Reporte de sessão XVI - Parte II - O orc solitário (Fim do Arco 1)

Bolton viu um homem gordo saindo de uma taverna, enquanto mandava dois homens de preto para dentro.

Ele sabia sobre aquela taverna de aventureiros e resolveu esperar pelo grupo ali.

Quando entrou, achou Earwen bêbado, entoando uma canção horrível, tentando fazer os outros prestarem atenção, sem sucesso.

— Earwen, desça! Tenho algo a discutir com o grupo.

— Bolton! Estou na parte da sala de estatuas, espere eu acabar.

— É importante, Earwen.

— Saco, olha só, me fez perder mulheres de graça.

O ladino desceu da mesa, tentando jogar a culpa de ninguém ter gostado da canção para cima do halfling.

— Diga, o que você quer discutir?

— Espere o restante do grupo chegar.

Eastar já estava com a cabeça na mesa, e resmungou algo antes apagar.

Zanshow e Aron acabaram encontrando lugares diferentes para dormir, e ninguém sabia do paradeiro de Kuoth.

Duas horas se passaram e Earwen desistiu da espera, indo para o quarto.

Bolton, por sua vez, continuava esperando, e nem percebeu quando caiu no sono. Acordou assustado e percebeu que já era manhã. Decidiu partir para o templo de Khalmyr, não poderia esperar pelos companheiros.


***


Desde que o dia amanhecera um orc percorria a cidade, não sabia para onde ir, nem onde estavam seus amigos. Andava desesperado, de um lado para o outro, até que chegou ao antigo albergue, que agora estava interditado.

— ONDE ESTAR GRUPO DE ZANSHOW? — O orc gritou para o alto, com os braços abertos.

As pessoas que passavam por ali apressaram o passo e se distanciaram, com medo da criatura.

— Zanshow sozinho... Zanshow quer amigos — resmungava triste, enquanto cutucava a terra com o machado.

***


Bolton chegou ao templo de Khalmyr, onde Sir Gylas, com o malho preso às costas, e mais oito paladinos já se encontravam montados e prontos para partir.

— Sir Bolton, está atrasado. O orc não está com você?

— Me desculpem, eu e o Zanshow nos separamos ontem e não fui capaz de encontrá-lo ainda.

— Pena, mas não podemos esperá-lo, vamos logo.

Eles partiram em direção à entrada dos subterrâneos e, enquanto passavam pela região sul, avistaram um orc de armadura. Ele estava apoiado em uma parede, cutucando o chão com o machado, lágrimas caíam de seus olhos, e ele parecia extremamente deprimido. Sir Gylas se adiantou com o cavalo até perto dele.

— Samurai, encontramos você, está disposto a nos acompanhar?

— Paladino! Você saber onde Bolton está?

— Logo ali. — Sir Gylas apontou para trás.

Montado em Meirelles, Bolton sorria e acenava, ou pelo menos era essa a imagem que Zanshow tinha em seus olhos chorosos de felicidade. Ele não estava sozinho, achara um de seus amigos. Era um momento tão feliz.

O orc se levantou e correu até o amigo, passadas largas e braços estendidos.

A expressão de Bolton passou de susto para medo, vendo aquela bola de carne verde e gigante correndo na sua direção. Foi agarrado e tirado da cela enquanto braços enormes o apertavam e ele sufocava.

— Zan... Zanshow..., já pode... me soltar...

O amigo obedeceu, colocando o halfling de volta nas costas de Meirelles. Bolton jurava que a loba ria dele.

***


Aron acordou e foi ver o grifo, finalmente havia encontrado uma estalagem que aceitou cuidar do animal.

Tentou domá-lo por algum tempo, mas perdeu as esperanças, aquele animal era extremamente arisco. Franziu o cenho e suspirou, colocando uma mão sobre a testa do animal.

— Não posso montar em você, espirito que não pôde ser domado.

Dito isso, partiu para o quartel da guarda da cidade... estava na hora de vender o grifo.

— Bem, só quero saber se vão cuidar bem dele — disse para o oficial de montarias.

— Claro que vamos, é uma montaria especial.

— Tudo bem, então.

Mesmo cabisbaixo, ele pegou o dinheiro e deixou o grifo para trás.

***

Eastar seguiu para a delegacia, onde encontrou o capitão Edgard. Juntos, foram para a reunião do conselho da cidade.

