Capitulo 1
ANY GABRIELLY
Acordei me sentindo tonta e meus olhos lutavam para ficar abertos. Só notei que minhas mãos estavam amarradas quando fui querer passar no rosto e não consegui. Senti que estava sentada em uma cadeira e minhas mãos estavam amarradas logo atrás. Levantei meus pés e os dois também estavam amarrados. Aí merda!
Quando finalmente consegui manter meus olhos abertos, pude reparar em volta. O local era totalmente fechado, o que deixava com um cheiro horrível.
Onde diabos eu estou?
Olhei para um canto e vi minha bolsa jogada no chão. Como se eu tivesse levado um choque de realidade, me lembrei do que aconteceu quando saí do trabalho.
Aquele assassino, maníaco, maluco, psicopata, sei lá o que ele é, ele me sequestrou? Deus, você não deixaria isso acontecer com sua filha cujo único objetivo de sua vida era viver, não é?
Suspirei fechando os olhos.
Não faço a mínima ideia de que horas são e de quanto tempo fiquei dormindo... Dormindo um caralho! Aquele cara me desmaiou! Por falar naquele cara, será que eu vi o que eu vi mesmo? Digo, se no escuro já tive aquela visão, imagina com uma luz caindo sobre seu lindo rosto?
— Toma jeito Gabrielly! — me repreendi e acabei rindo sozinha.
O que vai acontecer comigo afinal? Tenho família, amigos, hoje era minha folga e meu aniversário estava chegando cara! Deus, por que em? Olha, se eu joguei pedra na cruz foi sem querer viu? Geralmente eu tenho uma péssima mira.
Tentei soltar minhas mãos, mas as cordas estavam bem firmes. Droga, será que alguém vai aparecer ou eu vou ter que gritar?
Tombei minha cabeça para trás frustrada e no mesmo instante me arrependi. Meu peso foi de uma vez para trás e eu gemi pela dor que senti ao cair. Além de ter batido minha cabeça, acho que quebrei minha mão.
Pensei que ia ficar por ali mesmo, mas escutei um barulho de porta abrindo. Ótimo, agora vão pensar que eu estava tentando fugir, coisa que eu deveria estar tentando fazer mesmo...
Minha cadeira se levantou de uma vez e eu fiz uma careta sentindo dor.
— A bonita tentou fugir? — escutei uma voz, mas não era a mesma da outra vez, essa era menos grave.
Um cara apareceu na minha frente segundos depois e eu notei a pistola em sua cintura. Encarei seu rosto e notei seus olhos verdes, cabelos médios e tinha um tom castanho médio.
Ele me olhava e não tinha um olhar ameaçador, pelo contrário, o safado sorria com seus braços cruzados.
— Cai sem querer. — digo por fim acabando com aquele silêncio. — Por que eu estou aqui? — ele caminhou pelo local sumindo da minha vista. — Sequestro é crime, tá? Não que vocês não tenham cometido um ontem, até porque mataram aquele cara...
— Você gosta de falar em. — me calei no mesmo instante. — O que você viu ontem foi apenas um trabalho. — ele apareceu na minha frente. — Fazemos por dinheiro, alguém contrata e pá. — me assustei quando ele gritou a última parte.
Não sei o que é pior, ele dizer isso com tanta naturalidade, ou estar dizendo logo pra mim.
— Eu acho que você não deveria estar me contando isso. — digo desconfiada.
— Não mesmo. — ele encarou o teto pensativo.
Era só o que me faltava, já não bastava ter visto o cara levando um tiro, sou obrigada a ser testemunha dos seus planos.
Suspirei alto e ele me olhou.
— Vocês não vão me matar? — ele abriu um sorriso. — Alguma vez já te disseram que você parece um psicopata? Porque de todos os filmes que já assisti, você está agindo exatamente como um.
E olha que eu falo por experiência em filmes de terror onde aqueles caras que antes de matar abrem um sorriso, sabe? Quem dera fosse um sorriso acolhedor de "oi, diga olá a morte", geralmente é sempre "o inferno lhe aguarda!". Não sei porque insisto em ver um filme assim, sempre que termino me sinto sendo observada. Enfim, o medo.
— Any seu nome, não é? — engoli seco.
Eu posso ser bem avoada, mas tenho quase certeza que não falei meu nome.
— Talvez. — digo desconfiada.
— Any Gabrielly Rolim Soares, trabalha no bar House Beer, tem 17 anos e adora cachorros, inclusive tem um que é muito fofo, pipoca o nome dele, não é? — arregalei os olhos.
— Como você... — balancei minha cabeça tentando entender.
Fui sequestrada por assassinos ou parei nas mãos do FBI? Só faltou dizer o número que eu calço.
— Já descobrimos tudo sobre você, Gabrielly. — sorriu. — Brasil, não é? — se agachou na minha frente. — Não vamos te matar, mas também não vamos deixar você sair daqui. — senti meu coração disparar.
