Uma Nova Vida

~ Visão de Fabrício ~

Eu já apanhei bastante. Não apenas em sentido figurado, como sentido literal. Mas acredito que nada chegou ao ponto que estava naquele momento. Por dias consecutivos, tentei parecer bem para que Arthur não ficasse preocupado comigo, mas era como se isso não funcionasse quando estava sozinho – não importa muito se no banheiro da casa dele ou no vestiário da escola. 

Mesmo com todos os contratempos da minha vida, pelo menos eu sabia pra onde poderia voltar caso tudo desse errado e agora não mais. E pode parecer curioso, tendo em vista que minha casa sempre foi problemática, mas não era. Isso, porque eu podia não ter um lar, mas a estrutura "casa" sempre estaria ali de portas abertas, pensava eu...

Desde que todo o meu drama familiar estourou, não voltei para aquele lugar – salvo o dia que fui buscar minhas malas pra deixar na casa de Arthur, enquanto estava ajustando meu apartamento para me receber. Nesse dia, Danda e vários outros empregados da casa do meu pai vieram se despedir, porque perceberam que dessa vez era realmente sério... eu tinha, finalmente, ganhado minha carta de liberdade. 

– Todas as vezes que conversamos e você me dizia que seu pai jamais poderia te dar uma adaga, pois a enfiaria no peito dele sem pensar duas vezes, pensei que estivesse mentindo. Hoje vejo que era verdade. – Danda comenta e eu engulo a seco suas palavras. 

– Acho que não tem como espancar alguém e esperar que essa pessoa faça de tudo cegamente por você, não é? – pergunto. – Sabíamos que isso iria acontecer, aguardei pacientemente e felizmente a vida, pela primeira vez, foi boa pra mim. – ela me abraça. 

– Todos estamos aliviados, Binho. Aliviados de ver você e sua mãe fora dessa casa e bem. Eu tinha muito medo que não conseguissem sair com vida. – ela sussurra no meu ouvido.

– Quando quiser um novo emprego, estarei a disposição. – digo e ela me solta um pouco, sorrindo e me abraçando fortemente novamente em seguida. 

– Ele comentou alguma coisa sobre eles? – pergunto, me referido aos seguranças. 

– O Maicon e Ulisses vão permanecer com você, ele comprou um apartamento abaixo do seu pra eles. – ela explica. Desde que tudo tinha acontecido meu pai e eu nunca mais tínhamos nos falado diretamente. – Ele ainda tem medo de perder seu herdeiro. – concordo com a cabeça, olhando para os rapazes, que me fazem sinal de "beleza" com a mão e eu sorrio, olhando para Danda mais uma vez. 

– Obrigado por tudo. Jamais esquecerei. – os olhos dela se enchem de lágrimas. – Bora? – pergunto aos rapazes, que concordam com a cabeça, me ajudando com as malas.

Maicon e Ulisses eram os mesmos que me seguiam o tempo inteiro de longe. Acredito que eles foram os primeiros a descobrirem sobre Arthur, mas de uma forma complexa nunca senti que meu espaço pessoal tinha sido invadido por eles. Era como se eles fossem apenas sombras, mesmo quando estávamos no mesmo carro. 

Antes de irmos para casa de Arthur com as minhas malas, descemos no meu advogado. Ele queria conversar comigo e assim que entrei no escritório, ele ficou de pé. Os meus seguranças, como sempre, ficaram do lado de fora da sala e eu logo me sentei na cadeira próxima da mesa. 

– Pelo visto percebeu que ganhou dois cachorros de guarda. – ele diz e eu olho para trás, olhando pra ele novamente e sorrindo em seguida. – A gente só precisa aguardar mais uma pessoa... que acabou de chegar. – me viro e vejo uma moça entrando na sala.

– Por qual motivo me chamaram aqui? – pergunto. 

– Fabrício, esta é a Alice, ela vai ser sua planejadora financeira. Seu pai a contratou, porque é de confiança, para cuidar especialmente dos gastos e pagamentos dos seus funcionários. Existe essa conta aqui que é exclusiva para o pagamento de Maicon e Ulisses. Esse dinheiro vai ser administrado e cuidado por Alice, para que não seja afetado. Seu pai fez um plano de mais de 30 anos de pagamento provável para seus seguranças. É uma das prioridades dele. – meu advogado explica e eu olho o valor que estava no papel. 

– Esse dinheiro está dentro ou fora da minha herança por direito? – pergunto.

– Fora. Seu pai tirou esse dinheiro do próprio bolso, é como um presente milionário. – ele explica e eu penso um pouco. – Além disso, o apartamento que eles moram agora está em seu nome também, junto com esses carros. – me entrega uma folha com uma relação de vários carros. 

