CAIO LUCCAS (part. 2)

🦜ྀི ┋TEMA : fofo/strangers to lovers
🦜ྀི ┋AVISOS : cenas explícitas
🦜ྀི ┋SINOPSE : onde S/n vai a uma festa contra sua vontade e acaba conhecendo Caio

Boa leitura, pivetes 💚

CONVITE
! ʾ s/n pov's  ˙

Já faz uns dois messes desde que eu comecei a sair com Caio. Eu não vou negar, acho que sou doida por ele desde que ele me fez rir naquela boate idiota. Não faço ideia de quantas vezes agradeci minha melhor amiga por ter me arrastado até lá.

Não temos uma relacionamento definido. Ele vem fica aqui, as vezes eu vou pra casa dele. Ele prefere programas mais casuais e isso eu imagino ser pelo fato dele viajar muito à trabalho. Nem sei o que ele faz direito, mas deve dar muito dinheiro pois a sua casa parece uma mansão, foram o carrão que ele anda pra cima e pra baixo.

Sinto o beijo seu deixado no meu ombro enquanto eu terminava de passar o café. A mão dele desce pelo meu corpo até encontrar minha bunda parcialmente coberta pela camisa dele.

- Bom dia, pretinha - fala mordendo minha orelha. Sua mão vai até o meio das minhas pernas e eu já fico alerta.

- Bom dia, Caio - falo. - Começa não, gato, eu... - perco o fôlego e mordo meus lábios pra reprimir o gemido quando sinto ele redar minha calcinha de lado e começar a passar meu clítoris com o indicador e o dedo do meio. - Porra, preto...

- Shiu, fica em silêncio, vidinha.

Pede se tirando a mão de mim e se ajoelhando. Caio puxa minha calcinha pelas pernas e vira meu corpo pra frente.

- Linda do caralho - fala após apoiar uma das minhas pernas em seu ombro e passar o polegar entre meus lábios maiores. - Toma cuidado pra não cair.

É tudo que diz antes de colocar a boca em mim. Solto um gemido alto mesmo que não fosse surpreso. Apoio a lombar na pedra de mármore da pia e segura a cabeça dele contra minha intimidade. Eu não estava esperando começar meu dia assim, de jeito nenhum. Mas eu amei.

Percebi que Caio é do time que demonstra afeto com linguagem corporal. Em público ele sempre garante que um parte sua esteja tocando em mim, nem que seja o dedinho do pé.

Quando estamos sozinhos, ele ama ficar agarrado comigo. Não nego, no início eu até achava ele meio grudento, mas agora? Tudo que eu mais quero é ter ele pertinho de mim todo o sempre.

Já passei completamente da fase de negar que não estou apaixonada por ele.

- Preto - grito preste a gozar e sinto dois de seus dedos deslizarem pra dentro de mim enquanto ele me olha ainda sugando meu clítoris. Como pode ser tão bom com a boca assim, pai?

- Goza pra mim, goza, vida - diz enquanto acelera o movimento de seus dedos.

Mordo os lábios entrando em transe até sentir o gosto metálico na boca.

Assim que gozo, vejo o sorriso presunçoso se formar em seus lábios brilhantes. Apoio ambas as mãos na bancada de mármore sentindo as pernas fraquejarem, enquanto minha respiração se regulariza novamente.

- Gostou?

- Cê ainda pergunta? - ofego, rindo. - Porra... tô molinha, vida.

Caio ri, vestindo minha calcinha novamente e me pegando no colo. Ele me deixa sentada na ilha da cozinha enquanto termina de preparar o nosso café da manhã.

- Vai fazer alguma coisa hoje? - pergunta Caio, após me entregar minha xícara de café e fica em minha frente, entre as minhas pernas. Ele trouxe um prato com pão com queijo e mortadela e assim comemos enquanto conversando.

- Tenho faculdade hoje né, Preto - reviro os olhos de brincadeira. - Nem todo mundo é rico que nem você. Eu, por exemplo, tenho que estudar pra conseguir um diploma pra depois ganhar um salário mínimo. - digo, depois mordo o pão enquanto encaro ele.

- Engraçadona, tú né? - diz, sério e depois pega minha mão. - Sabe que eu posso te dar um mundo se você quiser, basta falar... - beija minha mão.

- Sério que tá me oferecendo o mundo? - rio. - Oferencendo o mundo pra essa pobre universitária cheia de olheira, com a cara inchada, um pijama nada sexy que tá dividindo um misto de mortadela e café preto contigo? Tem certeza disso?

