33 • Run Forest Run
A luz do dia iluminava as frestas entre a cortina e a janela de meu quarto, os raios de sol iluminando parte de meu rosto e essa parte era justamente onde ficam meus olhos. Eu tinha acabado de acordar e já estava sem metade da minha capacidade de visão, mas mesmo assim se não tivesse sido pelas batidas na porta de meu quarto eu não teria movimentado um músculo sequer até que os ponteiros do relógio apontassem onze horas.
Minha resposta às batidas foi um gemido esganiçado de alguém que tinha acabado de acordar ou alguém que estava à beira da morte.
Gemma abriu a porta e disse "teu boy tá batendo na porta e eu não vou atender." Bateu a porta e sumiu.
Não me foi deixada nenhuma outra opção que não levantar às seis da manhã e ir atender Louis que me esperava na varanda, com certeza cheio de disposição e energia para uma corrida e vários exercícios que eu não tinha o menor interesse de aprender, mas era ele e eu sou eu então já sabemos onde isso vai terminar. Eu correria uma maratona se ele estivesse me esperando na linha de chegada.
Eu, usando apenas meu enorme suéter, calcei minhas pantufas e desci pulando degraus e corri - não correr correr tipo corredor que corre e tal, mas correr tipo andar ligeiramente mais rápido que o normal - ate a porta pare atender a campainha que já tocava pela terceira vez. O pobre Louis deveria estar pensando que a casa estava vazia ou que eu estava tentando fazer com que desistisse pelo cansaço. Não vou dizer que seria um engano...
Abri a porta, minha face mostrando ao mundo a minha enorme vontade de estar vivo naquele dia, e Louis logo sorriu e se aproximou de mim, deixando um selinho rápido em meus lábios.
- Não acredito que você ainda tá assim. - Passou direto por mim enquanto eu fechava a porta e virava para encará-lo.
- Eu acabei de acordar! - Protestei.
- Bem, eu acordei há meia hora, então você está atrasado.
- A gente combinou seis. E você acabou de acordar. - Ele subia as escadas de minha casa como se fosse a sua própria.
- E são seis.
- A gente combinou de sair as seis, Harry.
- Ok. Desisto dessa discussão. - Afirmei assim que chegamos ao primeiro andar, com Louis parado em minha frente, ele virou e me pegou pelos ombros, me puxando para um beijo rápido.
- Agora vai se arrumar. - Me colocou na porta do meu quarto e me empurrou para dentro.
Assim que entrei no quarto ele não disse mais nada, apenas virou e desceu as escadas na mesma velocidade em que subiu. Ouvi sua voz vinda da cozinha quando cumprimentou minha mãe e em seguida algo dito por Gemma que fez todos rirem.
A ciência precisa estudar pessoas como Louis e Eleanor que ficam felizes em acordar cedo para correr. Acordar cedo me faz perder as esperanças na humanidade, mas o sorriso de Louis naquela manhã em especial era capaz de dar fim a guerras.
Tomei um banho rápido - pois quem toma banho pra ir correr e ficar sujo novamente? Apenas loucos - e troquei de roupas, colocando a única roupa de ginastica que tinha que era a mesma que usava para as aulas de educação física da escola e que eu faria de tudo para não ter que participar.
Quinze minutos se passaram até que terminei de me arrumar e desci, indo até a cozinha onde me deparei com Louis e mamãe conversando como velhos amigos. Mamãe tomava uma xícara de chá de ervas com leite e Louis montava uma enorme vasilha com todos os tipos de fruta que encontrava pela cozinha.
Ele tinha dado um jeito de pegar a taboa de cortar que guardávamos em nossa despensa e agora fatiava mirtilos sobre ela, melando suas mãos com a tintura roxeada das cascas.
- Sabia que não precisa cortar mirtilos? Eles são tipo uvas.
- Mas eu quero que fiquem pequenininhos pra você não se engasgar.
- Nem semente tem!
- Bom dia pra você também, filho.
- Oi mãe. Cadê Robin?
- Ele teve uma enxaqueca ontem e teve que tomar um super chá de camomila pra dormir. Tá dopado até agora.
- Mande-o meus desejos de melhora, Anne.
- Nossa que formal. - Ele respondeu com uma piscadela e jogar de ombros que me fez rir.
