Enfim Paz (Último Capítulo)
~ Visão de Binho ~
– Lá fora tudo deve estar um grande inferno. – Antônio diz e eu o observo por alguns segundos, sem saber o que responder. – Sinto muito não ter sido um irmão minimamente agradável pra você no período em que pudemos conviver.
De uma forma estranha aquele momento não me deixava totalmente surpreso. Desde o primeiro surto dele, Antônio me lembrou meu pai. Era como se eu estivesse vendo uma versão mais nova dele na minha frente, totalmente descontrolado e nada manipulador como meu pai era – porque por mais que Antônio fosse sim uma pessoa manipuladora com Arthur, comigo ele era muito mais explosivo que qualquer outra coisa.
– Por que fez isso? – pergunto, olhando em seus olhos em seguida. Não sabia exatamente o que esperar dele, era a nossa primeira conversa desde o que ele tinha feito e eu tinha, naquele dia mais cedo, enterrado meu pai.
Não era como se ele tivesse me machucado, porque eu senti mais um alívio em saber que meu pai tinha morrido do que dor por ter perdido um ente – e isso pode parecer brutal por ser meu pai esse "ente", mas era a realidade. Eu não conseguia simplesmente ignorar meus reais sentimentos para fabricar coisas socialmente aceitas para aquele momento. Na minha cabeça eu tinha acabado de me desamarrar de uma pessoa ruim e isso não era algo negativo.
– Porque a cada minuto eu percebia, convivendo com ele, que éramos exatamente iguais. Acho que não gostei do que vi e surtei de vez quando descobri a verdade sobre meu pai. Pelo menos ainda sou menor de idade. – ele diz, sorrindo um sorriso frouxo, como se tentasse tirar um pouco de descontração naquele momento de seriedade. – Como o Arthur está?
– Bem. Ele e aquela outra pessoa estão bem. – falo e os olhos dele se enchem de lágrimas. Rapidamente Antônio limpa as que escorreram e olha para suas mãos, como se procurasse palavras. – O advogado da nossa família continua trabalhando, pra provar que foi legítima defesa e eu vou acompanhar isso de perto.
– Você sabe que não foi. – ele me encara.
– Eu não... – tento falar e ele sorri, desviando o olhar.
– Aguentava mais aquele animal. – Antônio completa. – E eu também não. Nosso pai jamais seria preso com a influência que ele tinha, as pessoas nunca iriam realmente lutar por nós ou pelas nossas mães e a gente nunca alcançaria a paz. Não importa se o resto do país me julga e fala coisas absurdas sobre mim, eu estou em paz, porque sou eu que estou desse lado da situação e não você. É muito melhor que eu e tem um futuro muito mais brilhante do que eu teria, Alex. Me desculpa se pra você parecer injusto ouvir isso, já que nunca me pediu nada disso, mas eu fiz por diversos fatores e um deles foi livrar sua mãe e você daquele demônio. Me desculpa.
– Obrigado, irmão. E sou eu que te devo um pedido de desculpas, então me desculpe. – é o que eu digo, olhando Antônio nos olhos, convicto. Claramente pra mim ele ficou surpreso ao perceber que eu tinha tido uma reação totalmente diferente da que ele esperava, mas eu não podia ser cruel o suficiente de mentir pra ele, demonstrando ter raiva pela sua atitude, quando na verdade estava bem agradecido. – Eu nunca me importei muito com a vida do meu pai ou com quais segredos ele guardava do mundo, porque pra mim isso só me traria problemas, mas eu deveria ter feito. Sou o mais velho, deveria ter me movimentado como você fez.
– Não. Eu entendo totalmente o motivo de você não ter se aproximado e eu só fiz por causa do meu pai. Quando descobri que o Rômulo talvez estivesse envolvido, eu já sabia onde isso tudo iria parar caso fosse real, mas nunca desisti, porque precisava de vingança. É como eu disse: é muito bom saber que você pode viver bem, sem precisar se preocupar com mais nada. – ele termina e eu confirmo com a cabeça, estendendo minha mão pra ele por cima da mesa e Antônio pega nela, me olhando nos olhos.
