Reporte de sessão IV - Paladino?

No dia seguinte, o grupo descobriu a localização de Abbathor e partiu rapidamente.

Estavam no meio da viagem quando um bando de hobgoblins saltou das árvores interceptou os aventureiros.

— Bem, as coisas estavam mesmo tediosas — disse Bolton, que sacou a espada e incitou Meirelles a atacar. — Por Thyatis!

O grupo conseguiu derrotar os assaltantes sem problemas, três ficaram vivos, e Zanshow se aproximou deles com um sorriso selvagem no rosto, enquanto estalava o punho.

— Por que hobgoblins estarem atacando amigos de Zanshow?

— Nós... nós não temos medo de você! So-somos batedores da Aliança Negra! Esperem até o General Thwor Ironfist encontrar vocês!

— Alguém entender o que monstrinho idiota dizer? — perguntou o orc, confuso, se virando para o grupo.

Todos deram de ombro, não faziam ideia do que era a Aliança Negra, muito menos conheciam seu general.

— Vamos levá-los para Abbathor. Lá as autoridades resolverão — disse Bolton, enquanto pegava uma corda do seu alforje.

Com os hobgoblins bem amarrados e amordaçados o grupo chegou na cidade. Deixaram as criaturas com os guardas locais e pediram informações sobre Tex. Rapidamente conseguiram descobrir onde ficava a casa do paladino.

Foram rapidamente até um albergue onde deixaram Mira. Aron resolveu ficar também, para tomar conta dela, o restante seguiu até a casa de Tex.

Bolton bateu na porta e uma voz pediu para que entrassem.

— Olá, viemos atrás de um paladino chamado Tex — O halfling disse enquanto entrava, passando os olhos pelo local.

— Olá, meus queridos! Que grupinho lindo! O que vocês precisam de mim? Vamos, me digam, o que Tex, o grande paladino de Anilatir, pode fazer por vocês?

O homem definitivamente não parecia um paladino, usava uma calça de couro cheia de correias, assim como os braceletes. Não usava camisa e era careca. Era alto e esbelto, cheio de trejeitos afeminados.

— Aaahh... — Bolton estava desconfortável demais para conseguir falar... aquilo não podia ser um paladino. Onde estava a armadura brilhante? O que era aquele jeito todo de se portar?

— É nossa amiga. — Meia-noite foi o primeiro a se recuperar do choque... afinal, havia um orc samurai no grupo... um paladino seminu com uma enorme tatuagem de dragão nas costas não deveria ser tão estranho. — Ela foi amaldiçoada, e você, provavelmente, é uma das únicas pessoas que pode nos ajudar a salvá-la.

— Então é uma jornada para salvar uma companheira? Que lindo! Claro que posso ajudá-los, maaaaaaas... é claro que lhes darei uma pequena missão, ou vocês não poderiam ser chamados de aventureiros, não é? — Ele sorriu gentilmente para o grupo.

— Aceitaremos a missão com todo o prazer — começou Bolton. — Senhor... sir... aahh.

— Apenas Tex, querido.

Ele se sentou em uma cadeira e pôs o cotovelo na mesa, apoiando o rosto sobre a mão. Olhou para o grupo com uma expressão divertida no rosto.

— Muito bem, eu preciso que vocês visitem uma amiga minha em Hassenbluff, ela está com alguns probleminhas que talvez vocês possam resolver. O que acham?

— Faremos isso. — O halfling acenou com a cabeça sem nem pensar. Uma jovem donzela em apuros era tudo o que precisava.

O grupo foi rapidamente até o albergue onde pegaram Mira, depois voltaram para a casa de Tex, mas quem os atendeu era uma pessoa completamente diferente.

Um homem de cabelos brancos, com um óculos pendurado no nariz e uma expressão calma. Usava um jaleco preto sobre roupas pretas e tinha um ar de doutor.

— Então essa é a garota... quem diria, uma lefou — disse o homem.

Neste momento, o grupo ficou paralisado. Najla mordeu os lábios. Como aquele homem percebeu? Ela sempre tivera o cuidado de esconder as antenas da amiga, assim como manter o corpo dela coberto para que as partes de pele rígida, formadas por queratina, não ficassem a mostra.

— Mira é uma lefou? — Bolton ergueu uma sobrancelha, surpreso.

— Ora essa, vocês não sabiam? — O velho de cabelos brancos ajeitou os óculos.

