27 • Were You Gonna Tell Me?



Ditados são pequenas frases de efeito moral que surgiram há vários anos, porém que continuam se aplicando as situações vividas nos tempos atuais e, bem, quando alguém disse "o mundo gira, o mundo, ele é uma bola" com certeza não poderia estar mais certo. Não estou me referindo aos fatos científicos, não agora, calma. Me refiro a todas as viradas de mesa, todas as vezes em que a vida nos apresentou reviravoltas.

Bem, agora era um desses momentos.

Veja bem, há três anos nada do que me aconteceu nas últimas duas semanas sequer teria passado por minha cabeça como a possibilidade de um fato. Quando que teria passado em minha mente que eu beijaria Louis Tomlinson em uma barraca no meio de um parque nacional enquanto meus amigos e irmã dormiam bêbados em barracas ao lado? Bem, algo parecido deve ter passado por minha mente em algum momento, mas esse não é o ponto. Foca aqui.

Quanta vezes eu me imaginei sentado no colo de Louis Tomlinson enquanto ele apertaria minha bunda e deixaria fortes marcas roxas em meu pescoço enquanto eu pressiono meu corpo contra o seu da forma mais fogosa e forte possível? Talvez eu tenha pensado nisso uma ou duas vezes, tá certo. Várias vezes. Mas o fato de que é exatamente isso que está acontecendo agora? Não tem comparação.

Suas mãos apertavam as laterais do meu corpo enquanto eu me posicionava sobre seu colo, apoiado em meus joelhos, um em cada lado de seu corpo. Eu puxava seus cabelos lisos enquanto ele mordia o primeiro pedaço de carne que visse em sua frente.

Imaginar e sonhar com a boca de Louis Tomlinson era uma coisa, mas tê-la fazendo tudo aquilo era ainda melhor e me deixava ainda mais duro, bem, ele estava do mesmo jeito e eu não poderia estar mais orgulhoso de mim.

Agora vamos parar para um momento de reflexão, sim, vamos refletir agora enquanto Louis continua com sua boca em mim: em qual ponto de minha vida deixei de ser aquele garotinho assumidamente gay aos catorze anos, tímido que teve que ficar bêbado para pedir para sua melhor amiga o beijar no meio de uma festa e que depois ficou se questionando sobre sua própria sexualidade chegou num ponto onde está fazendo sexo de roupa com o seu ultimate crush na própria cama? Bem, tudo que me levou foram as palavras "eu vou te beijar" e BUM, cá estou eu.

- Você é tão lindo. - Louis olha em meus olhos, eu olho para baixo e vejo seus lábios inchados e quase roxos.

- E você não tem espelho em casa. - Me aproximei e mordi seu lábio inferior, o puxando. Louis riu e apertou minha bunda mais uma vez.

Voltei a beijá-lo. Certo, voltando ao raciocínio: Tudo que precisei para sair daquele poço de timidez foi um pouco de Louis aplicado diretamente na veia. Não era como se eu fosse sair beijando e agarrando qualquer pessoa que der mole para mim só por eu ter coragem de fazer essas coisas com Louis. Não. É só que eu não consigo tirar minhas mãos dele. Passei tempo de mais às contendo para mim, agora que eu posso fazer o que eu quiser com elas, não sou eu quem vai as segurar.

Não, nós não transamos ainda. Sim, continuo virgem. Estranhamente Louis também é, certo... Não tão estranho assim, eu também não transaria com meu amigo de infância, mesmo que a gente trocasse amassos para agradar nossas mães.

- Harry, você... - A porta do banheiro foi brutalmente aberta e nos assustou, fazendo com que eu pulasse do colo de Louis para fora da cama, batendo minhas costas na parede e ficando enfiado no espaço entre a cama e meu criado-mudo.

Gemma não se mexia, seus olhos voavam de meu rosto para o de Louis, que estava assustado. Assisti os olhos de minha irmã desceram pelo tronco dele e rapidamente voltarem para seus olhos. Olhei para Louis. Ele olhou para baixo. Mais um pulo de susto. Ele agarra a primeira coisa que está ao seu lado. Meu travesseiro. Cobre seu colo. Eu prendo a risada. Gemma continua calada, nos encarando como uma leoa.

- Gemm, eu...

- A gente fala disso mais tarde.

- Tá certo. - Fiz um estalo com a boca, ela nos olhou mais uma vez e saiu de costas, fechando a porta em sua frente.

Louis não sabia o que fazer e eu sabia que ele estava prestes a ter um troço. Os nós de sua mão estavam brancos de tanta força que fazia ao apertar aquele travesseiro, todo o seu rosto estava tenso enquanto ele continuava encarando a porta do banheiro. Eu não sabia o que fazer, então apenas comecei a gargalhar o mais alto que meus pulmões me permitiram.