– Fico com raiva apenas que tenha se sujado por causa dele. Você não merecia isso, mesmo tendo me tratado como um verme quando me conheceu. – sorrimos. – Ninguém merecia perder uma parte da própria vida por causa daquele lixo.
– Mais do que minha vida, agora, perdi o peso que tinha nas costas. Quando eu sair daqui vou poder reconstruir minha vida sem ter um fardo imundo na consciência de não ter vingado meu pai. Tomei essa decisão totalmente consciente do que viria depois disso, então não fica se culpando, tudo bem? Podemos pelo menos lutar pra ser um time de dois irmãos agora que sabemos a verdade sobre tudo? – confirmo com a cabeça. – Me perdoa por ter feito a sua vida ser tão miserável.
– É claro, irmão. – respondo e ele sorri pra mim.
Antônio definitivamente parecia estar em paz. Fora a preocupação com as pessoas que o conheciam e estavam longe, ele não demonstrava apreensão sobre nada relacionado ao seu processo – quando foi julgado, Antônio estava prestes a completar seus 18 anos. Sua mãe sempre estava no centro de detenção, visitando-o e avaliando como ele estava. Mais do que isso, acompanhávamos de fora os relatórios da internação prévia dele, para ter certeza que tudo estava correndo de forma justa.
O advogado da nossa família o acompanhava na justiça e enquanto estava detido Antônio abriu mão da herança – e o pedido foi assinado e autorizado por sua mãe –, o que fez com que eu fosse o único a receber tudo que meu pai tinha em vida. Esse ato dele fez com que um burburinho forte começasse, principalmente por eu ter vendido todas as ações da empresa – afinal não queria fazer parte daquilo – e ter separado uma parte para toda a defesa do meu irmão – além de pagar caro para que suas condições enquanto detido fossem boas.
Por incrível que pareça me aproximei muito dele, enquanto ele esteve detido. Conversamos sobre muita coisa, nos vimos praticamente toda semana e discutíamos sobre nossas vidas com muita recorrência – depois de contarmos sobre nossas experiências de vida, comigo tendo crescido com nosso pai e ele sem ele. Ele realmente passou a se tornar um homem muito mais leve, como se não carregasse peso nas costas enquanto estava ali – o que era curioso se levasse em consideração o ato infracional que ele cometeu.
Por causa das circunstâncias do processo levantado na representação, Antônio foi condenado. Ele ficou 3 anos internado e depois disso precisava passar por mais 2 anos com liberdade assistida e eu acompanhei todo esse processo de perto, junto com sua mãe – e o resto do país.
Como consequência dessa aproximação, nossas mães também acabaram se tornando amigas. As duas sempre estavam uma na casa da outra, debatendo sobre como seria o dia que ele iria sair do período de detenção. Para que não tivesse problemas com os relatórios sobre seu comportamento, foi recomendado que Antônio demonstrasse que aquele episódio com nosso pai foi apenas algo isolado – e conseguimos mostrar que ele não era uma ameaça para a sociedade de forma geral.
No entanto, especulações sobre os comportamentos dele em época de escola começaram a tomar conta de matérias e isso foi nos deixando apreensivos conforme a data de liberação dele se aproximava. Eu sabia que esse novo recomeço dele seria difícil de levar, mas sabendo por completo as coisas que ele viu e viveu, eu não estava muito disposto a permitir que ele se perdesse entre as especulações de outras pessoas. Meu irmão definitivamente não estava certo de ter feito o que fez, mas entendia o seu desespero em olhar para a pior pessoa que ele conhecia e saber que essa pessoa provavelmente nunca seria devidamente julgada e condenada pelos seus crimes. Não concordava, mas não era como se eu estivesse em posição de julgá-lo.
No meio tempo em que ele ficou detido, surgiram então, muitas denúncias sobre outros comportamentos deploráveis do meu pai que nunca tinham sido debatidos enquanto ele estava vivo. Entre esses comportamentos estão assédio moral e sexual em relação a suas funcionárias e filhas de funcionárias, abuso de poder e ameaça.
