Capítulo 62
Sorte que não levo tudo no soco.
Entrei no banheiro do meu quarto e fui até a pia. Me olhei no espelho e entortei a boca balançando a cabeça. Indignada fiquei com a ação daquela agente. Abri a torneira e juntei as mãos para pegar um montinho d'água, passando depois as mãos no local manchado e doce do suco. O triste mesmo foi ter perdido o suco.
Não tinha jeito, molhar mais nem que fosse com água não daria um jeito. Vai pra lavanderia!
Tirei a regata e fiquei apenas de sutiã. Fui até o lugar onde despejava a roupa e caía no grande cesto para lavar, e joguei a regata. O colo estava molhado por eu ter passado água mais o suco. Fui até o papel higiênico, peguei um pedaço e passei. Estava seca finalmente!
Liguei a televisão do meu quarto. Coloquei em um canal de notícias, já que não me interessa o conteúdo das outras emissoras.
Por mim, ficaria de sutiã enquanto não saísse do quarto. E foi isso que estava prestes a por em prática. A porta estava trancada, não teria como alguém me pegar desprevenida. E sem preocupação, sentei no recamier preto para assistir. Me acomodei com as pernas jogadas pro lado direito.
Quando assistia o noticiário, que era bem raro isso, dificilmente via notícia ruim. Apenas novidades, ofertas de mercado e temporal. Sempre era um tédio, mas a melhor coisa que me deixara entretida.
*TOC TOC TOC*
— Only, está acordada? - *TOC TOC TOC* — Only!
— Já... Já vou! Um minuto por favor.
Corri desengonçada até a gaveta de camisas. Abri e peguei uma blusa manga curta verde claro, e ainda colocando-a fui até a porta. Assim que abri, já estava coberta com o tecido da blusa.
— Em que posso aju... MÁRIO?! - Ele segurava um copo de suco, por isso não o abracei. — Entre!
Ele entrou. Colocou o copo de suco em cima da mesinha no canto, e pulei um passo a frente abraçando-o forte.
— Estava com saudades, minha menina. - Deu dois tapinhas nas minhas costas. — Eu soube sobre o acontecido com os senhores Jokley's, lamento muito. Mas ainda tem a mim.
— Você é meu segundo pai, Mário. Mesmo estando longe... Cada visita sua, é tão bom sentir seu toque e ouvir sua voz. Eu te amo muito, Mário. Eu não quero te perder! - Parei de abraçar e olhei nos olhos dele profundamente.
Mário, com os olhos cheios d'água me beijou na testa e alisou meus cabelos. Foi como ser beijada e tocada pelo meu pai. Quanta saudade!
Fechei a porta e fiz um gesto para que ele sentasse no recamier. Peguei o copo de suco e bebi lentamente, deixando o resto no chão. Conversamos o resto do dia contando as novidades, tanto ruins quanto boas. E a pior foi sobre ter conhecido Zamalion.
— Eu não acredito que você reencontrou seu pai. Não creio que seu sobrenome real tem o nome Only, e que seu pai virou um vilão! E agora, o que vai fazer?
— Joan está construindo uma arma poderosa, que será forte o suficiente para derrotar Zamalion.
— Mas por que quer mata-lo?
— Porque eu sei, Mário. Eu sei e sinto, ele vai aprontar comigo.
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