- Absoluta - solta a xícara e passa os braços pela minha cintura. Seu rosto fica em meu peito, por isso seguro sua cabeça e arranho sua nuca fazendo carinho. - Não se menospreza assim, preta, tá ligada que é muito mais que tudo isso que você disse né? - olha pra mim. - Fora que o pão com mortadela e café preto tão uma delícia.

- Você tá ficando maluco, Caio - digo, rindo mais uma vez. Ele me encara sério e segura meu rosto.

- Tô ficando maluco por você, S/n. Completamente maluco por você. - passa o nariz pelo meu rosto, me fazendo fechar os olhos. - Sabe quando um vírus se instala em você? É difícil de sair, não é? E mesmo quando saí, ainda fica vestígio ali, o corpo sempre lembra quando ele volta.

- Tá me comparando com um vírus?

- Tô comparado com o meu sentimento, besta - eu rio. Beijo seus lábios e encosto a testa na sua. Será que é cedo demais pra falar que amo? Talvez. Por isso isso fico calada. - Quer jantar comigo mais tarde?

- Claro. É só vim pra cá, igual todo santo dia.

Ele meneia a cabeça.

- Tô falando de jantar fora, preta. Com direito a motorista, luz de vela, vestido vermelho e aquele seu salto que eu amo.

- E qual o motivo disso tudo?

- E precisa ter motivo? - ergue uma sobrancelha. Dou de ombros. - Nosso lance merece uma noite romântica.

- Merece é? - abro um sorrisinho aproximando a boca da sua. Puxo seu lábio inferior. - Me pega que horas?

- A noite inteira, se você quiser.

Gargalho com a sua declaração enquanto me tira da pedra da cozinha e me leva para a sala. Naquele momento, o sanduíche de mortadela pela metade e as duas xícaras de café preto presenciariam uma foda maravilhosa entre duas pessoas inegavelmente apaixonadas.

[...]

Chego à faculdade como sempre, tentando passar despercebida entre os corredores movimentados. No entanto, algo está definitivamente diferente hoje. Sinto olhares curiosos e interrogativos me seguindo a cada passo, murmúrios sussurrados que cortam o ar.

Ué... por que, de repente, todos parecem tão interessados em mim?

O sol de início da tarde banha o campus com uma luz dourada, destacando cada detalhe da paisagem universitária. As árvores altas e majestosas balançam suavemente ao vento, enquanto os estudantes se aglomeram nos gramados, ávidos por suas conversas. O edifício principal da faculdade ergue-se imponente, com suas colunas de mármore que parecem sustentar séculos de conhecimento acumulado.

Anna se aproxima de mim, seu cabelo ruivo vibrante reluzindo sob os raios do sol. Seu olhar azul brilhante é afiado e astuto, sempre atento aos detalhes. É uma amiga verdadeira, aquela que sabe quando algo não está certo. Ela ergue uma sobrancelha, um gesto característico que denuncia sua curiosidade.

- Você tá bem, amiga? - pergunta ela com preocupação genuína.

Suspiro, aliviada por finalmente ter alguém com quem compartilhar minha estranha experiência de hoje.

- Tem alguma coisa muito estranha acontecendo. Essa gente tá me olhando de forma tão... diferente hoje. Geralmente ninguém nem me olha.

Anna franze a testa, sua expressão se tornando ainda mais séria. Ela olha ao redor e parece de fato perceber.

- Você sempre foi tão discreta aqui na faculdade. Por que será que estão te olhando assim?

- vai saber, Anna. Metade dessa galera só anda chapada, talvez estejam vendo outra pessoa no lugar.

Ela me encara, inclina a cabeça e estala a língua no céu da boca antes de apertar os lábios.

- Ownn, isso me lembra que eu tenho que ter perguntar uma coisa.

Mordo o lábio inferior, esperando que comece a falar.

- Com quem você ficou naquela festa que saímos uns temos atrás?

Franzo o cenho.

- Com o Caio.

Anna inclina a cabeça em reconhecimento.

- Caio Luccas? - assinto, estranhando sua reação. - Vocês tem ficado depois daquela noite?

Assinto com a cabeça, ainda intrigada com a situação.

- Hurum. Mas porque a surpresa? Conhece ele de algum lugar?

Um sorriso divertido brinca nos lábios de Anna, quase rindo da minha falta de conhecimento.

