado - quebra o silêncio.

- Deve ser só um resfriado, logo passa - suspiro. - Vou só dá uma olhada na Maria, tá? Ai vou pra casa.

Ele assente, mantendo a postura calma de sempre. Faço meu caminho até o quarto que tinha a porta aberta. Tudo é uma mistura de tons de lilás e meu sorriso se abre ao ver minha filha se espreguiçando no berço.

- Não é hora pra tá acordada, garota - digo baixinho chamando a atenção dela, que me olha e sorri com a cara amassada. - Cadê a pretinha da mamãe?

- Mamain.

Pego ela no colo e aperto como se fizesse tempos que não a vejo. O cheirinho do perfume doce dela adentra meu nariz quando ela coloca o rosto no meu pescoço. Passo as mãos nas costas dela e caminho de volta para a sala, vendo Lennon jogado no sofá mexendo no celular.

- Tava acessa quando cheguei lá.

- Tá na hora mesmo, já deixei o mingau dela pronto - levanta passando as mãos no cavanhaque. Tento ao máximo ignorar o fato dele estar sem camisa, como também o fato a bermuda está abaixo na linha do quadril deixando tanto sua cueca CK quanto o V da sua entrada expostos.

No momento depois eu me vi sentando na mesa da cozinha ao lado dele vendo ele dar a mamadeira da nossa filha. Em tempos atrás essa seria uma cena normal, faltando apenas Matteo correndo ao redor da mesa e o pai brigando pra ele tomar cuidado para não se machucar.

Uma cena normal antes de tudo.

Antes de eu explodir e o nosso casamento ir pros ares junto.

Eu e Lennon nos conhecemos em 2013. Nem lembro ao certo como foi, só sei que uma dia eu saída da escola doida para encontrar uns amigos na praça principal de Realengo e quando cheguei vi ele e desde então nunca mais nos desgrudamos. Ele foi meu primeiro namorado e até então o único.

Eu tinha dezesseis anos só, tava no ensino médio ainda e ele já tinha terminado e trabalhava já. Lê me tratava feito uma rainha, me dava tudo e muito mais do que eu merecia. Me buscava na escola, passava os fins de semana comigo, comprava lanche e vivia me motivando. A gente se amava, tinha planos pro futuro, eu só não fazia ideia que esses planos iriam se divergir em algum momento da nossa trajetória.

Eu vi ele ir trabalhar com o pai na imobiliária, largar tudo e ir para a Espanha e depois começar a fazer música logo depois que voltou pro Brasil. E em todos esses momentos nos estávamos juntos, eu e ele contra o mundo.

O lance da música foi ótimo pra ele, pegou fama rápido e principalmente não fez a cabeça dele mudar, continuou como o mesmo muleque magrelo de Realengo e redondezas, só que agora mais trajado, cheio da grana e com carro importado.

Lennon sempre foi ambicioso e eu admirava isso. Sempre quis o melhor pra nós e correu atrás disso. Nosso comprometimento era ter uma vida instável pra cuidar dos nossos filhos e viver tranquilos. E ele não lutou sozinho, também me dediquei igual uma louca para conseguir ir pra faculdade e passar logo em um concurso assim que terminei.

Fiz direito na USP, primeiro lugar no vestibular. Me formei e passei de primeira na OAB e logo já passei num concurso federal na minha área. Foi quando decidimos ter nosso primeiro filho.

Ele já tava indo bem na música, eu na minha carreira e estávamos há dois anos casados no civil. Tava tudo como tinha que ser. Tivemos o Mattheo no início de 2019 e no mesmo ano Lennon lançou o primeiro álbum e tudo mudou completamente. Ele literalmente explodiu.

E então vieram os convites, as festas, o ouro, mais dinheiro, agitação e eu não sabia como lidar com aquilo.

Eu amava Lennon e amava ver ele realizando o sonho dele, mas ao meu tempo me doía não passar tempo com ele, não desfrutar mais da presença dele todos os dias. Os shows vieram em peso, um atrás do outro, programas de TV, mais músicas e muito mais reconhecimento.

As vezes eu sentia que eram como se fossem duas pessoas: o meu Lennon, que acordava ao meu lado de manhã todo manhosinho me abraçando e beijando e o L7, o cantor que tirava o meu amor de mim.

Eu tava nesse mundo, mas não era desse mundo. Principalmente quando cheguei num fórum em uma manhã para participar de uma audiência e fui hostilizada por um advogado de firma por ser mulher de cantor. Foi horrível. Não por ser colocada como mulher do Lennon, mas o fato de ter sido reduzida apenas à isso, como seu todo o resto do que eu sou, incluindo meu cargo e minhas conquistas, não fossem nada.