— Senhores, alguém ainda é contra a ideia de contratarmos Lorde Kui Borkison para o trabalho nas muralhas, e o orçamento pré-aprovado por nosso Conselheiro, Lorde Halli Borkison? — Lady Denea dizia, regendo a pauta.

Um anão levantou a mão.

— Posso ser o único, mas vou sempre mostrar que sou contra isso.

Esse é o Secretário de Finanças e também Conselheiro, Lorde Reidrimm Verren. — Edgard sussurrou para o ladino, enquanto ouviam a discussão encostados em uma das paredes do salão.

— Hmmmmm..

— Bem, você sozinho não faz diferença. — Um halfling respondeu ao anão.

Palar Lingadoce, o halfling Mestre Agricultor e Pecuarista, e também um Conselheiro — continuou Edgard.

Não... me... interessa... — Earwen revirou os olhos.

— Eu sei disso, mas não apoio a ideia. — O anão teimava, insatisfeito.

— Bem, já que a aprovação é quase unanime, posso começar os preparativos. — Denea pigarreou. — O irmão de Lorde Borkison será escoltado até aqui, e nos ajudará.

O ladino sentiu a deixa e se adiantou.

— Lady Denea, eu e meu grupo vamos precisar de dinheiro para a jornada de ida.
— Earwen? O que você faz aqui?

O capitão Edgard puxou um pigarro.

— Minha senhora, eu disse que traria uma pessoa para o serviço, creio que o Earwen e seu grupo sejam ideais.

— Bem, todos eles já ajudaram bastante a cidade.... Se ninguém for contra... — Olhou para os conselheiros, ninguém argumentou. — então não há por que recusar a ajuda deles. Earwen, aqui está o dinheiro que irá custear a jornada. Sete mil tibares de ouro. É tudo o que conseguimos no orçamento.

Lorde Reidrimm Verren bufou e cruzou os braços. Denea revirou os olhos e continuou.

— Com essa quantia, vocês devem contratar Lorde Borkison para o serviço, negociar o preço dele e, o que sobrar, será o pagamento de vocês.

— Eu e meu grupo vamos nos encarregar disso, Lady Denea, deixe com a gente.

Saindo da sala do conselho, o capitão parou Earwen por um momento.

— Ficou tentado pelo dinheiro, não ficou?

— Sim, mas não quer dizer que eu vá pegá-lo pra mim.

— Você não seria tão estúpido. Apenas faça o seu trabalho, garoto, e será recompensado.

— Espero que você cumpra sua palavra.

— Cumprirei. Não se esqueça da sua parte no trato.

— Não esquecerei, irei trazê-lo.

— Ótimo.


***


Bolton e Zanshow acompanhavam os paladinos até o covil subterrâneo.

— Zanshow queria cavalo.

— Sem cavalo, já disse. — Sir Gylas respondeu.

Na entrada dos esgotos, o líder paladino ordenou que os cavaleiros descessem de suas montarias e seguissem a pé. A princípio, Bolton recusou, mas o paladino disse que teria uma missão especial para a loba. Ela vigiaria as demais montarias enquanto o grupo cuidava da batalha no subterrâneo.

Diante desse argumento, Bolton, ainda relutante, mas orgulhoso da importância que Meirelles exercia, concordou.

Eles passaram por corredores, onde eram atacados constantemente por halflings, que eram derrotados facilmente pelos soldados sagrados, sem que lhes fossem tiradas as vidas.

Por fim, o pequeno exército chegou ao salão onde o halfling xamã de Megalokk, os aguardava.

Dessa vez ele tinha algo estranho no rosto. Era uma criatura bizarra, achatada, lembrava uma mão com dedos compridos e dois grandes olhos no dorso, vermelhos e brilhantes como rubis, que pareciam substituir os olhos do xamã.

— Não importa o resultado dessa batalha. — Ele encarou os invasores e, por fim, apontou para Bolton. — Sua terra ficará em ruínas de qualquer maneira!

— Megalokk é um deus fraco! Vocês jamais conseguirão o que querem! — O pequeno cavaleiro devolveu.

O xamã gargalhou, espantando o pequeno exército.

— Tem razão, ele era, mas agora, tudo é lefeu! — Gritou, enquanto gargalhava loucamente, os olhos saltando das orbitas.

