Capitulo 3

ANY GABRIELLY

Esse cara prendeu minha atenção toda, eu simplesmente esqueci que não estava sentindo minhas mãos enquanto admirava seus lindos olhos. Que merda em, não tinha um assassino mais feio não?

— Não está sentindo suas mãos? — disse com seu belo tom seco e eu neguei. — Desde quando?

— Desde que acordei. — torci o lábio. — Digamos que eu tenha jogado a cabeça para trás e meu peso tenha sido forte demais. — ele me olhou esperando uma continuação. — Bem, eu caí de costas. — ele alisou seu queixo e se notava que estava irritado.

Sua mão entrou no bolso da calça e ele tirou um pequeno cartão. Encarei aquilo e me assustei quando virou um pequeno estilete.

— Não vai me matar, vai? — pergunto vendo ele ir para trás de mim.

— Vontade não me falta. — sua voz saiu próximo do meu ouvido e eu mordi o lábio inferior. Senti apenas uma mão sua trocar meu braço e logo um alívio maior veio.

Vi o loiro voltar para a minha frente e se agachar ali. Esse seria o momento ideal para eu chutar ele sair correndo, mas já assisti tanto filme que é capaz de ter segurança até no teto dessa casa. — Se é que estamos em uma casa.

Minhas pernas foram soltas e o loiro pegou o celular parecendo ligar para alguém.

— Urrea, desça aqui agora! — disse grosso e logo guardou o celular. — Me dê sua mão. — ele nem esperou eu dizer nada, apenas pegou ela.

Eu não sabia se chorava por não sentir minhas mãos, ou de não sentir o toque dele....

— Não vou perder minhas mãos, né? — pergunto ao notar elas roxas e vejo o loiro franzir o cenho.

— Sente isso? — perguntou tocando e eu neguei. — E isso? — vi ele mexer nos meus dedos, mas continuei sem sentir nada. — É, você perdeu a mão. — arregalei os olhos e escutei alguém entrar no local.

— O que foi? — vejo o moreno aparecer na minha frente e logo seu olhar para na minha mão. — Ai meu Deus. — se agachou ali pegando minha mão direita.

— De seus pulos Urrea. — o loiro se levantou e saiu do meu campo de visão. Escutei aquela porta bater e voltei a olhar o moreno na minha frente.

— Ele é o chefe de vocês? — pergunto vendo ele mexer no celular.

— É sim. — assenti e ele levou o celular no ouvido. Eu suspeitei, mas é sempre bom confirmar. — Oi, Jojo pode vir aqui? — ouvi ele falar no celular. — Não, sem baleados. — me olhou. — Tem uma pessoa que passou muito tempo com as mãos presas e elas ficaram roxas. — seu braço estava apoiado na minha coxa e ele ainda segurava minha mão. — Obrigado. — disse abaixando o celular.

— Me diz que não vou perder minhas mãos. — digo com voz de choro e ele ri negando.

— Eu espero que não. — assenti. — Ele te ameaçou muito? — perguntou se referindo ao loiro e eu neguei.

— Só queria saber o que vai acontecer comigo. — suspirei.

— Ser serve de consolo, não vai morrer. — revirei os olhos. — Não podemos deixar você sair, já sabe demais.

— E o que vão querer? Que eu prove que sou uma pessoa de confiança? — ele ficou pensando.

— No caso você teria que ganhar a confiança do chefe, e isso é algo que talvez nunca aconteça. — joguei a cabeça para trás. — Está com fome?

— Não faço a mínima ideia de quanto tempo fiquei apagada, mas sim, estou com fome, com sede, com vontade de ir ao banheiro...

— Já atendi. — me cortou rindo. — Só deixa uma pessoa ver sua mão antes. — assenti.

Como eu consigo me meter em uma furada dessa? Por que eu não deixei o lixo para o José levar meu Deus?

— Escuta. — chamei sua atenção ao me lembrar de algo. — Minha família? — vi ele mexer nos meus dedos.

— O que tem? — perguntou sem me olhar.