E veio a pandemia e por mais ruim que fosse toda aquela situação, eu agradeci por ter meu amor em casa comigo, aproveitando cada momento do crescimento do nosso filho e, poxa, o Lê é um pai tão dedicado e atencioso que dá até gosto de falar.

Depois da pandemia, quando a rotina de shows voltou a infernizar a minha casa, nosso relacionamento enfriou bastante. Eu fiquei deprimida pra caralho que até pedi um ano sabático do meu trabalho só pra ficar em casa, já que toda vez que eu inventava de sair era abordada com alguém na rua.

Por muito tempo foi só eu e Mattheo e de vez enquanto a sombra cansada do que deveria ser o meu Lennon.

- Coloquei o neném pra dormir já - falei entrando no estúdio do Lennon vendo ele mexer no computador, sequer me olhou. Me aproximei dele, colocando as mãos em seus ombros. Observei a tela onde haviam vários remixes de músicas que ele vai lançar. - Não acha que tá na hora de uma pausa não?

- Talvez - me olha sorrindo fraco.

- Vem deitar comigo? - beijo a bochecha dele. - Deixa eu cuidar do meu marido lindo, hoje?

Ele tava tão cansado que sequer recusou. Veio pra cama comigo, deitou em cima de mim e logo tava todo relaxado. Não perdi tempo, comecei a fazer cafuné no cabelo dele, os cachos todos enrolados um no outro mais ao mesmo tempo definidos sem esforço algum.

- Cê bem que podia fazer uma pausa né, preto? - indago, cautelosa. - Tira um tempinho maior, umas férias dessa loucura toda, acho que você precisa e merece.

- Eu tô bem - murmura. - Tenho uma pá de música vindo ai, Adriano tá atrás de fechar uns shows maneiros pra mim, tô bem com isso.

- Mas a sua família tá sentindo sua falta, Lê - engulo o nó na minha garganta. Vejo os olhos dele se abrir. - Mattheo sempre fica abusadinho quando você não tá aqui, já faz um tempão que a gente não tem um tempo só nosso. Poxa, eu sinto sua falta, sabia?

Nunca fui de revelar tanto o que sentia assim, com tanta franqueza, só em casos extremos como esse. Costumei sempre guardar tudo pra mim com o fito de nunca incomodar ninguém.

Lê levantou me encarando e suspirou.

- Eu sei disso tudo, mas tenta entender que tô fazendo tudo isso pra gente ter uma boa vida...

- A gente já tem uma boa vida, é suficiente - corto ele. - E eu poderia viver com muito menos sabendo que teria você em casa sempre comigo. Não ligo pra dinheiro, Lennon, só ligo pra você, agora eu que tô te pedindo pra entender isso.

Ele assentiu. Trouxe a mão até meu queixo e me beijou lentamente.

- Me desculpa, preta - sussurra. - Tô negligenciando vocês e isso não se faz. A minha prioridade é e sempre vai ser vocês.

- Eu sei - passo meu nariz no dele. - Preciso te contar uma coisa.

Mordo o lábio olhando pra ele.

- Acho que até sei o que é - sorri com os olhos brilhando e leva a mão até minha barriga. Meu sorriso se alargou.

- É só uma suspeita. Lembra que no Réveillon a gente transou sem camisinha? Talvez tenha sido isso, mas sem certeza.

- Eu tenho certeza - garante. - Você tá igualzinha a quando estava grávida do Matteo.

Ele tava certo, eu realmente tava grávida de novo. Mas eu fiz ele promete que ia ser mais presente pra gravidez dá certo e ele cumpriu a promessa. Me acompanhou desde a primeira ultrassom até o parto da neném em outubro de 2022.

Ele passou um bom tempo em casa depois disso, até inventar que seria uma ótima ideia lançar um EP novo. Ele disse que tava animada, cheio de inspiração e então começou a trabalhar com o dobro de energia que utilizava antes e ainda quis me arrastar pra isso.

- Não, de jeito nenhum - rio olhando para meu marido enquanto dou de mamar pra minha filha.

- Poxa, preta, por favor - fica ao meu lado. - O EP todo são de músicas pra ti, sabe? Nada mais justo que tú participar dos clipes comigo.