Meia-Noite foi até a companheira, que Zanshow havia depositado em uma cama, e tirou seu manto, revelando suas mutações causadas pela infecção da Tormenta pela primeira vez.

— Uau...

— Nós nunca percebemos, a Najla que estava cuidando dela... — Aron franziu o cenho e olhou para a clériga. — Você sabia?

— Sim.

— Por que não contou? — Bolton se aproximou.

— Se ela quisesse que vocês soubessem, ela mesmo teria contado. Espero que não a julguem por isso, é nossa companheira.

— Tem razão... o nosso foco deve ser em curá-la, não importa a raça dela. — O halfling suspirou.

Concordando com um aceno de cabeça, todo o grupo se virou para o senhor.

— Aaahh... Tex? — Meia-noite perguntou.

— Eu mesmo, por quê?

— Bem... toda essa mudança...

— Ah sim, isso.

Ele cruzou os braços na frente do corpo e começou a falar como um velho sábio:

— Aparência é de vital importância para que nos coloquemos no estado de espírito pertinente a cada conversa. Venho aqui como uma figura propositalmente sábia e artificialmente séria. Minha aparência deve traduzir minha posição momentânea, colocando-nos num ambiente de maior cooperação, e invocando a experiência intrínseca de incontáveis gerações de educadores, para garantir o proveito de nosso diálogo.

Quando ele terminou de falar todo o grupo estava vidrado, prestando atenção, o paladino sorriu e bateu palmas.

— Muito bem, vamos começar!

O homem começou a realizar um estranho ritual que nenhum dos integrantes do grupo entendia. O paladino perguntava coisas e incitava Mira a ficar acordada. De alguma forma, a própria lefou dava as respostas para solucionar o problema. No fim, ela não sabia como, mas tinha passado todas as instruções que o grupo precisava saber para salvá-la.

Ela deveria tomar um extrato da Flor de Vênus, uma planta rara, que por acaso crescia em um bosque não muito longe dali.

Com isso resolvido, Aron levou Mira à estalagem e tomou conta dela para que o resto do grupo fosse buscar a planta.

***

— Ah claro, tinha que ser uma planta carnívora! — Exclamou Bolton, se defendendo do bote da flor que fedia a cadáver.

— Zanshow esmaga!!!

O orc pulou com a katana para cima do oponente, enquanto misseis mágicos a atingiam.

Por fim conseguiram matar a planta e juntos a levaram para o vilarejo. Chegando lá, Mira, Aron e Meia-noite começaram o trabalho de fazer 80 doses do chá para o processo de cura da lefou, enquanto Bolton, Najla e Zanshow se prepararam para partir na missão dada por Tex.

O trio seguiu para o norte com certo receio. Ouviram boatos de que Hassenbluff era conhecida por abrigar um dragão vermelho em seus arredores, este exigia tributos dos moradores de tempos em tempos.

No meio do caminho, vozes e passos foram ouvidos mais à frente na estrada.

— Tesouro para Kally!! Tesouro para Kally!!

Os aventureiros ficaram confusos e acabaram cercados por kobolds, criaturinhas draconicas ainda menores que os halflings.

Rapidamente elas foram derrotadas, muitas fugiram com medo, e o grupo retomou viagem.

***

Já no vilarejo, o trio percebeu que não eram bem-vindos ali, as pessoas os olhavam com suspeita, ninguém se aproximava deles. Entraram em uma taverna chamada O Martelo de Khalmyr, onde o clima parecia ser menos hostil.

— Boa tarde, aventureiros, o que fazem por essas bandas? — Uma jovem se aproximou do grupo já sentado em uma das mesas.

— Procuramos alguém chamada Talanya — começou Bolton. — Você conhece?

— Tenho que conhecer, sou eu.

— Que ótimo. Viemos a pedido de...

— Talanya! Continue seu trabalho! — Um anão puxou a garota pelo braço e a afastou dali. — Você não vai ficar perdendo tempo conversando com forasteiros.

— Mas...

— Sem mas, tem outras mesas para serem servidas.

Depois disso a jovem não voltou a mesa do grupo,e todas as tentativas deles de puxar conversa foram interrompidas pelo anão.Começou a escurecer e o trio decidiu ir dormir, estavam cansados e poderiamresolver a situação no dia seguinte. 

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Então é isso, pessoal! Espero que tenham gostado do capítulo!

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