– Por qual motivo ele tá fazendo esse ato de bondade? 

– Porque tudo que ele tem aí, comprou pra você. Fora esses fundos, ele também tem essa conta separada para seus gastos em estudos em universidades brasileiras ou internacionais. – Alice explica. 

–  Ele nunca me deixou sequer entrar na garagem pra ver esses carros. – digo. – Mesmo que na lista tivessem vários carros com nomes conhecidos, como Ferrari, Bugatti e Lamborghini, eu nunca tinha, sequer, tocado em algum deles, então como agora poderiam ser meus? 

– E agora esses carros não estão mais na garagem da sua casa, estão no depósito em seu nome. Pode visitá-los quando quiser, estão sob supervisão de profissionais. Quando fizer 18 anos vai poder dirigi-los. 

– E se eu quiser vendê-los? – pergunto e eles me encaram por alguns segundos. 

– Senhor, não precisa se preocupar com dinheiro, caso esse seja seu medo... – Alice comenta. 

– Não tenho medo de ficar sem dinheiro, só não tenho interesse nos carros. – rebato. – Se ele me deu esperando que eu chorasse de emoção, infelizmente vou precisar decepcioná-lo.

– Nós podemos discutir sobre vender os carros, mas no momento acho melhor que fique com eles, porque ao contrário dos carros populares, os de luxo ficam mais caros e raros conforme os nos passam. Eles vão se valorizar, enquanto isso recomendo que permaneçam no depósito. – Alice explica e eu concordo com a cabeça.

– Tudo bem. – é tudo que digo. – Mais alguma coisa? 

– Não. – meu advogado responde e eu fico de pé. – Precisava apresentá-los, para que você conheça e confie em Alice, Fabrício. Assim como Maicon, Ulisses e as pessoas que cuidam dos seus carros agora, Alice faz parte do time que vai te ajudar com sua vida nessa nova caminhada. A gente sabe que começar sozinho e tão cedo a cuidar de tanto poder e dinheiro pode ser assustador.  

– Obrigado. – estendo a mão pra ele, que aperta e faço o mesmo pra ela. 

Quando saio de lá, vou direto pra casa de Arthur. Agora que meus seguranças trabalhavam de fato pra mim, eles inclusive também entravam na casa de Arthur. É claro que pros pais dele foi estranho no começo, principalmente porque precisei apresentá-los para eles e explicar a situação, mas conforme os dias foram passando tudo foi se ajeitando.

Felizmente os pais dele realmente gostavam muito de mim e isso fazia com que eles tivessem uma grande tolerância para coisas relativamente estranhas. Pra dar uma dimensão melhor, meus seguranças, ao longo daquela semana, inclusive passaram a se sentar na mesa pra comer conosco, porque os pais do Arthur achavam que eles ficavam em pé por tempo demais. 

Decidi não mudar de escola. Não queria passar por toda a sensação estranha de ter que fazer novos amigos ou qualquer coisa do tipo – mesmo que agora eu sentisse que não me encaixava mais onde estava. Era como se o medo tivesse me feito permanecer na minha zona de conforto desconfortável. Não por querer ficar, e sim por necessitar que nada mais mudasse. 

– Tá conseguindo treinar até que bem já. – um dos meus colegas de time comenta. 

– É, o pé ainda está bem ruim, mas minha fisioterapeuta é muito boa. – digo e ele sorri. 

– Esse cara queria mesmo te fazer um estrago. – outro diz. 

– Sim, quase conseguiu e eu quase perdi a capacidade de jogar. Mas de qualquer forma vai dar certo, o time precisa continuar dando tudo de si em campo. – comento e vejo Antônio entrar no vestiário. 

– Não vai poder jogar o jogo de amanhã, né? – ele me pergunta e eu nego com a cabeça. 

– Você vai assumir a braçadeira, Antônio. – nosso treinador entra no vestiário. – É um jogo importante, precisa fazer isso. 

– Não posso. Tô fora do time. – é tudo o que ele diz. 

– O que? – o treinador pergunta. – Tudo isso, porque no último jogo eu te dei aquelas advertências pelo comportamento? 

– Não. Tenho novos planos pra minha vida e o futebol não tá incluso. – ele diz. – Pode chamar meu pai se quiser, ele vai concordar. Queria só agradecer ao time pelo apoio que me deram até aqui. Vou sentir falta de todos vocês. 

– O pai dele não tinha morrido? – pergunto pra um dos caras, assim que ele sai. 

