Capítulo Dezessete: Eu te Dou Minhas Estrelas

A biblioteca era de longe um dos lugares que as pessoas mais usavam para conversar na escola, o que era uma ironia, sendo que na verdade era para ser um ambiente de silêncio e concentração, no entanto os sussurros eram bem audíveis.

Peter estava sentado em uma mesa bem no meio do local com alguns livros abertos em sua frente. Ele precisava fazer um relatório sobre a anatomia humana para a aula de biologia e estava coletando fatos para adicionar em seu texto.

Todos da classe haviam sido levados lá pelo professor para avaliar o conteúdo de algum livro para selecionar alguma parte específica do corpo e explicar a importância dela.

Aquela era uma aula que ele e Tony não estavam juntos, mas ele desejou que sim, porque sentia saudades do namorado, mesmo eles tendo se visto há alguns minutos atrás na aula de álgebra.

Tinha isso também, Tony era seu namorado, agora oficialmente.

O castanho gostava de dizer mentalmente que Tony era seu namorado. Ele ficava imaginando diálogos:

"O meu namorado Tony..."

"Porque meu namorado Tony..."

"Ah é, meu namorado Tony..."

"Meu namorado Tony chegou..."

Ele ria consigo mesmo quando tinha esses pensamentos. Era quase inacreditável que estivesse namorando e ficava pensando nisso o tempo inteiro. Era algo ridículo? Com certeza, mas ninguém saberia.

Peter nunca ia esquecer da cena que ele e May fizeram na cozinha quando chegou do baile e contou tudo para ela. Ele e a tia ficaram pulando alegremente em comemoração.

Já faziam duas semanas desde o baile, mas parecia mais tempo, na verdade parecia séculos.

Peter não via a hora da semana acabar, porém ainda era quinta-feira, aqueles dias haviam sido puxados, pois o bimestre estava acabando e os professores pareciam ter combinado de jogar todos os trabalhos possíveis para cima dos alunos de uma vez só. Fora as provas que viriam.

Ele podia notar como Tony também andava estressado nos últimos dias, toda essa rotina era pior para ele, já que além de estudar, ainda tinha os treinos do time.

O castanho fazia o que podia para aliviar o cansaço do namorado, fosse conversando ou até mesmo beijando, que era o passatempo favorito deles.

Havia sensações novas no corpo do Peter as quais ele nem conseguia descrever. Tinha aquele calor que sentia quando Tony o tocava ou beijava, sempre despertava algo em sua mente. O sentimento era bom, mas intenso. Às vezes Peter sonhava com isso e era sempre algo mais além do usual que ele e Tony faziam.

Isso o assustava um pouco, imaginar que um dia ele e o namorado fariam...

Sexo?

Era muito estranho pensar sobre isso.

Sexo não era algo que somente os adultos faziam? Será que era como dirigir? Precisaria de uma carta antes?

Peter não conhecia nada sobre sexo além do pouco que era insinuado em filmes e o que o professor de biologia falava.

Obviamente que May tentava entrar no assunto, -ainda mais depois que ele anunciou o namoro. - no entanto, ele se recusava veementemente falar sobre isso com ela.

Toda a ação parecia carnal demais, forte demais.

Era bem bizarro para ele imaginar duas pessoas nuas se tocando de forma tão íntima, quando ponderava sobre isso, o rosto de Peter costumava a queimar de vergonha. Porque automaticamente imaginava ele e Tony daquela forma.

Graças a Deus sua mente era algo privado e ninguém tinha acesso a ela, porque muitas vezes nem o garoto tinha controle sobre o que pensava e isso sempre lhe causava certos desconcertos.

Ele notou que havia se perdido do raciocínio da leitura e tentou se concentrar.

Alguém se aproximou da mesa dele e pigarreou, Peter ergueu os olhos das páginas.

Era o garoto novo, o tal de Wade.

-Se importa se eu sentar, aqui? -ele perguntou já se sentando.

-Na verdade, não... -respondeu Peter ajeitando a postura na cadeira.

-Ah, que bom, você é uns dos poucos que não fica me comendo com os olhos o tempo todo. Já faz duas semanas, caramba, acho que o prazo pra ser novato é alguns dias, certo? -o garoto falou abrindo a mochila e tirando um sanduíche de dentro.

-Acho que não pode comer aqui. -orientou Peter, mas o garoto deu de ombros enquanto rasgava o plástico e mordia o sanduíche.

-Sou Wade Wilson, aliás. -ele estendeu a mão cheia de farelos para o castanho.

-Peter Parker. -ele disse retribuindo o cumprimento e depois limpando a mão discretamente no uniforme.

-Estuda aqui há muito tempo? -perguntou o rapaz com a boca cheia.

Peter lembrou que Tony fazia muito isso, ele já até havia acostumado e também achava fofo a forma como a rapaz agia sem se importar... Ah seu Idiotony.

Mas voltando a Wade.

-Huuuh, não, eu estudo aqui desde o inicio do ano. -o castanho respondeu indiferente. Ele tentava não encarar muito a queimadura no rapaz. -Eu também fui o garoto novo, sei como é ser o centro das atenções e ter as pessoas me olhando o tempo todo.

Wade franziu o cenho.

-Mas você não tem metade na cara parecendo um pastel que acabou de sair do taxo. Por que as pessoas ficariam te olhando?

O castanho deu de ombros.

-É uma longa história...