Enquanto os soldados menores cuidavam dos morcegos gigantes com suas armas encantadas, Sir Gylas, Zanshow e Bolton lutavam contra os mantores... e mais alguns morcegos também.

Bolton sentia falta da Meirelles, não lembrava quando foi a última vez que havia lutado sem ela, o pensamento o distraiu e ele não percebeu um morcego gigante que cravou os dentes em seu pescoço. Gritou de dor, assustado.

Sir Gylas lutava contra dois morcegos gigantes, brandindo o malho imponentemente, quando o ancião halfling, que estava parado no fundo do salão, invocou um pequeno lagarto e o mandou em direção ao paladino.

Zanshow partiu o mantor que enfrentava ao meio com seu machado e girou a arma, acertando um morcego que já quase não conseguia se manter no ar.

O cavaleiro sagrado de Khalmyr exterminou os morcegos que o atacavam com facilidade, aquela arma era mais poderosa do que imaginara. Ele se virava para encarar o lagarto, quando um machado apareceu na sua frente, cravando a lâmina na criatura e fazendo-a desvanecer. Olhou para o lado e viu o sorriso do samurai.

O ancião halfling se adiantou, impaciente, para atacar o paladino, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, mais uma vez o machado surgiu, acompanhado do urro do orc, e o ancião caiu com sangue jorrando de seu corpo.

— Zanshow feliz, encontrar amigos e dar surra em monstros!

A criaturinha estranha na testa do xamã foi cortada ao meio com outro golpe.

Quando parecia o fim, uma criatura se soltou do corpo do Xamã... era um Mantor velho e desgastado, que eles tomavam por capa do líder do culto. O monstro chiou para os dois oponentes e atacou.

Enquanto isso, Bolton, a duras penas, eliminava o Mantor e o morcego que o atacavam, apoiou então um dos joelhos no chão, ofegante. Olhou para a frente a tempo de ver Zanshow e Sir Gylas finalizarem a criatura que restava. Com golpes simultâneos vindo de lados opostos.

O velho mantor não teve como desviar, o malho se chocou com sua cabeça enquanto o machado o corpo pela metade.

Em volta deles, os paladinos terminavam de matar os morcegos e olhavam os halflings para saber o estado em que estavam.

— Sir Bolton, Zanshow, muito obrigado pela ajuda de vocês. — Sir Gylas se aproximou.

Zanshow chegou perto do ouvido de Bolton, sussurrando.

Bolton, não tem recompensa pra gente?

— Shhh, já vamos ver isso. — Se virando para Sir Gylas, continuou: — Sir Gylas, esse dinheiro aqui, — Tirou um pequeno saco de moedas da cintura e pôs na mão do paladino. — quero que seja usado para ajudar na recuperação dos halflings e na criação de um ídolo para Thyatis.

— Faremos isso, Sir Bolton, deixe conosco.

— Obrigado, então... tem uma coisa... O Irmão Miglo disse que teríamos uma recompensa, entenda, eu estou satisfeito só de ver que os halflings poderão recuperar suas vidas de maneira correta, mas meu amigo aqui não parece interessado em abrir mão de sua parte.

— Bem, se o irmão Miglo lhes ofereceu algo, falem com ele, com certeza a recompensa de vocês será justa, assim como foi quando trouxeram o malho. Vocês foram de grande ajuda para recuperarmos essa cidade dos problemas.

— Obrigado, Sir Gylas! — O pequeno cavaleiro sorriu, orgulhoso. — Vamos, Zanshow.

***

Os dois foram para o templo, onde conversaram com Miglo e receberam sua recompensa.
— Agora temos que achar os outros. — Bolton disse, pensativo.

— Pelo menos a Najla nós já saber onde está. — Zanshow comentou.

Os dois começaram a rir epartiram em busca de reunir o grupo. Tudo parecia resolvido naquela cidadeconturbada, ao menos o que eles eram capazes de resolver. A situação de Najlaainda precisava ser vista, e ninguém imaginava que o Earwen planejava tirá-losdaquele lugar.    

~~~~~~~~~~~~ <o>~~~~~~~~~~~~

E assim chegamos ao fim do primeiro arco de Heróis Improváveis! Espero que tenham gostado, me breve trarei o segundo arco!

Não se esqueçam de votar e comentar!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top