ANY GABRIELLY
Domingo

Acordo soltando um leve gemido após me espreguiçar. Tá para nascer uma sensação melhor do que essa logo de manhã.

Sorri me virando para o lado e me assustei ao ver Josh dormindo todo torto na cadeira. Me sentei na cama e acabei soltando um riso fraco abaixando minha cabeça. Não acredito que ele passou a noite aqui.

Joguei a coberta para o lado e fui até o closet em silêncio para pegar uma roupa.

Segui até o banheiro para fazer minhas higienes e troquei de roupa.

Sai do banheiro e segui até a porta do quarto para sair em silêncio. Tudo o que menos quero é conversar com ele agora sobre ontem.

Desci as escadas correndo e me virei indo para a cozinha.

— Bom dia. — digo ao ver Noah e vou em direção a geladeira.

— Gabrielly, só faltou matar alguém do coração ontem. — soltei uma risada pegando um suco de laranja.

— Foi mal Noah, a princípio só ia dar uma volta, mas vi o ônibus e quando me dei conta estava em casa. — assentiu. — E não se preocupe, não falei com ninguém e nem toquei em celular.

— Acredito em você. — sorriu. — Inclusive, foi muito prazeroso jogar na cara do Josh que ele estava errado. — peguei um pedaço de bolo e soltei uma risada.

— Ele me xingou muito? — me sentei mordendo o bolo e ele negou.

— Te ameaçou de morte como de costume. — mastiguei lentamente. — E também disse que a culpa foi dele por ter se deixado levar. — desviei o olhar.

— Hm. — resmungo de boca cheia.

A confiança de Josh é algo que estava longe dos meus planos, mas eu já deixei claro que não quero ver minha família sofrer e não vou fazer nada. Botar a culpa em um sentimento é muita covardia.Não seria capaz de quebrar a confiança que ele nem tinha em mim, agi por impulso mas não me arrependo, inclusive só de saber que ele quebrou a cara já foi ótimo.

Sendo bem sincera, não estou com cabeça para conversar com ele agora, se ele agir com grosseria é capaz de eu explodir e realmente falar o que não devo.

— Bom dia. — me assusto quando vejo Pepe e levo a mão no peito.

— Caralho Pepe. — digo e ele ri. Fui dar um gole no meu suco, mas me lembrei de algo e me levantei parando na sua frente. — Sabina?

— Oi Any, que bom saber que está bem, eu estou bem também. — debochou me fazendo revirar os olhos. — Estou indo até ela agora, o pai dela passou a noite preso para evitar deslize.

— Por favor, não assuste muito ela. — digo e ele faz um leve carinho em minha bochecha com o polegar.

— A menina não tem culpa do pai que tem. — mordi o lábio inferior. — Mas tem sorte de ter uma amiga como você. — sorri.

— Para que eu choro. — dou um tapa de leve em sua barriga.

— Noah! — escutei a voz de Josh em um grito e senti meu coração disparar.

Desesperada, dei a volta no balcão e me agachei ali para me esconder.

— Você viu a Any? — escutei sua voz mais próxima e Noah me olhou.

Neguei com a cabeça e disse um "não" mudo para ele não dizer que eu estava ali.

— Você não trocou de roupa? — disse Noah rindo tentando fugir do assunto.

— Noah, você viu a Any? — fechei os olhos após ele insistir.

— Vi. — abri os olhos encarando Noah. — Disse que ia dar uma volta lá fora. — soltei um leve suspiro aliviada.

— Antes de você fazer alguma coisa, vai tomar um banho. — disse Pepe e segundos depois escutei passos saindo da cozinha.

— Any, a gente vai ter que sair. — disse Noah e eu me levantei.

— Me leva junto. — agarrei seu braço e ele riu.

— Não posso Any, é trabalho. — suspirei frustrada. — E se o Josh brigar com você me avisa, procuro uma casa nova e a gente se muda.

— Você pode fazer isso? — pergunto e ele dá risada negando. — Idiota. — bati em seu braço.

— Pode ficar tranquila Any, ele não vai brigar com você. — disse Pepe eu apoiei meus braços no balcão. — Agora com licença, tenho que buscar a Sabina.

— Nada de trazer ela aqui, ok? — digo e ele ri.

