Capitulo 11
NOAH URREA
Terça-feira
Nosso trabalho já estava feito, iam dar 3h da manhã e estávamos apenas 10 minutos de casa.
Durante nosso trajeto de ida, deixamos as câmeras de casa ligadas no tablet do carro, só para verificar se Any se comportou. Até então tudo tinha dado certo, mas o Krys disse que ela parecia ter ficado estranha quando desligou a tv. Eu particularmente não notei nada.
Josh por outro lado olhou tudo calado, o que foi estranho, achei que ele ia reclamar de cada passo dela.
Agora devo admitir que ver ela cozinhando me abriu o apetite, aquele macarrão parecia estar bom.
...
Krys estacionou o carro e nós descemos.
Segui direto para a cozinha e sorri ao ver que Any tinha deixado tudo separado.
Essa garota!
— Querem comer? — pergunto vendo eles entrarem na cozinha.
— Estou pensando nesse macarrão desde o momento que vi ela fazendo. — disse Bay me fazendo rir.
Ajeitamos nossas coisas e depois comemos juntos.
Fiquei de olho em Josh só para ver se ele esboçava alguma reação, mas ele apenas comia concentrado.
Sabe, ainda não acredito que Any dobrou ele no shopping para ir comer. Diz ele que foi tudo um plano, Josh colocou uma escuta nela para ter certeza de que nada ia escapar de sua boca e a deixou sozinha. Eu não acredito muito nisso, não tinha como ele saber se alguém ia sentar do lado dela... então alguma coisa tinha ali.
...
Terminamos de comer e organizamos a bagunça novamente.
Me despedi deles e subi direto para o quarto, preciso de um banho quente e da minha cama confortável.
— Urrea. — parei no corredor ao escutar meu nome e me virei vendo Josh. — Qual o nome dela? — levantei as sobrancelhas em um ato surpreso e me segurei para não sorrir.
— Está perguntando como chefe ou amigo? — me aproximei mais.
— Só responde Urrea. — soltei o ar pelo nariz rindo.
— Any. — digo e ele nega passando a mão no queixo.
— Combinaram essa palhaçada? — franzi o cenho confuso. — Qual o nome dela?
— Josh, é Any. — me olhou desconfiado. — Você quer a ficha dela?
— Any? — assenti.
Minha língua coça para falar que ela é do Brasil, mas os meninos e eu combinamos de deixar ele descobrir sozinho, na verdade buscar por isso já que tenho a ficha dela.
— Quer a ficha? — pergunto novamente.
— Vai descansar, deixe no meu escritório pela manhã. — assenti e ele se virou seguindo para o quarto.
É ela!
Entrei no quarto sorrindo e fechei a porta. É Josh, pelo visto não vai ser tão ruim ter uma menina aqui.
ANY GABRIELLY
Terça-feira. 6:50h
Mal consegui pregar os olhos essa noite, tudo ficou indo e voltando na minha cabeça. Não quero ser presa.
Desci até a cozinha ainda de pijama e coloquei água na cafeteira para preparar um café. Preciso tentar tirar isso da minha mente.
Notei que não havia mais macarrão e sorri ao imaginar que eles comeram assim que chegaram. Ponto para Gabrielly!
Fiz dois misto-quente e me sentei em cima do balcão para tomar café.
Será que eu conto ou não?
Meu medo de não contar é a polícia me achar aqui e todos se foderem, porque isso é bem possível de acontecer. Agora, se eu conto, é capaz deles saírem de LA o mais rápido possível, e eu não quero sair daqui.
Meu Deus, que indecisão.
— Não existe banco? — me assustei e vi o loiro aparecer na minha frente.
Acompanhei seus passos até a geladeira e ele pegou uma garrafinha de água. A porta fechou e ele se virou me olhando.
Ai Gabrielly, conta que é melhor para todos, sua família segue segura e eles podem te livrar da cadeia.
Mas que merda eu estou pensando? Não cometi crime nenhum e quero provar minha inocência... Aí Deus!
Cobri meu rosto e respirei fundo.
— Foi mal. — digo descendo do balcão.
Organizei minha bagunça e segui para fora da cozinha.
— Ei. — parei de andar e fechei os olhos.
— Sim? — digo me virando.
— Você está estranha. — neguei. — Não foi uma pergunta. — suspirei.
Seja o que Deus quiser!
— Tem duas coisas. — me aproximei. — Uma delas tem uma consequência grande. — isso seria eu contar e a gente sair do país. — A outra tem uma consequência muito grande. — isso seria eu não contar, todo mundo ser preso e minha família ainda se ferrar. — Como eu tomo uma decisão?
— Como eu vou saber se você não especificar o ato e a consequência? — suspirei me sentando no banco.
