Capitulo 10
ANY GABRIELLY
Essa seria uma hora propícia para eu chutar onde dói, mas já pensou no ódio que ele ficaria? E também, está sendo tão errado as merdas que estão passando na minha cabeça nesse momento.
O que aconteceu com a minha inocência?
— É... — tento dizer algo para quebrar aquele silêncio ensurdecedor.
— Você é péssima em disfarçar, sabia? — disse se aproximando mais.
— Eu sou péssima? — digo com um sorriso convencida. — Não sou eu quem está segurando um riso para não quebrar a pose de durão. — ele umedeceu suavemente seus lábios e eu engoli seco.
Olha minha alma passando correndo ali atrás.
— Quem disse que eu quero rir? — disse com sua voz séria.
— Ah loirinho, a mim você não engana. — sorri de canto. — Sabe, um dos meus dons é fazer as pessoas rirem, sei muito bem quando elas demonstram que querem isso.
— Seu dom? — assenti. — A única que vejo é seu dom maravilhoso para me irritar. — neguei olhando para o lado. — Primeiro anjo, agora loirinho?
— Me fala seu nome que tudo se resolve. — sorri novamente.
— Sabe quando isso vai acontecer? — aproximou sua boca do meu ouvido. — Nem tão cedo. — sussurrou e eu fechei meus olhos por breves segundos.
O arrepio que isso me causou não está escrito.
— Pelo menos não foi um nunca. — digo abrindo meus olhos. — Quer saber meu nome? — encarei seus olhos, mas os seus pareciam estar focados em meus lábios.
— Posso arrancar dos meninos. — me olhou nos olhos. — Mas já que estamos aqui. — cerrei os olhos. Eu sabia, esse desgraçado está mesmo brincando comigo... mas já que ele quer assim.
— Meu nome é, qualquer um. — digo com um sorriso brincando.
— Qualquer um? — assenti.
Acho incrível o jeito que meu nome no Brasil é normal e aqui se torna "qualquer", enfim a vida.
Ele estava prestes a falar alguma coisa, mas seu celular começou a tocar e ele tirou uma mão da parede para pegar.
Minha vontade é de deslizar por essa parede, mas ele ainda está aqui então...
— Alô. — disse me olhando. — Não, em casa. — desviei o olhar e encarei minha cama. — Já disse que não. — disse alto. — Esquece sábado! — olhei ele que parecia irritado. — Eu vou, ok? — levantei uma mão e fingi olhar minhas unhas. — Que se foda ele e sua gangue de merda. — ele abaixou o celular e desligou.
— Loirinho, vai ter rugas cedo desse jeito. — digo e ele me olha.
— Fica calada. — arqueio uma sobrancelha.
— O senhor que manda. — digo debochada e ele revira os olhos.
Pensei que ele estava irritado, mas pelo visto me enganei, seu rosto já voltou ao normal.
Ele se afastou e deixou o quarto sem dizer nada. Finalmente deslizei por aquela parede e me sentei no chão. Que homem é esse meu Deus?
Respirei fundo recobrando os sentidos e engatinhei até as sacolas. Peguei elas e caminhei até o closet jogando elas ali.
Comecei a organizar as roupas e em poucos minutos aquele lugar parecia ter se tornado pequeno.
...
Me sentei ali no chão e fiquei encarando um ponto fixo.
Fico imaginando minha mãe querendo falar comigo e não conseguindo, ou até mesmo como andam as coisas no bar. Espero que José não tenha feito nada antes da hora, ele estava tão animado para o meu aniversário que agora estou com medo dele ter gastado dinheiro à toa.
Cobri meu rosto respirando fundo e escutei a porta do quarto abrir.
— Any? — reconheci a voz de Noah.
— Closet! — gritei.
Noah apareceu segundos depois e estava totalmente vestido de preto. Conseguia ver a marca da arma em sua cintura e em sua mão direita estava uma máscara.
— Chegou o meu fim? — brinco estendendo minha mão.
— Besta. — deu risada me ajudando a levantar. — Nós já vamos. — assenti. — Se quiser comer alguma coisa, fica à vontade, e se algum telefone da casa tocar não atenda.
— Sim senhor. — sorriu. — Se cuida. — sorri sem mostrar os dentes. — E só uma dúvida, vão demorar?
— Sim, o trabalho é na cidade do lado. — arregalei os olhos. — Pois é. — rimos. — Boa noite Any.
— Boa noite. — digo vendo ele sair do quarto.
Recolhi todas as sacolas que estavam no chão e segui até o andar de baixo.
Os meninos ainda estavam ali e me olharam.
— Só vou jogar isso fora. — digo passando ao lado.
...
Subi novamente para o quarto e peguei um pijama para tomar banho.
...
Assim que terminei saí do quarto e fui até a cozinha.
Abri a geladeira e peguei um pote com morangos deixando sobre o balcão. Vi que tinha carne moída e parei para pensar... Acho que vou fazer um macarrão à bolonhesa.
Fiquei com a porta da geladeira aberta e depois me toquei do que o loirinho havia falado.
Peguei o que tinha que pegar e deixei sobre o balcão. Procurei as panelas e as deixei separadas. Molho de tomate, temperos... acho que está tudo aqui.
Fiz um coque no cabelo e lavei minhas mãos. Queria muito uma música agora, mas como não tinha vai minha doce voz mesmo.
...
Terminei de fazer tudo e antes de comer organizei a cozinha. Odeio bagunça.
Coloquei o macarrão no meu prato e segui até a sala.
Liguei a tv e fiquei vendo canais aleatórios.
— A polícia ainda segue investigando o motivo do assassinato. — me inclinei para frente ao ver a notícia estampada na tela.
"Arthur Bernard é encontrado morto ao lado de caçambas de lixo na manhã de domingo, polícia ainda investiga o caso"
— Não havia testemunhas no local, a câmera pegou apenas uma pessoa que a polícia ainda não conseguiu identificar, mas ao que tudo indica é uma mulher. — prendi minha respiração.
Me diz que essa mulher não sou eu...
As imagens foram mostradas e eu vi minha vida acabar ali mesmo. Era eu, não dá para ver meu rosto, mas eu me reconheço.
Serei acusada de um crime?
Desliguei aquela televisão de uma vez e senti meu coração cada vez mais acelerado.
Vai tudo se encaixar, o horário de saída, eu não ter voltado pra casa, meu desaparecimento e a mentira contada do Japão. Eles vão descobrir que nunca sai de LA, que não existe empresa de grande porte e que pior, envolvi a Hina e seu pai nisso tudo. O que foi que eu fiz?
Me levantei daquele sofá e segui até a cozinha.
Coloquei as coisas na lava-louça e deixei a cozinha voltando para o quarto.
...
Fechei a porta do quarto e coloquei a mão na testa respirando fundo. Isso não está acontecendo. O que meus pais vão pensar?
Me sentei na cama e fiquei encarando o chão. Será que os meninos sabem disso? O que vai acontecer se eles não souberem e a polícia me descobrir?
Não, não, não! Me diz que eu estou tendo um terrível pesadelo!
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