Cap 2 - Contratado!

Morrissey foi trabalhar na manhã seguinte, evitando lembrar dos acontecimentos do dia anterior. Só de ainda lembrar perfeitamente do som fino dos jarros chocando ao chão, ele já sentia uma frieza lhe percorrer. Mal saberia como reagir se o cliente que atendera no dia anterior voltasse a loja. Foi embaraço demais em uma situação.

Parou seu fluxo de preocupação quando esteve frente a porta da floricultura. A vitrine ainda exibia a placa de fechado. No entanto, já passava da hora de abrir. 

Avistou então, do lado de dentro, a pequena Ally, que foi abrir a porta pressurosa.

— Moz! Rápido, para a sala da Geovanne. — a moça advertiu, sinalizando rapidamente para que ele entrasse.

— O que houve? — E assim fez, olhando tudo em volta, Inclusive o espaço vazio onde costumava estar a estante de vidro.

— Eu também não sei. Mas ela parece louca de raiva desde que cheguei.

Morrissey fez uma cara de confusão olhando para o nada, refletindo sobre como uma mulher pode ser tão exagerada e estressada quanto sua chefe.

Ally de repente toca-lhe o ombro, lançando um olhar convalescente.

— Por favor…se for você...prometa que vai manter contato. 

— Do que você está falando? — o ombro dele se arrastou dalí — Não tem como alguém ser demitido só por causa de um acidente!

Foi o que suas palavras disseram. Mas seus pensamentos bambeavam numa corda entre dois lados.

Ally devia estar frágil, pois fez uma cara semelhante a de alguém que vai começar a se desmanchar em lágrimas. Morrissey, impaciente com aquele drama, se virou a caminho do tal "julgamento".

Mas dando um susto nos dois, Geovanne surge lá de repente.

— Ah, chefe, o Moz já chegou. — Disse Ally — Podemos nos reunir no escritório agora?

—Não. Ainda falta chegar alguém. Continue esperando.

— Quem? 

— Você saberá. — Saiu com os barulhentos passos do salto. 

Quanto mais Steven ouvia, menos entendia. Pensou em perguntar diretamente à chefe, mas simplesmente seguiu-a até o escritório. Talvez chegando à sala, coletaria alguma informação de suas colegas. 

E assim, encontrou Cristine e Benett já sentadas no pequeno sofá. O clima na floricultura inteira não parecia o dos melhores.

A chefe foi para sua mesa. Ele sentou e sussurrou para abordar as colegas ao lado:

— Ei, vocês sabem dizer o que está acontecendo?

— Sim. — Cristine falou.

— O que?

— Benett será demitida.— Sussurrou pesarosa, em grau de volume muito menor que o de Morrissey.

Ele arregalou os olhos.

— Como sabe disso?

Foi a vez da própria Benett responder:

— É claro que sou eu, Moz. Eu causei aquilo. Fiz o cliente escorregar e dar a floricultura esse grande prejuízo. Sou a principal culpada.

É claro que elas não tinham nenhuma evidência de que aquela suposição era real. Mas Steven automaticamente se sentiu mal. Ver a amiga naquele estado e não fazer nada era como negar que a culpa havia realmente sido…

— Ele chegou! — nada discreta, o alarde de Ally é jogado na sala como um banho de água fria. Seguido dela, um outro indivíduo.

Sem longos segundos, pela porta do escritório se exibia a figura de um rapaz. 

Os três que conversavam à base de cochicho, olharam imediatamente para ver quem surgia. Suas expressões temorosas, poderiam ser facilmente reaproveitadas em um filme de suspense.

— Desculpem o atraso. — Ofegou cansado. 

Na verdade, era ele. O rapaz descolado de ontem. Que parecia um rockstar. Que fora atendido por Morrissey, que derrubara a estante por acidente e que se chamava…

— Até que enfim, Johnny. — A chefe anunciou sorridente, erguendo-se da mesa.

Morrissey reconheceu o rapaz antes que pudesse perceber os segundos, como se já soubesse quem veria naquele exato momento. O que foi estranho, porque nunca esperaria por aquilo. Sentiu uma onda de estranheza embutida em uma caixa de vergonha, dentro de uma caixa de desconfiança. Porque, de repente, o hoje se tornou o ontem, e ele queria inquietantemente desfazer isso.

Johnny moveu todo seu corpo para a sala, fechando a porta com uma mão. Analisou um pouco em volta antes de concluir que a sala estava apertada demais para se mover a outro lugar. Então fez um simples cumprimento com a mão enviado a todos.