Por mais que a sociedade de forma geral não soubesse as reais e detalhadas motivações de Antônio além da aparente culpa de nosso pai no assassinato de Andrey, relatos sobre o jeito que Rômulo se comportava começaram a pipocar, tirando, então, a imagem de monstro de cima do meu irmão – já que no começo, pra muitos, o que ele fez tinha sido apenas mais um caso de atrocidade do filho contra seu próprio pai.
– Tá ansioso? – pergunto pra ele, que me observa por alguns segundos e logo abaixa a cabeça, passando uma mão na outra.
– Não sei o que esperar. Quase 3 anos longe de todas as outras pessoas que eu conhecia, não faço ideia de como devo me comportar. – ele responde, apreensivo.
– Você tinha me dito que queria fazer esportes e estudar, sua mãe já se certificou de fazer sua matrícula em algumas atividades e eu trouxe a relação delas pra você. – entrego um papel pra ele, que pega e começa a ler. – Quer que a gente corra atrás de mais alguma coisa? Sua matrícula na faculdade vai ser feita quando sair, mas caso queria mais algum curso, podemos te inscrever enquanto espera a liberação.
– Inglês. – ele pede. – De resto, tá ótimo, obrigado por todo o esforço.
– Tudo bem. E já escolheu qual curso vai fazer na faculdade? – pergunto e ele dá de ombros.
– Direito. – responde e eu fico relativamente surpreso. – Meu advogado foi excelente, acho que posso ajudar muitas pessoas me tornando um também.
– Isso é ótimo. – é tudo o que digo.
– E você, como está no seu time? Eles ainda falam muito sobre você ser meu irmão? – ele pergunta e eu nego com a cabeça.
– Não. É como eu te falei na última vez que vim... depois que começaram a expor os comportamentos criminosos e abusivos do nosso pai as pessoas pararam de te creditar como uma pessoa demoníaca e passaram a se perguntar o motivo pelo qual você explodiu. – explico e ele sorri, encostando as costas no encosto da cadeira.
– Isso é bom, pelo menos não vou precisar correr atrás de redenção social. Eu meio que não me preocupava com isso, porque eu sei quem sou e sei meus motivos de ter feito o que fiz... mas minha mãe é diferente. – ele respira fundo. – E aquela pessoa, sabe como ele está?
– Te esperando. – digo e os olhos de Antônio parecem brilhar. – No começo, como eu te falei, ele não queria muito acreditar no que você tinha feito, ficou se sentindo traído pela sua decisão, mas agora todos crescemos um pouco mais, né?
– Hoje até eu me sinto um pouco traído pelo Antônio adolescente, por não ter tido coragem de ser feliz, mas ter tido coragem de fazer o que fiz. Muitas decisões erradas foram tomadas, acho... – ele pensa um pouco. – Você vai vir me buscar?
– Não, ele que pediu pra vir. Disse que quer te apresentar o apartamento dele. – explico e Antônio sorri. – Acho que ele quer te dar uns tapas também. – ele começa a rir.
Quando saí do centro de detenção fui em casa tomar um banho e ficar tranquilo. Não demorou muito tempo, no entanto, para que Arthur chegasse. Ele estava com algumas sacolas de compras e aparentemente tinha acabado de chegar da faculdade.
Durante o tempo que Antônio esteve detido nos formamos na escola, eu fui chamado para entrar para um time profissional de futebol e Arthur entrou pra faculdade. Mesmo que eu não comente muito hoje, meus dois seguranças ainda conhecem meus horários e me acompanham para todos os lugares que vou – porque principalmente agora estou ainda mais vulnerável para sequestros e ataques vindos de outras pessoas, afinal deixei de ser herdeiro para ser oficialmente o dono de uma herança bilionária.
Além de nós, João também seguiu a sua vida – com dificuldade, porque ele sofria muito pela falta de Antônio e era exatamente por isso que ele queria buscá-lo. Sem dúvida ele foi a pessoa que mais quis ir vê-lo, mas acatou ao pedido do meu irmão de não se envolver nisso, já que todo o processo já tinha sido resolvido, sem precisar envolver mais pessoas na investigação. Para a polícia Antônio foi totalmente sincero em tudo o que disse.
No final das contas isso foi bom, porque o caso de Antônio foi acompanhado pelo país inteiro e ter mais nomes envolvidos nisso só traria problemas para todos, além de não ajudar em absolutamente nada. Era como se apenas enchessem linguiça.
