17 • Movie Marathon, That's A Hella Good On An Excuse

O dia tinha sido como qualquer outro, cheio de derrotas e alguns cafés derramados pelos cantos, na minha roupa inclusive. Aquele banho que eu tinha acabado de tomar seria, com toda certeza, o ponto alto do meu dia, da semana talvez. Eu me enxugava em frente ao espelho, analisando meu corpo enquanto passava a toalha por ele. Olha que fofa aquela gordurinha de bebê na minha cintura. Que lindinha.

Enrolei a toalha na cintura, destravei a porta que dava ao quarto de Gemma e abri a do meu próprio quarto, mas fiquei petrificado com o que eu estava vendo na minha frente.

Louis estava lá, de costas para mim, mexendo em tudo que seus olhos alcançassem em minhas prateleiras, curioso. Eu não fiz qualquer movimento ou falei qualquer coisa, eu apenas fiquei o observando cuidadosamente, esperando que ele continuasse sem me ver por mais algum tempo. Eu não deixaria de aproveitar qualquer segundo daquela imagem única.

Eu tinha vários bonecos POP de várias séries que eu vinha acompanhando ao longo dos últimos quatro anos, também de alguns filmes. Eu tinha uma bela coleção e ela agora era explorada pelos dedos curiosos de Louis Tomlinson, que olhava para cada um com tanto foco que eu me perguntava o que ele poderia estar esperando encontrar.

Louis, então, largou meus bonequinhos e pegou uma de minhas muitas revistas de curiosidades aleatórias, e antes mesmo que ele pudesse abri-la eu resolvi intervir naquilo. Cocei a garganta, o olhando quando deu um pequeno pulo, assustado e me olhando de volta, pego no flagra.

Me olhou de cima a baixo, engolindo em seco, nervoso. Eu estava apenas de toalha, mas era, claramente, o menos desconfortável da situação, pois ele estava ficando muito vermelho, constrangido e ao constatar que, de fato, eu estava apenas de toalha, ele virou de costas.

- Desculpa. Eu não achava que... qu-que... - Ele estava virado para minhas prateleiras de novo, coçando sua nuca em nervosismo, tentando encontrar as palavras.

- Erh, hm, calma. - Eu peguei uma cueca e qualquer camisa e bermuda das gavetas e me tranquei novamente no banheiro, me vestindo apressado.

Certo, vamos apenas corrigir: aquele banho tinha sido o ponto alto do meu dia, Louis Tomlinson no meu quarto e mexendo nas minhas coisas tinha sido o ponto alto da minha vida.

Terminei de me vestir, quase tropeçando na cueca várias vezes e errando o buraco certo da regata pelo menos duas vezes. Eu estava nervoso, você não pode me culpar. Culpe a ele, não a mim.

Quando sai novamente do banheiro Louis estava sentado na minha cama, a cabeça abaixada e as mãos entre os joelhos, brincando com seus dedos.

- Voltei. - Bati as mãos nas pernas, respirando fundo.

- Cara, desculpa mesmo, eu não achava que isso fosse rolar e...

- Relaxa, Lou. - Sorri reconfortante para ele, para mim não tinha sido grande coisa, mas parece que ele tinha levado aquilo para um outro nível. - Eu não tô irritado, só fiquei meio... surpreso? - Minha cabeça caiu para o lado, esperando que aquela fosse a palavra menos escandalosa para descrever o show de fogos de artificio e borboletas que aconteceu dentro de mim quando eu vi Louis tão distraído. - Mas o que você veio fazer aqui?

- Eu... - Ele pareceu assustado, com medo da minha pergunta, e foi quando eu percebi que usei o tom errado.

- Oh, calma, desculpa. A pergunta saiu errado. - Cocei minha nuca, em puro nervosismo. - Eu não perguntei como se quisesse te mandar embora, desculpa. Deixa eu reformular. - Ele assentiu, rindo de lado. - O que o traz aqui, senhor Tomlinson? - Falei formalmente, fazendo nós dois rirmos em seguida.

- Eu trouxe isso pra gente. - Ele apontou para uma caixa de sapatos sobre a minha escrivaninha. - Pode abrir. - Eu caminhei até a caixa, a abrindo para encontrar várias caixas de DVD empilhadas. - Eu não tinha como falar com você, não tenho seu número nem uso muito redes sociais, então eu resolvi só aparecer aqui e esperar não ser chutado pra fora. - Ele riu, eu fiz o mesmo. A última coisa que eu faria era chutar ele da minha casa, na verdade eu era capaz de algemar ele e nunca mais deixar sair. - Esses são os melhores filmes que a gente tem na nossa coleção lá de cassa, tem uns muito antigos aí, mas são bons. - Peguei a caixa do DVD de Rock Horror Picture Show, a mostrando para ele. - Eu disse que são velhos.

Joguei todas as capas na minha capa, vendo todos os títulos do acervo de DVDs dos Tomlinson. Ele trouxe muitos musicais, algumas comédias, um romance brega e um de terror.

- Certo, eu tô te amando muito por ter trazido tantos musicais. - ele riu, envergonhado. - O que foi?

- É que Els me falou da sua fixação por musicais, e mamãe ama muito esse tipo de filme, então lá em casa tem de Grease um e dois até Mamma Mia. - Ele pensava, tentando lembrar de todos os filmes musicais que tinha em casa.

