Capítulo 57
Entrei na fábrica. Tinha algumas máquinas ainda, mas provavelmente estavam velhas. Algumas cobertas com lençóis e outras sem. Fui passando as mãos em algumas enquanto caminhava pela fábrica, e assim, minhas mãos ficavam cheias de pó acumulado.
Nenhum barulho, a não ser de bichos pequenos, insetos. Senti uma aparição atrás de mim, e me virei rapidamente. Segurei a arma, já preparada para apontar e atirar. E de novo senti uma aparição atrás de mim. Mas dessa vez, eu tinha visto algo, um vulto. Alguém estava me vigiando/seguindo.
— Quem está aí, apareça! - Ordenei. — Eu só quero conversar! - Se for preciso, conversar com as mãos e a arma.
Ninguém respondeu. Mas consegui ver o vulto novamente. Não deixei passar, me teletransportei até quem estivesse lá.
— Ei! Parado aí!
Peguei minha arma e atirei no chão, próximo a quem corria. Fui atrás dele, mas voando. Por incrível, esse ser era muito rápido. Mas desapareceu! Era como o Sebastiãn, invisível, ou igual a mim. Teletransporte.
Estava com capuz e roupas que cobriam todo o corpo. Parecendo até ser a figura que representava a morte, mas não pude ver o “esqueleto”. Na verdade, não consegui ver o que o capuz tampava.
Parei de voar e olhei ao redor. Quando me virei para trás, lá estava! Correndo até mim com os braços abertos parecendo querer me pegar. Surpresa, e meio confusa do que fazer, me teletransportei para trás dele. Cruzei meus braços entre seu pescoço e apertei. Não deu certo! Esse ser se abaixou para frente tirando meus pés do chão. E logo ficou reto com tudo, fazendo eu cair no chão.
Alguns fios de cabelos ficaram no meu rosto após a queda, por isso, balancei a cabeça de um lado para o outro até saírem. Quem me derrubara, se virou e me encarou. Tirou o capuz e pude ver seu rosto. O mesmo que Sebastiãn descreveu! O chefe de Sebastiãn!
— Olá, Only! Prazer em vê-la novamente.
Me levantei, mas fui empurrada por ele até cair no chão novamente. Eu poderia me teletransportar, mas queria ver o que aconteceria.
— Me ver novamente? - Me rastejei pra trás, conforme ele se aproximava. — Eu... Eu te conheço de algum lugar. Eu... Eu conheço!
Se abaixou e ficou mais próximo a mim.
— Você está se comunicando com Zamalion.
Fiquei sem reação. Não sabia o que fazer! Não sabia se abraçava, corria ou lutava. Estava sem entender! Apenas o encarei, deixando meu olhar falar por mim.
— Only? Only, está tudo bem? - Garry perguntou através do comunicador. — Você o achou?
— Garry... Ele é meu pai!
Depois disso, não me responderam. Fiquei imaginando a cara de espantados, bem mais espantosa que a minha.
Zamilion estendeu a mão para me ajudar a levantar. Que audácia! Me levantei sozinha, ignorando sua mão estendida.
— Como você é ousado! Primeiro me empurra, e depois, quer me ajudar a levantar?!
— Filha...
— NÃO ME CHAME DE FILHA! - Gritei nervosa, e com um olhar de nojo. — OS ÚNICOS QUE PODIAM ME CHAMAR ASSIM, FORAM MORTOS A SEU PEDIDO!
— Eu posso explicar! - Com sua voz grossa, tentou me acalmar. — Vou contar tudo. Mas quero te apertar por saudades.
Queria gritar, soca-lo apesar de ser do mesmo sangue que o dele. Não iria desculpa-lo, nem chamar de pai. Foi um absurdo ouvir que queria um abraço depois de tudo que fez.
— Como você é sem vergonha! VOCÊ, matou meus pais! Você, me abandona aqui na terra e depois de anos vem me buscar. Pra ser mais exata, depois de VINTE E UM ANOS! - Falei com a intenção de sumir a raiva de lutar com ele.
— Eu vou te contar porque fiz isso. - Segurou meu braço.
— Não me toque! Posso ouvir de longe. - Cruzei os braços e o encarei, sem paciência para aguardar a explicação.
— Antes de tudo, saiba que me arrependo de acabar com seus pais. Mas não me arrependo de te deixar aqui, na terra. Seu nome verdadeiro é Valisya Only. Por isso, você escolheu esse nome de agente. Apesar de não saber como surgiu em sua cabeça. - Andou aos redores olhando para o teto e o chão. — Naquele dia, a nave estava sendo atacada. Sua mãe, guerreira e disposta a proteger você, lutava contra os invasores. A melhor opção, era te deixar aqui, em um local na casa de alguém até concluirmos a batalha. Mas tudo saiu do controle. Eles eram muitos, e mesmo lutando com armas fortes nas mãos, não vencemos. Sua mãe foi morta pelo líder dos invasores...
— E como, COMO você ficou vivo?!
— Quando vi que não restava muita gente na nave para lutar, e minha esposa, sua mãe, foi morta, entrei na mesma cabine que usamos para nos teletransportar até aqui e te deixar, e vim para a terra. Eu estava fraco, não conhecia nada sobre esse lugar. E já que estava no mesmo planeta que você, fiquei a sua procura durante tempos. Vi a nave ser destruída daqui mesmo da Terra, assistindo uma explosão que ocorrera lá no espaço. Quando te encontrei pela primeira vez, quando tinha, acredito que entre cinco e seis anos de idade, você estava feliz com seus pais adotivos. Te vigiei durante esse tempo todo, até não aguentar mais ficar apenas te olhando.
— E aí resolveu matar meus pais adotivos!
— Foi preciso! Eles eram uma barreira no caminho para te reencontrar. Valisya, eu só queria te proteger! Fiz tudo por você, filha! Aprendi a língua humana, me vesti igual eles apenas por querer ficar do seu lado. Me desculpe!
Ele estendeu os braços e se aproximou devagar, pretendendo me abraçar. Com um olho cheio d'água, o abracei. Mas nem tudo é como parece. Peguei minha arma e apontei para suas costas.
— Foi bom te conhecer.
Mas quando ia apertar o gatilho, minha arma foi lançada para longe.
— Você é a pior filha que alguém poderia ter! - Falou devagar, com sua voz grossa e me lançando contra a parede. — Você tentou me matar!
— Assim como fez com meus pais!
— EU sou seu pai! Mas acredite, eu vou voltar. Mas não será como pai bonzinho. - Desapareceu.
Liguei o comunicador.
— Gente, vocês estão na escuta?
— Estamos.
— Se preparem, vamos ter problemas.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top