- Não faz nem seis messes que eu pari, Lennon. Eu tô acabada, mortinha, sabe? Cheia de olheira, cabelo todo quebrado e ressecado, faz um tempo que minha sobrancelha não vê uma navalha. Então não, pode ir me deixando quietinha aqui. O famoso é você e não eu.

- Para com isso, minha deusa - ergo a sobrancelha pra ele. Lê ri e coloca a mão na lateral do meu rosto. - você tá perfeita e linda independente de tudo isso ai que você falou. Continuo te amando e você continua sendo a mulher da minha vida, isso tudo é só efeito dessa fase que logo vai passar, cê sabe que sim. Mas olha o resultado disso, essa criança perfeito que a gente fez, tá ligada? Precisamos de mais nada. E pensa com carinho no que eu te falei, tú lá comigo ia ser muito especial pra mim.

Sabe a frase: o que você não pede sorrindo que eu faço chorando? Pois é, se encaixou perfeitamente aqui. Até porque depois dele ser tão fofo era impossível negar qualquer coisa, então eu fui lá e fiz. Gravei os clipes do EP Me Espera com ele e foi bom até, pra muito pode parecer que estamos fingindo para as câmeras, mas aquilo ali era só uma partezinha de nós, do nosso amor.

- Prontinho.

Lennon trouxe Maria pro berço após ela pegar no sono depois de comer. Foi rápido até, mas pareceu uma eternidade pelo fato de eu ter estado tão imersa em pensamentos.

Agora eu realmente poderia ir embora, sem mais desculpas e foi isso que eu fiz. Bom, que tentei fazer pelo menos.

Lê me trouxe até a porta. Atravessei ela, mas assim nossos olhares se encontraram, meu coração acelerou.

- Hum - engoli em seco, coçando o pescoço, nervosa. - Parabéns pelo álbum novo.

- Você ouviu?

- Não todo. São mais de vinte e cinco músicas, né? - ri de nervoso. - Muitos sentimentos pra colocar pra fora.

- Sim - afirma, me olhando com intensidade.

Encarei ele, passando a língua pelos lábios, um friozinho queimando no pé da barriga. Apertei a alça da bolsa criando coragem para perguntar.

- Tá com ela mesmo? - sai baixo, quase inaudível. Por sorte éramos só nós dois ali no silêncio, então ele ouviu bem. - A Aoxi?

- O que? - franze o cenho, como se não entendesse. - Claro que não, é só...

- Marketing - rio com escárnio. - Eu deveria saber.

- Acha mesmo que eu teria coragem de trocar você?

- Não sei, teria?

Lennon rir.

- Só na sua cabeça, S/n - dá um passo à frente. - Nunca trocaria você, a minha mulher, por qualquer outra nesse mundo. Eu ainda tenho fé em nós, no nosso amor.

- Lennon...

- Eu recebi os papéis e não vou assinar. Não enquanto a gente não conversar direito e você dizer olhando no meu olho que não me ama mais. - me encara firme, bem próximo à mim. - Só assino aquela merda se fizer isso, mas por enquanto não vai rolar, não.

- Não é justo você fazer isso.

- Não é justo? - inclinou a cabeça. - Não é justo você ficar nessa de separação sendo que ainda me ama - segura meu cabelo - sendo que ainda é doida por mim.

- Para.

- Para com o que? De falar a verdade, nega? - meu rosto tá tão pertinho do seu que seria preciso um esforço mínimo para beijá-lo. - Anda, diz na minha cara que não me ama mais.

- Lê... - a voz roca dele sendo emitida bem no meu ouvido enquanto ele puxa meu cabelo é sacanagem. Não tem mulher no mundo que não se renda. - Você sabe que eu te amo. Mas nessa situação só o amor não vale à pena se eu tô infeliz.

Seu olhar muda, a mão vai afrouxando no meu cabelo e deslizando até não estar mais tocando nenhuma parte do meu corpo.

- Infeliz? Não tava feliz comigo? - nego com a cabeça, ele parece um pouco magoado. - Porra, eu achei...

- Quer mesmo conversa sobre isso agora? Tá tarde e eu preciso voltar pra casa.

- Sua casa é aqui.

- Não é mais, Lennon.

Vejo meu ex-marido passar ambas as mãos no rosto em frustração antes de me lançar um olhar cansado e suspirar.

- Depois que deixar Matteo na escola e a Maria na minha mãe posso passar na tua casa? - pede. - Faz quase cinco semanas que você saiu de casa e eu ainda tô no escuro e agora esse papéis de divórcio e eu não faço ideia do motivo. Acho que me deve uma explicação, eu preciso de uma.

