Capítulo Vinte e Três: Tique-Taque, Tique-Taque...Boom!
Olha, olha... Quem é vivo sempre aparece? Sim!!!
Depois de meses eu voltei, afinal essa é minha filha preferida e jamais abandonaria ela!
Esse capítulo é o que a gente chama de capítulo transição, não acontece grandes coisas e também não é longo, mas é necessário...
Então aproveitem e não deixem de comentar ❤️
O telefone tocou, Peter já havia escovado os dentes e só estava verificando algo no livro de química antes de dormir.
Já imaginava quem seria do outro lado.
Peter tirou o telefone do gancho ao lado de sua cabeceira e colocou sobre o ouvido.
-Alô?
-Oi, bombom. -disse Tony com sua voz anasalada de gripe.
-Acordou agora, não foi? -perguntou Peter enquanto enrolava o fio no dedo.
-Sim. Não vi você ir embora, queria ter dado tchau.
-Eu não quis te acordar, sei como esses remédios dão sono e você tava dormindo tão lindo.
-Deveria me acordado, estou me sentindo mal por não ter dado tchau. Sei lá, sinto uma espécie de remorso.
Peter revirou os olhos. O moreno estava bem mais dramático do que o normal agora que estava doente.
-Não é o fim do mundo, Tony. Nós vamos no ver depois de amanhã. E você sempre dá tchau.
-Sim, mas tem o nosso ritual. -O ritual de dar tchau consistia em um beijo na testa. Tony dizia que sua mãe sempre dava um beijo em sua testa antes que ele fosse para algum lugar, era como um amuleto de proteção. O moreno sempre dava um beijo na testa de Peter nas despedidas e vice versa.
-Eu dei um beijo na sua testa, então você está protegido.
-Acho que o beijo que te dei no sábado vai durar por mais algum tempo. -falou Tony. Ele estava com a voz cansada. Devia estar sonolento por causa do remédio.
-Sim, vai durar.
-Você vai de ônibus amanhã? -perguntou Tony enquanto bocejava.
-Vou. May se ofereceu para me levar, mas eu quero fazer isso sozinho. -respondeu Peter se deitando e encarando o teto enquanto falava.
-Imagina que estou lá com você, se sentir medo, fecha os olhos e pensa em mim.
-Tudo bem, vou fazer isso. -concordou Peter -Você jantou?
-Não estou com fome. -disse o moreno.
-Tony, você precisa comer.
-Amanhã eu tomo café.
Peter soltou um suspiro, já estava vencido pela teimosia e ele mesmo estava com sono.
Tony bocejou mais uma vez.
-Vá dormir, está com sono. -disse ele. -E eu também.
-Eu vou acabar virando o Bela Adormecida da relação.
-Você jamais ousaria roubar o meu lugar. -falou Peter com a voz lenta e olhos pesando.
-Não mesmo, esse lugar é só seu.
-Boa noite, Tony. Amanhã quando chegar da escola te ligo. -murmurou Peter.
-Okay. Boa noite, meu bombom.
A última coisa que Peter fez foi colocar o telefone no gancho e fechar os olhos. Nem se deu o trabalho de desligar o abajur.
[...]
O trepidar do ônibus escolar conseguia ser mais emocionante do que a montanha russa que Peter havia ido com Tony no parque de diversões.
Uma lombada e seu coração pulava pela boca.
Imagina a cara dos colegas que o via agarrado no banco como um gato assustado.
Ele precisou de alguns minutos para poder se levantar quando o ônibus estacionou em frente a escola.
Mas no fim, foi ponto para ele. Não era grande coisa, mas havia conseguido ir sozinho para a escola no ônibus, e detalhe, sem morrer!
Mal esperava para contar para Tony.
Era estranho estar na escola sem o namorado, parecia que algo estava faltando.
Peter separava alguns livros dentro do armário quando ouviu um barulho alto.
Era Flash andando pelo corredor e empurrando Scott Lang contra o armário, fazia tempo que aquilo não acontecia.
Thompson passou por Peter o olhando feio.
-Tá olhando o que, Pinto Parker? -ele sorriu de forma debochada enquanto se afastava.
Tony podia não estar ali, mas Flash sabia que não devia mexer com Peter.
E sinceramente, caso o valentão viesse para cima do garoto, ele mesmo fazia questão de dar uns bons socos na cara do outro, mesmo que isso lhe custasse a vida.