Agora Arthur fazia faculdade de Arquitetura e Júlia, assim como eu, jogava futebol profissionalmente. Éramos adultos que esperavam ansiosamente para o fim de todo aquele pesadelo – mesmo ainda relativamente traumatizados pelo o que tinha acontecido.
– Faltam alguns dias pra ele sair. O que vão fazer? – Arthur me pergunta, colocando as sacolas no balcão e eu sorrio.
– Não sei. Acho que a primeira coisa que vou fazer é deixar que ele e João conversem. Ele estava ansioso por isso e foi muito difícil segurá-lo durante esse tempo, você sabe. – respondo e ele concorda com a cabeça, se sentando no sofá comigo.
– Acho que depois do João quem vai precisar conversar com ele sou eu.
– É. Você precisa mostrar pra ele que está tudo certo, que não tem ressentimentos. Acho que pro Antônio a pior parte desses anos foi justamente ficar se massacrando por ter feito pessoas que o amavam sofrer. Ele olha pra si mesmo e vejo o julgamento, sabe? – pergunto e Arthur confirma com a cabeça, se aconchegando em mim.
– Júlia falou algo sobre a liberação dele?
– Não. Você sabe que ela não vai também. Acho que é como ela disse anos atrás: ela não se fere pelo o que ele fez com ela, mas não quer dizer que o queria próximo. E ela está certa. Ele pode ter pedido perdão e tudo mais, mas ela tem total direito de não querê-lo em seu ciclo de vida. – explico e ele suspira.
– Você vai no jogo dela comigo? – eu observo Arthur, dando beijinhos pelo seu rosto.
– Claro. – ele sorri. – Mas antes disso preciso ir em um lugar. – preparo para me levantar e ele concorda com a cabeça.
Fui tomar meu banho e me vestir para ir ao cemitério. Hoje era o dia em que meu pai tinha sido assassinado e eu tinha como ritual ir naquele lugar todos os anos. Não era como se eu fizesse isso por respeito ou melancolia, mas precisava ter certeza absoluta que não estava sonhando – e que um dia aleatório ele me acordaria com mais uma surra surpresa.
Mesmo que depois de todo esse tempo eu estivesse esperando superar as agressões sofridas, não era como se magicamente isso fosse acontecer, então até lá eu ficava indo periodicamente verificar se tudo estava certo.
– É verdade. – ouço a voz da minha mãe e a observo por alguns segundos, olhando para o túmulo em seguida.
– Ainda bem. – falo. – Tenho medo dessa nova fase do Antônio, sabe? – ela me observa. – Medo que as pessoas sejam cruéis com ele, pela escolha errada que fez. No começo, eu achei que ele fosse um doente e que esse assassinato tivesse sido culpa disso, entende? Hoje, depois de tanto tempo convivendo com ele eu entendi que na verdade meu pai se encheu tanto de si, que acreditou que ninguém jamais o tocaria. Ele só não esperava que o próprio filho não iria suportar isso.
– Mais do que isso... – observo ela. – Essa mania do seu pai de acreditar que poderia pisar em toda e qualquer pessoa, apenas por ter feito isso contigo sua vida inteira sem que você reagisse, fez com que ele cavasse toda essa situação.
– De qualquer forma, acho que ainda me sinto aliviado pelo o que aconteceu. Claramente não queria que ele tivesse sido assassinado ou que o Antônio tivesse feito isso, mas não posso negar que me sinto aliviado de saber que nunca mais o verei. – olho pra minha mãe. – Sou uma pessoa ruim por isso?
– Se for, eu também sou. – ela responde, respirando fundo e ficamos ali, em silêncio. – E como estão as negociações sobre as ações?
– Continuam correndo. Muitas pessoas já demonstram interesse, vendi uma larga parte, mas ainda tem uma outra parcela que precisa ser analisada. – respondo. – Pelo menos não tive nem sequer chance de me tornar presidente daquilo.
– É bom. E a casa?
– Vendida. – respondo e ela me observa. – Coloquei no mercado imobiliário por metade do preço e ela acabou sendo valorizada por causa da localização, o que fez com que o preço subisse, mesmo que eu não quisesse exatamente isso.
