Capitulo 14
ANY GABRIELLY
Nessas horas é que eu tenho certeza de que joguei trinta pedras na cruz. Não é possível que estou pagando todos os meus pecados em uma semana.
Achei que ele teria compromisso também, já que nenhum dos meninos está em casa.
— Não sabia que estava em casa. — digo olhando ele pelo reflexo.
Ele não disse nada, mas notei seus passos na minha direção e mordi o lábio inferior.
Meu único pensamento nesse momento é que estou sozinha em casa com esse cara...
— Você não almoçou, não jantou e está comendo morango com chocolate? — torci meu lábio encarando o pote na minha frente.
Eu imagino minha mãe falando isso, o que me dá vontade de rir...
— É... — procurei uma desculpa mas não consegui.
— Levanta e vai comer alguma coisa. — olhei para o lado e vi ele seguindo para a cozinha.
O loirinho resolveu se preocupar comigo agora?
Recolhi as coisas e segui até a cozinha.
Adentrei o local e vi ele sentado mexendo no celular. Como esse cara consegue?
Abri a geladeira e deixei guardado ao lado. Encarei aquelas coisas e levei uma mão na cintura pensando o que fazer.
O que a Gabrielly tem vontade de comer?
Fiquei batendo a unha do indicador na porta até ver ela se fechar contra a minha vontade.
— Quantas vezes vou ter que dizer que não é você quem paga a conta de luz? — contrai meus lábios para não rir.
— Estava pensando no que comer. — digo simples. — Não está com fome?
— O que você quer comer? — tanta coisa, meu querido.
— Não sei o que tem. — o loiro revirou os olhos e abriu o congelador. Vi ele tirar um saco com frango congelado e me entregar. — Hm. — encarei o saco. — Nada mal. — digo indo até a pia.
Já que o frango é empanado, resolvi fazer parmegiana.
— Pode me dar o queijo? — pergunto pegando uma panela.
Coloquei sobre o fogão e procurei o resto das coisas.
— Gosta de cozinhar loirinho? — pergunto quando ele me entrega o queijo.
— O que conversamos? — encarei ele deixando o queijo ao lado.
— Como que eu vou te chamar meu anjo? — digo irritada e me toquei do que acabei de falar. — Juro que foi no automático. — ele apenas negou lentamente.
— O que você quer? — olhei em volta.
— Que você prepare um molho. — digo e ele assentiu.
Por que isso foi tão fácil?
Fiquei fritando os filés de frango enquanto ele preparava o molho. Achei que ele ia fazer alguma pergunta, mas acabou que não, o que me fez deduzir que ele deve saber cozinhar.
...
Assim que terminei peguei uma travessa e joguei o molho por baixo. Coloquei os filés fritos e depois cobri com o molho novamente. Coloquei o queijo e finalizei com um pouco de orégano.
Coloquei no forno e ajustei a temperatura.
— Só esperar. — digo e começo a organizar as coisas.
— Me responde uma coisa. — olhei para ele que guardava algo na geladeira.
— Não. — digo fazendo pouco caso brincando.
— Não? — me escorei no balcão segurando o riso. — Você disse não?
— Você é tão engraçado. — digo rindo e ele segue me olhando sério. — Por que você tem que ser tão difícil? — cruzei os braços vendo ele arquear uma sobrancelha.
Sério? Como ele consegue ser assim o tempo todo?
— Ok, que tal um jogo? — pergunto sugestiva. — Você me pergunta o que quiser e eu faço o mesmo. — ficou me olhando. — Sem mentir e teremos a oportunidade de negar uma resposta três vezes sem questionar sobre. — me sentei no banco esperando uma resposta.
Isso não será nenhum desafio pra mim, minha vida é um livro aberto.
— Ok. — disse por fim, me deixando desconfiada.
O loiro se sentou na minha frente e apoiou um braço no balcão.
— Primeiro as damas. — digo para tomar vantagem. — Seu nome?
— Você já descobriu. — abri a boca. — Na última tentativa, inclusive.
— Safado. — dei risada. — Josh? — assentiu.
— Joshua, para ser mais exato. — mordi o lábio inferior... Gente eu falei tanta bobagem.
— Sua vez. — digo sem graça.
— Por que você falou tanta bobagem naquele dia? — bati o dedo no balcão.
— Mecanismo de defesa. — me olhou confuso e eu suspirei. — Eu tenho um leve problema, não sei lidar muito bem sob pressão. — forcei uma risada. — Tenho a sensação de que se eu não aliviar uma tensão em uma determinada situação vou cair dura no chão. — assentiu lentamente. — Sua idade? — pergunto me ajeitando.
— 25. — assenti.
— Já namorou? — assenti.
— Vou te poupar trabalho, ele terminou comigo porque viajou e não tinha previsão para voltar. — sorri e logo fiquei séria. — Sua relação com a família?
— Passo. — mordi o lábio inferior. — Uma data importante? — fechei os olhos pensando.
— 15/10. — digo com um sorriso. Essa é a data de aniversário da minha avó. — Motivo para matar pessoas?
— Dinheiro. — olhei para ele desconfiada. — Alguém importante?