- Geral conhece ele. Ele é um rapper famoso.

A revelação atinge como um soco no estômago. O garoto com quem passei aquela noite e tenho compartilhando momentos desde então, o mesmo que fingiu ser apenas um empresário bem sucedido, era na verdade uma figura conhecida em todo o país. As peças do quebra-cabeça começam a se encaixar: as ligações telefônicas em horários estranhos, suas frequentes viagens e sua insistência em passar as noites em casa assistindo a filmes.

A raiva começa a borbulhar dentro de mim. Ele estava brincando comigo, brincando com meus sentimentos. Olho ao redor, observando os rostos curiosos e os sussurros que parecem crescer a cada segundo.

O campus da faculdade, que antes parecia um refúgio, agora se transforma em um cenário de pressões e expectativas. Estudantes conversam entre si, apontando na minha direção, enquanto outros olham em disfarce e comentam baixinho. Os olhos que antes desviavam dos meus agora estão fixos em mim, como se estivessem esperando por um espetáculo.

Anna permanece ao meu lado. Seu olhar de apoio me dá forças para continuar. Ela é uma presença constante de coragem em um mundo que parece estar desmoronando ao meu redor.

- Tem certeza disso, Anna? - indago, com um bolo na garganta.

- Saiu na Gossip uma foto de vocês dois ontem a noite, várias fotos na verdade. Parece que ele tá produzindo um álbum de amor e tal ai as fotos vieram pra provar que ele tá apaixonado...

Então era isso que eu era? Parte da produção de um álbum de amor cafona?

Deixo a faculdade, os passos pesados ecoando pelos corredores que costumavam ser minha rota de fuga. Agora, não há lugar para onde escapar. As lágrimas escorrem silenciosamente pelo meu rosto, trilhando um caminho salgado enquanto eu me afasto da multidão.

O som dos meus soluços é abafado pelo murmúrio constante dos estudantes ao meu redor. Cada passo me leva mais perto do meu carro, que parece um refúgio distante e solitário no estacionamento.

Finalmente, alcanço meu veículo e me permito cair no banco do motorista. Lágrimas caem sem reservas agora, minha visão turva pelo peso do que aconteceu. Penso nos momentos que compartilhamos, nas risadas, nas conversas e até mesmo nos silêncios confortáveis.

Eu pensei em dizer que o amo. Eu quis dizer. Pois, querendo ou não, essa é a verdade.

Mas, acima de tudo, penso na dor que ele me causou ao esconder isso. O garoto que parecia seria meu porto seguro, meu confidente, agora é apenas um estranho distante e inatingível. E isso me deixa ainda mais desamparada.

Enquanto as lágrimas continuam a rolar, percebo que o que tivemos não passou de uma ilusão. Uma ilusão que desmoronou, deixando apenas um vazio e uma sensação de traição. Sinto uma estranha sensação de ter sido feita de idiota, como se realmente eu fosse apenas uma pecinha nesse tabuleiro de fama dele ou sei lá o quê. O que me resta agora é apenas enfrentar a realidade.

Mas por enquanto, eu me permito chorar. Choro pela ilusão perdida, pelas promessas quebradas e pela dor que sinto no meu coração. É uma catarse necessária, um momento de liberação de emoções.

Decido que é hora de confrontá-lo. Aceitei o convite dele para um jantar naquela noite, mas não é para reacender o relacionamento. É para colocar um fim nisso de uma vez por todas.

! ʾ Caio pov's  ˙

O restaurante chique à beira-mar do Rio de Janeiro estava perfeito naquela noite. As luzes cintilavam suavemente, refletindo no mar calmo que se estendia até onde a vista alcançava. Eu estava nervoso, impaciente, sentado à mesa que havia reservado especialmente para mim e S/n. A espera estava quase insuportável, mas eu sabia que era merecida. Afinal, eu havia ocultado coisas dela por tanto tempo, e agora era a hora de contar a verdade, ou pelo menos a verdade que eu escondi.

O garçom atencioso trouxe a garrafa de vinho que eu havia selecionado com tanto cuidado e encheu minha taça. Eu olhei para o anel perfeito que havia escolhido para S/n, sabendo que ela ficaria linda com ele na mão. Era um presente que eu tinha comprado para surpreendê-la e tornar aquela noite ainda mais especial.

E então, ela chegou.