-Eu tenho tempo. -respondeu Wade rapidamente se encostando de maneira largada na cadeira.

Peter se incomodou com o intrometimento repentino do garoto.

-Se não se importa, tenho que estudar. -ele falou virando uma página, mas sem prestar muita atenção no conteúdo. Só queria que o rapaz do outro lado da mesa se tocasse e ficasse quieto.

E o outro até ficou em silêncio por um tempo, mas infelizmente, não o suficiente.

-Está conhecendo mais sobre as garotas? -indagou Wade indicando o livro em frente a Peter.

Ele olhou para as páginas onde o livro estava aberto e seu rosto corou fortemente, no papel estava impresso o desenho de uma mulher com as pernas abertas e tudo detalhado sobre como era a estrutura de uma vagina e seus pontos principais.

-Não! -respondeu Peter alto demais, ele fechou o livro rapidamente.

-SHIU! -ralhou a bibliotecária.

-Foi mal. -disse Peter olhando para a mulher.

Wade riu.

-Tá de boa, cara. É normal você querer aprender sobre como funciona, curiosidade né? -o rapaz falou com um sorriso sacana.

-Só estou estudando para um trabalho. -respondeu Peter ainda envergonhado. Ele abriu o livro novamente, mas em outra página, dessa vez uma que não houvesse vaginas.

Ele tentou se concentrar, mas o tal de Wade ficava balançando a perna enquanto rabiscava algo em uma folha. Ele não deveria estar ali para estudar?

Peter viu o rapaz puxar seu caderno que estava aberto em cima da mesa e folheá-lo. Bem intrometido, sem dúvidas.

-Quem é T.S dentro dos corações que estão rabiscado na contracapa?-Wade perguntou antes que Peter ele pudesse esticar a mão para puxar o caderno.

Suas bochechas se enrubesceram mais uma vez.

-Não interessa. -respondeu Peter puxando o caderno de supetão.

-É aquele cara que você vive andando de mãos dadas? Antonio Stars? Alguma coisa assim? -insistiu o garoto.

Peter revirou os olhos.

-O nome dele é Anthony Stark. -respondeu os castanho se olhar para Wade, tentando mostrar que ele estava alheio a presença do rapaz.

-Ele é seu namorado?

O castanho bufou.

-Você não consegue ficar quieto por um minuto? -Peter falou sério, olhando para os olhos do rapaz, que sorriu de modo divertido, o que o irritou um pouco. -E sim, ele é meu namorado.

Namorado... Hihi, Tony era seu namorado...

Wade lambeu os lábios e se inclinou sobre a mesa.

MJ tinha razão, até que ele era bonitinho, mas isso não vinha ao caso.

-Você é bonito demais para ele. -comentou ele.

Peter crispou os lábios.

-Eu por acaso te conheço?

-Não, mas com certeza pode conhecer. -ele falou jogando uma pequena bolinha de papel em Peter.

Que cara chato.

-Não tenho interesse, obrigado. -respondeu Peter voltando a atenção para as páginas.

-Eu vi você me olhando aquele dia no refeitório, parecia interessado.

-E?

-Acho que gostou do que viu, baby boy. -disse Wade com um sorriso convencido.

-Baby o que? -falou Peter, descrente. Ele fechou o livro novamente. -Você veio aqui pra estudar ou pra ficar me enchendo o saco?

O rapaz deu de ombros enquanto voltava a atenção para o sanduíche que segurava.

-Eu só agarrei a chance que tive quando te vi sozinho, você tá sempre grudado com o tal de Antonio. Só queria te conhecer melhor, saber o porquê de me olhar tanto aquele dia. Eu gostei de você, sabe?

-Você era novo, com uma aparência...Diferente. -ele tentou não soar ofensivo. -Como você mesmo disse, todos estavam olhando para você, eu não fui diferente.

Wade sorriu de maneira ousada.

-Algo me diz que gostou do que viu, babe boy.

Peter encarou o rapaz de forma irritada.

-Você é um idiota sabia? -ele falou juntando as coisas no braço.

-Já me disseram isso. -falou Wade se reclinando para trás na cadeira e colocando as mãos atrás da cabeça de maneira preguiçosa.

-E você aparentemente não absorveu a crítica. -disse Peter. -Aliás, quem gostou de você foi minha amiga, mas o que eu posso fazer, ela gosta de gente estranha.

O castanho saiu pisando duro.

Que carinha mais pé no saco e entrão.

Peter colocou os livros de volta nas sessões pertencentes e ficou olhando em volta, pelo menos o babacão não tinha o seguido.

O sinal tocou e ele foi até seu armário.

Ele não diria nada para Tony sobre Wade, sabia que o rapaz não lidaria bem e provavelmente faria algo idiota e Peter não queria que o moreno se encrencasse.

Guardava algumas coisas no armário quando um par de mãos tampou sua visão, Peter se assustou achando que Wade havia o seguido e queria brincar com ele.

-Advinha quem é? -indagou uma voz feminina que ele reconheceu na hora.

Peter deu um sorrisinho ainda com sua visão tampada.

-Seria a melhor dançarina do Instituto Romanoff? -ele brincou.

-Acertou em cheio, Líder de Torcida. -Carol tirou as mãos de seus olhos e ele se virou para olha-la.

A garota usava o uniforme do time de lacrosse, que era diferente do uniforme que Tony usava, esse prevalecia o amarelo e mantinha alguns detalhes azul.

