24 • The Greatest Moment Of All pt.2 (Deluxe Edition)
Certo, Gemma tinha cruzado uma linha. Claramente uma linha muito tênue. Liam então, nem comentarei, não me darei ao trabalho.
Louis tinha feito uma piada, mas não significa que ele estivesse confortável com aquilo, certamente eu não estava, mesmo que tivesse sido um comentário de bêbada, Gemma não deveria ter feito aquilo. O mais constrangedor era o fato de que Eleanor e Liam entraram na brincadeira e agora eu temia que minha situação com Louis estivesse comprometida.
Eu tinha esperado anos para que algo como uma simples amizade entre nós surgisse e agora, cá estamos, tentando fingir que nada de estranho ou embaraçoso aconteceu, brincando com a borda de uma lata vazia, esperando alguém tomar alguma atitude.
O constrangimento não me deixava olhar para cima. Não me deixava olhar nos olhos de ninguém. Nem mesmo nos de minha própria irmã, principalmente nos dela. Acho que eu pularia nos ombros dela e arrancaria seus olhos fora, mas assassinato ainda é crime nesse país. Saudades idade média.
Olho para o céu completamente estrelado, tomo coragem de olhar para todos ao meu redor. Gemma ainda está tentando recuperar o fôlego, gargalhando baixinho de vez em quando, Eleanor já está completamente séria e Liam está perdido, olhando fixamente para algo enquanto sua boca esta aberta, relaxada.
Bom saber que eles me fazem passar a vergonha da minha vida e depois agem como se nada estivesse se passando do lado de cá.
- Eu, hum... - Louis bate as mãos nos joelhos e levanta. - Vou, erh... - Ele olha para todos os lados, qualquer um que não fosse eu. - Ali. - E sai andando, puxando as mangas de seu casaco e brincando com elas.
- Certo... - Murmuro enquanto brinco com as pontas de meus dedos com uma lata que algum daqueles três tinha bebido.
- Hazz, eu... - Eleanor tentou falar.
- Tudo bem. - Sorri fraco para ela e me virei, caminhando para qualquer lugar onde eu pudesse deitar e observas as estrelas que tão raramente apareciam no céu de Londres.
Me coloquei a caminhar até que o fogo que iluminava nosso acampamento fosse tudo que eu conseguia ver com clareza, quase à beira do largo rio que cruzava o parque. Deitei naquele gramado, apoiando minha cabeça em minhas mãos e mirando meus olhos aos céus.
Eu respirava com força, meu peito pesado. Eu tinha medo do que pudesse acontecer, do que Louis pudesse pensar de mim. Eu sempre tentava levar as coisas com humor, mas dessa vez eu não era capaz de fazer piadas.
Fecho meus olhos e inspiro profundamente. O que será que ele deve estar pensando de mim? Será que ele está, sequer, pensando em mim? Ou será que ele encarou tudo como um comentário aleatório de bêbado? Um ou outro, eu não sabia o que esperar.
O tempo passa voando enquanto observo as estrelas e fico lá pelo que devem ter sido horas, mas para mim foram apenas vinte minutos. Quando me dou conta do mundo ao meu redor novamente e olho para o acampamento vejo todos ao redor da fogueira e decido que aquela era a hora da decisão.
Levanto, batendo as folhas de grama para fora de minhas roupas enquanto caminho preguiçosamente até onde todos estavam reunidos.
Eleanor e Gemma estavam dormindo de pé, apoiadas uma na outra, o que parecia ser o único motivo para não terem desabado ainda. Caminharam juntas até sua barraca e desabaram no colchão inflável lado a lado, acho que sequer sentiram o impacto. Niall e Nick puxavam suas malas do carro e as arrastavam para a barraca que tinha escolhido para dividir. Zayn e Gigi já trocavam de roupas dentro de sua barraca. Liam e Stanley afofavam seus travesseiros e puxavam o zíper para vedar o pequeno espaço.
Certo. Agora restam apenas dois. Eu e Louis.