— Vai acontecer alguma coisa com eles? — ele parou o que estava fazendo e me olhou.

— Any, você deu azar, quanto mais cedo aceitar isso, mais fácil será. — suspirei.

— Não foi isso que perguntei. — ele voltou a olhar minha mão.

— Apenas se comporte e nada vai acontecer com ninguém. — assenti.

— Você estava lá sábado? — assentiu. — Estamos em uma casa? — assentiu. — São uma máfia? — ele me olhou, mas não respondeu. — Se vou ficar aqui pra sempre não tem motivos para esconder algo de mim.

— Já disse, pra sempre é muito tempo. — mordi o lábio inferior. — Me tira uma dúvida, você fala seu idioma fluentemente?

— Que pergunta é essa? — digo dando risada. — Fala do idioma do Brasil? — ele assentiu. — Nasci e fui alfabetizada lá, aos 12 anos vim morar aqui porque minha mãe conseguiu uma proposta boa de emprego.

— Então isso é um sim? — assenti. — Hm. — resmungou desviando o olhar.

O tal Urrea voltou a massagear minha mão e minutos depois escutamos a porta abrir novamente. Os passos se aproximaram e eu logo tive a visão de uma garota loira dos olhos azuis. Que isso? Parece até irmã do loirinho.

— Oi Jojo. — ele se levantou cumprimentando ela.

— Ela é? — perguntou se dirigindo a mim.

— Any. — digo com um sorriso. — Estenderia minha mão, mas infelizmente não estou sentindo ela. — vi um pequeno sorriso em seu rosto e já me senti mais aliviada. Pelo menos ela não parece tão má.

— Não sei se foi pela queda ou porque estava muito presa. — disse o moreno.

A loira se agachou na minha frente e abriu uma pequena caixa que estava em suas mãos.

— Quando comeu Any? — olhei rapidamente o moreno e depois olhei para ela.

— Às 19h. — ela assentiu. — De sábado. — ela arregalou os olhos.

— Como assim você está a mais de um dia sem comer? — disse preocupada e eu apenas encolhi os ombros. — Noah, vai agora buscar alguma coisa pra ela comer. — pelo menos descobri o nome dele.

— Sim senhora. — disse saindo rapidamente.

— Vou encostar e você me diz quando sentir, ok? — assenti.

Ela foi tocando minha mão e seus dedos subiam lentamente. Quando estava um pouco acima do pulso eu senti.

— Ai. — digo e ela para.

— Seu sangue parou de circular. — disse abrindo um pacote.

— Isso é ruim? — pergunto e vejo ela pegar uma agulha. Não!

— Não. — disse simples.

— Você não vai enfiar isso em mim, vai? — pergunto olhando a agulha.

— Vou. — sorriu. — Não gosta? — neguei.

— Na verdade odeio. — ela riu. — Posso viver sem minhas mãos. — sua risada aumentou e ela jogou a cabeça para trás.

— Pare de ser dramática, é só uma picadinha. — voltou a me olhar e eu neguei. — Uma pena que você não consegue mexer suas mãos, não é? — disse sorrindo.

Vi ela passar um pano com álcool na minha mão e depois puxar um líquido para a agulha. Aquele negócio entrou na minha pele e eu dei graças a Deus por não estar sentindo minha mão.

— O que você faz aqui? — perguntou guardando as coisas.

— Vi eles matando uma pessoa. — ela soltou o ar pelo nariz rindo. — Burro foram eles de querer matar alguém ali. — digo debochada.

— Não dá para contar com a sorte, mas deve ter tido um motivo. — me olhou. — Já conversou com o chefe?

— O loiro? — assentiu. — A gente trocou umas palavras. — rimos. — São irmãos?

— Deus me livre. — disse rapidamente rindo em seguida. — Apenas trabalho para ele, nada mais. — assenti e escutei a porta abrir de novo.

— Jojo! — escutei uma voz, mas essa era diferente.

— Era só o que me faltava. — disse ela revirando os olhos.

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