Quando olhei melhor para as coisas dispostas sobre a mesa me deparei com um enorme prato raso contendo pão fatiado, ovos fritos e um copo cheio de suco de laranja que mamãe tinha acabado de servir.
- Coma logo o que seu namorado preparou e vão embora que eu quero ir assistir meu Loose Women e não quero ninguém me atrapalhando.
Ao ouvir aquela palavra eu me engasguei no suco e Louis riu alto, minha mãe não tinha entendido nossas reações e apenas deu de ombros enquanto colocava uma revista sob seu braço e bebia seu chá.
- Tchau. - Deu um beijo em minha testa e foi para a sala.
Louis tinha um corpo muito bem alongado e isso ficava claro quando ele deixava as pernas e se abaixava, se apoiando sobre suas mãos e dando pequenos passos para frente sem que suas pernas se mexessem e continuassem completamente estiradas. Os músculos de suas cochas apareciam sob a pele e eu conseguia ver sua panturrilha se contraindo com o movimento.
- Sabe que não dá pra fazer um aquecimento se continua parado olhando pra mim.
- Só vejo você reclamando. - Ele voltou a ficar de pé e agora dava chutes no ar para relaxar.
- E em vinte minutos quem estará reclamando é você, por causa da dor desviada.
- Nossa você realmente sabe como ser romântico.
- E olha que eu nem tava tentando. - Me deu um beijo rápido e então começou a alongar seus braços.
- Você não vai mesmo se aquecer?
- Uh, tá. Vou me aquecer por pura e espontânea pressão. - Ele riu.
Quando começamos a realmente caminhar e então a correr eu apenas seguia seus passos, sempre estando dois ou três metros atrás dele por eu simplesmente não ter a mesma disposição ou preparo que ele tinha. Todas as vezes que percebia que eu tinha ficado para trás ele parava e ficava correndo no mesmo lugar, virando para mim, me olhando e respirando fundo pelo nariz e soltando pela boca. O suor que nele deixava gotículas em sua testa em mim ensopava minhas roupas, eu me sentia um sobrevivente de um ataque zumbi, na verdade eu sentia como aquele personagem que ficou para trás e foi devorado pela horda faminta de mortos vivos.
Depois que tínhamos corrido por vinte minutos ele sentiu que estava facilitando demais para mim, quando na verdade sequer conseguia abrir a boca sem sentir que tinha comido uma colher de areia. Minha língua estava mais seca que o Saara. Ele tinha decidido que agora iríamos passar dois minutos caminhando e um correndo o mais rápido que pudéssemos, só que o meu máximo era o mesmo máximo que uma cadeira de rodas empurrada por uma pessoa de muletas conseguia.
Eu nem preciso dizer que enquanto eu me arrastava Louis parecia o próprio Usain Bolt.
Foi quando seu relógio de pulso apitou, mostrando que quarenta e cinco minutos tinham se passado, que ele parou de correr no meio da pista de cooper do parque e ficou me olhando, há meio quilômetro de distancia.
Meus pulmões queimavam e eu sentia minha alma se desgrudar de meu corpo. Adeus mundo cruel.
Ao chegar a sua frente ouvi sua risada e sentia sua mão em minhas costas. Eu estava baixado, mãos apoiadas em meus joelhos e a respiração pesada pela boca.
- Respira pelo nariz pra não doer. - Ele agora apertava meus ombros e eu sentia que iria vomitar a qualquer momento. - Você tá me lembrando de quando eu entrei para o time da escola. - Soou saudosista. - No teste eu quase desmaiei no meio do campo e quase tive de ser carregado. Se eu não tivesse acertado os pênaltis eu não teria passado.
Meu peito agora já não queimava como o inferno e me levantei, ficando ereto. Eu não tinha visto meu rosto, mas sabia que todo meu sangue estava lá, pois era capaz de sentir as pulsações em minhas bochechas e em meus ouvidos.
Louis riu ao me ver daquele jeito e tomou minha mão na sua, entrelaçando nossos dedos.
- Vem, deixa eu comprar uma água super gelada pra você.
- Eu quero um Sunday. Cheio de calda de chocolate. E muito farelo de biscoito.
[quem se identifica com o harry coloca um coração verde. quem se identifica com o louis coloca um azul]
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