Reporte de sessão XII - Parte I - Clérigos
Aron, Earwen, Héere, Kuoth e Zanshow ainda se aventuravam pelos caminhos do antigo templo de Tenebra. Chegaram a um corredor que terminava em um desmoronamento, do lado direito havia uma porta e do esquerdo um pequeno corredor.
— Earwen. — O orc apontou para a porta. — Trabalhar.
— Se o Bolton estivesse aqui ele te chamaria de idiota por mandar um bardo fazer isso.
O homem retirou alguns apetrechos de uma pequena bolsa que levava na cintura e se aproximou da porta.
— Earwen não ser bardo coisa nenhuma.
— Dói meu coração saber que você não gosta das minhas músicas...
O ladino parou no momento em que começava a abrir a fechadura, franziu o cenho sem se mexer. Guardou suas coisas e se levantou, sacando seu arco e olhando para o corredor.
— Tem algo ali. Como se alguém estivesse comendo algo com muita vontade.
— Héere, pode ficar invisível e conferir pra gente? — Kuoth pediu.
— Tudo bem.
Ele era incrivelmente silencioso quando ficava invisível, e apenas Earwen conseguiu ouvir passos bem leves no chão. O jovem deu um pequeno sorriso, admirando a capacidade do olhudo. Logo depois, Héere voltou.
— Há duas celas no fim do corredor, dois carniçais se alimentando em uma, uma pessoa na outra, não sei se está viva.
— Primeiro porta. Depois corredor. — Zanshow cruzou os braços, olhando para Earwen.
— Tá bom, tá bom. — O humano suspirou e foi trabalhar.
Com cuidado, abriu a porta, que percebeu não estar trancada, e viu um pequeno laboratório abandonado.
— Tá livre, pessoal.
Lá dentro, o grupo começou a vasculhar por qualquer coisa valiosa, Earwen e Kuoth acharam pólvora, e resolveram que tentariam vendê-la na cidade. O qareen também pegou o livro com instruções para fabricar a pólvora.
Aron achou uma espada linda e pensou em esconder do resto do grupo, mas, querendo admirá-la, tirou-a da bainha fazendo barulho e acertando latas de metal no alto de uma estante.
O barulho chamou a atenção do grupo.
— Aron achar boa espada, dar pra Zanshow.
— Mas...
— Ser uma espada bastarda. Aron não saber usar isso.
— Tudo bem...
O meio-elfo abaixou a cabeça e entregou a arma ao orc, que abriu um grande sorriso mostrando as presas. Não foi bonito.
O grupo seguiu pelo corredor até as celas.
Os carniçais estenderam os braços para fora tentando alcançá-los.
Aron, enojado, pegou seu tridente e atacou um deles, mas o carniçal desviou e puxou a arma, que caiu no fundo da cela.
Earwen e Kuoth começaram a rir.
Zanshow sacou sua katana e matou uma das criaturas, perfurando sua cabeça com um golpe rápido. O ranger tirou sua espada e fez o mesmo com o que havia puxado seu tridente.
O ladino voltou sua atenção para a outra cela, onde uma pessoa estava inconsciente e completamente acabada. Olhando a fechadura ele bufou com a simplicidade e em segundos a porta já estava aberta.
O grupo se juntou ao redor do prisioneiro.... Menos Aron, que choramingava olhando para seu tridente enquanto se ajoelhava em frente à cela trancada
— Não, de novo não. Me deixem em paz! — O prisioneiro acordou assustado.
— Não sei quem você pensa que somos, mas estamos tentando ajudar. — Earwen começou.
— Vocês não são... oh, não olhem para o meu rosto, por favor, não olhem.
— Quem é você?
— Sou Khassawadi al-Muskati, Clérigo de Azgher. E-eu vim a pe-pedido de Lady Denea, mas fui capturado antes mesmo de encontrá-la. — Ele travava na hora de falar, ainda estava com medo.
— Ora, ora. Você estava certo, não é, Héere? — Kuoth cruzou os braços, olhando para o Lefou, que acenou com a cabeça.
Earwen pegou um pano e entregou para que o homem escondesse o rosto. O lefou o ajudou a se levantar para saírem dali.
— E agora? Vamos continuar explorando? — Kuoth se virou para o ladino.
— Vamos levá-lo de volta. Ele não vai aguentar ficar aqui por muito tempo.
Os dois se viraram para Aron, que ainda olhava o tridente. Zanshow passou rindo pelo meio-elfo, sem se importar.
— Earwen, você pode abrir essa cela pra mim? — O ranger tentou um último apelo.
— Ok, ok, só um instante.
Confiante, o humano tentou abrir a fechadura..., mas não conseguiu.