— Não se ofenda. — digo e vejo ele cruzar os braços. — Seguindo sua linha de raciocínio de assassino. — arqueou uma sobrancelha. — Se imagine em duas situações onde cada uma delas tem um rumo diferente, o que você faria? — ele se aproximou e se sentou no banco da minha frente.
— Não sei onde você está querendo chegar. — disse desconfiado. — Mas seguindo a linha de raciocínio de uma pessoa inteligente, escolheria a opção que saísse menos feridos. — assenti pensativa.
É até um bom raciocínio para um assassino, digo, inteligente.
Não vou colocar como feridos, e sim como ferrados, ou seja, a segunda opção é a pior de todas.
— Ontem quando vocês saíram. — alisei minha nuca nervosa. — Eu fiz comida e depois fui comer na sala. — ficou me olhando esperando uma continuação. — Arthur Bernard. — digo e seu olhar muda no mesmo instante.
— Conhece ele? — disse irritado se levantando e eu neguei.
— Calma, me escuta. — me levantei e ele se sentou novamente. — Passou ontem de noite a notícia de que ele foi encontrado morto pela manhã e que a polícia ainda investiga o caso. — bateu os dedos no balcão. — A câmera flagrou uma pessoa, não dá para ver o rosto, mas eu me reconheci. — esperei ele dizer alguma coisa.
— Hm. — me olhou. — O máximo que pode acontecer é você ficar procurada. — irritada, eu dei um forte tapa em seu braço e ele olhou o local atingido. — Ficou maluca?
— Eu? Maluca? — dei risada, mais nervosa do que debochada. — Estou prestes a ser acusada de algo que não fiz! — gritei.
— Quem mandou estar onde não devia? — fechei minhas mãos e me virei de costas contando até dez.
Bater não resolve Any, bater não resolve... Embora matá-lo agora me parece uma boa.
— Você sabe que está de pijama, não sabe? — olhei ele que me analisava.
— E o que tem? Seu pau não consegue ficar no lugar? — falei sem pensar e me arrependi no mesmo instante ao ver ele se levantar.
— Quer descobrir? — se aproximou e eu fui prensada nos armários.
Seu corpo estava colado no meu e eu senti uma onda elétrica me percorrer dos pés à cabeça. Seu olhar estava fixo no meu e sua respiração estava leve comparada à minha. Tenho certeza de que dessa vez eu caio dura no chão.
— O que você quer afinal? — pergunto olhando em seus olhos.
Medo de ouvir sair de sua boca um "você". Acho que tenho que parar de ver filmes, estou ficando muito iludida, credo.
— O que eu quero? — disse em um sussurro e eu assenti vendo seu rosto se aproximar mais do meu. — Quero entender o motivo de não ter puxado aquele gatilho. — engoli seco. — Você pode ser nova, ter dado um discurso lindo de como ainda tem uma vida pela frente, mas nesse mundo em que vivemos, pouco importa. — sua mão subiu lentamente pelo meu braço ajeitando a alça do meu pijama que estava caindo.
— Suponho que não tenha chegado a uma conclusão. — digo e vejo seu olhar no meu novamente.
Posso pensar em coisas que tenham feito ele mudar de ideia, mas de todas elas, a que acho menos improvável é o famoso amor à primeira vista. Pessoas assim não tem sentimento nenhum e ele já me mostrou diversas vezes isso, — a menos que ele seja bom o suficiente para fingir muito bem.
— Sabe, na vida podem existir duas coisas, o "por quê?" e o "pra quê? — digo ainda olhando ele. — Por que matar ela? Se questione isso até achar um motivo, quando achar, se questione o pra quê? Talvez isso te ajude a entender. — digo tentando manter minha voz normal.
— Não. — seus lábios se aproximaram do meu rosto e eu fechei os olhos. — Não quero sequer entender o motivo porque é certeza de que vou me arrepender. — meu corpo arrepiava à medida que seus lábios percorriam meu rosto suavemente.
— Loirinho. — digo em um sussurro e abro meus olhos vendo ele me olhar ainda próximo. — Isso não combina com você. — sorri de canto.
Digo mais a respeito dele estar me provocando. O que ele quer? Que eu peça um beijo? Eu peço sem problema nenhum!
Senti sua mão parar na minha cintura e prendi minha respiração quando ele apertou de leve.
— Não vou fazer nada com você. — sua outra mão parou no meu pescoço e com o polegar ele contornou suavemente meu lábio inferior. — Dezessete anos, você realmente tem uma vida pela frente. — suas mãos me soltaram e ele deixou a cozinha.
O que ele quis dizer com isso? Não vai me matar ou não vai me beijar por eu ter 17?
Levei a mão na minha boca e senti meu coração disparar ao lembrar que quinta faço 18... Puta que pariu! Será que eles sabem a data do meu aniversário?
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