Capítulo 1.1 | I N O C E N T E S
Capítulo 1.1 | I N O C E N T E S
" Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome" - Clarice Lispector
Diana
No passado...
Frio.
Muito frio.
Era uma época que eu não gostava muito, o frio sempre me passou uma sensação muito depressiva, é tudo escuro, triste, sem vida. E justamente naquela semana estava chovendo bastante, uma chuva forte e perigosa.
Eu estava em um ponto de ônibus em frente à minha escola, segurando aquele bendito guarda-chuva que balançava aos ventos, que na verdade já estava bastante velho e fraco, e mesmo segurando bem firme, provavelmente iria pular da minha mão e eu chegaria em casa toda molhada.
Mas isso não era o mais importante.
O que realmente me preocupava era o ônibus que estava atrasado e além disso, eu não estava sozinha. Havia um homem ao meu lado que eu estava desconfiando, pois não tirava os olhos de mim — ok, sou um pouco sistemática — Fingi que não estava ali, pois, meu único pensamento era chegar em casa segurança.
Ele era alto, loiro e forte. Usava uma blusa de frio preta com capuz, tênis e um jeans surrado. Olhei para suas mãos rapidamente e ele parecia ter algumas tatuagens. Não que eu não gostasse de homens tatuados — Na verdade eu acho eles lindos — O meu medo é de que ele fosse algum tipo de marginal.
Finalmente o ônibus chega e nós entramos, vou até o fundo e me sento perto da janela e ele lá na frente. Respiro fundo. Coloco meu fone de ouvido e me encosto no canto da cadeira. Assim que chego em um ponto perto de minha casa, eu desço.
Mas sem maldade nenhuma eu olho para trás, o ônibus ainda estava parado e aquele homem havia sumido. Mil coisas passam pela minha cabeça, tento não focar os pensamentos naquele cara, poderia ser qualquer um, até um morador do bairro. Eu apenas sigo o meu caminho, até que fui surpreendida por três homens.
— Você estava certo cara, ela é muito gostosa — o primeiro homem falou. Ele era todo tatuado e gordo, tinha uma barbicha ridícula com uma trança. Seu olhar focava nos meus seios.
— Quem são vocês? O que querem de mim? — grito os empurrando, mas eram mais fortes do que eu.
— Adoro quando elas gritam! — Disse um outro homem, já esse era muito magro. Usava um lenço vermelho em volta da cabeça e um colete de moto clube.
— Não abusem não! — disse o loirinho rindo — Vocês dão muita sorte com o que eu arranjo.
— Ah, cala boca mauricinho — disseram em uníssono.
— Vamos mostrar para ela quem é que manda!
— Não por favor não! — grito e começo a chorar.
E esses foram os primeiros homens que foderam com a minha vida.
Atualmente...
Escritório da Dra. Valentina.
As luzes da recepção estavam com defeito, piscavam sem parar. A moça na mesa a minha frente estava concentrada revisando alguns "papéis" ou pelo menos tentou fingir, ela é loira e usava um vestido sem graça , longo e cheio de flores, ja havia desbotado de tanto lavar. O telefone tocava sem parar e ela nem se quer dava atenção, pois parecia que era mais importante mascar aquele maldito chiclete compulsivamente e isso estava començando a me irritar. Olho para o meu relógio, já se passavam das dez horas da manhã e nada da Dra. Valentina.
Valentina sempre cumpriu com seus horários, jamais me fez esperar tanto tempo.
— Me desculpe Srta. Maya. Isso não irá acontecer novamente — Sua roupa estava toda ensopada por causa da chuva, seus cabelos estavam encaracolados.
— Que seja, temos que resolver nossos assuntos — Reviro os olhos. Me levanto e a acompanho até a porta.
— Sente-se, por favor — ela me guia até a cadeira enquanto vai ao banheiro se secar.
— Você fez o que eu te pedi?
— Sim, foi mais fácil que roubar um doce de uma criança.
—Então, diga-me.
— Tem certeza de que sabe o que está fazendo?
— Estou ciente dos meus atos, Srta. Valentina. A justiça deve ser feita, não só para mim, mas para todas as mulheres que já se passaram por isso.
— Tudo o que tenho está aqui neste papel. Endereço do último paradeiro, lugar mais frequentado. Se tem familiares, lista de crimes cometidos.
— Ok, muito obrigada — levanto-me e vou embora.
O tempo me transformou em uma pessoa fria e amarga. Tudo o que um dia eu chamei de felicidade virou apenas dor e sofrimento. A única coisa que restou para mim era sede de vingança.
Eu não ia deixar barato. Não mesmo.
Eu faria tudo para acabar com esses desgraçados, um por um.
mais uma obra, espero que gostem.
O que vcs acharam? Devo continuar?
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