-A que devo a honra de sua presença?

Carol riu e deu de ombros.

-Estava indo para o treino agora, mas tive que passar no meu armário e vi você aí. É tão raro a gente se encontrar aqui, a escola não é tão grande assim. -comentou a loira parecendo indignada.

-Na verdade ela é sim. -respondeu Peter.

-Bom, de qualquer forma eu gostaria de te ver mais. -disse ela. -Eu queria ser mais próxima de você, Peter, sei lá, você tem uma energia tão boa.

Peter franziu o cenho para a garota. Energia boa? Ele achou isso engraçado.

-Nesse caso, eu também gosto da sua energia. Acho que deveríamos nos ver mais também.

De fato ele nutria um carinho especial por Carol, ela era aquele tipo de pessoa que você pouco conhece mas sente que poderia contar com ela para qualquer coisa e parece que já tem uma relação de amizade há anos.

-O que está acontecendo aqui? -perguntou Tony se aproximando no corredor. Ele ficou ao lado de Peter e se inclinou para dar um beijo no ombro do garoto e lhe lançou um sorriso carinhoso. -Capitã, você por acaso não estaria tentando roubar meu namorado, estaria?

-Com certeza estou, Stark, já tenho tudo planejado. O Peter vai ser meu e vai morar em uma gaiola no meu quarto igual a um bichinho de estimação. Afinal, ele é muito fofo, como não querer roubar? -respondeu Carol, entrando na brincadeira.

-Sinto muito, mas ele já é meu, só meu. -falou Tony e se pôs atrás de Peter o abraçando com força e arrancando risadas do castanho.

Peter deu uma leve cotovelada no rapaz e se afastou com as mãos erguidas.

-Sem querer ofender pessoal, mas eu prefiro ser dono de mim mesmo, obrigado.

-Isso é o que veremos. -falou Tony puxando ele, o rapaz tentou roubar um beijo, mas Peter desviou e o beijo acertou sua bochecha.

O moreno não ligava para as regras, mas ele sim. Sabia que a qualquer momento Banner podia chamar eles na sala dele para pode ralhar e ler todo o regulamento comportamental da escola.

Fora que havia sempre em jogo o risco de Tony ser enviado para a escola militar por má conduta, e Peter não conseguia nem cogitar a possibilidade disso, ele não podia sequer pensar em Tony longe dele, então preferia não arriscar.

-Eu estava com o Peter sobre nós fazermos algo. -disse Carol. -O que acha, Stark?

-É claro, seria legal. -respondeu Tony. -Fiquei sabendo que chegou um parque de diversões no centro da cidade, podíamos ir no sábado né? O que vocês acham?

-Eu topo. -falou Peter. -Nunca fui a um parque de diversões.

-Ah, eu sempre passo em frente quando estou vindo para a escola, parece enorme. Eu acho que vai ser o máximo. -falou Carol, animada. -É sempre incrível, Peter, você vai adorar. Podemos ir na montanha russa e podemos nos empanturrar de algodão doce, uma coisa que eu amo. Lembre agora, talvez eu leve uma amiga...

Peter e Tony estreitaram os olhos para a loira.

-Uma amiga? -eles falaram juntos e riram com a coincidência.

Carol enrubesceu.

-Ela é uma intercâmbista, o nome dela é Okoye, não sei se você conhecem. Estamos nos conhecendo.

Peter sabia quem era a garota, ela havia chamado atenção por ser a única garota careca em toda a escola e sempre andava com brincos de argola, ele a achava estilosa.

-Tudo bem, então está marcado. -falou Peter. -E leve sua garota, que eu levo meu Idiotony. -brincou ele olhando para o namorado, que sorriu.

-Beleza, então sábado às sete no parque de diversões. Espero vocês na entrada. -falou Carol e se despediu.

Eles ficaram olhando a garota se afastar.

-Então quer dizer que temos um encontro? -perguntou Tony andando na direção de Peter e enlaçando sua cintura com os braços.

-A gente se encontra todos os dias, Tony. -respondeu o castanho arrumando a gola do namorado que estava toda torta.

-Ah eu seu disso, principalmente de manhã, que é quando você tá mais mal humorado, aí tenho que te aguentar. -brincou o moreno.

-Você também não é um amor de pessoa de manhã não, okay? -retrucou Peter.

Tony fez uma cara engraçada.

-Mas você é bem pior, sinto que qualquer dia vai me jogar pela janela do carro. Vir para a escola de manhã com você é uma verdadeira prova, às vezes me faz querer repensar se realmente quero namorar com você, Parker. É bem difícil, mesmo.

Peter estreitou os olhos para o rapaz.

-Você quer apanhar, Stark? -ele brincou, fazendo o rapaz rir. -Só por causa desse mal comportamento, agora vai ter que andar na coleira. Vamos para a aula de química. -Peter puxou a gravata do namorado e passou a andar com ele atrás de si enquanto ria.

A situação ficou mais icônica ainda quando Tony começou a latir.

[...]

No fim da tarde de sábado Tony se concentrava em decidir o que vestir para o ""encontro"" que ele teria com Peter, Carol e a amiga intercâmbista.

Ele ficava imaginando se Peter ficava ansioso também ao tentar decidir o que vestir.

Já fazia meia hora que o rapaz andava para lá e para cá somente com a toalha amarrada na cintura e nenhuma noção do que poderia usar.