- Se você acha que vai ser melhor assim, então tudo bem. Passa lá amanhã.

Não me despeço com um beijo ou um abraço, apenas viro e saio sentindo que deixei ali uma algumas partes de mim.

[...]

Quando eu e Lennon decidimos ter um filho não achei que seria tão difícil assim. Óbvio que eu havia me preparado para as pessoas se intrometendo na nossa vida, dando pitaco aqui e ali e por ai vai. Eu sabia que seria assim, por isso escondemos a gravidez até o dia do parto, assim como o rosto do Mattheo até os dias de hoje. Simplesmente tenho pavor do meu pretinho ser exposto naquele ambiente tóxico chamado internet.

Uns acham exagero, eu acho necessário. Ele é uma criança que tem que levar uma vida normal de criança.

Mas a única e não menos importante foi as pessoas, tanto na internet quanto na nossa família, querendo se meter na festa de aniversário do meu filho. Porra, Lennon queria uma festa grande e eu disse não e ele concordou. Ele é só um bebezinho, não tem necessidade de fazer uma hiper festa cara se ele nem vai poder aproveitar. Geralmente pais que fazem isso é mais na intenção de suprir o próprio ego do que pela criança.

A minha ideia era simplesmente fazer um bolinho na nossa casa, com a nossa família e amigos próximos, pessoas que Mattheo convive e que eu sei que gostam dele de verdade e não um bando de gente famosa que sequer viu meu filho pessoalmente antes.

Fizemos um churrasco, que na verdade foi total ideia do pai do Lennon e do meu, nossas mães se juntaram pra fazer um almoço e eu encomendei um bolo com tema de praia com uns docinhos. Tiramos fotos, passamos vários momentos juntos e curtimos muito mais do que se fosse uma festa luxuosa. Mas ai geral começou a comentar besteira.

E eu, estressada como já estava, abri uma live no Instagram e falei até o que não deveria. Sinceramente? Zero condições de ser famosa, taquei o pau em meio mundo de site de fofoca que tava falando da festa, dizendo que estávamos pagando de humildes, outros falando que Matteo merecia mais e que Lennon talvez não tivesse tão bem de vida quanto parecia estar.

Nossa, falei, falei horrores e agora tô aqui ouvindo uma bronca do Adriano e do Lennon, já que isso tomou uma repercussão do caralho e tá muita gente dizendo eu odeio os fãs dele.

Em partes, não é mentira. Mas odiar é uma palavra muito forte. Só preferia que eles não existissem. E não todos eles, só os mais chatos, o que quer dizer a maioria.

- Você foi imprudente.

- Tavam falando mal do meu filho.

- Tavam falando da festa, preta - Lê me olha serinho. - De todo modo era só não ter ligado.

- Fácil falar, né? - cruzo os braços. - Era você quem deveria ter feito isso, ido lá e batido no peito xingando quem tava falando de mim.

- Acha que eu gosto disso? Óbvio que não. Não tenho sangue de barata e muito menos sou doido, mas não dá pra bater de frente com tudo, amor. Posso comprometer minha carreira.

- É, mas eu não tenho carreira. Posso muito bem falar o que dê na minha telha, principalmente quando me incomoda. Nem um deles sabe da nossa vida e querem vir dizer como eu tenho que criar o meu filho? Não dá, não consigo ficar calar nem pessoalmente quem dirá na internet.

- É, você não tem carreira. Mas tudo que você faz, respinga na dele e depois quem tem que concertar a merda sou eu!

Encaro Adriano com raiva, puta da vida com tudo ao meu redor. Essa situação toda era um porre do caralho e eu tinha cansado.

- Quer saber, Adriano? Vai se foder. Você, a Choquei e o caralho de asa desses fãs perturbados do Lennon. Fiz e falei, não me arrependo e faria de novo. Ninguém fala pra mim o que eu posso ou não fazer na minha vida principalmente se tratando dos meus filhos. E se continuarem de tititi e eu ainda vou xingar no Twitter, então me deixa, porra.

Levantei da cadeira e segui rumo ao meu quarto, deixando eles dois sozinhos na sala. Eu já tava estressada pra caralho com Lennon viajando e mal parando em casa e agora tudo isso só veio pra piorar, sinceramente não tem psicológico ou emocional pra lidar com essa merda.

Não demora muito pra Lennon aparece no quarto com cara de poucos amigos. Não somos de ficar chateados um com o outro, mas sei pelo olhar dele que ele está e não é pouco.

- Não vai dizer nada?

