CINCO

Aos poucos Ian abriu os olhos, sua visão ainda estava embaçada e sentia uma grande dor de cabeça. Parecia que somente aquele movimento de pálpebras serviu para fazê-lo enfermar mais. Fechou novamente os olhos e, após um tempo, fez o esforço de visualizar o lugar onde estava. Conseguiu com um pouco mais de facilidade.

Estranhou a aparência daquele cômodo de cor branco e dourado, com o teto pintado de anjos. Havia morrido e ido para o céu? Quis se erguer daquela posição paralisada na cama, mas o simples mover do braço foi suficiente para fazê-lo gemer de dor. Naquele mesmo instante, a porta do quarto se abriu.

— Evan, você acordou! Oh, céus!

Aquela voz aguda doeu até o íntimo da alma do jovem homem. Quem era aquela mulher? Ele desistiu de movimentar alguma parte do corpo e voltou para a cama, fechando os olhos para tentar aliviar a dor que pulsava em cada membro só por causa daquele simples gesto.

—Eu achei que você não sobreviveria! O médico não deu tanta esperança, considerando seus profundos ferimentos. — Ela se aproximou mais dele e o tocou a mão.

Ian sentiu uma mão suave envolver a sua e o polegar acariciar seu dorso. Aquilo o fez ter sensações de um passado.

— Eu o encontrei no meu regresso para casa. Estava todo machucado, feito um moribundo jogado ao acaso. — Agora a fala dela era carregada com emoção.

Ele estava reconhecendo...

— Você consegue me ouvir, não?

Então, ele abriu os olhos de novo e de prontidão reconheceu aquela mulher. Ela não mudou tanto desde a última vez. A tez ainda era pálida, os cabelos com tonalidade dourada parecia um pouco mais escuro, os olhos castanhos ainda brilhavam com vivacidade e as mãos permaneciam suaves e amorosas.

— Madeline — ele murmurou.

— Sim, Evan! — falou com intensidade. — Oh! Você se lembra tanto quanto eu. — E sorriu, mostrando aqueles belos dentes brancos e alinhados.

Mas o jovem enfermo não correspondeu o sorriso.

— Por que estou aqui? Porquanto tempo eu dormi? — Fez as perguntas.

— Acalme-se, querido. — Ela tocou no braço dele. — O encontrei ontem de manhã e estava dormindo desde então.

Ele fez uma careta de dor.

— Evan, sei que está sofrendo agora. Mas só de acordar já é um avanço!

— Ainda possui esse costume de me chamar de Evan? — ele perguntou sério.

— Ah! — Ela apertou os lábios. — Sempre disse que combinava mais com sua personalidade do que Ian. Para mim, você é Evan. Lembro-me que quando brincávamos você gostava.

Ele se retorceu um pouco mais nada cama por causa da dor.

— Não somos mais juvenis, porém adultos — reclamou com esforço.

— Oh! Pelo visto, sua chatice e ironia permanece a mesma. — Ela riu e acariciou a mão dele mais uma vez, porém, sentiu como o rapaz a recolheu. — Apesar de todos os acontecimentos, fico feliz que esteja bem.

— Como reconheceu a mim? — Estava curioso.

— Como poderia esquecê-lo — os dizeres saíram com melancolia.

Ian trincou o maxilar e sentiu a agonia de estar naquela casa, com aquela mulher e naqueles modos tão impossibilitado. Ele olhou para o teto e bufou. Recordou do motivo que o levou àquela condição: Emily. Aquela noiva que o mataria antes de se quer casarem. Mas era provável ele a assassiná-la, assim que a encontrasse.

— Ainda te encontrarei! — Ele pensou alto.

— Quem precisa encontrar? — Madeline perguntou.

Ela franziu o cenho e não respondeu. Sem dúvida, não exporia mais sua condição a ninguém. Já bastasse a situação mais contragedora.

— Madeline, por que me trouxe para sua casa? Não é de bom tom uma dama acolher um homem. — Ele mudou o rumo da conversa, relembrando a moral da sociedade em que viviam.

Ela se levantou um pouco e andou pelo quarto com seu belo vestido branco.

— Agora sou uma mulher viúva. O sr. Wood faleceu há um ano e meio. Minha reputação já não é mais tão considerada assim. — Ela parou sua andança e se virou para Ian.

— Pela idade avançada que ele obtinha não é de se admirar — Ian expressou com sequidão.

Aquele comentário fez o silêncio repousar dentro daquele cômodo. Como se feridas do passado tivesse sido abertas entre os dois.

— Você sabe que não foi assim — Madeline declarou com a voz embargada.

Ele não queria conversar sobre aquele assunto. Aquilo era um sentimento do passado que estava enterrado. Afinal, agora não importava mais nada. Ele tinha compromisso com outra mulher. Apesar da noiva ser uma louca, ele possuía honra o suficiente para saber que sua devoção seria somente a Emily.

— Isso não importa mais! — Foi tudo que disse.

— Evan...

— Meu nome é Ian. — Ele fez outra careta, querendo suportar a dor de cabeça. — Evan faz parte de uma época que não existe mais, Madeline. Por favor, respeite isso.

Medeline chegou mais perto. Ela imaginava o quanto o rapaz ainda carregava mágoas dentro do seu coração por ter casado com outro homem.

— Ian, perdoe-me por ter feito isso. Sinto que nunca conseguirei alcançar o perdão no seu coração. — Estava mais perto dele.

— Não há nada para perdoar, Medeline. Pode viver sua vida em paz — ele declarou mais ofegante. Seu corpo parecia doer cada vez mais.

— Eu...

— Por favor, só quero descansar. — Ele apertou os olhos. — Minha cabeça.

— Já está na hora de sua medicação. O médico falou que quando o efeito passasse você sentiria mais dor. Porém, ficará bem — Madeline proferiu com a voz baixa.

Ela estava sofrendo com a distância dele. Nunca imaginou que o encontro de ambos apresentaria tantas angústias.

— Eu sinto que minha cabeça vai explodir — a fala dele estava trêmula. — Traga uma compressa de água fria também, por favor.

— Mandarei uma criada para servi-lo. — Madeline saiu do quarto cabisbaixa.

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Veio de noite, mas saiu na segunda-feira!

Esse passado do Ian está misterioso, não? E como a Emily reagirá a tudo isso? Não perca os próximos capítulos!

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