Peter olhou para Scott, que estava encostado no armário, massageando o ombro e fazendo uma careta de dor.
Okay, era hora de acabar com aquilo uma vez por todas.
Ele foi até o rapaz e começou a pegar alguns livros de Scott que haviam caído no chão.
-Pode deixar, eu me viro. -falou Lang juntando o material.
-Você precisa falar para o diretor Banner, não pode mais deixar isso acontecer, Scott. Se quiser eu vou com você até a diretoria. -ofereceu Peter enquanto entregava os livros que ele havia pego.
Sabia muito bem como era ser perseguido por Flash, ele sabia exatamente como era.
-Obrigado Parker, mas não precisa, eu sei me virar. -disse Lang em um tom seco.
Peter colocou a mão no ombro do rapaz e o olhou nos olhos.
-Não pode ficar apanhando do Thompson pra sempre.
Scott sacudiu o ombro afastando a mão do castanho.
-Eu não preciso da sua ajuda e nem da ajuda do seu namoradinho cuzão, ele não é muito diferente do Flash. Não posso falar de você, nem te conheço, mas sei que eles dois merecem se foder. -Scott proferiu as palavras com tanto ódio e nojo que parecia que ele iria cuspir no chão a qualquer momento.
Tony? Mas o que o namorado tinha haver com isso?
Scott saiu andando, mas Peter o seguiu.
-Ei, por que você acha que Tony merece se foder? -Peter não estava necessariamente irritado, estava mais curioso. Não que ele tivesse gostado de ouvir que seu namorado merecia se ferrar, no entanto gostaria de saber o motivo daquilo.
Lang não respondeu, apenas entrou na sala que teria a aula e deixou a porta bater atrás de si.
Peter ficou lá parado absorvendo o que havia acontecido.
Teria que perguntar ao namorado se ele tinha alguma rixa com Scott, ele faria isso mais tarde.
Agora seria sua aula menos preferida, aquela em que ele era obrigado a colocar uma roupa de ginástica para fazer absolutamente nada, ou seja, teria muito tempo para refletir.
Após a troca das vestes, Peter se encaminhou para a quadra interna e logo avistou uma figura conhecida ao longe, MJ.
A amiga estava encolhida no canto da arquibancada, o capuz de moletom cobrindo a cabeça e os fios do fone pendendo de seu pescoço.
-O que foi, MJ? O que aconteceu? -perguntou Peter se sentando ao lado da moça.
-Meu pais vão se separar, o clima lá em casa está uma merda. -respondeu ela encarando a quadra.
Não sabia bem o que dizer, mas não podia deixar a morena desamparada.
-Sinto muito. -Peter abraçou a amiga de lado e encostou a cabeça no ombro dela.
Michelle balançou a cabeça com os olhos cheios de lágrimas.
-Acho que minha mãe vai se mudar para Chicago e eu vou com ela. Não queria, mas vou.
Peter sabia sobre a família de MJ, o pai bebia demais e estava tendo um caso com outra mulher. A mãe sabia, mas fingia que não, até agora.
-As coisas nunca dão certo pra mim, quanto me encontro, isso é tirado de mim. Eu nunca tive amigos como você ou Ned, pessoas que só me fazem o bem. Quer dizer, eu e você já quase saímos na porrada uma ou duas vezes, só não te bati por causa do treco na sua cabeça.
Peter deu um riso fraco, daqueles que se forçam para sair em meio a tristeza.
-Então você vai embora mesmo? Quando? -ele perguntou.
-Provavelmente no mês que vem. Eu acho que vou ter que sequestrar você e o Ned, só assim para aguentar uma escola nova. O Stark pode vir junto também.
Era bom ver a amiga se entendendo com Tony, ambos eram importantes para ele, então, era importante que eles se dessem bem.
-Nós adoraríamos. -disse Peter abraçando MJ um pouco mais. -O que vai ser de mim sem o seu pessimismo?
-Você vai ter que achar outra pessoa pra por medo do Thompson, acredito que a Carol faria isso muito bem.
-Eu amo a Carol, mas eu quero você aqui.
Era regra, MJ estava com Peter todos os dias no intervalo. Ned não, pois ele agora estava bem mais ligado ao clube besta de gibi dele. Mas Michelle não, faça chuva ou faça sol, ela estava lá.
A garota retribuiu o abraço de Peter e segurou o choro.