— Ora, venha aqui para a frente, rapaz. Deixe-me lhe apresentar aos outros. — Geovanne provavelmente não sabia o quanto estava sendo inconveniente.

E então ele foi até lá. Ninguém naquela sala tirava os olhos dele. Se Johnny descrevesse como sentia-se visto, seria algo como uma criatura fascinante ou aterrorizante.

— Bom, convidei todos aqui para avisar que, ao contrário do que todos podiam pensar, não vou demitir ninguém. Por hoje. — A mulher olhava cada funcionário veterano. — Somente contratar mais um para a equipe. 

Muitos ombros foram distensionados e respirações se tornaram mais leves.

— Pessoal, Esse é o Johnny. — Pousou a mão em seu ombro — Johnny Marr. Ele passará a trabalhar com vocês a partir de hoje, pelo incidente que houve com a prateleira de vidro ontem. Não é permanente. É só até conseguir redimir o prejuízo.

"Eternamente, então."  Morrissey imaginou.

Todos ouviram atentos, mas ao mesmo tempo, abismados. Ainda olhando Johnny como se fosse a mais vermelha maçã do pomar.

— Chamei todos aqui porque teremos pequenas mudanças nos serviços da loja. Ele será auxiliar nas vendas assim como você, Cristine. Ally continua no caixa, Benett na faxina, e por favor olhe por onde varre...— entonou séria — E Morrissey nos recados. Quase tudo a mesma coisa.

— Tudo bem. — Cristine afirmou.

— Ok. — Benett e Ally consentiram em seguida.

— Certo. — disse Morrissey, apesar de achar mais saudável não ver a cara do jovem de novo.

Quer dizer, seria constrangedor, não seria?

—  Por favor, continuem mantendo o respeito e colaborando um com o outro. Terão tempo de se conhecer melhor no resto do dia. Agora vão, vão. A loja está atrasada para abrir.

E assim, a breve e rara reunião no escritório chegara ao fim. Todos saiam da sala, ainda com certo silêncio causado pela tensão. Mas alguém atrás de Morrissey se fez ouvir em uma declaração alegre:

"Moz, você agora não será mais o único homem no time!" 

Teve certeza de ter sido Cristine, ou mesmo a indiscreta Ally.

— 🌺 —

Na Handsome Ground, por não haver muitos empregados, a pequena quantidade os unia. Não se tinha um assunto mantido entre as quatro paredes do trabalho sem compartilhar para o restante, em consequência. E talvez fosse o caso de não evitarem conversar com o novato.

Johnny conversava à vontade com uma das garotas em um lado da loja, enquanto Morrissey folheava seu caderno de frases, quieto, na bancada. 

-- Então, não ficou chateado com tudo isso?

-- Claro que não. Só fiquei muito embaraçado, pelo desastre que causei. -- Tranquilizava Benett -- Mas convenci Geovanne a me deixar consertar o que eu fiz, de alguma maneira.

-- Saiba que fez um milagre, porque normalmente ela não iria querer ver mais sua cara aqui.

Ambos riram.

Aquilo estava sendo alvo de reflexão na cabeça de Morrissey: Como ele foi contratado assim tão facilmente? Nunca poderia imaginar um desfecho como este. 

De fato, ontem a chefe se assemelhava a um dragão que teve seu ninho violado, pois simplesmente, a estante mais bela e vistosa da floricultura se resumia a cacos. Não fazia sentido vê-la tão calma e muito simpática com a pessoa que havia feito aquilo, mesmo que acidentalmente.

Morrissey olhou de canto para o novato. Se vestia bem, e vendo como ele conversava com Benett, também era simpático e não demorava para conhecer alguém. Talvez ele fosse o perfil que se busca em um empregado, no fim das contas. 

Voltou seus olhos para as páginas do caderno, encerrando as reflexões.

Tentava formar algum verso no tempo livre que estava tendo. Notar que uma sombra era projetada a sua frente foi repentino, e ali ele descobria mais uma coisa sobre seu novo colega de trabalho: a discrição. 

— Bom dia, estou atrapalhando? — sorriu Marr, pendendo próximo a bancada.

— Não, não... — fechou o caderno, guardando-o em baixo — Pode ficar se quiser.

Ele ficou. Apesar da aparência segura, não era preciso muita observação para saber que, para alguém em seu primeiro dia de trabalho, ele estava meio desencaixado ali. 

— Como você vai? Parece que nos encontramos de novo, não é mesmo? — riu descontraidamente.

-- Sim, sim, nos encontramos...A propósito, eu sinto muito. Aparentemente sou o responsável por você estar aqui.

