ANY GABRIELLY
Quarta-feira

Fui me virar na cama e me assustei ao sentir um braço em volta de mim.

Abri meus olhos com dificuldade e notei Josh agarrado na minha cintura, lá fora já estava de dia e eu levei a mão no rosto.

Às vezes eu acho que deveria ensinar uma coisa para o Josh chamada "tempo" e "respeito". Não é possível que depois de ontem ele ainda tenha a cara de pau de vir dormir comigo.

— Joshua! — digo tentando tirar seu braço da minha barriga.

— Não. — ele me puxou para mais perto e colocou sua perna em cima da minha.

— Joshua me solta! — digo brava e ele afunda a cabeça no meu pescoço.

— Não, você está brava comigo. — revirei os olhos.

— Você tem mesmo 25 anos? — resmungo tentando sair dali. — Joshua por favor, não dificulta as coisas.

— Eu já pedi desculpas. — ele levantou o rosto me olhando.

— Quando que eu não lembro? — encarei ele.

— Você estava dormindo ainda. — revirei os olhos e tentei sair. — Gabrielly. — Josh me puxou me deixando em posição de conchinha. — Me desculpa, mas passei os últimos dias com você e acumulou muita coisa, sei que não devo descontar em você, mas isso ainda é novo pra mim, por favor… — fechei os olhos.

— Tá bom Joshua. — digo seca. — Será que pode me soltar agora? — ele murmurou um "não". — O que você quer afinal?

— Dormir mais cinco minutos. — me deu um beijo no pescoço e voltou a se aconchegar ali.

— Eu mereço. — digo voltando a fechar os olhos.

…

Não sei quanto tempo se passou, mas acordei sentindo um leve carinho no meu braço. Levantei minha cabeça de leve e só vi Josh mexendo em seu celular.

— Bom dia. — disse me olhando.

— Dia. — digo me sentando na cama.

— Ainda está brava? — fiz um coque no cabelo.

— Joshua só respeita um pouco, ok? — digo olhando ele. — Uma hora passa. — assentiu lentamente.

— Não queria te comprar nem nada, mas eu realmente estava com tanta coisa na cabeça que esqueci de te dar isso. — me entregou uma sacola.

Reconheci ser a mesma do dia do shopping e mantive minha cara séria. Queria pular pelo quarto, abraçar ele e beijar agradecendo, mas não posso mostrar que sou comprada com presentes.

— Obrigada. — digo abrindo a sacola e revelando o iPhone. Meu Deus eu quero gritar.

— Fica como recordação. — olhei ele.

— Você já me deu o colar, não precisava. — ele sorriu se levantando.

— Não foi nada. — piscou se levantando e seguiu até a porta deixando o quarto.

Assim que a porta se fechou me levantei na cama e comecei a pular descontroladamente.

Meu Deus, como eu estou feliz!

A porta voltou a se abrir e eu me joguei de uma vez na cama ficando séria.

— Ah. — Josh apareceu novamente. — Os meninos vão assistir um filme hoje, saíram pra comprar algumas coisas. — assenti. — Quer alguma coisa? — neguei. — Ok. — fechou a porta novamente e eu me joguei na cama sorrindo.

Ganhei um celular, um celular!

Joguei as cobertas para o lado e fui tomar um banho até mais animada.

…

Assim que terminei coloquei uma roupa e deixei o quarto mexendo no celular.

Josh estava tomando café e eu me sentei ao seu lado. Já que o bonito estava no celular, aproveitei para instalar o que precisava.

— Meu antigo celular está aqui ainda? — pergunto e ele confirma.

— No meu escritório. — assenti.

Terminei meu café e depois ajudei ele a tirar as coisas.

Subi correndo até o seu escritório e me assustei quando vi Joe lá dentro.

— Que susto homem. — digo com a mão no peito.

— Senhor Beauchamp sabe que está aqui? — perguntou com seu tom de voz sério.

— Sabe sim senhor, ele deve estar subindo, só vim pegar algo. — ele confirmou e eu segui até a prateleira de livros.

Olhei eles e tentei alcançar o mesmo que Josh havia puxado.

— Joe você pode puxar pra mim? Não alcanço. — escutei sua risada e ele se aproximou.

— Licença. — dei um passo para o lado.

A passagem foi aberta e eu entrei indo até minha bolsa.

Peguei meu antigo celular e sai vendo ele fechar novamente.

— Obrigada. — sorri e me sentei na cadeira de Josh.