– O adotivo. Dessa vez ele deve estar falando do de sangue, que é um empresário rico pra caralho. O Antônio não só parece um playboy, ele é. – ele me explica.

– Entendi. – é tudo o que digo.

– Você... – o treinador aponta pra mim e eu o observo. – Ainda está em exercícios leves, certo? – concordo com a cabeça e ele faz cara de desdém.

– Já consigo andar sem as muletas, mas não corro direito. Hoje vamos começar exercícios dessa forma, mas provavelmente só vou conseguir me movimentar bem daqui alguns dias. – explico e ele concorda com a cabeça, saindo em seguida. 

– Ele ficou catatônico com a saída do Antônio, isso vai dar uma merda gigante. – um dos meus colegas de time comenta e eu relaxo um pouco no banco, ficando em silêncio.

Fiquei ali, enquanto meus colegas saíram pra continuar o treino, porque teríamos um jogo em breve. Não demorou muito tempo, no entanto, até que Antônio voltasse, agora com sua mochila. Ele foi até seu armário e eu fiquei deitado nos bancos, até ouvi-lo falar:

– O que você disse pro Arthur? – me sento. 

– Eu? 

– É, a última vez que o vi, ele me olhou como se eu fosse um monstro. Parece que não conseguiu me reconhecer, como se eu soubesse que era eu, mas ele não conseguisse me enxergar. Senti como se ele me levasse como ameaça. O que disse pra ele? Pensei que tivéssemos resolvido nossos problemas. 

– Eu não disse nada. Não preciso te colocar contra ele, você faz isso sozinho. Você é o único que prejudica sua amizade com o Arthur. – ele larga suas coisas e vem até mim, me segurando pelo colarinho e me erguendo. – Tá vendo? Eu estou sendo totalmente sincero e você acha que quero te atacar. – ele me solta. – Não disse nada pro Arthur. Não sei o motivo, mas não consigo falar nada de ruim de você pra ele, nem mesmo o que eu acho sobre seus comportamentos reprováveis. 

– Ótimo, pelo visto você não apenas aparenta ser inteligente, realmente é. – é tudo que ele fala, terminando de encher sua bolsa e saindo do vestiário em seguida. – Boa sorte, capitão.

– Antônio... – o chamo e ele volta alguns passos, mas não se vira pra mim. – Tem certeza do que está fazendo? Dá pra ver nos seus olhos que não é o que realmente quer. 

– É necessário. Eu prometi. E eu posso não ter uma palavra realmente confiável para todas as pessoas que conheço, mas pro meu pai é outra coisa. – ele explica.

– Fala do seu pai adotivo falecido, ou do seu de sangue? 

– Eu só tenho um pai e ele foi assassinado. – é tudo que ele diz, saindo do vestiário em seguida.

Fui no campo, assistir o treinamento pesado dos outros. Era claro na cara do nosso treinador que ele não estava nada satisfeito com o fato de que eu não estaria em campo no jogo que se aproximava, mas eu não podia fazer nada. Iria, hoje, pedir para que Arthur me ajudasse com alguns exercícios, mas embora eu conseguisse me manter de pé com firmeza, sabia que era mais complexo quando o assunto era atividade física com movimento.

– Cadê o amigo do Arthur? – Júlia pergunta, se sentando ao meu lado. 

– Ele saiu do time. – respondo e ela parece totalmente surpresa. – Pois é, é por isso que esse treino tá tão estranho. A gente sabe bem que todos os caras querem parar de treinar pra ir atrás dele. Fora isso, o treinador me pressionou hoje sobre o andamento da minha recuperação. E você, quando começa seus treinos? 

– Amanhã. – ela responde e eu sorrio. – Hoje foi teste de roupa pros treinos, o que acha? – ela pergunta, se levantando e mostrando a blusa pros treinos internos que era todo preto com detalhes verdes. – A pro time que vai ser contra é ao contrario, verde com detalhes pretos, já que a gente não pode ter time com camisa e sem camisa. 

– Por quê? – pergunto e ela começa a rir, se sentando do meu lado e me dando pequenos empurrões fracos. 

– Quem é esse cara todo soltinho e brincalhão? Realmente transar desestressa, né? – ela comenta e eu a observo por alguns segundos. – Parece relaxado. 

– Tô livre. Me sinto livre. E o mais engraçado é que ainda tenho 2 seguranças nas minhas costas 24h por dia, mas mesmo assim sinto que sinceramente tá tudo certo. Eu namoro um cara que amo de verdade e posso ficar pro resto da minha vida acordando ao lado dele e cheirando seu pescoço, tenho dinheiro pra me manter e um esporte que gosto de executar, mesmo que esteja parado agora. Mais do que isso, não preciso voltar pra casa do meu pai quando sair da escola hoje. – explico.