Johnny inclinou a cabeça.

— O quê? Não, você não tem culpa de nada. — proferiu calmo — Eu estava mesmo precisando me ocupar com algo, sabe.

Um silêncio ocasionado pela falta de resposta de Morrissey se estabeleceu. Como os dois estavam não muito longe um do outro e eram as únicas pessoas que já se conheciam previamente, seria bem bobo não se esforçar para continuar a conversa.

Foi aí que Morrissey lembrou:

— Então...Deu tudo certo com as flores de sua mãe, ontem?

Teve medo de soar intrometido.

— Sim, ela adorou. Ajudou-a a ficar mais tranquila. Agora eu lembro, ontem você não tinha me chamado? Sabe, antes de eu...— Fez um giro com o dedo manobrando uma queda.

Moz sorriu.

— Ah, claro, é verdade. Era apenas... — o receio o invadiu novamente — para insistir na ideia de um cartão para ela. Sei como é ser apegado à mãe.

Marr hesitou um pouco em dar uma nova resposta. Até que resolveu perguntar:

— Qual o seu nome? 

— Morrissey.

O novato acenou com a cabeça e Moz entendeu aquilo como o seu "prazer em conhecê-lo."  

— Há quanto tempo você está aqui? — Pergunta novamente.

— Dois anos.

— E você tem gostado? 

Moz respirou fundo, sem perceber.

— Sim…Quer dizer, eu gosto daqui. É o primeiro emprego que consegui me encaixar. Parece que foi feito para mim. Mas...Mesmo assim, não parece que fui feito para ele, mesmo eu gostando de escrever. Entende? — A serenidade em sua voz era presente.

Johnny também percebeu o quanto, de alguma forma estranhamente possível, seu rosto parecia longe de sorrir. Quase que soturno.

— Entendo. Olha, você realmente escreve bem. Deve haver outros modos de você continuar com sua paixão e trabalhar em outra coisa. Se for o que deseja.

Deu seu conselho, e Morrissey se sentiu abraçado. Sorriu, de um modo inesperado até para si. Com certeza guardaria bem aquelas palavras.

— Johnny! — Se é que é possível, um alto sussurro veio do outro lado da sala, interrompendo o diálogo.

Marr se virou e reparou que Ally o avisara da entrada de um cliente na loja. Ele acenou para Morrissey em retirada; Certamente não demoraria até que tivessem um novo bate-papo mais tarde.

~ 🌼 ~

No horário de pausa, não restou dúvidas, o ambiente realmente havia mudado sua atmosfera com a chegada de outro homem no grupo.

— Então, Johnny, não te deixa desconfortável ser visto trabalhando numa floricultura? Digo, Há pessoas realmente idiotas com essas coisas… — Conversou Cristine, enquanto todos estavam ao redor da mesa na tradicional hora do chá.

O assunto estava eminentemente ligado a Johnny. Todas queriam saber mais sobre o misterioso roqueiro. 

— Que nada. Por que isso me deixaria desconfortável? Flores são ótimas! — declarou, com a perceptível calma, despejando mais algumas gotas de leite em seu chá.

— E com o que você trabalhava antes de vir para cá? — Ally apoiou os dois cotovelos à mesa.

— Bem, eu na verdade, não trabalhava. — Afirmou, como um entrevistado. — Mas eu toco guitarra. Já tive umas bandas. 

Não só Morrissey, como todas as funcionárias alargaram os olhos em surpresa. O horário de pausa parecia ter virado um culto ao estilo de vida de Marr.

— Que incrível! O que você toca? — Cristine sem perceber, deixou a boca aberta um pouco mais de tempo que o conveniente.

— Quem sabe vocês ainda verão. 

— Você está insinuando uma apresentação aqui na loja? — Geovanne de repente interveio no assunto.

Todos se calaram tão rápido que ela  precisou reformular o tom que usou:

— Gente, Poderia ser perfeito! Além de deixar a loja mais atrativa, afinal, quem não gosta de música?

Moz, que estava ao lado de Ally, a ouviu cochichar para Benett:

"Para mim a loja já está mais atrativa só com a chegada desse cara novo..."

E com aquelas palavras da amiga ainda na cabeça, e visto que Cristine ainda não fechara a boca enquanto olhava Marr, ele concluiu, finalmente: Johnny era realmente, uma novidade naquele ambiente.

— Por mim, eu concordo. — Afirmou o jovem.

"Ele toca guitarra…" meditava Morrissey, sozinho. "Que sujeito, no mínimo, fascinante…"

<♡>

— E então, o que achou do seu primeiro dia de trabalho? Quer dizer, seu primeiro dia prestando serviços aqui na floricultura? 

