Capítulo 2




Dois dias tinham passado desde que Jesus a tinha salvo, e ela ainda não sabia explicar o que tinha lhe acontecido, mas sabia que tinha sido dado a ela uma nova chance.

A morena arrumou o véu que usava e agradeceu pela senhora que tinha ajudado ela em Jerusalém.

— Você precisa se perdoar. — Foram as palavras da mulher mais velha enquanto servia a Samara uma pouco de água.— Deus a perdoou, então por qual motivo você ainda vai deixar o diabo lhe acusar?

— A senhora acha que Ele é o messias?  — Naquele instante Samara se lembrou do homem que enfrentou a multidão, sem dúvidas um homem de Deus, mas o messias? Seu pai sempre dizia que ele seria um rei, aquele homem não havia nascido em Nazaré?

— Eu tenho certeza,  eu vi o que ele fez na vida de meu genro Simeão ou melhor Pedro, eu estava a beira da morte e Jesus me curou, não há dúvida de que Ele é o Cristo — a voz da senhora era animada e contagiante.

Samara tinha duvida sobre a identidade do Mestre, acreditar que Ele era o Messias significava abrir mão de algumas de suas crenças,  mas a forma que aquele homem tinha tido autoridade sobre a multidão  que queria matar Samara não podia ser ignorada.

Ana como era chamada a mulher que ajudou Samara tinha sido um verdadeiro anjo, dando a esposa de Natan comida e roupas para a viagem e era por isso que agora a morena caminhava pelas estradas de Israel a caminho de Roma em segurança. Ela e sua família eram todos cidadães romanos, apesar de também serem judeus Samara somente havia conhecido o Templo em Jerusalém depois que se casará com Natan, naquela época ele era um jovem oficial romano designado para Jersusalém e ela o havia seguido sem pensar duas vezes.

Enquanto caminhava rumo a Roma, ela se perguntava onde estava aquela paixão dos primeiros anos de seu casamento? Ela ainda amava Natan, mas então por qual motivo o traíra? Raiva porque ele trabalhava demais? Estava se sentindo abandonada? Ela não sabia dizer.

Continuou andando, era a única forma de evitar sua própria culpa, a dor de seus pés aliviava a dor de seu coração, caminhou dia e noite, parando apenas algumas vezes para descansar, sete noite e sete dias passaram quando os muros de Roma surgiram, ela estava em casa.

— Medalhão da deusa Hera, não quer comprar senhora?— perguntou um homem enquanto Samara andava pelo mercado.— Ela é a deusa dos casamentos, resolve qualquer problema.

— Não, obrigada.— recusou  muitas vezes em sua vida tinha orando a deuses estranhos, guardado estatuetas em sua casa, mas o que o Mestre havia dito a ela? Vá e não peques mais.

Ela o obedeceria.

Seu coração batia a cada minuto mais forte a medida que ela se aproximava do casarão que pertencia a seu marido. Ele provavelmente estaria lá, assim como os filhos dos dois.

— Você deveria ir embora querida.— disse uma mulher desconhecida com um sorriso doce.— Seja o que for que tanto olhas para essa casa, não há nada para você, mulheres como nós não somos aceitas em lugares assim.

— Eu não sou...— Samara iria falar que não era como a prostituta, mas uma pequena voz a lembrou que ela havia traído seu marido e não estava em posição de julgar alguém.

— Sammy.— a voz doce de Natan a assustou quando ela já estava alguns passos longe da casa, o apelido que ele dera a ela no dia de seu noivado, parecia uma acusação da péssima esposa que tinha sido.

Ela não se virou, não conseguia olhar para ele, suas pernas fracas ameaçavam se dobrar a qualquer instante. Ela continuou andando entre a multidão, não podia enfrentar o marido, não tinha coragem.

Natan segurou o braço de Samara com força obrigando ela a olhar para ele. As lágrimas caíam sobre o rosto da morena, ela olhou para o rosto belo e calmo de seu marido, nos olhos de Natan haviam alívio, raiva e perguntas, as quais ela não tinha resposta.

— Você está viva.— Ele usava sua roupa de oficial Romano, enquanto ela tinha um vestido velho e cheio de poeira devido a jornada de Jerusalém a Roma. —É melhor você entrar, não quero chamar atenção.

— As crianças?

— Estão com minha mãe, apenas os servos estão na casa.— a voz dele era dura, ele parecia lutar contra algum sentimento. Samara o seguiu, a casa estava do mesmo jeito de sempre grande e cheia de luz, e por mais que a morena conhecesse cada detalhe daquele lugar ela se sentia amedrontada.

— Como?— ele perguntou ambos estavam na sala de estar, Natan havia expulsado o servo que aparecerá com um olhar curioso.

Samara explicou cada detalhe, de como havia sido salva por Jesus de Nazaré, contará sobre Ana, sobre as pessoas falarem que Jesus era o Messias.