Acabou optando por uma calça jeans azul de lavagem tradicional, uma camiseta do Led Zeppelin e sua jaqueta do time, e claro seu par de All Stars.

Tony sentia a ansiedade correr dentro de si, sempre ficava assim quando ia ver Peter, não importava se eles se vissem todos os dias, o castanho despertava isso nele.

Parecia que os momentos em que não estavam juntos eram todos infelizes, porque Tony sentia aquela saudade, ele adorava ter Peter em seus braços, porque eles naqueles momentos que ele tinha certeza de te-lo seguro. Sua atenção era toda para o garoto.

Ele amava a forma como Peter agia, cada trejeito dele; seu sorriso, a cara que ele fazia quando estava pensativo, seu humor, e. até mesmo a cara de bravo que o garoto fazia quando estava irritado.

Tony tinha Peter como a coisa mais preciosa que poderia ter. Adorava a forma como a linguagem corporal do castanho era sempre tão relaxada quando estava perto dele, isso era a certeza de que o garoto confiava nele.

Tony adorava quando Peter tomava o controle do beijo, quando ele sabia o queria. No início ele sempre deixava Tony guiar, pois parecia estar aprendendo o que fazer, depois ele passou a mostrar mais seu atrevimento. O moreno gostava quando ele via esse lado mais atirado de Peter, era algo raro de se presenciar, porque ele sabia que havia muita ingenuidade na mente do garoto e estava ciente disso.

Ele gostava de tratar o garoto com toda delicadeza do mundo pois sabia que Peter era como uma flor, era necessário cuidado e amor para ele desabrochasse. Tony sabia que era seu primeiro namorado e que ele precisava ter paciência para que Peter pudesse enxergar mais do que havia entre eles, era por isso que ele amava como o garoto parecia sempre estar entregue a si, Peter nunca erguia a guarda perto dele, isso fazia com que Tony o amasse mais ainda, ele seria leal a confiança de Peter.

-O senhor parece bem sonhador. -falou Jarvis sorrindo, ele estava em pé na porta do quarto, sempre com sua postura assertiva e ereta.

-Estava pensando em algo. -respondeu Tony enquanto amarrava os tênis.

-Posso imaginar no que estava pensando, ou melhor, quem. -Jarvis conhecia Tony melhor do que ninguém, o homem havia visto ele nascer e acompanhado seus primeiros passos, sempre presente. Tony acreditava até mesmo que Jarvis havia trocado suas fraldas, mas nunca perguntou.

-Sim, é nesse alguém mesmo. -disse Tony se levantando e indo até o closet passar um pouco de seu perfume preferido, três borrifadas eram o suficiente, ele podia dizer que Peter gostava de seu perfume, pois o garoto sempre escondia o rosto em seu pescoço e aspirava o perfume, Tony gostava quando ele fazia isso. Ele sorriu novamente.

-Conheço esse sorriso. -comentou Jarvis, que estava com o olhar o acompanhando. -O senhor ultimamente parece sempre nas estrelas. Isso é bom, faz algumas coisas do passado parecerem distantes.

Tony entendia do que o homem estava falando. Ele sabia quantas vezes Jarvis o recolheu quando estava bêbado ou chapado demais para subir as escadas ou tomar banho sozinho, quantas vezes Jarvis o ajudou a não se afogar no vaso enquanto vomitava. O homem já havia ido busca-lo em lugares que Tony preferia que ele nunca tivesse ido. Havia uma enorme intimidade entre eles, Jarvis não era só seu mordomo, ele era como um melhor amigo, um tio, mas aquele tio que te olha com um olhar de reprovação quando você faz alguma besteira.

Howard havia pedido para ele cuidar de Tony quando faleceu, e o homem era tão leal que nunca foi embora, até mesmo nos momentos mais difíceis de lidar. Eram momentos quais Tony tinha vergonha de lembrar, ele não queria que Jarvis tivesse presenciado aquilo, mas era a única pessoa que tinha, Happy estava longe demais.

Jarvis nunca se impôs como uma autoridade em sua vida, ele estava ali para controle de danos, porque ele sabia que Tony era tão genioso quanto o pai e tentar controla-lo só colocaria mais lenha na fogueira e o rapaz em si já era o sol em pessoa.

O rapaz nutria um enorme respeito pelo homem e pretendia se redimir de todas as coisas que havia feito ele passar.

Quando Tony se lembrava do que tinha feito nos anos anteriores era como se ele visse tudo por trás de uma cortina de fumaça, era como se ele assistisse alguém agindo por ele, fazendo aquelas coisas auto destrutivas, não se importava com nada ou com ninguém, nem sequer queria viver.

Agora Tony se importava com alguém e queria viver por aquele motivo, ele queria estar bem para poder estar sempre ao lado de Peter. Ele também tinha um pouco de medo daquele sentimento, era intenso, mas parecia se perigoso. Só ele sabe o que foi ouvir Peter o rejeitar e dizer que eles não poderiam ficar juntos. Foi como a lâmina mais afiada contra o seu peito.

Ele tinha tanta expectativa, isso o assustava, era por esse motivo que ele cuidava tanto de Peter e não gostava nem um pouco da ideia de desagrada-lo, ele temia qualquer desavença ,Tony tinha receio de desgastar o que eles tinham.

Ele só queria cuidar de Peter e lhe mostrar o mundo.

-Eu gosto muito dele, Jarvis. -falou Tony parando em frente ao homem. -Ele me faz tão bem.