 O dia havia terminado. Morrissey recolhia tudo em sua mesa para o dia seguinte, e enquanto isso, conseguia reparar em como Ally continuava extremamente interessada em continuar extraindo informações de Johnny.

— Foi tranquilo, na verdade. -- olhou para a porta -- Agora estou indo. Nos vemos amanhã.

— Espera! Você tem planos para hoje à noite? 

Morrissey não evitou revirar os olhos.

— Na verdade...— O silêncio ocupou a boca de Marr. — Tenho. Desculpe.

E nos segundos seguintes ele deixou a loja, acenando para seus colegas. Morrissey, que já havia guardado o avental e apanhado suas coisas, se aproximou de Ally.

Esta que logo se dirigiu a ele:

-- Você viu? Ele quase aceitou meu convite pra sair! 

Morrissey somente dobrou o canto da boca, lamentando.

-- Eu vi...Talvez numa próxima vez?

Se despediu da amiga, mesmo não tendo ouvido uma resposta.

Saindo da Handsome Ground e já se encontrando com as ruas entardecidas de Manchester, quase teve um susto ao ver que caminhando em poucos passos pela calçada cruzou de repente com um rosto conhecido.

-- Johnny? 

-- E aí, Morrissey -- cumprimentou, recostado a uma coluna de loja. -- Estava te esperando. Aceita dar uma volta comigo?

O escritor, por sua vez, retribuiu com cara de confuso. Por que ele gostaria de dar uma volta comigo?

Suas dúvidas não teriam resposta caso ele não dissesse:

-- Por que não? -- Demonstrou calma.

-- Ótimo.

Morrissey agradeceu por não ter nada para se ocupar em casa, pois assim aquele passeio pôde acontecer. Era fascinado por experiências novas. E particularmente, estava feliz por ser com uma pessoa que muito o surpreendeu desde que conheceu.

Por mais que tivesse vontade, seria estranho agradecer a Johnny por isso.

-- Eu gostei de conversar com você -- declarou Marr. -- Por isso te esperei, pois lá dentro não pudemos conversar muito mais. Mas me avise se tiver algum compromisso, ok?

-- Não, eu, eu…-- Droga, estava se repetindo de novo -- não tenho compromisso algum. Fiquei surpreso, porque também gostei de conversar com você.

Quase não falou aquilo. Estava se relutando, mas era o que queria falar. Por que não ser sincero com Johnny também? É preciso vencer a timidez por um bem maior…

Foi por isso que na primeira lacuna que surgiu, perguntou:

-- Então...Você toca guitarra?

Johnny pareceu ter se iluminado.

-- Sim, desde que me conheço por gente -- sorriu de canto -- Você toca algo?

-- Eu, na verdade, sou um desastre com instrumentos -- riu leve -- Mas eu gosto muito de música. Fiz vários fanzines e artigos para jornais musicais.

-- Não brinca... -- Johnny ficara incrédulo -- Oh, espera… eu acho que lembro do seu nome ao fim da resenha de um show!

-- É, geralmente eles escrevem "Morressey" ou "Morrisson" -- Disse Morrissey, envergonhado.

E assim o papo chegara ao típico assunto que não parece ter fim. Para duas pessoas que se conheciam, esse tipo de assunto é importante, e no caso dos dois, era sobre música.

Passaram por ruas movimentadas, ruas pouco ocupadas, ruas sujas e novamente, ruas movimentadas. A simpatia de Johnny compensou a introversão de Morrissey, que se sentiu mais à vontade conforme conversavam. Estava tudo dando certo.

-- Pra mim, Sandie Shaw merece maior reconhecimento, sem dúvidas. -- Afirmou Moz. Johnny concordou firmemente.

-- Hey, não está com sede? O que acha de irmos naquele pub bem ali?

Eram apenas 17:46 da tarde. O sol estava se pondo, e como muito afirmara, não tinha compromisso nenhum hoje. Todos esses dados vieram em ordem na cabeça de Morrissey, que falou o segundo "sim" a Marr, hoje.

Entraram os dois no estabelecimento.

-- Desculpe se estou sendo intrometido -- começou Moz, puxando uma cadeira da mesa -- Mas Marr é mesmo seu sobrenome? Se for, é o primeiro que eu vejo.

Johnny deu uma risada.

-- Na verdade, é Maher. Só que já tem um John Maher…

-- O baterista do Buzzcocks.

-- Exato. Então, não quis ser confundido.