-Acredite em mim, eu vou ser idiota o bastante para vir para esse fim de mundo passar férias aqui. -Houve um estalo de língua proferido pela garota. -Sinceramente Parker, você acaba comigo.
MJ virou um lado do headset para que Peter pudesse ouvir o que ela estava ouvindo. Não foi nenhuma surpresa para o castanho que a garota estivesse ouvindo algo deprimente. Era Alone do Heart.
Essa era MJ e Peter aprendeu a amar cada pedacinho dela e continuaria amando, mesmo que ela estivesse longe...
[...]
Não havia muito sol naquela tarde. Peter saia da escola já se preparando para seus músculos se tensionarem dentro do ônibus.
Estava quase na calçada quando ouviu um assobio.
-Lider de torcida! Hey! -Era Carol o chamando. A garota estava montada em um moto grande e bonita, não que Peter entendesse de motos, mas aquela parecia ser uma das caras.
Ele caminhou até ela.
-Você tem uma moto? Uau... -ele falou admirando o veículo.
-Sim, tenho carro, mas prefiro a moto. -respondeu a moça.
-Isso é muito legal.
-Tenho um capacete extra, quer uma carona? -ofereceu Carol com um sorriso de canto.
Peter sequer havia subido em uma moto em sua vida. Aquilo parecia excitante.
Ele encarou o ônibus parado a alguns metros e deu de ombros. O que seria uma volta na moto perto do que era o terror dentro daquela trambolho amarelo.
-Tudo bem, mas eu nunca andei de moto antes, não sei o que fazer.
Carol tirou o capacete sobressalente que estava acoplado na garupa e entregou a Peter.
-Primeiro coloca isso aqui. -Ela ajudou Peter a prender a fivela do capacete. -Agora você sobe e segura na minha cintura. Pode segurar bem, okay?
Peter teve dificuldade para alcançar o banco alto, ele não conseguia erguer a perna tão alto, então basicamente pulou em cima do banco, fazendo o amortecedor da moto jogar eles para cima e para baixo. Carol gargalhou com a trapalhada do rapaz.
O castanho envolveu a cintura da amiga com os braços. Mas não quis apertar muito.
A loira ligou o motor, o coração de Peter deu um pulinho, aquilo parecia divertido.
-Peter, você parece solto, segura bem. -pediu ela. -E não seja o garupa pica pau, que fica batendo seu capacete no meu.
-Hmnn tá bom? -ele não sabia bem o que aquilo significava, mas concordou.
Então Carol deu partida e Peter ficou eufórico com o vento que batia sobre seu corpo de acordo com a velocidade que a moto ia correndo.
Ele explicou o caminho para a amiga, mas ela disse que como era a primeira vez dele, então ia dar uma volta com antes de o deixar em casa.
Era bom ter o vento correndo pelo seu rosto.
Andar de moto era o que Peter imaginou o que havia de mais próximo de se sentir como uma pássaro cortando as correntes de ar em meio as rodovias. Já havia voado em uma avião uma vez, mas isso não havia sido grande coisa.
Carol deixou Peter em frente a sua casa.
-O que aconteceu com Stark? Por que ele não foi hoje? -indagou ela recebendo de volta o capacete que Peter entregara.
-Está doente, é gripe. -respondeu ele. -Nós meio que aprontamos na chuva no fim de semana.
A loira deu um riso malicioso.
-Uau, sexo na chuva, você está evoluindo bem rápido em relação a conquistas sexuais. Aparentemente Stark está te mostrando tudo o que pode fazer.
Peter se sentiu idiota por ter o rosto queimando.
-Não foi bem isso o que aconteceu, mas é uma ideia interessante. -tentou parecer confiante ao dizer.
-Olha só, o garoto que estava me perguntando sobre sexo esses dias já pode me dar aula. -brincou Carol fazendo Peter rir. -Agora vou indo pois preciso estudar para uma prova, nós vemos amanhã líder de torcida.
-Tudo bem. Tchau, Carol. Obrigado pela carona.
A amiga acenou e ligou a moto dando partida. Ele observou ela se distanciar aos poucos e foi para casa.
A primeira coisa que fez depois de jogar o blazer do uniforme no sofá foi ligar para Tony, mas Jarvis atendeu e deu o recado de que o mesmo estava dormindo o dia todo, porém medicado e com uma melhora considerável da febre, o que fez com que Peter ficasse mais tranquilo. Jarvis prometeu que faria Tony ligar assim que acordasse.