Aquela era a coisa mais tensa e engraçada que eu já tinha presenciado na minha vida e Louis estava prestes a ter um ataque de nervos.

- Por que você tá rindo? - Ele murmurou, me olhando desesperado. - Não vai dá merda pra você? - Eu apenas me contorcia naquele pequeno espaço onde tinha me enfiado.

- Não, relaxa. - Me arrastei para fora daquele buraco e me apoiei nos lençóis de minha cama, ficando de joelhos entre as pernas dele, colocando uma mão em seu joelho. Seu peito subia e descia numa velocidade enorme, como se tivessem apontado uma arma em seu rosto, eu só conseguia rir enquanto ele suava. - Você não é muito bom com isso de susto né?

- Como você percebeu? - Olhei para o suor em sua testa.

- Palpite.

Esperei mais alguns segundos até parar de rir e olho para ele mais uma vez, que agora me encara com uma feição brava. Olho em seus olhos e ele revira os seus, empurrando meu braço de brincadeira, me fazendo rir mais um pouco.

- Para!

- Com o que? - Me apoio em sua perna e levanta, sentando na cama, bem ao seu lado.

- Para de rir de mim.

- Mas você fica fofo quando tá nervoso.

- Você é ridículo. - Ele me empurra pelo peito e aproveito o impulso para deitar em minha cama, ficando de braços abertos.

Ele revira os olhos mais uma vez e então me olha, ele não consegue ser discreto, ele não sabe como, por isso vejo seus olhos me analisando o mais rápido possível, na esperança de que eu não note. Eu notei, mas não comentaria. Eu gosto do jeito como me olha.

Louis deitou em meu peito, sua cabeça apoiada em meu ombro e o fecho em um abraço. Era tão bom poder fazer isso, tê-lo nos meus braços como se estivéssemos juntos desde sempre. Começo a acariciar a pele de seu braço, com uma delicadeza que eu sequer tinha para falar com minha mãe. Louis desperta o melhor de mim e tenho como provar. Nós estávamos deitados, quietos, calados. Ele fazia carinho em meu peitoral e a cena deveria ser a coisa mais erótica para quem visse de fora, mas o fato era o completo oposto (infelizmente, ainda, por enquanto).

- Você quer assistir alguma coisa? - Ele mexe a cabeça contra meu peito, dizendo que sim. - O que?

- Não sei. - Ele murmura.

- Que tal aquela maratona de Sherlock que a gente tá se prometendo há quase um semestre? - Ele ri.

- Pode ser.

- Okay. - Pego o controle da televisão e a ligo, esperando o tempo de ativação para poder abrir a Netflix.

Coloco a série para rodar e naquela posição em que estamos, ficamos até o fim da tarde, depois de quatro episódios, alguns amassos, várias cenas perdidas no processo e muito debate sobre voz maravilhosa do ator que interpreta Moriarty.

Uma notificação chega em meu celular e o horário no relógio aparece na tela. Já estava tarde e Louis estava quase dormindo em meu peito, porém com a luz da tela ele se assustou, também vendo o relógio.

- É melhor eu ir.

- Não quer dormir aqui? Tem espaço, a gente te arruma um colchão, sei lá. - Eu só queria que ele ficasse mais um pouco.

- Não dá, tenho que ajudar mamãe com os gêmeos. Já fiquei tempo demais fora de casa hoje, a gente se vê amanhã. - Deu um beijo em meu peito. - Amanhã a gente faz alguma coisa mais dinâmica que comer e assistir Sherlock.

- Não vejo problema nenhum em assistir Sherlock o dia todo com você.

- Eu também não, mas precisamos de vitamina D, Harry.

- Vitamina D é para perdedores, eu curto o escuro. Sou emo gótica vampira, luz é para os fracos.

- Pouca vitamida D causa falência múltipla dos órgãos.

- Então amanhã a gente sai que horas mesmo? - Ele ri e se apoia em meu peito para levantar.

- Ridículo.

- Já perdi as contas de quantas vezes vocês me chamou assim.

- Eu chamaria menos se você fosse menos ridículo.

- E mais uma vez! Acho que batemos um recorde aqui.

Louis ria enquanto vestia sua regata, a que eu tinha tirado quando estávamos naquela seção louca de agarros que foi interrompida brutalmente por minha bela irmã. Calçou suas meias e tênis, refez o laço de suas calças moletom e vestiu seu casaco.

- Vem me deixar na porta. - Me puxou pela mão, tentando me arrastar para fora da cama.

- Mas você sabe o caminho! - Fiz drama.

- Mas hoje sua irmã quer arrancar meu saco!

- É, realmente é algo que ela faria... bem pensado. - Levantei da cama e calcei meus chinelos.

Descemos as escadas normalmente, sem mãos dadas, sem risadinhas, apenas descemos e atravessamos a sala até a cozinha, onde mamãe estava conversando com Gemma (que nos olhou assassina e então prendeu seu olhar no meu.)