– E ela vai ser demolida?
– Sim. Vão construir um prédio no lugar. Sinceramente me senti aliviado por isso também. Fui a pessoa que entrou naquele inferno depois de tudo o que aconteceu e essa cena nunca vai sair da minha cabeça. Saber que não tem chance de eu sequer ver a faixada daquele lugar lava minha alma. – comento e ela sorri, concordando com a cabeça. – E você, vai viajar hoje?
– Vou, tenho uma viagem marcada com algumas amigas. Torça por mim. – ela abre os braços e eu abraço minha mãe. – Obrigada por ser esse rapaz responsável, Alex. Obrigada por tomar conta de tudo, por simplesmente ter se tornado um homem com caráter, educação e jeito de um verdadeiro príncipe. Se precisar da mamãe é só me dizer. – se afasta, passando a mão no meu rosto.
– Te mando o convite de casamento meu com o Arthur quando eu fizer o pedido e ele aceitar. – digo e ela sorri.
– Estarei aguardando. – é tudo o que ela fala, se afastando de mim em seguida. Antes de ir embora ela ainda acena, se despedindo e eu faço o mesmo, vendo-a ir embora.
Arthur iria se formar daqui 2 anos e eu estava arquitetando para fazer o pedido de casamento a ele pelo menos até o fim desse. Embora ele ficasse bastante na minha casa, ainda não morava comigo, porque seus pais já tinham deixado claro que ele só sairia da casa deles depois de se casar – e eu concordava com isso, porque não queria que nossa relação fosse toda bagunçada.
Eu só não tinha pedido ele em casamento ainda, por causa da faculdade que ele queria terminar antes de pensar em formar uma família e por eu, nesses últimos anos, estar em estágio de contrato inicial com meu time – o que me fazia viajar até demais, sem ter uma estabilidade de moradia no momento.
Naquela noite, no entanto, quando cheguei em casa depois de ter ido no cemitério, ele tinha arrumado todo o meu apartamento e dormia no meu sofá, claramente cansado. Arthur sabia mais do que ninguém que quando eu ficava muito cansado psicologicamente não conseguia nem mesmo arrumar meu apartamento – eu demonstrava não estar bem por isso – e provavelmente arrumou tudo em uma tentativa desesperada de fazer com que eu ficasse melhor.
O que eu fiz, então, foi deixar os sapatos que tinha usado para ir ao cemitério na porta, tomei um banho, troquei de roupa e comecei a fazer o jantar pra ele. Antes que eu terminasse Arthur acordou com o cheiro da comida – provavelmente estava faminto depois de tanto esforço físico – e veio até a cozinha, me abraçando por trás.
– Obrigado por isso. – falo. – Não estava aceitando a visita de nenhuma funcionária para arrumar esse apartamento. Vinha me sentindo um tanto quanto fracassado, então não queria que ninguém visse a situação deplorável que esse lugar estava.
– É normal se sentir cansado psicologicamente depois de tudo que passou, Alex. Não pode, no entanto, ficar assim calado e sozinho. Sei que tive uma semana afastado de você por causa das provas na faculdade, mas preciso que compartilhe comigo quando se sentir daquela forma. – ele pede.
– Obrigado por tudo. – falo e ele me solta, puxando meu braço e fazendo com que eu me vire pra ele, me beijando em seguida.
– Não está sozinho para precisar levar tudo nas costas, amor. Se diz tanto que atualmente tem mais paz do que tinha quando seu pai estava vivo, precisa parar de se tratar como um animal e aceitar essa paz. Não é uma pessoa ruim por apoiar seu irmão e não sentir saudade daquele que fez tanto mal a você, me entendeu? – ele diz e eu confirmo com a cabeça, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. – Tem que parar de se condenar, a gente já conversou sobre isso. Não está vivendo um sonho e não é ruim por sentir que isso é apenas uma fantasia da sua cabeça, envolvendo seu maior desejo. Eu te amo. Mesmo dentro de todo esse furação que a nossa vida se tornou, eu te amo e nunca deixarei de amar. – ele me beija mais uma vez e me abraça em seguida.
– Eu também te amo.
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