S/n entrou no restaurante com a elegância que sempre admirei nela. Seus cabelos estavam soltos e cacheados, exatamente como eu gostava, e ela usava o vestido vermelho que eu tinha dado a ela. Sua maquiagem era impecável, realçando sua beleza natural. Mas havia algo diferente nela, algo que não estava ali antes.

Quando nossos olhos se encontraram, eu vi raiva e mágoa naqueles olhos que antes brilhavam para mim. Meu coração afundou. Eu sabia que essa conversa seria difícil, mas não estava preparado para a intensidade da expressão dela.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, um momento surpreendente aconteceu. Um garçom, aparentemente comandado por alguém nos bastidores, fez uma grande lousa branca próxima à mesa pegar fogo. As chamas queimaram brilhantemente, consumindo a tinta branca da lousa, revelando uma frase escrita em letras vermelhas ardentes: "Quer Namorar Comigo?"

O gesto romântico, que eu planejara com tanto cuidado, acabou sendo um fiasco. S/n não reagiu da maneira que eu esperava. Em vez de surpresa ou alegria, ela soltou uma risada amarga, quase cheia de ódio, e jogou sua bolsa na mesa com um baque.

- Isso é uma piada, Caio? -  ela perguntou, seus olhos estreitando-se de raiva. - Você acha que um pedido de namoro pode apagar todas as coisas que escondeu de mom?

Eu engoli em seco, sentindo o peso da situação.

- Preta, eu posso explicar.

Ela me cortou, sua voz carregada de frustração.

- Explicar? Caio, até quando você ia continuar mentindo pra mim? Você pretendia iniciar algo sério mentindo sobre quem você é?

A tensão no restaurante parecia palpável. Os outros clientes, que antes pareciam alheios à cena, agora começaram a perceber a discussão em andamento.

Eu suspirei, tentando encontrar as palavras certas.

- S/n, eu não queria que você soubesse assim. Eu pensei que seria só noite.

Ela balançou a cabeça com incredulidade.

- Uma noite? E você acha que isso torna tudo certo? Você escondeu quem você era o tempo todo, Caio, e eu me apaixonei por essa pessoa que você estava fingindo ser. Fora que sequer me deu a opção de ter uma vida privada, agora minha cara tá porra da Gossip e eu só vim descobrir hoje!

A voz dela tremeu com emoção, e eu a vi com lágrimas brilhando em seus olhos.

- Eu me senti enganada, iludida e humilhada por você. Sabe como é descobrir a verdade porque tem um monte de gente te encarando? Sabe como é ter a sua intimidade exposta na internet sem o seu consentimento porque na verdade você achava que tava só saindo com um cara normal que por acaso faz você se sentir bem? Você não faz ideia do quanto isso dói, Caio!

Eu senti meu próprio coração apertar com a dor em sua voz. Eu tentei explicar, minha voz carregada de arrependimento.

- Preta, eu não queria que você gostasse de mim apenas por causa da fama. Eu queria ser só o Caio que conheceu naquela noite. O jeito que você me olhou... fazia tempo ninguém me olhava assim. Era como se estivesse olhando minha alma e eu simplesmente não consegui.

Ela balançou a cabeça, lágrimas escorrendo por suas bochechas.

- Você não entende, Caio. Eu não ligo para a fama ou o dinheiro. Eu ligo para a honestidade, para a confiança. E você quebrou isso.

A discussão continuou, com palavras afiadas sendo trocadas dos dois lados. S/n expressava sua raiva e dor, enquanto eu tentava me desculpar e explicar meus motivos. O restaurante, que antes era um refúgio de luxo e romance, agora parecia um campo de batalha emocional.

As outras mesas ao redor começaram a esvaziar lentamente, as pessoas saindo para dar privacidade ao nosso em conflito. No entanto, nós estávamos tão imersos em nossa discussão que mal percebemos.

Ela finalmente declarou com firmeza:

- Por mais que você mande um motorista ir me buscar em casa, por mais que me dê o vestido ou o par de sapatos mais caros do mundo, por mais que me leve ao melhor restaurante do Rio de Janeiro... nada disso vai apagar o fato de que você mentiu para mim. Não vai curar a dor que eu tô sentindo agora.

O silêncio caiu sobre a mesa, interrompendo o debate acalorado. As palavras dela ecoaram no restaurante vazio, e eu percebi que não havia mais o que dizer. Eu me senti um tolo por ter escondido minha verdadeira identidade, por ter magoado a pessoa que eu realmente amava.

