Reporte de sessão VII - Parte II - A missão do lefou

— O que acha deles? — O ladino perguntou, enquanto ele e Kuoth andavam pelo centro de Thanagard cidade.

Estranhos, mas interessantes. É um grupo bom.

— Também acho, por isso me juntei, é melhor que continuar viajando sozinho. E você?

Há séculos eu procuro meu pai. Até agora o que tentei não deu muito certo. Talvez viajando com um grupo como esse... não sei... talvez eu possa encontrá-lo.

— Seu pai é um gênio.

Sim, um gênio do fogo, ele...

— Shiu.

Quem você pensa que é para...

O ladino apontou para cima e Kuoth entendeu o que ele queria dizer. Um vulto passou por eles em um dos telhados das baixas construções daquela ruela.

— Quanto tempo não vejo isso, vamos nos separar, vou tentar pegá- lo.

Por que diabos faríamos isso?

É divertido... claro que na minha época era eu a ser perseguido..., pense nisso como um jogo.

O qareen suspirou.

Tudo bem, só espere um instante.

Disse algumas palavras e tocou o companheiro.

"Agora você pode me dizer em que direção estão indo"

A vóz soou na mente do ladino, que assoviou.

"Uau!"

Acenando, eles se separaram, o homem subiu nos telhados onde tinha visto o movimento. Deveria ser um ladrão qualquer, seria um jogo divertido.

Rapidamente Earwen escalou uma das construções e partiu em perseguição. Kuoth foi pelo chão, o ladino o guiava telepaticamente.

A perseguição continuou, mas o suposto ladrão tinha percebido que estava sendo seguido. Ele e seu perseguidor subiram por telhados, mas o ladino encurtou a distância rapidamente.

Saltaram para dentro de um beco, mas, quando Earwen aterrissou, não viu aquele que perseguia. Olhou em volta, confuso.

Sem aviso, foi puxado com força pelo colarinho. Uma mão travou sobre seu pescoço, prendendo-o contra uma parede enquanto a ponta de um florete ficou próxima dos seus olhos.

— Não quero te machucar.

— Não... não é o que parece.

Não era só um ladrão qualquer, era um lefou, um ser que nasceu infectado pela Tormenta. Tinha olhos de mosca e a pele cinzenta. O ladino engoliu em seco.

"No beco" Foi a mensagem que mandou para Kuoth enquanto a criatura falava.

— Sou um devoto de Khalmyr. — Ele mostrou o símbolo no peito. — Por que me perseguia. Diga a verdade e serei justo.

— A verdade é que eu pensei que fosse um ladrão. — Earwen pensou rápido em uma meia mentira. — Queria pegá-lo, afinal, ladrões merecem a justiça de Khalmyr..., não é? — Deu um sorriso amarelo.

—Hunf, tem razão, eu talvez pareça isso... — Ele abriu um pequeno sorriso, soltando o jovem. — E você também.

— Bem, é que... aahh...

— Tudo bem, não me interessa..., mas talvez...

O qareen chegou no beco, já levantando as mãos.

— Não, não, não! — O ladino balançou os braços.

Kuoth parou, confuso.

— Não é o que eu pensei. É um devoto de Khalmyr. Tá tudo bem.

— Seu amigo? — O lefou perguntou.

— Sim.

Não diria amiiiigo.... — O qareen encolheu os ombros. — Mas estamos no mesmo grupo.

— Poxa Kuoth, magoou.

— Grupo? — O lefou pareceu interessado. — São aventureiros? Isso é ótimo. Acho que poderiam me ajudar!

— Taaalvez... — Earwen ficou confuso.

— Meu nome é Héere. Acontece que um culto ao Deus-Monstro Megalokk está se fortalecendo no subterrâneo de Thanagard. Acredito que este culto pode estar por trás dos misteriosos assassinatos do distrito sul. — Ele guardou a espada e cruzou os braços. — Estou juntando informações já faz um tempo. Se vocês me ajudarem, talvez possamos acabar com isso.

— O que a gente ganha?

— Não se preocupem, eu tenho dinheiro. E garanto que o conselho da cidade vai recompensá-los também.

O ladino olhou para o feiticeiro, que deu de ombros.

— Tudo bem. Vamos falar com o nosso grupo e tentar achar o esconderijo subterrâneo, como te encontramos?

— Eu encontro vocês.