- Tchau, Anne. Brigado pelo almoço, tava maravilhoso. - Ele a abraçou e lhe deu um beijo na bochecha, ela lhe beijou a testa.

- Claro, eu quem fiz. Se não tivesse bom ia ter que comer do mesmo jeito. - Ele riu e eu bati com a mão na testa.

- Mãe! - Reclamei.

- Ué, ele ia jogar fora? Não mesmo. - Louis apenas ria enquanto eu balançava a cabeça. - Bem, volte sempre, amor.

- Eu venho de novo amanhã.

- Foi exatamente isso que eu quis dizer. - Eles riram.

- Mãe... por favor... vem Louis. - O puxei pela mão enquanto ele acenava para Gemma, que mantinha o olhar sério.

- Sua irmã quer me matar mesmo. - Abri a porta e ele saiu. - Nem um beijinho? - Fez um biquinho e fechou os olhos com força, fiquei encarando aquela imagem com corações nos olhos. - Vai mesmo me ignorar? - Falou enquanto tentava manter o bico. O beijei rapidamente e lhe dei um empurrão de leve no ombro. Ele abre os olhos, leva a mão até minha nuca e me dá um beijo de verdade. - Agora sim. - Pisca para mim, enfia as mãos nos bolsos do casaco e vai embora.

- Eu te odeio. - Grito para ele.

- Você me ama.

- Vai sonhando. - Fecho a porta e viro.

Merda.

Quando bato a porta atrás de mim e viro para andar, esbarro diretamente em minha irmã, que me olhava séria, as mãos puxadas para trás de suas costas.

- Meu quarto. Agora. - Ela vira e segue para as escadas.

Cada passo que eu dava um pensamento novo surgia em minha mente de quantas formas ela poderia me torturar sem que nossos pais ouvissem meus gritos.

A segui até a porta de seu quarto, a qual ela abriu para mim e me esperou passar. Nós morávamos naquela casa desde que consigo me lembrar, eu já tinha entrado naquele quarto tantas vezes quantas conseguisse lembrar, mas em nenhuma delas eu tinha visto os portões do inferno se abrirem diante de mim quanto naquele exato momento.

Ela bate a porta depois que passa e me aponta a cadeira de sua escrivaninha enquanto ela vai sentar em sua cama. Aqueles segundos de silencio seriam os responsáveis por minha morte. Gemma respira fundo e olha em meus olhos.

- Gemm, desculpa...

- Quando que você ia me contar?

- Eu... eu...

- Você, você...?

- Eu ia contar assim que eu tivesse certeza de que o que tá acontecendo entre eu e ele não é só uma coisa passageira.

- E quando você acha que isso ia se firmar?

- No fim do verão...? - Eu perguntava mais a mim que a ela.

- Harry, eu não ligo que isso seja só uns amassos de férias ou sei lá o que, mas eu ligo que você me conte o que acontece na sua vida. Eu me importo que você esteja bem, feliz e bem comido.

- Wow, calma. Não é pra tanto. Wow. - Minha respiração falhou de nervosismo.

- Certo, talvez ainda não, mas quando sim, você vai me avisar.

- Aviso.

- Jura?

- Juro.

- Ótimo. Agora me conta quando essa coisa ai começou, foi no acampamento... - Meu rosto inteiro ficou vermelho e ela começou a quicar na cama. - Oh meu deus! Foi no acampamento, como assim, conta tudo. Socorro. Ah. - Ela balançava as mãos e sorria de um jeito quase cômico.

Contei toda a história, tudo que aconteceu entre a primeira noite de acampamento até os últimos trinta minutos. Contei da nossa conversa na floresta, contei da cabana, contei tudo enquanto ela sorria e ria com as coisas que eu ia falando.

- Então é por isso que vocês faziam tantas caminhadas. Não acredito que perdi.

- Perdeu...?

- A aposta que fiz com o Nick e o Niall.

- Você apostou...

- Sim, e o Nick ganhou. Uma vez na vida, pelo menos.

- Não, Gemm, você não vai contar nada pra eles.

- Ué?

- Não conta nada, não agora. Vamos com calma.

- Mas o meu dinheiro...?

- Quanto você apostou?

- Vinte.

- Certo, depois você conta, deixa só as coisas entre eu e o Louis se arrumarem e aí você conta, pega o dinheiro e a gente compra sorvete.

- Tá. Agora vem cá, tô tão orgulhosa que meu bebê agora sarra.

- Gemma!

- Ué! Aquilo que eu vi hoje foi o que? Roda de oração? - Ela me puxou para seus braços e minha cabeça ficou debaixo deles.

- Me solta que tu fede! - Ela riu, mas não me soltou, apenas apertou com mais força. - Aaaaargh!

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