Já que May não chegaria cedo, ele resolveu adiantar o jantar para eles.
Geralmente ficava com Tony após as aulas, fosse estudando, namorando no carro ou assistindo os treinos do rapaz.
O moreno estava presente em boa parte de seu dia, o que fazia que ficasse um vazio quando estivesse longe.
Uma vez May disse com muito carinho que ele devia ter um tempo para si mesmo, ficar um pouco longe de Tony para respirar, não algo de dias ou semanas, mas era que a conexão entre eles a preocupava. Ela não dizia o porquê, mas tinha haver com experiencias de seu próprio passado.
"A gente nunca esquece o primeiro amor, Peter..."
Ele não era ingênuo, pelo menos não tanto... Sabia que a tia se referia a caso eles terminassem, seria difícil para ambos aceitarem já que pareciam ser tão dependentes um do outro.
Mas já era tarde demais, Peter já tinha mergulhado em tudo aquilo que era Tony.
Tudo sobre o namorado o encantava. Sua voz, seu beijo, seu toque, seu cheiro.
A forma com que o calor de Tony se unia ao seu quando eles transavam, era viciante.
Era como uma droga, ele queria mais e o tempo todo e sabia que o outro se sentia assim também.
Tony era o seu primeiro amor... E Peter esperava que fosse o único.
O jantar ficou pronto assim que May chegou.
Não demorou muito para que eles pusessem a mesa e saboreassem a refeição preparada para a ocasião.
Havia uma certa ansiedade nele em falar com o namorado, mas a noite caiu por completo e nenhum sinal de Tony. O telefone não tocava.
Como o jantar havia sido preparado por ele, May se ofereceu para lavar a louça. Então Peter subiu para tomar banho e após isso estudar um pouco.
Ligou para Jarvis mais uma vez para checar, mas o homem informara que Tony ainda se encontrava em seu sono e garantiu que sempre checava se o mesmo estava vivo.
-Ele passou a manhã inteira acordado, mas parecendo um zumbi, então recomendei que fosse para a cama, só o acordei para medicar. -informou Jarvis. -Não se preocupe Senhor Parker, ele está bem.
-Tá bom, Jarvis, eu estou com sono e vou me deitar agora. Amanhã falo com ele.
-Tudo bem. Boa noite, durma bem.
-Você também, Jarvis. -E então Peter colocou o telefone no gancho.
Havia algo dentro de si que não sossegava, uma certa urgência em falar com Tony, precisava ouvir sua voz.
Peter mentalizou o namorado dormindo de maneira calma, com um semblante sereno como sempre fazia, isso o acalmou fazendo com que ele mesmo caísse no sono.
Em meio aos sonhos, Peter ouviu o sinal do telefone. Uma, duas, três vezes...
Estava naquele estado entre estar acordado e dormindo ao mesmo tempo, onde o sono luta pelo seu lugar. Devia ser Tony, mas nem imaginava a hora que seria naquele momento.
Olha, o moreno que o perdoasse, mas teria que esperar até o dia seguinte, pois seu sono estava tão bom naquele momento.
Não havia mais ansiedade nem urgência dentro de si, somente o pesar dos olhos e transe.
Então o soar do telefone parou após alguns toques e Peter se deixou levar para seu estado de sono.
~*~
Por Deus, enfrentar seus medos era glorioso, mas acordar uma hora mais cedo para poder pegar o ônibus não tinha nada de glorioso.
Talvez Tony estivesse certo, estava se tornando uma mimadinho.
Agradeceu que o namorado voltaria a buscar ele no dia seguinte.
Tony merecia todos os beijos do mundo por isso.
Ainda não havia claridade, apenas um tom levemente alaranjado do sol querendo nascer.
Peter estava terminando de tomar seu café da manhã quando May apareceu na cozinha. A tia tinha mania de acordar cedo mesmo que não precisasse levar Peter a escola.
Sinceramente, o garoto não sabia como ela conseguia.
-Bom dia, querido. Já vai sair? -perguntou ela depositando um beijo no topo da cabeça de Peter.
-Já, já. Só vou escovar meus dentes.
May se serviu do café da jarra e bebeu expressando um som de deleite.
-Acho que seu café é melhor que o meu.
-Pelo menos eu sei fazer algo melhor que você na cozinha.
-Não fique muito convencido, okay? -brincou May.