-Sei que gosta, senhor. -disse Jarvis dando um tapinha de modo fraternal no ombro do rapaz. -Ele também gosta muito de você, dá pra ver pela forma que te olha.

Tony sorriu fraco.

-Apesar de tudo parecer bem, tenho muito medo de estragar tudo, afinal eu sempre faço isso, não é mesmo?

Jarvis suspirou e balançou a cabeça.

-Só o fato de estar preocupado com isso já demonstra que você nunca iria estragar nada, as pessoas são complicadas, senhor. Infelizmente nem tudo está ao seu alcance. Mas lembre-se, se Peter é tão precioso para você, então cuide bem dele que ele vai cuidar de você.

-Meu pai sempre cuidou da minha mãe e no fim ela fez aquilo. -falou Tony com dor no olhar.

-Seus pais são um caso a parte, não pode basear as suas experiências no que pessoas que você ama viveram. Faça seus próprios caminhos. -Jarvis apertou seu ombro carinhosamente. -Você meu jovem, já viveu muita coisa e consequentemente aprendeu com isso, use esse conhecimento para seguir em frente, use a sua força para cuidar de quem ama e lhes dê o que pode, as decisões e ações tomadas por elas só dizem respeito a elas mesmas, muitas vezes você não vai entender, pode ser dolorido, mas se você ama, você respeita.

Além de mordomo altamente prestativo, Jarvis também era um poço de sabedoria.

Tony suspirou.

-Obrigado, Jarvis, você sempre sabe o que dizer.

O homem assentiu.

-Disponha, senhor.

-Você nunca vai me chamar de Tony, né?

Era chamado de senhor por Jarvis desde criança.

-Acredito que não, senhor. Sabe que prefiro a formalidade.

-Tudo bem, acho que posso viver com isso. Senhor Jarvis. -falou Tony imitando o tom formal do homem. -Vou sair com o Peter, avise para Laura que não precisa se preocupar com jantar.

-Certo. -respondeu Jarvis de forma simples enquanto se afastava para que Tony pudesse passar pela porta.

-Até mais, Jarvis.

-Até mais, senhor. Se divirta. E diga para Peter que mandei oi.

-Tudo bem! Obrigado! -gritou Tony já no meio das escadas.

O rapaz desceu as escadas correndo e pegou as chaves do carro na mesinha no hall de entrada onde ele sempre costumava deixar.

Tony saiu de casa e entrou no carro e ligou o rádio, sempre com sua mixtape tocando alto.

Highway To Hell ecou estrondando através dos alto falantes.

O rapaz deu partida, rumo a casa da pessoa mais preciosa para ele.

~*~*~

O sentimento que permeava o parque era de pura diversão, as pessoas sorriam o tempo todo e as as crianças pulavam animadas. Havia aquele cheiro gostoso de comida no ar.

O brilho dos brinquedos e o grito de divertimento na noite fazia Peter sorrir.

Ele estava feliz, era contagiante aquela energia que emanava pelo parque.

Peter pôde conhecer Okoye, que era bem simpática e estava bem vestida com uma camisa branca larga, calça jeans com a barra dobrada até o tornozelo e um par de botas, ela usava um lenço com estampa de ornamentos africanos, o acessório estava amarrado de forma engenhosa. A garota falava com um sotaque pesado, mas até isso parecia dar um charme para ela. Era visível a paixonite de Carol pela forma que olhava para a moça.

O grupo estava comendo em um mesinha alta sem bancos, ele haviam optado por um barraca de cachorro quente.

-A comida americana é muito boa, eu poderia comer tudo isso o dia inteiro. -comentou Okoye com seu sotaque arrastado.

-O gosto é ótimo mesmo.-respondeu Tony, com a boca cheia, como sempre. -Mas no fim do mês você estaria rolando e não andando. Tudo que é delicioso sempre vem acompanhado de uma generosa dose de gordura. Não que eu me importe, provavelmente só vou sentir os efeitos lá para os meus quarenta anos mesmo.

Todos riram.

-Sim, o efeito que você vai sentir será um enfarte pelas suas veias entupidas. -disse Carol.

-Eu não vou levar ninguém para o hospital. -falou Peter esticando o polegar para limpar uma mancha de mostarda no canto da boca de Tony.

O moreno olhou para ele com um sorriso alegre.

-Então você pretende estar comigo aos quarenta? Quer dizer, você está me pedindo em casamento Peter Parker?

O castanho revirou os olhos.

-Eu nunca me casaria com você. -desdenhou Peter. -Te mataria na primeira semana morando junto, não sei como não matei ainda.

-Isso mesmo, Peter. -falou Carol. -Case-se com o Stark, mate ele e herde os bilhões.

O garoto gargalhou e Tony fez uma careta desconfiada para ambos.

-Então o plano de vocês é esse? Me matar para ficar com meu dinheiro e depois ficarem juntos? -brincou Tony.

-Droga, Carol, ele descobriu nosso plano mais uma vez. -zombou Peter, ele cutucou o namorado na barriga.

-Que merda, Stark, parece que você sempre descobre nossos planos pérfidos.-falou Carol entrando na conversa.

-Boa tentativa, espertinhos. -disse Tony. -Mas você nunca vão conseguir matar o papai aqui, sou indestrutível, eu sou de ferro.

-Veremos. -Peter fez cócegas na barriga de Tony e o rapaz o agarrou mordendo o seu pescoço e arrancando gritos.