Ele me olha, claramente nervoso. Oh, eu deveria ter bebido mais para ter levado aquilo como uma piada, assim como minha irmã.
Vou caminhando até o carro, onde as malas estão, e tento puxar minha mala do carro, mas é um esforço em vão que apenas me deixa frustrado até que uma mão delicada surge ao meu lado, agarrando a alça de minha mala e a puxando rapidamente, a colocando no chão ao meu lado.
- Valeu. - Eu não o olho, apenas foco em minha mala.
- Sem problemas. - Ele murmura, puxando a sua. - A gente vai dividir a barraca, tudo bem pra você?
- Uh, sim, eu acho... Tudo bem pra você?
- Eu posso trocar com o Liam se você preferir, ou com a Gemm.
- Não, tudo bem.
- Okay.
Nós dois nos calamos e caminhamos lentamente até a barraca do meio. De cinco barracas logo eu, acompanhado de Louis, tinha que ficar justamente com a do meio. Que tá instalar um holofote também? Alguns caixas de som, talvez. Hum? Placas de letreiros neon.
Encaixo minha mala do pequeno espaço que sobra ao pé do colchão, no canto da barraca e me sento no colchão inflável, quicando no plástico tensionado pelo ar de dentro até recuperar meu equilíbrio, bem, até que Louis senta do outro lado e eu quase caio de lado. Recupero, permanentemente, meu equilíbrio, e respiro fundo, até onde o meu pulmão alcoolizado me permite.
Tiro meu casaco, o dobrando e colocando ao meu lado, fazendo em seguida o mesmo com minha camisa. Puxo o suéter que uso como pijama da mala, arrastando várias outras peças de roupas junto, e o visto.
Louis está exatamente atrás de mim, sem camisa. Não consigo evitar olhar pelo canto dos olhos, inclinando minha cabeça o mais levemente possível para que ele não me pegue o observando. Suas costas nuas iluminadas pela lanterna de seu celular, suas escápulas mexendo juntamente com seus braços, a pele bronzeada agora ainda mais alaranjada sob a luz da fogueira que também clareava o interior da barraca.
Ele olhou sobre o ombro e me virei para frente rapidamente, constrangido por ter sido pego.
Volto a focar no que estava fazendo enquanto observo sua sombra se movimentando do meu lado da barraca.
- Lou? - Murmuro enquanto brinco com meus dedos, minhas mãos entre meus joelhos.
- Hum? - Ele vira levemente na cama, me olhando, mas logo volta a virar para o outro lado.
- Desculpa.
- Por? - Ele murmura tão baixo quanto eu.
- Gemma. Pelo que ela falou. - Começo a puxar minha cutícula em uma tentativa de focar em algo que não fosse ele.
- Tudo bem.
- Sério? - Meu tom aumenta, quase surpreso.
- Sim, tudo bem. - Ele ri baixinho.
- Okay.
Tiro as calças moletom que estava usando, dobro e coloco no monte com as outras roupas usadas, as colocando em uma bolsinha que trouxe exatamente para isso. Guardei tudo e deitei de lado, puxando o lençol fino para me cobrir e sinto Louis fazendo o mesmo ao meu lado, apagando a lanterna do celular e deitando.
Não consigo dormir. Longos e infernais minutos se arrastam. Era como olhar para a areia caindo em uma ampulheta. O tempo não parecia passar de modo algum.
Eu encarava as sombras de fora se movimentando sobre o tecido da tenda, a fogueira estalando lá fora e os animais noturnos fazendo sons desconhecidos por mim dentro da floresta.
Meus olhos nem mesmo piscavam. Estavam abertos como se eu estivesse sob constante alerta.
- Hazz? - Tomo um susto ao ouvir meu nome, meu corpo tremendo e balançando o colchão com o espasmo. - Desculpa.
- Tudo bem. O que foi? - Murmuro, ainda olhando para as sombras. O sinto se movimentando atrás de mim, me balançando.
- É só que... eu não consigo dormir. - Ele fala baixinho, envergonhado. - Eu acho que tô pensando demais.