— Como? — me inclinei um pouco pra frente. — Escuta, podem confiar em mim, não vou na policia, ainda mais agora que vocês já devem até saber a cor da minha calcinha. — digo sem pensar e vejo ele abrir um sorriso de canto.
Além de tudo esse cara é pervertido. Será que eles sabem mesmo a cor da minha calcinha? Pior que eu nem lembro mais... Por Deus, se for bege eu me atiro da primeira ponte que eu ver.
— As coisas não funcionam assim, Gabrielly. — ele se levantou. — Não aqui.
— E como funciona? — pergunto irritada. — Porque vocês não podem me prender aqui pra sempre, tenho família, amigos, emprego, uma melhor amiga que não vive sem mim... — ele passou a mão nos cabelos.
— Pois ela vai ter que aprender. — prendi minha respiração. — Você vai ligar pra sua família e inventar que viajou de última hora. — comecei a rir.
— Eles nunca vão acreditar nisso. — parei de rir ficando séria.
— Então é melhor fazer eles acreditarem. — disse pegando um celular. — Porque se isso não acontecer, todos morrem. — sorriu.
— Então me mata. — negou. — Olha eu conheço minha família, eles nunca vão acreditar que eu, uma garota de 17 anos que não sabe fritar um ovo. — menti, sei cozinhar de tudo. — Viajou de última hora para não sei onde. — ele ignorou tudo o que disse e digitou o número.
— É você quem sabe baby, aposto que não vai querer conviver com a culpa da morte dos seus pais. — balancei a cabeça para ele não fazer isso, mas foi em vão.
Ele grudou o celular no meu ouvido e sacou sua arma apontando na minha direção.
— Nenhuma gracinha, e fale em inglês. — segurei minha vontade de chorar e alguém atendeu.
— Alô? — escuto a voz da minha mãe e sinto um nó se formar em minha cabeça. — Alô? — fechei os olhos.
— Mãe, sou eu. — digo tentando disfarçar minha voz trêmula.
— Gabrielly, onde você está? — gritou em português. — Tem noção de quantas vezes te ligamos? Por que não voltou pra casa?
— Desculpa, dona Soares. — forcei uma risada. — Meu celular partiu dessa para uma melhor, só consegui pegar um agora. — digo em inglês.
— O que aconteceu? — torci o lábio.
— Digamos que eu consegui uma proposta irrecusável de um novo emprego e no calor do momento aceitei. — rezei para ela acreditar nisso.
— Está brincando. — escutei o entusiasmo em sua voz. — Onde? — porra.
— Uma empresa de grande porte, me ofereceram um curso gratuito de um ano para cursar administração, conforme for crescendo eles avaliam. — abaixei minha cabeça. Odeio mentir e minha mãe sabe, porém seu sonho sempre foi me ver fazendo administração.
— Quando foi isso? — pensei em alguma coisa.
— Lembra da Hina? A garota que conheci que veio fazer intercâmbio? — sinto tanta falta dela inclusive, ficou aqui por 3 meses e nos demos super bem. — Ela veio a passeio esses dias.
— Sim, um amor de pessoa.
— Ontem nos encontramos na saída e ela me chamou para sua casa. Conversa vai, conversa vem, ela me fez a proposta... — Estou indo para o Japão. — fechei os olhos esperando seu grito.
— O quê! — afastei um pouco minha orelha. — Gabrielly você é menor de idade. — disse preocupada.
— Eu vou ficar bem, irei te ligar quando possível. — encarei o cara na minha frente e ele apenas negou.
— Não, como você chegou aí? Seus documentos estão todos aqui. — abri a boca. Pensa mulher...
— É... o pai dela tem jatinho, só precisei do meu rg. — abro uma porta no céu e fecho duas, que vida bela.
— Você é maluca. — acabei rindo. — Para de rir. — fiquei séria. — Como vou falar isso para o seu pai?
— Não sei. — ele fez um sinal para eu encerrar a ligação. — Preciso ir, estão me chamando. Te amo. — o celular foi tirado do meu ouvido e ele desligou a chamada.
— Boa menina. — colocou o celular no bolso.
— É questão de tempo até eles descobrirem. — digo encarando ele. — Vão me manter aqui pra sempre? — ele guardou sua arma.
— Para sempre não. — sorriu. — Até o chefe se cansar de você. — piscou e logo sumiu da minha vista.
Como é? Chefe? Eu vou ter que lidar com um chefe de grupo de assassinos? Me diz que meu celular vai tocar e eu vou acordar no meu quarto...
Escutei aquela porta se fechar e segurei o grito de raiva que queria sair. Não consigo acreditar nisso, o que a Sabina vai pensar de mim?
Um lixo cara, pela droga de um lixo eu consegui me meter em uma enrascada.
Então é isso? Não vou mais ver minha família, amigos? É mais fácil me matar logo.
Fechei os olhos com força e senti aquela maldita pressão crescer em meu peito. Em poucos segundos minha vista ficou embaçada e eu comecei a chorar baixo.
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