– Como estão as montagens no seu apartamento? – ela pergunta.

– Vou lá hoje. Montaram a cama ontem, hoje é dia do meu closet, então vou pra levar minhas malas e dar uma olhada no meu estúdio. Está convidada pra festa pequena em comemoração quando o apartamento estiver totalmente montado. – digo. 

– O Arthur dorme muito contigo lá? 

– Dormiu ontem, vou ver se consigo convencer ele de dormir hoje também. – respondo. – Eu sou totalmente viciado naquele garoto, Júlia. Passaria por cima de qualquer coisa ou pessoa para protegê-lo. – ela me olha e eu observo o campo. – Enfim, minha casa é sua casa também. Quando precisar, basta me avisar que posso até mandar meus seguranças te buscarem. 

– Obrigada, você é muito gentil. E eu sei que seu aniversário está chegando... junto com ele vem as férias de meio de ano, o que vamos fazer? – fico encarando-a. – Eu sei do seu aniversário, porque uma das meninas do meu time namora um cara do seu time e vocês conversam sobre tudo, cara.

– Não conta pro Arthur. – falo e ela fica me observando. – Não quero que ele se sinta pressionado a me dar presente ou algo do tipo. 

– Ele vai é te dar ele mesmo, se souber que é seu aniversário daqui algumas semanas. – encaro ela, agora animado. – Fala sério... o carro que te traz pra escola custa literalmente a casa do Arthur e a minha juntas, você acha mesmo que a gente vai tentar pensar em algo que tenha valor monetário? Mais fácil criar memórias boas. Olha pra sua cara de amargurado, claramente você precisa é de felicidade, não de dinheiro. 

– Nesse caso, então, comenta. Aceito algo minimalista. – ela sorri, olhando pra frente. 

– Ele foi pra tal consulta no oftalmologista hoje? – ela pergunta e eu concordo com a cabeça. – E você quer me acompanhar no meu treino solo depois da escola? – concordo com a cabeça e ela sorri. 

Assim foi. Depois da escola almoçamos juntos e eu fiquei auxiliando Júlia com o treino dela. Acabamos por ficar no campo até o final da tarde, já que ela tinha um jogo importante próximo. Percebi naquele momento como era estar de fato do outro lado, vendo alguém que ama verdadeiramente o esporte treinar com tudo que pode dar. Júlia merecia o reconhecimento que vinha conquistando nos últimos tempos. 

Depois do treino ficamos deitados no campo, olhando para o céu, em silêncio. Acho que esse dia em si foi um dos poucos dias em que me senti verdadeira e absolutamente conectado a ela. A gente não precisou conversar para sentir que aquele momento singelo estava nos curando de dias difíceis – principalmente porque assim como eu, Júlia também era do tipo que ficava calada, mesmo que estivesse sofrendo bastante. 

– Você sabe que não está sozinho, né? – ela comenta e eu observo ela por alguns segundos. Ela, então, vira sua mão pra mim e eu entrelaço a minha na dela. – Não pergunto profundamente dos seus sentimentos, porque acho que isso é íntimo demais, mas sempre que precisar de um abraço, saiba que você não tem só o Arthur. Chegou depois, mas te considero um dos meus melhores amigos também, Alex.

– Agradeço e digo o mesmo. Vocês clarearam a minha vida, querendo ou não. 

– E você me ajudou sem pedir absolutamente nada em troca. É por isso que consigo enxergar que tenho poucos amigos, mas tenho amigos de verdade. Antes de agradecer sinceramente ao seu pai pela ajuda com o time feminino, eu sei que tenho, na verdade, que agradecer a você. Então obrigada. – ela termina e eu sorrio, concordando com a cabeça e voltando a olhar para o céu. 

Deixei ela em casa e fui pra de Arthur depois disso. Quando cheguei, antes mesmo de bater na porta, ele já abriu e me puxou para dentro. Enquanto fomos para seu quarto, meus seguranças foram para a cozinha. O novo hobby deles era ajudar a mãe de Arthur com a comida – o que podia ser engraçado de imaginar, mas funcionava muito bem.

– Que saudade de você. – ele fala e eu me sento na cama. Ele fecha a porta do quarto e se senta no meu colo, segurando meu rosto pelas bochechas. – Não pode me viver na minha casa, me viciar e de repente me deixar sozinho o dia inteiro sem sequer ouvir sua voz. – comenta, sentado no meu colo, enquanto mantenho minhas mãos em sua bunda. – Fala do seu dia.