- O que quer que eu diga, Lennon?

- Viu o jeito como tratou o Adriano, S/n? Caraca, você não é assim. Ele te orientando só, sei que você tava puta na hora e que realmente passaram dos limites, mas não é assim que resolve as coisas.

- E como resolve? Deixando falar? Aguentando calada?

- Do jeito certo. Você é advogada, porra, tem o código penal na ponta da língua mas só consegue usar ela pra xingar na internet.

Viro o rosto quando ele fala isso. Meu marido suspira e de canto de olho vejo ele remover a camisa.

- Sinceramente não era assim que eu esperava passar nosso fim de semana juntos.

Não diz mais nada antes de ir pro banheiro e pelo seu tom de voz eu realmente cai em mim e vi o tamanho da merda que tinha feito.

Foi a primeira de muitas vezes que explodi na internet e foi ali que comecei a odiar aquela merda quer era a fama.

*

Ouço a campainha tocar e travo a mão na maçaneta. Não deveria parecer que eu já estava esperando há horas, então demorei um pouquinho pra abrir e quando fiz tive uma surpresa ao ver o meu marido com buquê de girassóis na mão.

- Oi - abre um sorriso pequeno. Lennon estende a mão e entrega as flores a mim. - Tinha um muleque vendendo no sinal e lembrei de você na hora.

- Obrigada - agradeci, olhando as flores e tocando as pétalas amarelas. Olho ele novamente e me afasto da porta para que ele entre. - Vou colocar na água, volto num instante - tento ir, mas Lê segura meu ante braço e me puxa pra ele.

- Esquece as flores, vão morrer de qualquer jeito mesmo se você colocar na água - trás a mão até meu rosto. Observo sua língua percorrer os lábios até estarem úmidos o suficiente para me fazer imaginar como seria beijá-lo de novo. - A gente vai se resolver, entendeu? Vamo sentar, conversar e eu só saio daqui contigo de volta pra casa. Desmarquei todos os meus compromissos da semana pra isso, pra te mostrar que a minha prioridade é você.

- Lê... - minhas palavras se perdem e tudo que eu havia ensaiado durante a noite foi pro ralo. O preto tira as flores das minhas mãos delicadamente, coloca em cima da mesa de jantar e então praticamente me carrega até o sofá, onde me faz sentar no colo dele.

- Começa. Me conta tudo que tá sentindo, porque quis sair de casa e o motivo de querer o divórcio se tá na cara que você me ama.

Sequer consigo olhar pra cara dele, então foco nas minhas mãos em meu colo, nas unhas com esmalte desgastado.

- Não... - seguro meu queixo com os dedos. - Olha no meu olho, preta.

- Lennon, não torna isso mais difícil.

- Eu tô facilitando. Tamo conversando, não é? É só conversa comigo, com o seu marido, como você sempre fez. - ele me olha com atenção, cuidado, como se soubesse o quão machucada estou. Seus dedos fazem um carinho gostoso no meu rosto que me fazem querer reclinar em sua palma. - O que foi? Eu não tava te fazendo mais feliz? Não tava te satisfazendo mais? Tava sendo chato de mais, hein?

- Não... - murmuro. - Você é perfeito, Lê. O problema tá em mim. Eu sou surtada, sem paciência, grossa pra cacete e você não merece ter ninguém assim do lado.

- Não me convenceu, tenta de novo - me olha com desconfiança. Reviro os olhos, me ajusto em seu colo, mordendo o interior da bochecha, nervosa.

- Acho que eu não tava gostando do rumo que as coisas estavam tomando.

- Que rumo?

Engoli em seco, com medo da reação dele. Respirei fundo e senti meu olhos arderem.

- Quando a gente se conheceu, algo em mim soube de cara que íamos passar o resto da vida juntos. Seja como amigos ou casados, enfim, só juntos - dei de ombros, minhas mãos não paravam de mexer na barra da camisa que eu usava. - e eu não vou negar, sempre quis casar contigo e algo que sequer era meu sonho virou meu objetivo principal de vida. Casar, tem uma casa, filhos e viver bem e feliz, sabe?

- Mas a gente tem isso, linda...