— O quê? Eu jurava que seria igual a outra... — E ele estava realmente surpreso, não havia conseguido abrir de maneira alguma, o que o fez franzir o cenho, incomodado. — É, acho que vai ter que ficar sem ele, Aron.
***
Com um meio-elfo lamentando e resmungando, o grupo seguiu de volta pelo corredor até chegar ao salão das quatro pilastras, onde viram que já eram esperados.
Dois anões estavam em cada uma das saídas, e um ser, usando elmo e uma armadura negra com um símbolo púrpura de Tenebra, estava próximo a um dos pilares do fundo.
— O que fazem aqui? Devolvam o prisioneiro à cela, e talvez os deixe sair vivos. — A criatura com armadura negra disse calmamente, o aviso era sério.
O grupo se armou, Kuoth arreganhou um sorriso animado, e teria puxado as mangas também, se tivesse alguma.
— Héere, você poderia devolver o prisioneiro? — Earwen disse, piscando discretamente para o lefou.
— Isso não vai adiantar. — O companheiro respondeu, entendendo a intenção do homem.
O ladino abriu a boca, então abaixou a cabeça, conformado.
— Bem, acho que não temos escolha.
— Vamos brincar! — Kuoth quase gritou, empolgado.
— Volte com ele Héere, proteja-o. — Aron pediu ao lefou, se preparando para atirar em um dos anões.
De repente, quebrando o clima tenso, o grupo olhou para o lado e viu um homem abraçado a uma das pilastras. Ele parecia ter se escondido do lado errado dela, ficando à vista dos aventureiros.
Sem parar para pensar, Zanshow golpeou o pescoço dele com a katana, o corpo caiu no chão sem vida enquanto a cabeça ficou apoiada na lâmina.
Kuoth riu alto e uma batalha se iniciou. O samurai partiu para cima dos anões, dois homens saíram de trás de outras duas pilastras, flanqueando-o.
O orc trocou golpes com os humanos, estes não pareciam muito habilidosos e foram rapidamente eliminados pelo samurai.
Enquanto isso, Aron, Earwen e Kuoth enfrentavam aquele que parecia ser um clérigo de Tenebra. O clérigo recitava magias enquanto tentava aparar os golpes do renger e do ladino que empunhavam espadas e atacavam freneticamente.
Por mais que estivesse resistindo aos dois, não conseguia evitar as magias de Kuoth, até que mais uma remessa de misseis atingiu seu peito e ele caiu de joelhos.
Furioso, o clérigo urrou:
— Curvem-se diante do poder de Tenebra!
A aura que invadiu a sala foi aterrorizante, os aventureiros mal conseguiam se mexer, Earwen suava frio, Zanshow ficou paralisado de terror.
Por um momento parecia que a esperança se esvaia, quando Kuoth acertou o servo da Deusa das Trevas mais uma vez e todos o viram caindo.
— Parem! — gritou, chamando a atenção dos capangas. — Ou matarei seu mestre! Devolvam o Parede!
O Feiticeiro tinha um sorriso psicótico no rosto, como se implorasse para ser desafiado.
O grupo olhou para Zanshow e percebeu um levíssimo movimento, com o clérigo inconsciente, a aura de terror havia sumido, mas os adversários não pareciam ter percebido e cercavam o orc.
— Vocês que devem parar, ou o orc morre.
Um dos anões foi se aproximando do clérigo.
— Se você tentar curá-lo... todos vocês vão morrer... — Kuoth disse bem devagar, com uma calma assassina.
— Você não se importa com seu amigo? Quer que ele morra? Temos quatro em cima dele. — O anão respondeu enquanto começava a curar o mestre.
— Eu... disse... para... não... curá-lo! – O qareen acertou o mestre inconsciente, lançando misseis a cada palavra. Estava agradecendo internamente por aquela chance.
— Cure-o logo! — Outro anão gritou.
— Não está funcionando! O dano desses projeeis é maior do que eu consigo curar!
Zanshow viu a oportunidade para se mover.
— Zanshow ESMAGAAAAAAAAA!!!! — gritou... apesar de sua katana apenas cortar, e não esmagar nada... relevando isso, ela cortava muito.
Sem conseguir curar o mestre, o anão se juntou a luta com os companheiros, que iam sendo abatidos pelo grupo, rapidamente o curandeiro também foi morto sobrando só um anão, que enfrentava o orc.
Earwen viu aquilo e pensou ser seu momento de brilhar, sorriu e correu na direção do anão. Pulou com a intenção de dar uma voadora com os dois pés no adversário. Este, por sua vez, estufou o peito e parou o humano, que caiu no chão.
O resto do grupo se entreolhou, o anão olhou para o homem no chão e depois para Zanshow, que deu de ombros, como se estivesse acostumado com aquele tipo de idiotice.