– Ajudei no treino da escola, depois a Júlia me chamou pra ajudar ela com o treino solo e fui, almoçamos juntos e ficamos a tarde toda no campo. Agora estou aqui, mas daqui a pouco vou precisar sair, quer vir comigo?

– Pra onde? 

– Minha prima me avisou que meu closet e escritório foram montados, vou levar as malas maiores pra lá, talvez passe a madrugada toda arrumando. – explico e ele concorda com a cabeça, passando a mão no meu rosto. – O que foi? – ele segura meu rosto com força. 

– Por quê não me falou que seu aniversário tá chegando? 

– Faltam 3 semanas ainda. Vai me dar o que? – olho pra ele com um sorriso malicioso no rosto e deslizo minhas mãos por sua cintura, até a parte do zíper da alça jeans, puxando-a com pra mim, fazendo com que Arthur se encaixe um pouco mais no meu corpo. 

– Não preparei nada ainda. – ele diz e eu penso um pouco. 

– Você já tá pronto, tá preocupado com o que?  – rebato e ele me observa, se aproximando do meu ouvido. 

– Vou me vestir de forma especial pra você então. – é tudo que ele diz, se afastando e eu arregalo meus olhos. Queria que meu aniversário fosse naquele momento.

– Você não se importa mesmo que eu seja tão...

– Existe um limite pra tudo, Alex. – ele diz, olhando nos meus olhos. – E eu percebo que você tem muito medo que eu te julgue como um pervertido, porque gosta muito de relações, mas não vejo assim. Você tem seus desejos sim, mas quando eu não quero, não me força. Não é inconveniente e nunca é só sobre você. Pode não perceber, mas é muito preocupado com meu prazer também. Conhece e respeita meus limites... estamos em contato o tempo inteiro, temos muitos hormônios... – ele sorri e eu abaixo minha cabeça, sorrindo também. Arthur, então, segura minha cabeça e me faz olhá-lo nos olhos. – Não precisa se culpar por gostar muito de me comer. – ele faz biquinho. 

– É que eu demorei muito pra achar alguém que me traz uma verdadeira e incontrolável atração, além de conforto... parece que eu me encaixo bem em você e acabo querendo muito repetir. Tenho medo de passar dos limites. – me abro um pouco. 

– Como falei, você nunca me forçou a nada, então tá tudo bem. Vou hoje te ajudar a arrumar seu closet. – ele se prepara para levantar do meu colo e eu o abraço, prendendo-o nos meus braços. Não demora muito tempo até que Arthur relaxe mais uma vez e comece a fazer cafuné na minha cabeça, puxando meu rosto e me dando diversos beijinhos. – Amo essa sua carinha de homem adestrado. – me provoca e eu começo a rir. Em seguida, ele desce do meu colo e eu vou no outro quarto, pegar roupas para tomar banho.

Tomo meu banho tranquilamente e depois disso descemos para jantar. Enquanto comíamos, a mãe de Arthur fala o quanto Maicon tinha melhorado naquela semana quando o assunto era culinária, mas eles pareciam tristes, pelo dia de eu ir embora estar próximo. Mais tarde naquele dia comecei a pegar as maiores malas para levar para o apartamento e acabou dando 4 viagens de carro para levar tudo que precisava descarregar. 

Arthur e eu começamos a arrumar as coisas, mas acabou que não deu tempo de terminar e dormimos por exaustão. No dia seguinte acabamos acordando atrasados pra escola e avisei meus seguranças, então, que passaria o dia em casa, arrumando as coisas com ele. 

Assim ficamos. Por incrível que pareça, não paramos até a noite chegar, porque tinha muita coisa que precisava ser feita. Acabamos, na parte da tarde, chamando Júlia para nos ajudar e antes de ela ir pra casa, lanchou conosco. Já de noite, tomamos banho juntos e depois disso eu vesti apenas a minha bermuda e Arthur ficou apenas com uma blusa, cueca e meias. Era como um anjo.

Pedimos comida para jantar e depois fomos assistir um filme. É claro, que foi aí, no entanto, que começaram as brincadeiras, principalmente quando ele começou com um papo que queria fazer massagem no meu peito. 

– Para de me olhar assim. – ele diz, enquanto está sentado na minha virilha, passando suas mãos pelo meu peito.

– Assim como? –pergunto.

– Como se fosse me devorar com o olhar. 

– E eu posso te devorar de outras formas então? – pergunto e ele se abaixa um pouco.

– Não sei o motivo pelo qual não fez isso ainda. – responde e eu apoio minha mão em seu queixo, guiando seus lábios até os meus.

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