A figura subiu por uma parede e sumiu na noite.

***

— Eu falo com os halflings. Teremos mais sorte se alguém da mesma raça conversar com eles. — Bolton tomou a frente montado em Meirelles.

O grupo começava a entrar na favela dos pequenos. Tinham descoberto que havia uma entrada para os esgotos da cidade por lá. Depois de perambular por vielas escuras e sujas, os halflings marginalizados finalmente abordaram o grupo.

— O que querem aqui? — Um deles cruzou os braços enquanto os outros se mantinham atentos.

— Meus companheiros, estamos aqui a mando do conselho da cidade. — Bolton sorriu, mas vendo a expressão séria dos seres ali, seu sorriso amarelou. — aahh... sabem... estamos fazendo uma pesquisa... uma pesquisa importante...

— Uma pesquisa... a essa hora da noite? — O líder levantou uma sobrancelha.

— É... bem... nós trabalhamos até tarde...

— Saiam daqui.

— Mas...

— Saiam.

Sem escolha o grupo saiu da favela, Earwen e Kuoth se aproximaram de Najla.

Ele sempre fala tanto assim?

— As vezes é ainda pior.

— Da próxima vez, outra pessoa se ocupa da diplomacia. — O ladino piscou e sorriu.

***

No dia seguinte, o grupo decidiu continuar procurando uma maneira de entrar no subterrâneo, e para isso precisavam de um mapa, estava na hora de ver Lady Denea Erix.

— Ah, os salvadores do meu netinho. O que os traz aqui?

— Há quanto tempo, lady Denea. — Earwen começou.

— Humm... — A senhora inclinou a cabeça. — Acho que não me lembro de você.

O ladino sorriu, sem graça.

— Hehe... acho que melhorei bastante, sou o Earwen.

— O quê?? Aquele mendigozinho que vivia pondo meu filho em confusão?

"Era mais o contrario, na verdade" O homem preferiu manter aquilo em pensamento.

— Aahh, sim... é que...

— Pelo visto todas aquelas esmolas e comida que eu te dava serviram para algo. Era tão engraçadinho ver o Reyny fugindo com essas coisas para te dar, e eu fingindo que não via nada. — Ela deu um sorriso incrivelmente gentil. — Fico feliz por você.

Earwen começou a chorar escandalosamente. Ficou ali, com o rosto para cima e as lágrimas escorrendo. Fungou e olhou para baixo.

— A senhora sempre foi tão maravilhosa... — disse enquanto passava a manga da camisa para limpar as lágrimas. Depois se lembrou que estava acompanhado pelo grupo. — Passei vergonha?

Todos cruzaram os braços e concordaram seriamente com as cabeças.

Ele pigarreou e tentou se recompor. Olhou para a senhora, agora sério.

— Lady Denea, precisamos de um mapa dos esgotos de Thanagard. Achamos que um culto maligno pode ser a causa desses ataques na região sul. E estamos tentando acabar com isso, mas precisamos de ajuda.

— Por Khalmyr, isso é horrível! Bem, eu não posso ajudar muito nesse assunto, mas posso armar um encontro com alguém que é capaz. — Ela colocou um dedo no queixo. — Tem um aristocrata estrangeiro, tamuraniano, que se tornou muito amido do Lorde Jaimon Grafson, que por sua vez é responsável pela parte de engenharia da cidade. Infelizmente tenho uma certa richa com Grafson, então teremos que passar pelo aristocrata.

— Qual o nome dele? — Bolton perguntou.

— Kisoku.

Zanshow arregalou os olhos, todo aquele momento ficou parado, quieto, mas aquilo o perturbou demais.

Não era possível, não podia ser a mesma pessoa. O nome do estrangeiro era o do criminoso que seu mestre caçou durante a vida toda.

Tetsuo Nangara, mestre do orc, havia cumprido sua missão ao executar este Kisoku dois anos atrás. Depois disso realizou o Hara-kiri, o suicídio-ritual tradicional dos samurais, em missão final para seus lordes.

Franziu o cenho, sem compreender. Se este aristocrata é o homem que Nangara matou há dois anos, como ele voltou à vida?

Aquilo era muito para a cabeça de Zanshow, ele fechou a cara. Iria descobrir quando se encontrasse com o homem.

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Então é isso, pessoal! Espero que tenham gostado do capítulo!

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