Tirei meu chip e conectei o cabo ali para ligar.

...

Fiquei tão entretida restaurando minhas coisas que nem me dei conta que Josh estava do meu lado.

— Que susto. — digo vendo ele me olhar. — Estou saindo já. — me levantei e ele se sentou.

Me inclinei um pouco só para terminar de passar as fotos e Josh mexia focado em seu computador.

Mandei uma mensagem para Pepe perguntando como estavam as coisas por lá, já que o mesmo havia se mudado e eu não via mais a minha amiga.

— Any você pode... — Josh não terminou de falar, apenas me puxou pela cintura e me fez ficar em seu colo. — Está me irritando você aí. — dei risada e voltei a ler as mensagens.

Pepe me disse que Sabina estava bem, só não faz ligação porque o local que estão agora é ruim de sinal, mas ele me disse que amanhã mesmo já resolve as coisas.

Agradeci ele e só esperei as fotos serem enviadas.

Olhei para a tela do computador e vi alguns pontinhos piscando.

— O que é isso? — apontei e Josh olhou.

— Os meninos. — abri a boca.

— Eles tem um localizador? — pergunto incrédula.

— Todos têm. — ele abriu uma nova tela.

Haviam vários e vários pontos piscando e eu olhei cada um.

— Rússia? — apontei no mapa.

— Sim, o nome dela é Sofya, o rosto dela parece de um anjo, mas provoca para ver. — ri.

— Isso me lembra alguém. — senti ele pressionar minha cintura e dei risada. — E como funciona? É um chip como nos filmes? — olhei ele.

— É um micro dispositivo. — ele abriu uma gaveta e tirou de lá uma pequena maleta.

Eu estava de lado e ele colocou sobre o meu colo. Ao destravar vi várias coisas extremamente pequenas.

— É colocado em qualquer lugar? — pergunto vendo ele pegar um.

— Colocamos no dente, se apitar em um detector de metal ele reconhece como placa de dente, aquelas de dentista. — assenti lentamente.

— E não incomoda? — coloquei minha mão na sua boca e fiz ele abrir.

Era realmente minúsculo e quase não dava para ver. Josh deu risada e eu retirei minha mão.

— Quer testar? — mordi o lábio inferior. — Não dói quando coloca.

— Isso é um plano para quando eu for embora você ficar me vigiando? — cruzei os braços.

— Droga, me descobriu. — dei risada batendo em seu braço. — Se eu quiser te vigiar não preciso disso. — piscou.

— Medo de você. — ele riu. — Vai. — abri minha boca.

Josh pegou uma espécie de pinça e uma pequena lanterna.

Eu odeio a experiência de ir em um dentista, então fiquei agoniada com ele mexendo ali, porém aguentei firme.

Ouvi um pequeno estalo e Josh retirou sua mão.

Fechei minha boca e fingi mastigar algo para ver se sentia.

— Incomoda? — neguei. — Olha. — ele apontou para a tela do computador.

Virei meu rosto e apareceu uma nova detecção. Josh abriu uma pequena tela e apareceu uma barra de digitação.

— Coloca seu nome. — digitei meu nome.

Josh confirmou e eu vi uma nova tela, dessa vez em sua sala havia três pontinhos. Dei risada pois o meu estava bem em cima dele.

— Agora tenho sua localização. — disse me fazendo rir.

— E se eu quiser tirar? — pergunto olhando ele.

— Use uma pinça, mas vai doer. — abri a boca. — Eu deveria ter avisado antes, não é?

— Caralho Josh. — digo irritada e ele fecha a mala. — Vou viver com isso pra sempre, ou pelo menos até eu ir ao dentista e ele aplicar uma anestesia em mim.

— Ah, e o que a bonita vai falar? — perguntou me olhando.

— Que fui sequestrada e implantaram um chip em mim. — Josh ficou sério. — Eu estou brincando chato. — segurei seu rosto dando um selinho nele.

Peguei minhas coisas e arrumei minha pequena bagunça.

— Melhor eu ir, não quero te atrapalhar. — senti Josh me pegar pela cintura e me colocar de volta em seu colo.

— Você vai ficar jogando isso na minha cara? — assenti rindo e ele levou sua mão na minha nuca me puxando para um beijo calmo.

Eu definitivamente não consigo resistir a ele...

— Sua sorte é ser gostoso. — digo ele ri. — Agora é sério, vou te deixar em paz. — dei um último selinho nele e sai do escritório.