-Eles formam um casal tão fofo. -disse Okoye, olhando para os dois e rindo.

-Não é? Meu casal favorito no mundo! -disse a loira.

Peter empurrou o namorado para longe e falou:

-Okay, okay, se continuar me apertando assim vou colocar todo meu cachorro quente para fora.

-Você adora quando te agarro assim, admita. -falou Tony colocando o braço sobre o ombro de Peter. -Agora, meninas, em qual brinquedo nós iremos primeiro? -ele indagou olhando para Carol e Okoye.

-De preferência nada que gire, ou o que Peter falou sobre botar o que comemos para fora se tornará real. -respondeu Okoye.

-Montanha russa? -perguntou ele.

Todos assentiram e assim eles foram.

No início Peter ficou morrendo de medo, afinal ele nunca havia ido em uma montanha russa e aquela coisa gigante parecia assustadora.

Quando entraram no carrinho ele segurou a mão de Tony e ficou apreensivo com a trava de segurança, ele não sabia se era o medo ou ela era de fato muito precária.

O brinquedo começou andar e subir a rampa, seu coração acelerou de tal maneira que ele pensou que ia morrer, mas na queda ele se entregou a toda aquela adrenalina que corria por suas veias e começou a rir loucamente. A melhor parte foi no looping, a sensação de ficar de cabeça para baixo era bizarra, mas bem divertida.

No fim, Tony gritou mais que ele.

Após sair do carrinho, Peter estava com adrenalina tão forte dentro de si que ele quis ir de novo, Carol e Tony se recusaram, então ele foi com Okoye, que havia adorado a experiência tanto quanto ele.

Eles foram de novo, mas dessa vez sem segurar as mãos. Peter e Okoye colocaram as mãos para cima enquanto riam e gritavam com vento em seus rostos. A segunda vez foi melhor ainda.

Eles prometeram ir uma terceira vez, mas depois.

O grupo andou pelo parque e exploraram várias áreas e atrações. Eles foram; no carrossel, casa fantasma, carrinho de bate bate e roda gigante.

Peter queria ir nos brinquedos mais agitados e que giravam, mas ele tinha medo de passar mal, então Tony prometeu traze-lo de novo em uma ocasião em que seu estômago estivesse vazio.

Após a roda gigante os casais se separaram para explorar as atrações na barracas de jogos.

Tony ficou fascinado por uma gato de pelúcia que havia em uma barraca de jogo onde era necessário acertar uma bolinha para derrubar três pilhas de garrafas, era preciso derrubar todas as garrafas com uma bolinha só.

Já era a quinta ficha que o rapaz gastava tentando ganhar o jogo, ele podia jurar que as garrafas da terceira pilha estavam coladas, era impossível que não caíssem todas com a estratégia que ele estava fazendo.

-Eu vou ganhar esse bicho, ele vai ser seu, Peter, já escolhe o nome. -Tony falou e mordeu o lábio, concentrado.

Peter suspirou, ele estava encostado na coluna lateral da barraca.

-Mas eu não quero o gato, Tony, você que está obcecado por ele. -ele falou olhando Tony derrubar a primeira pilha. -Além do mais, eu já tenho um gato.

-Shiu, fique quieto, eu vou ganhar esse gato pra você. Sou seu namorado, só quero te dar um presente, e agora é questão de honra derrubar esse troço. Escolha o nome. -Falou o rapaz já estreitando os olhos e mirando para a segunda pilha.

-Okay. -Peter se rendeu. -O nome dele vai ser Pequeno Idiotony.

Ele viu o moreno segurar um sorriso.

Tony pegou a última bola e mirou na terceira pilha, ele hesitou e atirou. Como nas outras vezes ela derrubou somente metade da pilha. O rapaz resmungou e bateu outra ficha contra o balcão, o homem que cuidava do jogo sorriu para ele e lhe entregou as bolinhas de novo.

-Você é um rapaz determinado. -O homem falou.

Tony sorriu para ele.

-Você não faz ideia, meu senhor.

Peter já impaciente saiu de onde estava e tomou as bolinhas da mão de Tony que o olhou surpreso.

-Okay, já chega, deixa que faço. -ele falou suspirando.

Tony o olhou com desdém.

-Você não vai conseguir, não jogou nenhuma vez. Eu já entendi a mecânica do jogo, é tudo física. -ele falou observando Peter se arrumar na posição correta e mirar.

-Aham, tá. -o castanho falou concentrado.

Ele jogou a bolinha e derrubou a primeira pilha, ele lançou um olhar convencido para Tony.

-É claro que isso foi sorte de principiante. -disse o moreno, rolando os olhos.

Aquilo era um desafio? Peter apostou que sim, e isso só afiou mais ainda sua vontade de ganhar o maldito gato.

Ele nem sequer respondeu a provocação de Tony, apenas pegou a segunda bolinha, mirou e bam, derrubou a segunda pilha.

Peter olhou de soslaio para o namorado que soprou um riso zombando.

-Continua sendo sorte. -ele falou cruzando os braços. -Quero ver você derrubar a terceira. Pode desistir, amor, você não vai conseguir.

Peter arqueou a sobrancelha de modo provocador para o namorado, ele se virou para a pilha de garrafas e mirou a terceira e última bolinha.

Ele jogou e acertou bem na base da pilha, ela derrubou todas as garrafas, exceto uma que ficou cambaleando e depois de um tempo caiu.

