Reporte de sessão XVI - Parte I - Suspeitas e favores
Na ponte da cidade, os aventureiros viram guardas fazendo revista para a entrada, e um por um, eles foram chamados.
— Senhor, nome e bens a declarar, por favor.
— Meu nome é Bolton Bolt, estou em uma jornada com meu grupo a pedido do Irmão Miglo do Templo de Khalmyr. Trouxe esse malho para entregar para ele.
O soldado olhou uma lista de nomes e deixou o halfling passar. Earwen foi logo em seguida, sem problemas.
Aron foi parado devido ao grifo, mas, prometendo domá-lo, e se responsabilizando pelos atos do animal, também passou.
— Estão revistando o Zanshow agora — disse, se aproximando dos dois que já tinham passado.
— Como se faz isso? — Bolton tentou imaginar os guardas pulando para tentar alcançar os ombros do orc.
— Bem, não é uma cena que eu queira imaginar. — Eastar disse, olhando para trás no momento em que o samurai se aproximava.
Um bom tempo se passou, até que finalmente Kuoth apareceu.
— Eles me revistaram e pegaram o cilindro.
— O quê? — Os três perguntaram.
As vezes era muito difícil acompanhar a velocidade em que o qareen falava.
— Perdi o cilindro, eles pegaram. — O nervosismo só aumentava a velocidade.
— Desisto — Bolton abanou a mão.
— Acho que ele disse que perdeu o cilindro. — Aron tentou traduzir.
— Sim, isso que eu falei. Eles me pagam, vou pegar de volta.
O grupo esperou mais um bom tempo, até que a próxima pessoa aparecesse, mas não foi a Najla. Outras pessoas começaram a passar e nada da medusa.
— Algo deu errado — disse Bolton
Ele virou Meirelles para voltar ao portão, mas foi seguro por Earwen
— Isso não vai adiantar, precisamos achar alguém com autoridade. Eu e o Aron temos que nos tratar. Você pode cuidar disso?
— Tudo bem, vou até o templo de Khalmyr descobrir o que está acontecendo.
— Zanshow vender tralha que grupo achou.
— A negociação vai ficar na mão do Parede? — O ladino deu um sorriso amarelo
— Quer ir primeiro e deixar pra se tratar depois? — Kuoth sorriu de volta, depois completou: — Pode deixar, eu vou com ele.
— Não sei se isso me tranquiliza...
***
O grupo então se separou, Earwen e Aron buscaram a velha sacerdotisa de Lena que havia tratado do Aron antes, mas foram atendidos por uma jovem aprendiz que nada podia fazer, pois a senhora Alers havia sofrido um acidente e estava sendo tratada. Assim, foram para o templo de Khalmyr.
Lá, Bolton já se encontrava com o irmão Miglo, para quem mostrou o malho.
— Sir Bolton, você não tem ideia da ajuda que nos prestou, e espero não parecer ingrato por perguntar se vocês poderiam nos prestar uma última ajuda.
— Tenho certeza que meu grupo ficaria feliz em ajudar. Do que se trata?
— Agora que temos o malho, e finalmente com Sir Gylas de volta, pretendemos adentrar os esgotos e eliminar de vez o culto a Megalokk. Entenda, sabemos que os halflings foram levados a seguir aquele culto e a ordem é para que os paladinos não os matem. Mas precisamos acabar com as outras criaturas.
— Se pudermos ajudar a cidade e aqueles pobres halflings, então, com certeza, iremos.
— Muito obrigado, Sir Bolton. Gostaria de contar com a sua ajuda e a do orc samurai. Encontre com Sir Gylas aqui amanhã ao nascer do sol, temos que fazer isso o quanto antes.
— Direi ao Zanshow, estaremos aqui.
***
Earwen e Aron chegaram ao templo de Khalmyr logo depois de Bolton ter saído, mas apesar de não encontrarem o halfling, foram bem recebidos, o grifo foi levado aos estábulos e colocado em uma área separada.