- Você trouxe Hair, eu já to feliz o suficiente com isso. - Peguei a capa e o mostrei. - Certo, você prefere assistir aqui no quarto que tem ar condicionado ou lá na sala? - Apontei para o aparelho próximo ao teto, sobre minha cama, e ele acompanhou meu dedo.

- Tem problema se a gente ficar aqui? O calor tá terrível, ar condicionado sempre.

- Certo então. Eu vou lá embaixo pegar o aparelho e comida, você arruma a cama aí. Eu acho que tenho mais travesseiros e umas almofadas em algum lugar naquela porta ali. - Eu me afastava, indo em direção a porta, apontando para a porta do guarda roupa onde minhas roupas de cama ficavam.

- Okay. - Ele levantou, indo até onde indiquei e eu fechei a porta atrás de mim, descendo as escadas como um raio.

É errado de mais eu estar criando muitas expectativas com aquela visita? Espero que não.

Na cozinha eu comecei a preparar o maior lanche que eu já fiz na minha vida, eu não tinha almoçado e todas aquelas besteiras seriam o que me sustentariam pelo resto do dia, além de que eu tinha que causar uma boa impressão em Louis. Era a primeira vez que ele vinha passar o dia aqui em casa e eu já tinha que garantir a segunda vinda e as seguintes à essa.

Peguei pacotes de salgadinho, algumas latinhas de refrigerante, uma garrafa cheia de suco para mim, outra garrafa cheia d'água e uma barra de chocolate. O resto eu poderia pegar depois.

Fui até a sala, desconectando o aparelho de DVD da televisão, o levando até a cozinha, para tentar um jeito de levar tudo sem derrubar nada, mas do nada Gemma surge desesperada na cozinha, as roupas todas amassadas e ela estava ofegante. Ou estava transando ou fugindo.

- O que Louis Tomlinson tá fazendo no seu quarto arrumando almofadas na sua cama? - Ela berrava em sussurros, como se estivesse fugindo do vilão de algum filme de terror dos anos oitenta. Eu apenas virava os pacotes de salgadinho em uma tigela grande.

- Ele veio aqui pra gente assistir filme, aquela maratona que eu falei.

- Só assistir filme? - Ela se apoiou no balcão ao meu lado, já mudando seu tom para um insinuativo. - Eu devo admitir, esse cara sabe inventar ótimas desculpas pra conseguir as coisas, hum? - Ela fez uma brincadeira com as sobrancelhas, insinuando ainda mais coisas.

- Olha, para tá? Por favor. - Ela gargalhou ao meu lado.

- Vai me dizer que Louis Tomlinson apareceu aqui e tá arrumando as almofadas no seu quarto só pra assistir filme?

- Espero que não. - Falei baixinho, mas ela ouviu e gargalhou ainda mais alto, cínica.

- Ele quase viu meus peitos sem querer. - Ela comentou como se explicasse uma citação.

- É o que? - A olhei espantado. - Como assim?

- Eu tava me arrumando pra sair, como pode ver. - Apontou para si mesmo, me mostrando melhor a roupa que vestia. - E eu fui no seu quarto, e eu tava só de shorts, sem sutiã nem nada. - Eu comecei a imaginar a cena, já rindo - E quando eu ia abrindo a porta toda eu vi Louis de costas, arrumando a sua cama e quase dei um grito, mas eu só voltei de ré, na maior paz que eu já fingi estar na vida. - A esse ponto eu já gargalhava escandalosamente e ela me empurrava pelo ombro, me mandando parar. - Eu só queria ajuda pra escolher uma blusa e quase tenho peitos exibidos pra um dos caras do time de futebol da escola onde eu passei a vida estudando. - Agora ela também ria.

Terminei de arrumar todos os potes, com todas as comidas e as coloquei em uma bandeja.

- Agora se faça útil e me ajuda a levar essas coisas lá pra cima. - Eu peguei a bandeja e ela o aparelho do DVD.

Subimos as escadas, e por todo o caminho eu tive que ouvir Gemma sussurrando coisas indecentes sobre o que ela achava que eu e Louis faríamos naquele dia e eu não sabia se ria, se mandava ela calar a boca ou ficava excitado com a possibilidade.

Abri a porta e minha cama estava cheia de almofadas, Louis deitado no meio delas, jogando algo no celular. Ele ergueu o olhar para nós e veio me ajudar, Gemma colocou o aparelho sobre a escrivaninha e ficou nos encarando séria.

Gemma olhava para nós dois, alternando os olhares, nos analisando enquanto ia até a porta do banheiro.

- Certo, rapazes. Juízo. Usem camisinha.

- Sai daqui! - Eu atirei uma almofada em sua direção, mas ela fechou a porta antes de ser atingida e eu conseguia ouvir sua gargalhada do outro lado. Eu não poderia estar mais constrangido enquanto Louis ria ao meu lado. Eu vou matar essa garota.

Depois dessa vergonha, pois parece que nessa família vergonha muita é pouco, eu e Louis montamos o aparelho do DVD, o conectando na televisão. Escolhemos um dos filmes para começar com a maratona e então nos enfiamos debaixo das cobertas, com o ar condicionado no mínimo, nós seguimos a tarde.

{to be continued...}

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