Peter deu um pulo.

-YEEEEEEEEEEEEEEES!!!!!!!!!!

Tony olhou para ele com os olhos arregalados.

-Você conseguiu... -ele falou atônito.

-Sorte de principiante, Huh? -Peter disse olhando de modo convencido para Tony.

-Qual você vai querer? -perguntou o dono da barraca.

Peter apontou para o enorme gato cinza.

-Aquele ali. -O homem puxou o bicho do gancho, lhe entregou e ele agradeceu.

-Eu não estou acreditando. -falou o moreno ainda boquiaberto. -Eu estou há quase uma hora jogando isso e você consegue de primeira?

-Nunca na sua vida diga me provoque, porque eu vou lá e faço. Espero que tenha aprendido a lição. -falou Peter empurrou o gato contra o peito de Tony. -Parabéns, você tem um novo bicho de pelúcia, ou melhor, um lembrete de que eu arrasei com a sua cara. Cuide bem do Pequeno Idiotony.

O moreno riu da expressão metida que Peter fez.

-Ah então é assim? -ele falou pegando o gato e puxando Peter para o beijo rápido. -Eu adoro ver esse Peter perigoso, sabia? Gostaria de ver mais.

O castanho lhe lançou o olhar malicioso.

-Cuidado com o que deseja, Anthony Stark.

-Caramba, até me arrepiei aqui.-disse Tony sorrindo para Peter.

-Engraçadinho.

-Venha, vamos dar uma volta. -falou o moreno dando a mão para Peter.

Eles passaram a caminhar pelo parque observando o movimento e as outras pessoas presentes. Carol e Okoye já haviam sumido e Peter torcia que fosse por um bom motivo, pois ele havia achado que as duas formariam um belo casal.

Tony lhe comprou um algodão doce e ele passou a saborear o doce. Era engraçado como dissolvia na boca.

Aquele noite parecia tão mágica.

Peter sorria para todos e tinha vontade de pular, sentia-se um pouco idiota, mas muito feliz mesmo.

Ele caminhava pelo parque de diversões de mãos dadas com Tony.

A noite estava mais gelada do que Peter previra que seria, ele vestia só uma camiseta e isso infelizmente não o salvava do frio. Ele estremeceu quando uma rajada de vento passou por ele.

-Você está tremendo - falou o moreno parando ao seu lado. - Por que veio só com essa blusa?

-Não estou com frio. -protestou Peter, soltando a mão do moreno.

-Sua pele está arrepiada. -Tony apontou para o braço de Peter, e o outro levou a mão ao local em uma tentativa de bloquear a visão.

- Tá, talvez eu esteja só um pouquinho...

- Toma. - Tony abriu o zíper da jaqueta do time que usava, tirou ela em um movimento rápido a segurou em frente a Peter.

- Não quero, não estou com frio. - O castanho empurrou a peça contra Tony.

- Não seja bobo, Petey. Pegar essa friagem não fará bem a você. - O moreno puxou o braço de Peter e o fez ficar costas para si, em seguida ele colocou a jaqueta sobre os ombros do rapaz.

- Mas Tony, agora você vai ficar com frio. - Peter se virou para o moreno, que agora só vestia uma blusa cinza de manga comprida.

- Não vou se você me abraçar. - Tony esticou os braços em direção a Peter.

O castanho sorriu e se encaminhou para os braços do outro.

- Você é muito espertinho. - ele falou olhando para o moreno.

- Se quiser conquistar algo, é preciso ter agilidade ou acaba perdendo a chance.

- Sei. - Peter se ergueu um pouco e deu beijo rápido em Tony.

Ele se afastou do moreno e o puxou pela mão dizendo que queria sentar, porém ali não havia bancos, somente nas barracas de comida, mas era necessário consumir e eles já haviam comido. Então ele e Tony caminharam a procura de algo e Peter acabou optando por subir em uma grade ficava entre os brinquedos.

Ele deu impulso com as pernas e se pôs sobre a grade. O moreno não quis se sentar, então ficou entre as pernas de Peter, com a mão em seu quadril com pretexto de evitar que ele caísse para trás.

Peter olhou para o namorado de forma apaixonada.

-Obrigado por hoje, está sendo incrível -ele falou acariciando o pescoço de Tony. -Você sempre me proporciona os melhores momentos.

O moreno sorriu para ele e depositou um beijo em sua boca, foi um momento calmo só entre eles, com um toque macio e adocicado do algodão doce que havia nos lábios de Peter.

-Eu estava pensando em ter levar para mais um lugar essa noite, um lugar muito especial para mim. -falou Tony com sua testa apoiada na de Peter.

-Que lugar? -o castanho indagou curioso.

-É segredo... -falou Tony de forma enigmática.

-Estou com medo, nunca vou me esquecer daquele dia que corremos da polícia. -brincou Peter.

Tony riu enquanto ajudava o castanho a descer da grade alta.

-Só vem, okay?

Ele passaram um bom tempo procurando as garotas, mas enfim encontraram e despediram delas.

Carol e Okoye estavam de mãos dadas, isso era um bom sinal e Peter deu um gritinho interior de felicidade.

Quando se afastaram ele sussurrou para a loira que queria que ela contasse tudo depois, então Tony o arrastou para o carro.

Peter estava muito curioso sobre esse lugar misterioso, ele se perguntou o porquê de Tony não chamar as garotas para irem também, mas não quis questionar o namorado.