Os dois aventureiros foram enviados a um homem para tratá-los, ele usava uma máscara e um suntuoso manto dourado, mas Aron rapidamente soube quem era.
— Khasawadi! Você ainda está aqui?
— Olá! Sim, mas por que vocês estão aqui?
— Kazinho! Não sabe como tô feliz em te ver, você vai nos salvar, não é? Nós fomos infectados pela Podridão da múmia... — O ladino fez cara de choro. — Eu não aguento mais!
Khasawadi se assustou por um momento com a reação do humano, mas pigarreou concordou com a cabeça, resolvendo examinar os dois.
— Vocês sabem que eu sou conhecido como um dos melhores curandeiros do Deserto da Perdição? Às vezes superando até mesmo as clérigas de Lena?
A resposta foi um balançar negativo de cabeças, ele suspirou e tentou de novo.
— Sabem que sou um Sacerdote de Azgher, e que, para nós, todo o ouro veio do Deus-Sol e a Ele deve retornar?
Os pacientes engoliram em seco. Mas o clérigo levantou um dedo e continuou:
— No entanto, tenho uma dívida muito grande com vocês, e farei isso de graça.
Um lágrima ameaçou cair dos olhos de Aron, enquanto Earwen fazia uma prece silenciosa.
"Nimb, obrigado pelos dados que me fizeram abrir aquela cela."
— Mas há assuntos que gostaria de conversar com vocês. — O clérigo retomou, enquanto se preparava para os encantamentos. — Sinto nessa cidade uma fonte poderosa de energia negativa, os sacerdotes de Khalmyr não percebem, no entanto, sendo clérigo do Deus-Sol, consigo perceber essa força com facilidade.
Se aproximou dos dois, tocando a cabeça deles e fazendo uma pequena careta, que foi escondida pela máscara, ao sentir a maldição.
— Porém, nem mesmo eu consegui descobrir de onde vem esse mal. Os guardas da cidade prenderam sua amiga medusa como suspeita, há indícios de que ela é uma clériga de Tenebra e provavelmente é culpada pelo massacre do Albergue de Greward.
— A Najla não é culpada, nem Tenebra ela segue mais. — O ladino disse, antes que pudesse perceber a besteira que estava fazendo.
— O quê?
— Desculpe, Khasawadi, mas é só isso que posso dizer.
— Earwen, toda a ajuda é bem-vinda, precisamos descobrir o que está acontecendo. Sei que você está escondendo algo, mas precisa nos dizer.
— Não posso, lamento.
— Khasawadi, você deveria estar preocupado com outras pessoas. — Aron entrou na discussão.
— Do que você está falando?
— Reiny pode estar envolvido nisso tudo. Essas coisas começaram a acontecer depois do que aconteceu com ele.
— O Héere não tem nada a ver com isso! Ele está nos ajudando há muito tempo, ele já salvou nossas vidas!
— Não disse Héere, disse Reiny, o filho de Lady Denea.
— Ah... entendi.
— Bom que você mencionou esse Héere, Earwen. Você sabe onde encontrá-lo? Ele deve estar envolvido em algo ruim. O próprio Sir Gylas já o atacou. Você já deve ter ouvido falar que os paladinos de Khalmyr são os melhores julgadores de caráter em Arton, eles nunca se enganam...
— Sim, ele o fez, em um momento em que o Héere nos ajudava!
— Tenho certeza que Sir Gylas atacou por um bom motivo.
— Khasawadi, mesmo que eu soubesse, não diria onde ele está. Espero que resolvam esse assunto, espero que peguem o culpado, mas não espere que eu traia meus amigos.
— Não vou pedir isso.
— Como eu disse, Khasawadi, você pode ter muito mais sucesso se investigar o filho de Lady Denea. — Aron disse, tentando levar o assunto para um campo seguro.
— Agora que penso a respeito, tudo sobre aquele jovem está estranho. Fui chamado aqui porque ele faleceu e nada era capaz de trazê-lo de volta à vida. Mas quando cheguei, fui capturado e quase me mataram.