Os dois retomaram a postura e voltaram a lutar, ignorando o ladino.
Com um golpe rápido o samurai matou o anão e ajudou Earwen a se levantar, segurando o riso por não conseguir tirar a cena da cabeça.
O grupo pegou o corpo do clérigo de tenebra morto partiu de volta para a cidade, levando também o clérigo de Azgher.
No fim, luz e trevas eram carregados por um grupo de heróis improváveis.
***
Bolton estava no templo de Khalmyr com Meirelles e foi chamado por Miglo Athard para conversar no escritório do sacerdote.
— Sir Bolton, venha, sente-se. Ponha alguns livros na cadeira se quiser. Com todo o respeito.
— Obrigado. — O halfling preparou a poltrona e se sentou, ajeitou-se sobre os livros duros e sorriu para o anfitrião.
— Como você sabe, sou o líder deste templo, além de também ocupar um cargo no Conselho de Thanagard. Sei que você e seu grupo vêm ajudando essa cidade... e espero não pedir muito ao perguntar se vocês nos auxiliariam em outra demanda.
— Claro que ajudaríamos! Somos guerreiros da justiça, fazemos de tudo para levar a paz a todos e oferecer-lhes uma segunda chance! Conte-me, grande clérigo, que aventura eu e meus companheiros iremos adentrar?
— Bem, estava eu a ler alguns tomos na nossa biblioteca, quando me deparei com algo que talvez nos ajude a derrotar o culto a Megalokk, que se fortalece nos esgotos de nossa cidade.
Apesar de ter sido pego de surpresa com o ânimo do pequeno cavaleiro, o homem idoso sorriu e contou o que sabia:
— Há três dias de viagem daqui, havia um laboratório criado por anões para fazer experimentos mágicos. O laboratório ficava ao lado de uma cachoeira, e contava com um moinho para ajudá-los nas pesquisas. Após alguns anos, os anões decidiram por construir ali um templo para louvar seus deuses preferidos....
Ele se levantou e começou a se mover pela sala, enquanto os olhos de Bolton acompanhavam-no, vidrados.
— Khalmyr, o Deus da Justiça e criador da raça dos anões, Tenebra, Deusa das Trevas e, segundo os próprios anões, a mãe de sua raça e Tannatorimm, deus menor das ciências, cultuado apenas por uma pequena fração do povo da montanha, aqueles raros que se interessam por ciências e magia arcana.
Pegou um livro em uma estante e passou a mão por sua capa, tinha a balança e a espada estampados em dourado, os símbolos de Khalmyr.
— Infelizmente, durante suas pesquisas, os anões invocaram uma criatura que puderam nomear apenas de Magia-Viva. Sem poder suficiente para conter a criatura, ela destruiu o laboratório e matou quase todos os anões que trabalhavam lá, incluindo os que viviam no templo.
Miglo voltou para sua cadeira e abriu o livro em uma página com a imagem de uma arma de aparência poderosa. Olhou para o halfling e disse:
— No entanto, no livro diz que, pouco antes da tragédia, os anões conseguiram forjar uma arma especial a partir de uma peça de aço-rubi. Eles a batizaram de Malho da Realidade. Dizem que este material é raríssimo, e que é capaz de vencer qualquer espécie de resistência que certas criaturas sobrenaturais possuem, como a dos mantores.
— Então poderemos lutar contra aquelas criaturas sem depender da magia do Kuoth? — Bolton passou a mão pela página do livro.
— Não tive a oportunidade de conhecer o Senhor Kuoth, mas sim, poderiam.... Então, Sir Bolton, gostaria de saber se vocês aceitariam viajar até a ruína do laboratório e do templo dos anões para resgatar o Malho da Realidade.
— Pode contar com minha espada, Senhor Athard!
— Em nome de toda Thanagard, eu agradeço por sua bravura, Sir Bolton! Mas lembre-se: se por acaso vocês encontrarem a Magia-Viva, prefiram evitá-la a combatê-la, pelo que li a respeito ela tem a forma de uma esfera de plasma, mas não sei do que é capaz. Lembre-se que dúzias de anões morreram tentando combatê-la.
— Sem problemas! Em breve estaremos de volta com o Malho. Por Thyatis!
Ele saltou na loba e saiu do templo. Precisavacontar a todos sobre aquela missão, finalmente poderiam acabar de vez comaquele culto macabro que crescia nos esgotos, não precisariam de artimanhas,apenas a boa e velha briga de espadas... ou Malho, no caso. Ele sorriu,animado.
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Então é isso, pessoal! Espero que tenham gostado do capítulo!
Não se esqueçam de votar e comentar!
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