Então como sempre ele apenas entrou no Opala e se deixou ser levado por Tony pelas ruas da cidade.

[...]

O lugar em questão ficava no alto de uma certa onde era possível ver toda a cidade, era incrível como todas as luzes brilhavam e tudo parecia tão pequeno lá de cima.

Tony estacionou o carro em frente a um penhasco com uma cerca de madeira.

A cerca em questão parecia estar ali para segurança, mas ela estava tão gasta e a madeira parecia podre, então provavelmente ninguém arriscava se apoiar nela. Haviam algumas árvores em volta e o ambiente natural tinha um ar intimo.

Tony desligou o motor e olhou para Peter com expectativa.

-Vem. -ele falou enquanto saia do carro e Peter o acompanhou.

Mesmo com a jaqueta de Tony, ele podia sentir o ar gélido contra o rosto, fazia todo sentido já que ali parecia ser um dos pontos mais altos das redondezas.

-Sobe aqui. -O moreno deu um tapinha sobre o capô do carro e subiu.

-Tem certeza? Você quer mesmo que eu suba no seu precioso Opala? -zombou Peter.

Tony sorriu para ele e estendeu a mão.

-Vocé pode porque é meu amor.

Peter sentiu seu corpo se aquecer ao ouvir aquilo e acatou o pedido de Tony e segurou sua mão e subiu no capô do carro. Eles se sentaram sobre o metal e encostaram no para-brisa.

Com um movimento rápido Tony moveu o corpo um pouco mais para baixo e deitou a cabeça sobre o colo de Peter.

A vista dali era realmente incrível, era o tipo de lugar que fazia com que o castanho se sentisse um pontinho de nada no meio do universo e estar ali com Tony era especial.

-Por que esse é o seu lugar? -indagou Peter olhando para o moreno.

Tony ponderou por um momento e suspirou.

Eles olhavam para o céu que carregava aquele tom azul escuro que parecia engolir tudo até onde se podia ver, agora o que era um show a parte era as estrelas faiscantes e salpicadas pela imensidão.

-Minha mãe costumava me trazer aqui. -respondeu Tony olhando fixamente para cima. -Era nosso lugar especial.

Peter olhou para o namorado, mas ele apenas expressava a nostalgia no olhar.

-Esse lugar é lindo. -comentou o castanho admirando as estrelas, ele estava com as costas e a nuca completamente apoiados no para brisa.

Tony não falou nada, então eles apenas ficaram em silêncio, mas aquela não era uma quietude incomoda.

Ele ficou imaginando todas as lembranças que passavam pela cabeça do rapaz, como era estar ali para ele. Será que de alguma forma estar ali para Tony era o mesmo que havia sido no dia do cemitério? Peter imaginava que aquele era um lugar que o rapaz não visitava há algum tempo também.

-Eu sinto falta dela. -murmurou Tony.

Peter afagou os cabelos escuros do rapaz, aquele tipo de carinho lento em que a ponta dos dedos percorrem da fronte até a extensão dos fios.

-Eu sei que sente. -falou o castanho.

-Minha mãe costumava dizer que essas estrelas eram minhas, que ela havia dado para mim. Quando era criança eu ficava tão feliz por saber que tinha estrelas, o legal não era ter brinquedos e sim as estrelas que minha mãe me deu. -Tony falou com um pequeno sorriso.

-Então essa é a resposta para o seu jeito metido, não é qualquer um que pode ter estrelas, somente Tony Stark. -falou Peter descontraindo o clima.

O rapaz deu um riso fraco para ele e voltou a ficar quieto. Somente o barulho das folhas de algumas árvores que haviam em volta.

Depois de alguns minutos o rapaz falou:

-Agora elas são suas também, a partir de agora são nossas estrelas. -Tony falou puxando a mão de Peter que afagava seus cabelos e deu um pequeno beijo na palma. -Elas são suas também, Petey.

O castanho sorriu de modo carinhoso para o namorado e se inclinou para levar seus lábios a testa dele.

Tony lhe lançou um olhar apaixonado e se levantou para um beijo, o toque de seus lábios contra os dele fazia aquela pequena mágica ocorrer dentro de si, parecia ser sempre o primeiro frio na barriga, nunca diminuía a intensidade.

O beijo era um daqueles que dava a certeza do amor que Tony sentia por ele, era aquele beijo que o fazia se sentir apreciado.

O moreno separou os lábios e apoiou a testa na Peter e fechou os olhos.

-Eu te amo tanto, você e a única pessoa no mundo com quem eu poderia compartilhar Isso. -murmurou o rapaz.

Peter acariciou o rosto do rapaz.

-Obrigado por me mostrar seu mundo.

O moreno sorriu para ele e voltou para seus braços.

Eles ficaram em silêncio observando a beleza do brilho das estrelas.

Tony lhe dava seu amor, sua amizade, sua confiança... O que mais ele poderia lhe proporcionar?

Mesmo com uma tempestade ocorrendo dentro de si, ele fazia questão de que Peter tivesse os dias mais ensolarados.

Uma vez o namorado havia lhe dito que o beijo sempre ajudava a curar os machucados. Se Peter pudesse ele daria um beijo em todas a feridas que seu amor carregava, só para poder tirar um pouco do peso que ele sabia que Tony carregava.

Mas ele ajudaria essa dor sumir, dia após dia, ele daria o que tinha de mais puro dentro de si...

Seu amor.

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