Ele se afastou e começou a andar de um lado para o outro no aposento.
— E agora percebi essa poderosa aura negativa. Tudo para descobrir que ele já estava vivo quando cheguei, e que sua personalidade mudou completamente. Farei com que isso seja investigado.
Ele olhou para os dois jovens, parados e olhando para ele.
— Ah, vocês já estão curados, podem ir.
***
Todo o grupo partiu em busca de lugares para dormir, o albergue não era mais uma opção, não depois dos carniçais. Eles iriam precisar achar um novo lugar e pensar em como tirar a Najla da prisão.
Earwen se dirigiu para o centro da cidade, onde havia uma estalagem para aventureiros com uma taverna no térreo, Khasawadi disse que ele precisava descansar, e essa era a intenção dele... até que entrou pela porta.
Um antigo sargento da guarda estava sentado, bebendo. O ladino sorriu, esquecendo-se completamente da indicação do clérigo do Deus Sol.
O sargento Edgard era um homem gordo com um bigode espesso, sempre quis pegar o jovem, mas nunca conseguiu.
Ele pegou um pedaço de pergaminho, tirou pena e tinta da bolsa e escreveu um recado.
Foi até o banheiro e abriu a bolsa mais uma vez, dessa vez procurando mais fundo. Achou uma barba postiça, a colocou e manteve uma expressão carrancuda. Provavelmente aquilo seria o suficiente para não ser notado... havia anos que o sargento não o via.
Saindo confiante, ele foi até onde o sargento estava, passando por suas costas e, com um movimento rápido, surrupiou sua bolsa de dinheiro.
Como ele não pararia com apenas aquilo, sacou o pedaço de pergaminho, onde escrevera "com os cumprimentos do grande Earwen" e tentou colocar no cinto de Edgard, onde antes estivera o saco de moedas.
O pergaminho caiu e, por reflexo, o jovem se abaixou para pegá-lo.
Isso chamou a atenção do sargento, que olhou para ele e, infelizmente, o reconheceu.
Earwen abriu um sorriso descarado e acenou para o homem gordo, antes de correr em disparada para fora do salão.
Chegando à porta, percebeu que o homem não o perseguia, estava parado na mesa sem se importar.
O ladino se coçou, aquilo estava errado, não era assim que funcionava. Cruzou os braços e foi até o sargento
— Edgard, assim não tem a menor graça. Nem vai tentar me alcançar? Pelos velhos tempos...
— Earwen, isso é passado, não vou ficar atrás de pequenos delinquentes. Tenho assuntos mais importantes para resolver. — Ele levantou o copo que bebia. — Sente-se. Aceita um uísque?
— Claro que sim!! O que está acontecendo? Por que está tranquilo assim?
— Por que tinha um dilema nas mãos e você aparecer me deu uma grande ideia. — O bigode se elevou por conta do sorriso que exibia. — Ainda está com esse grupo novo de aventureiros que anda fazendo confusão por aqui?
— Ora essa, não diríamos que fazemos confusão, estamos ajudando essa cidade, sargento!
— Claro.... Bem, não interessa. A questão aqui é que tenho uma proposta. — Olhou nos olhos do jovem e se inclinou para a frente. — Quer ouvir?
— Por que não? — Earwen deu de ombros e cruzou os braços.
— Lady Denea quer trazer um mago psicocinético de Valkaria, para ajudar na criação de uma muralha no lado norte da cidade. Esse homem precisará de escolta e creio que seu grupo pode estar interessado.
— Você parece bem informado sobre meu grupo.
— Garoto, sou capitão agora. É claro que sei sobre vocês e o que já aprontaram.
— Tudo bem, mas por que acho que tem algo errado nisso?
— Bem, dentro dessaproposta, tenho uma outra, especifica para você...
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Então é isso, pessoal! Espero que tenham gostado do capítulo!
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