- Em quê?
- No que a Gemm falou. - Meu corpo congelou, meus olhos abrindo mais do que antes.
- Me desculpa por ela, quando bebe não sabe o que fala.
- Tudo bem, é que tem uma coisa relacionada a isso que fica martelando aqui, sabe?
- O que? - Meu corpo treme em antecipação.
- Se o que ela falou é verdade.
- Como assim.
- Se ela, tipo, acha mesmo que a gente deveria se beijar. - Engulo seco, mas minha garganta está tão seca quanto minha boca.
- Oh... - Ficamos em silencio por um tempo, apenas consigo ouvir o som de meu coração palpitando em minhas têmporas.
- Hazz?
- Oi.
- Vira pra cá? Por favor? - Ele fala e tudo que ouço são miados.
Viro de frente para ele, mas não tenho coragem de olhar diretamente em seus olhos, por isso mantenho os meus fechados e meu corpo treme ao sentir o toque suave em minha bochecha.
- Abre os olhos? - Nego com a cabeça. - Não vai abrir? - Nego mais uma vez. - Por favor? - Ele faz carinho em meu rosto com seu polegar e eu obedeço, encarando seus olhos, observando seu rosto, guardando cada detalhe em minha mente, analisando seus lábios. - Você quer?
- Hum? - O olho diretamente nos olhos, perdido.
- Me beijar.
- Talvez.
- Talvez?
- É.
Mais uma vez sinto seu polegar afagando meu rosto, meus olhos fecham com a caricia delicada, sutil. Meu corpo relaxa sob sua mão, por um momento nada mais parecia existir.
- Harry?
- Oi.
- Eu vou te beijar.
A surpresa é o que me consome naquele momento. Tão poucas palavras foram o suficiente para que meu mundo virasse de cabeça para baixo. Um ato fez com que ele girasse completamente, como um brinquedo de criança.
Seus lábios tocaram os meus com delicadeza, nada como o ultimo beijo que eu tinha dado. Esse era calmo, sereno. Tão envolvente quanto.
A mão que acariciava meu rosto agora tinha escorregado por meu corpo, fazendo meu tronco de escorrego até que chegassem em minha cintura, onde parou, fincando seus dedos no tecido grosso do suéter que eu vestia. Me puxou para mais perto, demonstrando que queria me tocar. Eu deixaria ele me transformar em um violino, pois era como eu me sentia sendo tocado aquele jeito, tão delicado, quase divino.
Sua língua acariciava meu lábio inferior, algumas mordidas leves. Ele chupava meu lábio inferior e sugava um pedaço de mim para si, deixando uma parte minha com ele. Ele poderia me tomar por completo, eu não ligaria de me tornar parte daquele corpo.
Desceu sua mão ainda mais até que chegou ao início de minha coxa, onde começou a acariciar com a ponta de seus dedos, suas unhas curtas me causando arrepios.
Coloquei meu braço sobre seu corpo, minha mão em sua cabeça, acariciando seus cabelos lisos.
Ele se afastou com um ultimo beijo rápido. Eu não abrirei os olhos, não quero cair de cara na realidade e me dar conta de que tudo foi um sonho, uma ilusão, alucinação.
- Isso acabou de acontecer? - Perguntei, mantando os olhos fechados. Ouvi sua risada anasalada e seus ledos escovando meus cabelos para atrás de minha orelha.
- Sim, e eu quero que aconteça muito mais vezes.
- Eu morri. Só pode ser. Esse aqui é o paraíso.
- Não, mas quem dera. - Ele ri e acaricia minha bochecha uma outra vez. - Abre os olhos.
- Se eu abrir tudo isso vai desaparecer, eu vou voltar pro mundo real.
- Não vai.
- Como você sabe.
- Eu juro que não vai. Você confia em mim?
- Não.
- Não?
- Sim.
- Então abre. - Abro meus olhos lentamente, piscando com a claridade. - Viu? Nada sumiu.
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