— Não nasci ontem Gabrielly. — piscou e saiu dando risada.

— Noah, não tem um lugar secreto aqui? — pergunto olhando ele.

— Any para de ser doida. — dou risada encostando a cabeça no balcão. — Tenho que ir, daqui a pouco o Krys está aí. — assenti e ele me deu um beijo na cabeça. Fiquei surpresa com isso, mas acabei sorrindo.

Enfiei o resto daquele bolo na minha boca e dei um último gole no suco deixando a cozinha.

Queria ser uma mosquinha agora, tanto para ver as coisas com Sabina, quanto para fugir de Josh. Só espero que ela não sofra tanto... e que também não tente nenhuma loucura.

Resolvi explorar a casa e descobri alguns cômodos novos, como por exemplo um maravilhoso salão de jogos.

Meus olhos cresceram vendo aquilo e eu só me perguntei como nunca tinha visto isso antes.

Percorri o local inteiro com um sorriso no rosto. Eu passaria minha vida aqui facilmente.

Escutei um barulho vindo do outro lado e saí correndo dali.

Fechei a porta com cuidado para não fazer barulho e caminhei em direção ao hall.

Fiquei olhando para trás e assim que virei minha cabeça vi Josh parado com a mão na cintura e de costas para mim. No mesmo instante Krys apareceu e me olhou logo atrás.

— Krys, você viu a Any? — perguntou o loiro e eu dei um passo para trás.

— Ela está... — ele ia apontar para mim mas eu neguei. — Estava na área da piscina. — apontou por cima dos ombros e eu agradeci dando um fora dali.

Corri novamente chegando em uma nova área de lazer e levei uma mão na cintura. Gente, que casa enorme.

— Gabrielly? — caralho.

Sai correndo novamente e passei pelo corredor que dá na cozinha.

Eu pensei em subir as escadas correndo e apenas me trancar no quarto, mas tive que me esconder atrás da pilastra do hall porque o loiro apareceu ali.

Prendi minha respiração e fechei os olhos rezando para ele ir embora.

— Any não adianta se esconder, estou te vendo pela câmera. — abri os olhos e inclinei minha cabeça vendo a câmera bem em cima.

Suspirei abaixando a cabeça e mordi o lábio inferior ao me dar conta de que perdi essa batalha. Como eu esqueci essas merdas de câmeras?

Sai de trás da pilastra e Josh estava parado com um tablet em mãos.

— Sobe que eu quero falar com você. — ele apontou para a escada.

— Não acho necessário...

— Sobe Gabrielly! — ordenou-me interrompendo e eu travei meu maxilar.

— O senhor que manda. — passei ao seu lado e subi as escadas indo para o quarto.

Abri a porta e me sentei na cama encarando a tv. Segundos depois escutei a porta bater e Josh se aproximou.

— Por que está fugindo de mim? — fiquei quieta.

Não quero explodir, mas é isso que vai acontecer se ele continuar com esse tom arrogante.

— Por que saiu ontem sem avisar ninguém? — continuei calada. — Gabrielly eu estou falando com você! — gritou me fazendo fechar os olhos.

— Enquanto você não abaixar esse tom, não vou falar nada. — escutei somente seu suspiro e abri os olhos vendo ele entrar na minha frente.

— Só me responde. — suavizou sua voz.

— Você me apostou Josh. — digo olhando em seus olhos.

— Não teria feito aquilo se não tivesse certeza de que iria ganhar. — neguei desacreditada.

— Foda-se! Aquilo é humilhante, não sou um objeto. — minha voz saiu trêmula.

— O que você queria que eu fizesse? Fui obrigado. — tombei a cabeça para trás respirando fundo. — Sei que não é um objeto.

— Tem certeza? — encarei ele. — Porque a uns dias atrás você estava me beijando e ontem parecia bem à vontade conversando com aquela loira. — falei sem pensar e me levantei irritada.

— Isso é sério? — encarei a janela do quarto. — Any, nós...

— Não temos nada. — interrompi ele. — Não precisa me lembrar disso. — cruzei os braços olhando apenas as árvores lá fora. — Mas um pouco de consideração você poderia ter tido.