S/n levantou-se abruptamente da mesa, seus olhos inchados de lágrimas.

- Eu preciso de um tempo, Caio. Talvez um dia eu possa perdoar você, mas agora... agora eu só quero, ou melhor, preciso de você o mais longe de mim.

Ela se afastou da mesa e do restaurante, deixando-me sozinho com a bagunça emocional que eu mesmo havia criado. O restaurante, uma vez repleto de promessas de amor, agora era apenas um cenário vazio e solitário.

Baixei a cabeça, sentindo-me derrotado. Eu havia perdido a pessoa que amava por causa de minhas próprias mentiras. Era um preço alto a pagar pela minha decisão de esconder minha verdadeira identidade. Agora, só podia esperar que algum dia S/n pudesse perdoar-me e que talvez, um dia, pudéssemos encontrar um caminho de volta um para o outro

Mas naquela noite, o restaurante de luxo à beira-mar estava repleto apenas de arrependimento e solidão.

! ʾ s/n pov's  ˙

Dias se passaram desde aquela noite no restaurante, e a cada dia, eu me via mais focada na faculdade. Era como se a busca pelo conhecimento fosse a única maneira de distrair minha mente dos pensamentos constantes sobre Caio e da dor que parecia não ter fim. Além disso, tinha que lidar com a exposição indesejada que resultou em várias manchetes de fofocas sobre meu relacionamento com ele.

Chegar em casa após as aulas era sempre uma experiência dolorosa. O apartamento que costumava ser nosso agora estava repleto de fantasmas de lembranças dolorosas. Cada canto, cada objeto, carregava a marca do tempo que passamos juntos. Eu me via constantemente tendo flashbacks de momentos com Caio, sofrendo em silêncio as lembranças que agora eram como espinhos perfurando meu coração.

Naquele apartamento, cada móvel, cada quadro na parede, tudo parecia uma testemunha silenciosa do nosso amor e da minha dor. Eu fechei a porta do apartamento, deixando para trás o mundo lá fora e mergulhei no meu santuário de melancolia.

Era especialmente difícil quando eu chegava à sala de estar. Ali, em um canto, estava o sofá onde costumávamos nos aconchegar, assistindo a filmes ou apenas aproveitando a companhia um do outro. Eu podia sentir seu calor ao meu lado, sua risada enchendo o espaço, como se ele ainda estivesse lá, como se pudéssemos voltar no tempo.

Eu me permiti sentar no sofá, abraçando uma almofada. Fechei os olhos, deixando as lembranças inundarem minha mente. Lembrei-me de como ele costumava brincar com meu cabelo enquanto assistíamos a programas de TV sem sentido. Aquelas noites preguiçosas, compartilhando segredos e sonhos, agora pareciam pertencer a um mundo distante.

E então, a saudade se transformou em uma dor palpável. O quanto eu sentia falta de lavar o cabelo enquanto conversava aleatoriedades com ele. Aquelas conversas triviais, que na época pareciam tão insignificantes, eram agora preciosas. Eu me vi em lágrimas, segurando a almofada com força, como se isso pudesse me trazer algum conforto.

Após algum tempo, consegui me levantar do sofá e seguir até o banheiro. A água do chuveiro era o único som que eu permitia naquele momento. Era uma rotina que agora fazia parte da minha tentativa de seguir em frente. Enquanto a água quente caía sobre meu corpo, eu não podia evitar lembrar de como costumávamos tomar banhos juntos. Aquelas conversas aleatórias, nossas risadas, os momentos de carinho... tudo desapareceu tão rapidamente.

Enquanto lavava o cabelo, fechei os olhos e tentei afastar os pensamentos sobre ele. Mas era inútil. A sensação das mãos dele acariciando meu cabelo ainda estava fresca em minha memória. O quanto eu sentia falta daquelas conversas bobas enquanto a espuma escorria pelo meu corpo.

Mas a realidade voltou a me atingir quando terminei de tomar banho e saí do banheiro. Olhei para o celular, que estava sobre a cama. Uma parte de mim estava hesitante, com medo do que eu poderia encontrar, mas a curiosidade venceu.

Digitei o nome de Caio na barra de pesquisa e fui direcionada para sua página de músicas. E ali estava, o álbum que ele havia lançado naquele mesmo dia, "Vírus Love". As músicas tinham nomes que me intrigaram: "Novela", "Coisas Que Eu Sei", "Minha Calma".