- Não, Lennon. Você não entende. - nego com a cabeça. - O objetivo era uma casa em Laranjeiras com vista pro Cristo, uma viajem pra praia nos fins de semana, pra fora do Rio nas férias, bolos feitos no sábado a tarde, churrasco nos domingos... uma vida simples, sabe? Sem tanta festa, sem tanta resenha, tanta gente dando pitaco na nossa vida, sem tanto ouro, sem os nossos filhos indo pra escola em carro blindado com segurança. Isso foi demais pra mim cabeça. Eu quero uma vida simples, sem tanto luxo, tanta fama e... sei lá, essas paradas, sabe? Poxa, será que é pedir demais? Eu quero chegar em casa e ver meu marido no quarto, passar os dias de chuva de chamego, coisa que há séculos não fazemos. Quero o cara que eu amo de volta, Lennon. O meu Lennon e não o L7. Eu quero o cria de Realengo e não uma estrela do rapper em ascensão. Não sei se eu sou capaz de lidar com isso, por isso preferi me afastar antes de acabar de te machucando mais. Eu sei que pode doer, mas é a verdade - olho nos olhos dele. - Eu amo o Lennon, mas eu odeio o L7. Odeio porque ele tirou o meu amor de mim.

Suspirei depois de tirar tudo que estava engasgado no meu peito, a vontade de chorar me corroendo por dentro.

- Certo - suspira, parecendo cansado, ou impactado. Sendo sincera, acho que desaprendi a ler ele, antes era só bater o olho e eu sabia tudo que ele estava pensando e agora é como se fosse só um espaço vago. - Eu entendo. É... difícil, mas eu juro que te entendo. Existia duas opções pra essa situação ou você virava mais uma dessa esposas troféus que tem por ai que vivem pra torrar o direito dos caras ou você reagiria exatamente assim, o que é condizente com a tua índole, condizente com a garota que eu me apaixonei e ainda sou apaixonado. Eu não posso apertar o reset na minha vida e anular tudo que já passou, mas posso mudar o que pode acontecer daqui em diante. Também quero que os nossos filhos tenham uma vida normal, com as mesmas vivências e experiências que tivemos, é justo com eles. Podemos rever a questão dos seguranças, mas não vou abrir mão do carro blindado, até porque moramos no Rio.

- Tá parecendo até paulista falando assim... - murmurei sorrindo.

- No mais, princesa, você tá certa. Eu me deixei levar por muita coisa, fiz coisas que talvez não eram necessárias, mas não desmereço minha trajetória já que foi ela que mudou a realidade da minha família e da família de muita gente. Não vou parar de cantar...

- Não tô de pedindo isso - o interrompo. - O problema nunca foi esse.

- Eu sei e entendi - pegou minha mão. - Vou tirar um tempo, dessa vez maior do que só alguns meses. A gente pode ir passar uns dias em algum lugar deserto, só nós e nossas crias, se reconectar, aproveitar o tempo perdido. Topa, preta?

Olho pra ele com hesitação.

- Promete que nunca mais vai deixar esse tipo de problema afetar a gente? - pergunto.

- Prometo não só isso, mas também nunca mais negligenciar nossa relação. Eu errei, deixei que algumas coisas subissem pra cabeça, não era isso que eu queria. - me abraça e depois de semanas o meu coração realmente se acalma. - Mas você tem que prometer nunca mais ir embora e nem vir com esse lance de divórcio de novo - fala, sério. Lê segura meu cabelo puxando para trás até que eu esteja com o rosto rente ao dele. - Você é minha, preta. Entendeu? Só minha e de mais ninguém. Não tem a opção de me deixar. Nascemos um pro outro.

- Fala de novo, Lê... - imploro, meu olhar vacilando de seus olhos para sua boca.

- Minha. Minha mulher. - Passa o nariz do meu rosto, me fazendo fechar os olhos com força. - Não tem mais o direito de ir embora, entendeu?

- Sim.

- Vamo pra casa então. - solta meu cabelo sorrindo.

- Espera...

- O que?

- A gente tá sozinho aqui. Sem as crianças, sem os funcionários, só... eu e você - mordi o lábio. - A ilha da cozinha onde o Matteo foi concebido ainda tá lá...

- Quer que eu te foda da cozinha, nega?

- Quero - passo os braços pelo pescoço dele. - Quero que me coma naquela ilha como você sempre faz tão bem, quero ficar tão grogue que não vou conseguir andar, quero ficar grávida de você de novo. Eu quero tudo, Lennon. Completamente tudo contigo.

esse imagine saiu de uma conversa aleatória com minhas amigas onde a gente se perguntou como lidaríamos com a fama (talvez eu seria um pouco como a S/n, no caso de ficar respondendo hater na internet, fora isso seria de boa) mas e vocês, reagiriam como à esse mundo TÃO controverso?

espero que tenham gostado.

love, succs. 🍃

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