— Eu posso te explicar o que aconteceu pelo menos? — não respondi e escutei ele se aproximar. — Any... — seus braços me rodearam por trás e eu fechei os olhos. — Só me escuta.

— Fala. — digo séria.

— Brian é um dos vários caras que querem minha cabeça, mas ele, assim como todos, sabe que isso é impossível. — mordi o lábio inferior. — Sendo assim, ele prefere achar um ponto fraco meu, coisa que também não tenho.

— Todos tem um ponto fraco. — digo. — Não importa o quão frio você seja.

— Mas eu não tenho. — revirei os olhos. — Enfim, você notou como ele não tirava os olhos de você, inclusive você foi a primeira garota que sentou no meu colo. — segurei minha vontade de sorrir. — Todas que iam comigo era só para acompanhar, não queria contato nenhum com elas.

— Apostava elas também? — pergunto curiosa.

— Calma que estou chegando. — soltei uma risada fraca. — Geralmente as meninas ficam do meu lado, mas você eu fiz questão de manter na frente. — senti um embrulho bom no estômago. — Acho que Brian ficou de olho nisso a noite toda, eu não ter aceitado de primeira a aposta te colocou automaticamente na mira dele. — arregalei os olhos me virando para ele.

— Como é? — digo preocupada.

— Eu sabia que ia ganhar, mas por alguns segundos fiquei com receio. — me olhou nos olhos. — Aquela mulher trabalha para ele. A mando dele ela veio com segundas intenções, me negar a ficar com ela significa que me preocupo com você. — neguei.

— Ou seja, se ficou é porque não se importa. — passei ao seu lado, mas sua mão me segurou pelo braço.

— Você viu certo? — não respondi. — Porque em momento algum aconteceu nada. — revirei os olhos. — Eu não fiquei com ela. — ele me fez parar na sua frente novamente. — Mas cogitei. — abri a boca incrédula e soquei seu peito.

— Sai daqui! — apontei para a porta.

— Gabrielly só me escuta. — me segurou pela cintura. — Se o Brian chegar a conclusão de que mexer com você vai me atingir... — cruzei os braços vendo ele passar a mão no cabelo.

— Ele pode vir atrás de mim. — afirmo vendo ele me olhar.

E ainda diz que não tem ponto fraco. Conta outra Joshua.

Suspirei fechando os olhos e me soltei dele.

— Fiquei com tanta raiva que queria que você perdesse aquela merda de aposta. — me joguei irritada na cama.

— É, mas eu sou bom. — se aproximou subindo em cima de mim. — Não queria ter feito você passar por isso. — disse me olhando nos olhos e se aproximou me beijando.

Não quero fazer questão de entender esse lado errado, mas de alguma forma consigo ver verdade em seus olhos... o que deveria me preocupar.

Mas agora faz sentido o fato de Josh não querer me levar, era isso que podia acontecer...

Nosso beijo não durou nem 15 segundos, Josh se separou quando seu celular tocou e suspirou irritado.

— É o Pepe? — pergunto vendo ele pegar o celular.

— É. — tomei o celular de sua mão e me levantei da cama.

— Oi Pepe. — digo ansiosa.

— Any? — sussurrou e eu ri.

— Sim, conseguiu? — Josh se levantou e veio ao meu encontro.

— É então... ela está chorando muito. — suspirei sentindo meu peito apertar. — Está no quarto agora.

— E a mãe dela? — Josh me olhava confuso. Eu acho que os meninos não contaram isso ainda.

— Chorou também. — fechei os olhos rapidamente levando uma mão na testa. — Mas vou ver o que dá para fazer.

— Obrigada. — digo e estendo o celular para Josh.

— Fala Pepe. — me sentei na cama. — É melhor mesmo. — disse irritado e eu acabei rindo. — Me dá um minuto. — Josh clicou em algo no celular e se aproximou.

— O que... — ele não me deixou terminar, apenas tomou meus lábios em um beijo acelerado.

O beijo desse cara parece que melhora a cada hora...

A falta de ar se fez presente e ele se separou puxando meu lábio inferior.

— Agora pode falar. — disse ele voltando para o celular e eu ri tacando um travesseiro nele quando ia saindo do quarto.

Me deitei ali e encarei aquele teto me sentindo mais aliviada. Sabina está segura e acho que me resolvi com Josh...