Logo chegou alguém para atendê-los, e os rapazes naturalmente pediram duas cervejas geladas. Morrissey se sentiu um pouco deslocado no ambiente, apesar de muito contente por perceber que Johnny é mais parecido com ele do que jamais podia imaginar. Ele jamais imaginaria que além de Rolling Stones, Johnny também gostava de Bowie, New York Dolls, Blondie e dos grupos de cantoras dos anos 60.

Ele também deixou a tensão de lado ao ver que, na TV do bar, era exibido um jogo entre Manchester United e Manchester City. E pra sua felicidade, o primeiro estava ganhando. 

-- Gosta de futebol? -- Johnny apontou.

-- Não sou louco por isso, mas sempre estou na torcida do meu time. -- Ambos olhavam para a televisão. -- Qual time você torce?

-- Manchester City. -- afirmou Johnny.

Oh não. Não. Ele torce para o time rival. 

-- E o seu? -- o guitarrista rebateu. 

Morrissey pediu aos céus para que ele não perguntasse aquilo.

-- United. -- respondeu sem gosto.

Ele viu o rosto de Johnny mostrar uma leve erguida de sobrancelhas, em surpresa. O clima pareceu ter recebido toneladas de gelo naquele segundo.

-- É, nem tudo é perfeito…-- lamentou Moz, não notando que havia se deixado ouvir.

Logo, Johnny começou a rir. No mesmo momento as bebidas chegaram, então após molharem a garganta com o primeiro gole, retornaram:

-- Então o fato de eu torcer para o Man City contribui para a minha imperfeição humana? -- provocou.

Estava brincando, claro. Mas Morrissey tentava se corrigir a todo custo:

-- Não, nada disso. Eu só quis dizer que nossos gostos são tão parecidos que estava em uma perfeita sintonia. Mas quando chegou no futebol, mostrou como nem tudo é perfeito.

Tentava rir também, mesmo já tendo ruborizado.

-- Sei. -- Johnny deu mais um gole. -- Eu também fiquei surpreso. Nem todos com quem já estive numa banda tiveram gostos tão congruentes…

-- Você tem uma banda? -- perguntou pressuroso.

Steven Morrissey não havia dito, mas sempre tentou estar em uma banda de sucesso como vocalista. Era tudo que sabia que seu coração clamava, em sua verdade. Porém todas essas tentativas haviam ido muito mal, para não dizer fracassadas. Nenhuma banda em que esteve prosperou significativamente. 

Johnny franziu o cenho.

-- Agora? Mais ou menos. Você já teve alguma experiência com banda?

-- Já...mas nada sério. Eu queria que tivessem passado de uma ou duas
apresentações…

-- Por que não me disse antes? -- Johnny pôs os cotovelos à mesa. -- O que você fazia?

-- Eu cantava. E escrevia as letras.

Estava claro que a cada resposta que Morrissey dava, Johnny se demonstrava cada vez mais impressionado. Ao invés de chegar ao cume da questão à base de perguntas, assumiu uma postura relaxada e olhou nos olhos de seu então colega de trabalho.

-- Morrissey, preciso dizer que você é um cara muito mais instigante do que eu pensava. Tem boas referências, canta e escreve…agora estou curioso para ver o que você faz. Não gostaria de tentar entrar numa banda comigo?

Ele não acreditou. Uma nova chance havia sido posta à mesa. Uma chance de tentar dar certo novamente com uma banda. Todo o passeio e o prolífico bate-papo com Johnny, parecia ter sido um milagre. Simplesmente não acontece. Não com Morrissey. E agora aquela pergunta o fazia acreditar que estava no paraíso.

-- É sério? Bem, sim. Sim, eu aceito. -- Sorriu sem medidas.

Àquela hora, a lua já havia aparecido no céu. O jogo havia terminado. Acabou empatado. Ao lado, dois copos de cerveja vazios. Johnny estendeu a mão para Morrissey, que retribuiu fechando em um firme aperto.

-- Contratado! -- Exclamou um sorridente e empolgado Johnny Marr.

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Oii gente! Tudo bom com vcs?
Primeiramente, vou me desculpar por ter demorado >tanto< a atualizar. Sério, procrastinei legal. I'm sorryyyyy

O cap de hj foi grandinho mesmo, porque tinha muito o que acontecer. Mas acredito que os próximos não serão tão grandes assim...

A próxima atualização acontecerá em breve. Vote e comente o que está achando, se assim preferir ♡

Fiquem com Deus
Bjsss e até!

(Esse gif do Johnny ensinando o Moz a tocar é TUDO q acaba com meu coração😔💓)



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