Peter concordou e subiu para escovar os dentes.
Ele pensou em Tony, o rapaz devia estar no sono mais profundo. Sentiu uma pontada de saudade, queria faltar para ir visitá-lo. Não que realmente fosse fazer isso, até porquê receberia bronca de May e até mesmo do próprio Tony.
Se sentiu mal por não ter atendido a ligação no namorado no meio da noite, era muito a cara do moreno fazer aquilo. Mas teriam a chance de conversar mais tarde.
Peter terminou de se ajeitar e desceu as escadas correndo.
Se despediu de May com um beijo na bochecha como ele sempre fazia desde criança.
A manhã estava fria e o blazer do uniforme não estava dando conta do recado, Peter estava caminhando com os braços em volta de si.
Não é preciso dizer que as ruas estavam completamente vazias, não é?
Havia pouquíssimos carros passando e até então só havia passado uma mulher correndo com o cachorro.
Que saudades do Opala, pelo menos era quentinho e tinha Tony para esquentar.
Que saudades do Tony dizendo coisas idiotas pela manhã só para provocar seu mal humor matinal.
Faltava mais duas ruas para chegar ao ponto do ônibus escolar quando um homem passou a acompanha Peter. Notou a presença pelo barulho dos passos.
O castanho apenas olhou discretamente para trás sem querer soar paranoico ou algo assim.
Era uma figura de capuz e com as mãos no bolso.
Okay, estranho. Devia ser um trabalhador indo para o ponto também. Pelo menos agora Peter não estava sozinho.
Continuou a caminhar pela calçada com um ritmo mais acelerado, só por precaução.
O homem atrás de si começou a cantarolar algo, mas soou mais sinistro do que deveria.
Mais uma vez, por precaução, Peter decidiu atravessar a rua, mas o homem o seguiu.
Merda
O homem pigarreou, talvez na intenção de chamar a atenção de Peter, mas o garoto não se arriscou a olhar para trás. Ele mal percebeu que já estava quase correndo quando o homem chamou com uma voz grave.
-Hey, garoto!
E agora? Deveria parar ou não? É claro que não. May havia ensinado a não falar com estranhos.
Peter ouvindo os passos rápidos atrás de si antes que pudesse tomar qualquer medida. Logo ele sentiu a mão do homem o puxar pelo braço.
-Vamos playbozinho, passa a carteira! -vociferou o homem.
Peter mal podia ver o rosto do homem em meio ao capuz longo que ele usava.
-Eu não tenho dinheiro, moço. Só estou indo para o ponto de ônibus. -Seu tom saiu mais suplicante do que gostaria, seu medo foi denunciado.
-Mentira! E esse uniforme da escola de riquinho? Passa logo, vamo!!!
-Eu juro que não tenho dinheiro, me deixa ir. -O aperto em seu braço estava cada vez mais forte, Peter sentia que seu membro seria arrancado. Estavam parados em frente a uma casa. Será que ele devia gritar?
-Acha que tô de brincadeira? -indagou o homem aos berros, sacando um revólver prateado do bolso.
Os olhos de Peter se arregalaram e então ele puxou o braço na tentativa de se desvencilhar do aperto.
O coração de Peter estava quase explodindo de pavor.
-Eu não tenho...
-Tu quer morrer, moleque? Passa logo essa merda!
O homem estava visivelmente alterado. Devia estar drogado ou tão tenso quanto o próprio Peter, pois sua mão segurando a arma tremia.
O ladrão deu um cutucão dolorido com a ponta do revólver na costela do garoto.
Peter sentiu todo seu corpo se estremecer como se tivesse levado um choque. Não conseguiu segurar o grito de socorro que pulou de sua boca.
O homem olhou em volta desesperado e encarou Peter com ódio, foi então que ele deu uma coronhada do lado esquerdo da cabeça de Peter e no mesmo instante o garoto foi ao chão da calçada com uma sensação horrível sobre sua têmpora.
Não contente o indivíduo desferiu um chute da cara do castanho, acertando sua bochecha.
Seu cérebro estava pegando fogo e sua visão estava avermelhada.
Sentiu o homem arrancar algo de seu pescoço.
O colar de aranha que Tony havia lhe dado de presente.
Então o homem sumiu da visão entorpecida do garoto, levando consigo algo que era seu.
Peter revirou os olhos em meio a dor e foi de encontro a escuridão.
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