— Sabina. — sorri lembrando dela. — Também tem o José. — não posso esquecer do cara que aceitou uma maluca para trabalhar.
— Quem é José? — neguei.
— Próxima rodada. — digo sorrindo. — Por que ser tão fechado?
— Não sou fechado. — soltei uma risada.
— E a terra não é redonda. — revirou os olhos. — Qual é? Você não ri, não joga com os meninos, vivem com a cara nesse celular.
— Não tenho motivos para rir. — arqueio uma sobrancelha. — E os meninos só jogam porque quem resolve os pepinos sou eu.
— Faz sentido. — digo pensativa.
— Seu aniversário? — encarei ele e no mesmo instante o forno apitou.
— Olha só? Ficou pronto. — me levantei mudando de assunto e peguei uma luva.
Coloquei a travessa sobre o apoio no balcão e nos organizamos ali mesmo para comer.
Eu só percebi a fome que estava quando dei a primeira mordida na comida, eu tenho que parar de ficar sem comer...
Nesse meio tempo eu evitei perguntar qualquer coisa ou sequer olhar para o loiro, só me preocupei em terminar isso e ir para o quarto. Ele está sendo muito legal para o meu gosto. E também, porque do nada quer saber do meu aniversário? Não, tem caroço nesse angu.
...
Assim que terminei organizei minhas coisas e voltei para a geladeira. Peguei meus morangos e fui derreter novamente o chocolate.
— Posso ir lá fora? — pergunto me virando para ele.
— Fazer? — perguntou sem me olhar, já que o foco estava em seu celular.
— Olhar o céu. — o microondas apitou e eu mexi o chocolate novamente.
— Não demora. — disse ainda sem me olhar.
Eu resolvi nem pensar duas vezes, apenas peguei minhas coisas e segui para fora.
O segurança que estava ali pareceu falar algo no rádio e segundos depois voltou a fazer sua ronda. Apenas dei de ombros e segui até a piscina.
Me sentei na cadeira que tinha ali e sorri podendo ter o visual completo do céu. O lado bom daqui ser um local isolado, é que as luzes da cidade não interferem no brilho das estrelas, aqui é tudo mais bonito.
...
Assim que meus morangos acabaram me deitei um pouco e voltei a olhar o céu. É impressionante como sou fascinada por isso.
Uma curiosidade sobre mim, quando mais nova tinha vontade de ser astronauta, só para me sentir próxima as estrelas. Mas quando cresci vi o trabalho que ia levar até chegar neste feito e desisti. Muita coisa, preguiça. Mas minha paixão por elas vai continuar sempre.
JOSH BEAUCHAMP
Depois que Any se trancou no quarto, Noah e Pepe vieram falar comigo, basicamente sobre ela não estar se sentindo bem, com saudade da família e blá, blá, blá. Deixei de dar ouvidos até porque eu já sabia que isso ia acontecer. Mas ao mesmo tempo que ela sente falta, parece querer lutar contra isso, só notei porque quando a chamei nas escadas ela quis me irritar, o que foi definitivamente uma péssima ideia.
Uma coisa que ficou na minha cabeça foi o fato dela ter falado que eu não teria coragem de atirar nela. A única coisa que me passou na cabeça foi: de onde ela tirou isso?
Aquilo me bateu uma certa curiosidade, eu precisava entendê-la, de alguma forma queria conseguir saber o que passava em sua cabeça, mas isso não deu muito certo. Ela não tem medo de mim e não se sente ameaçada por mim. Esse é o motivo por ela achar que eu não puxaria um gatilho?
Vi a hora no celular e suspirei passando a mão no rosto. Preciso dormir.
Me levantei saindo da cozinha e segui para fora de casa. Any não foi deixar as coisas na cozinha, o que me fez deduzir que ela ainda não entrou. Ela vai olhar o céu pra sempre?
— Senhor. — um segurança chegou me cumprimentando e eu levei as mãos no bolso da calça. — A menina saiu já tem um tempo, fui fazer uma ronda na piscina e notei que dormia. — assenti.
Dei a volta pela casa e ao me aproximar da piscina vi ela toda encolhida devido ao frio.
— Hey. — balancei seu braço de leve e ela resmungou se virando para o outro lado. — Vontade de te jogar na piscina garota. — resmunguei impaciente.
Peguei ela no colo com cuidado e caminhei para dentro de casa.
Subi as escadas e virei o corredor do seu quarto. Sua porta estava entreaberta e eu só empurrei com o pé para abrir o resto.
Deixei ela na cama e puxei as cobertas para cobri-la. Sua respiração estava leve e ela se encolheu ali.
O que você fez com a sua vida, garota? Conseguiu se meter em uma furada por conta de um lixo que podia ser retirado pela manhã.
Soltei um suspiro e deixei o quarto apagando a luz.
Segui direto para o meu e tomei um banho para ir dormir.
...
Me deitei na cama e fiquei encarando aquele teto.
O que será que tem no dia 15/10? Isso é daqui uma semana mais ou menos...
— Joshua não. — me repreendo novamente. — Essa garota é uma bomba relógio... — resmunguei pegando o controle e desliguei as luzes do quarto.
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