— O que você espera com tudo isso?— Natan estava confuso, ele estava outro do outro lado da sala o mais afastado de Sammy o possível.

— Não sei.— A voz dela era tão baixa que se o silêncio na sala não fosse absoluto ele não teria escutado.

— Você me traiu, me envergonhou da pior forma,  eu fui um ruim marido?— a voz de Natan estava cheia de angustia, ela tentou se aproximar, mas ele se afastou.

— Eu sinto muito, não tinha nada haver com você, foi um erro estúpido.— As lágrimas rolavam pelo rosto moreno de Sammy, seus olhos castanhos estavam angustiados.

Ambos estavam exaltados e falavam em  hebraico a fim de evitar os ouvidos curiosos dos servos.

—Um erro que custou nossa família —disse Natan olhando para ela com os olhos molhados.

—Me perdoe —implorou a morena  ajoelhada, não tinha mais forças para se manter em pé. — Eu sinto muito, sei que isso não apaga meus erros, mas estou tão arrependida, nunca quis machucar você ou a nossa família.

—Mas machucou, você só pensou em seu próprio desejo.

—Natan... —ela sussurrou sem saber o que falar, nada diminuiria a culpa dela ou a dor dele.

— As crianças têm perguntado sobre a mãe deles, não posso negar a eles uma mãe —o ar e as palavras pareciam faltar a Natan. —Não quero você como minha esposa, você pode ficar, mas só será minha mulher no nome e isso não significa meu perdão, mas meu amor pelos meus filhos.

Seis meses depois e  Natan ainda não conseguia olhar para Samara, ela cuidava da casa e cumpria suas funções como mãe, mas seu marido não conseguia nem ao menos falar com ela, o coração dela sangrava, seu marido e seu melhor amigo a odiava e o pior ele tinha motivos.

Samara lia avidamente os conselhos escritos por Ana, ambas as mulheres mantinham contato, a morena lia sobre os milagres de Jesus em toda a Galileia e ficava cada dia mais maravilhada, é uma parte dela começava acreditar que Ele realmente era o Messias.

—O que aconteceu? —Samara colocou a carta que lia em cima da mesa —Você está ferido.

—Houve um ataque de alguns rebeldes ao imperador —O servo disse carregando um Natan ferido no ombro, o marido de Samara tinha o semblante cansado e seus olhos estavam fechados.

  — Coloque ele no quarto, e você mande chamar o médico.— ordenou a morena, ajudando o servo a segurar Natan.

Os servos correram para obedecer a senhora da casa.

  — Ele vai ficar bem?— perguntou a esposa de Natan apertando os braços preocupada.

— Foi apenas uma ferida.— reclamou o oficial romano irritado pela preocupação de todos, e por se sentir incapaz.

— O senhor perdeu muito sangue.— apontou o médico.— Deve descansar.

— Ela irá, muito obrigada por vim doutor.

  — Eu pensei que fosse te perder.— Ela se sentou ao lado de Natan na cama, ele não a afastou como de costume. O silêncio do quarto vazio reinou pelo que pareceu a morena uma eternidade.

  — Foi apenas uma ferida superficial.— disse Natan com a voz terna.

— Mesmo assim — chorou Samara apertando a mão dele — Nunca senti tanto medo em minha vida.

— Você fica muito bonita quando está preocupada — sorriu Natan.— Seu nariz fica franzido bem aqui.

  — Isso não é você falando, mas o vinho para dor.— respondeu ela, Natan parecia realmente olhar para ela pela primeira vez em seis meses.

— Não, não é— disse ele tirando o fio de cabelo que caia sobre o rosto da morena.— Não consigo mais lidar com isso.

— Você está com dor?

— Sim, mas não é a ferida física.—  respondeu Natan se sentando na cama de forma desajeitada.— Odeio vivar com esse ódio e raiva, mas eles são tudo o que me resta.

— Natan não precisamos falar disso agora, você precisa descansar.

— Eu preciso — brigou ele.— Céus, eu te amo Sammy, mas me entregar a você significa me tornar vulnerável novamente, você lembra o que o Sacerdote nós disse em nosso casamento? Você feriu a sua outra metade, e como posso saber que não fará novamente?

  — Eu sei que não mereço sua confiança, mas farei com que todos os dias de minha vida seja para merece-lá. — Samara chorava como uma criança.— Por favor.

Ela não sabia se foram as lágrimas ou suas palavras, mas ele a beijou como nós velhos tempos, quando eles eram apenas Natan e Sammy, antes de toda a bagunça emocional que Samara tinha colocado sobre eles.

— Você está ferido.—  ela disse respirando com dificuldade, ele abraçava o corpo dela junto ao dele.

— Posso lidar com isso.— respondeu ele sorrindo.

  — Não.

— Não?

— Sim.— respondeu ela voltando a beija-lo como se fosse a primeira vez.

Palavras: 1628

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