Decidi dar uma chance e comecei a ouvir o álbum. Assim que as primeiras notas tocaram, meu coração apertou. Cada música parecia uma carta aberta, uma revelação das emoções que tínhamos compartilhado. As letras eram como um espelho de nosso relacionamento, descrevendo momentos que só nós dois vivemos.

Enquanto eu ouvia cada faixa, lágrimas escorriam pelo meu rosto. Era uma mistura de emoções avassaladoras: dor, saudade, arrependimento e uma centelha de esperança.

"Close Friends" me levou de volta ao nosso primeiro encontro, quando ele me fez rir antes de me levar pra cama. Eu podia sentir sua presença ao meu lado, podia lembrar nitidamente das coisas que postava no close friends só pra ele vê.

"Vírus Love" era como um lembrete de como ele sempre me fazia sentir especial, mesmo quando estávamos no meio da multidão. Eu podia sentir o calor de seu olhar em mim enquanto ele cantava sobre o nosso amor.

"Minha Calma" foi a mais difícil de ouvir. Era como um espelho da nossa separação, das mentiras e da dor que ambos sentimos. A música ecoou em minha mente, me fazendo encarar a realidade de nossas ações.

E então, a última música, intitulada "Tudo Que Eu Faço ", era como um chamado direto para mim. Era uma promessa de que ainda poderíamos encontrar uma maneira de ficar juntos, de superar nossos erros e recomeçar.

Após escutar todas as músicas, uma sensação de clareza surgiu em meu coração. Eu percebi que precisava tê-lo de volta. Não importava o quanto ele havia mentido, o quanto ele havia me magoado. A música, as letras, a sinceridade que encontrei ali, tudo me fez perceber que ainda o amava e que não podia deixá-lo escapar.

Eu estava prestes a pegar o telefone e ligar para ele, para finalmente perdoá-lo e tentar novamente, quando a campainha tocou. Meu coração disparou. Será que ?

Ao abrir a porta, meus olhos se encontraram com os dele, Caio estava ali, com uma expressão de desespero em seu rosto. Ele engoliu em seco e pareceu procurar as palavras certas para dizer.

- Preta, eu sinto muito - , ele começou, sua voz embargada. - Eu menti para você, magoei você, e não posso pedir desculpas o suficiente por isso.-

Eu o encarei, minhas emoções em conflito. Tantas palavras não ditas entre nós, tantos sentimentos guardados.

Ele continuou, sua voz trêmula.

- Tudo o que eu quero é uma segunda chance, S/n. Uma chance de fazer isso certo, de fazer você feliz. Eu não posso suportar a ideia de perder você. -

Eu respirei fundo, meu coração ainda batendo forte. Por um momento, o silêncio reinou entre nós. Mas então, eu sorri. Um sorriso carregado de emoção e um raio de esperança.

- Caio, eu também sinto muito - , eu disse, minha voz embargada. - Sinto falta de você, das nossas conversas, dos nossos momentos juntos.

Ele pareceu aliviado, um brilho de felicidade em seus olhos.

- Eu prometo que nunca mais vou te esconder nada, S/n. Eu só quero uma chance de fazer dar certo.

Eu dei um passo para trás e abri a porta, convidando-o a entrar.

- Então, acho que podemos começar de novo.

Caio entrou no apartamento, e a porta se fechou atrás dele. Era o começo de uma jornada incerta, mas nós estávamos dispostos a enfrentar o desafio juntos. O amor, a música e a esperança nos uniram mais uma vez, e só o tempo diria se seríamos capazes de superar o passado e construir um futuro juntos.

Naquele momento eu entendi a analogia que ele havia feito sobre o amor e um vírus.

O amor te pega com um vírus. Te deixa enfraquecido e é difícil de sair, de ir embora, de desaparecer. Mas, mesmo quando isso acontece, o corpo cria mecanismos - a chamada memória imunológica - a qual toda vez que o  vírus resolver retornar, o corpo já está mais forte e imune a ele. Assim como o sistema imunológico do nosso corpo guarda memórias de vírus que já enfrentamos, nosso coração também guarda memórias de amores passados. Quando um vírus ataca o corpo, o sistema imunológico se lembra de como combatê-lo e se prepara para a batalha. Da mesma forma, quando o amor nos deixa cicatrizes, nosso coração não esquece as lições aprendidas e as experiências vividas.

Caio tem uma música mais romântica que a outra, um sonho kkkk

amaram, putas?

love, succs.

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