Capítulo XVIII

Aviso:
O capítulo vai conter uma cena específica com homofobia.

A nota errada arrancou dos pais do Yang uma reação de surpresa, Jeongin ouviu a baronetesa ao seu lado lhe perguntar o que estava errado, ela realmente parecia preocupada e sentia um certo sentimento de culpa, pois sabia que o motivo para aquilo era ela mesma. Yunbin franziu sua testa, observando a figura de seu irmão que estava de costas para ele. Jeongin estava ciente de todos os olhares que estavam em si naquele momento, tentou respirar fundo e então tentou mais uma vez.

Ele estava conseguindo ir bem, de alguma maneira, sentia os olhares de Seungmin sobre ele, tentando acalmá-lo, tentando lhe dizer que estava tudo bem. Porém, antes que seus pais conseguissem dar um suspiro de alívio pelo erro ter sido consertado, Jeongin errou mais uma vez, parando de tocar repentinamente após isso.

O Yang nunca foi o tipo de pessoa que precisava de alguém ao seu lado o apoiando para conseguir fazer o que ele sabe bem, mas a frustração e o desapontamento estava o corroendo por dentro. Seus planos haviam sido completamente mudados, ele queria estar ao lado do Kim, e saber que sua mãe havia começado a propor um noivado sem que ele fosse informado fez a ira queimar em suas veias. Desde bem novo ele era acostumado a viver em correntes folgadas, ele sempre teve mais liberdade em seus desejos do que Yunbin, sempre gostou daquilo, não almejava o trono, ele sabia que teria mais liberdade no amor se não fosse um herdeiro.

Aquilo foi um leve lembrete de que ele ainda tinha aquelas correntes que, mesmo que estivessem folgadas o suficiente para que ele acreditasse estar livre, ainda estavam presentes e ele estava longe de ser um indivíduo solto.

O anel dourado em seu dedo chamou sua atenção, seu coração parecia se acalmar com isso, mas era uma calmaria dolorosa, pois ele sabia que seria passageira. Ele fechou sua mão em punho em cima das teclas, fazendo um som ruidoso reverberar pelo salão, murmúrios se espalharam entre os nobres, que tentavam entender o que havia acontecido. Chaeryeong parecia preocupada, mas vergonhosa com toda aquela atenção e burburinhos. Ela não sabia o que fazer para tentar remediar a situação, procurou ajuda na família Yang, atrás de si. Alguém subiu no palco com passos fortes, firmes, aproximando-se de Jeongin com determinação.

Naquele momento, os murmúrios ficaram mais baixos, com a atenção voltada novamente para o palco, achando que aconteceria mais alguma coisa. Seungmin parou ao lado do Yang e colocou sua mão em cima do punho fechado do mais novo, tentando chamar seu olhar, deu um sorriso pequeno quando os olhos aparentemente avermelhados se concentraram em si.

- Eu não vou conseguir tocar hoje... - Murmurou, tão baixo que até mesmo Seungmin teve dificuldades em ouví-lo, ele abriu sua mão que estava fechada em um punho, visivelmente relaxado com o toque do Kim.

- Então não precisa tocar, vamos. - Ele deu um leve aperto da mão do mais novo, que a segurou como se ele fosse a chave para aquelas correntes que o prendiam.

- Sinto muito por isso... - Chaeryeong se desculpou, sentada ao lado do Yang. - Não queria atrapalhar...

Os dois deram um sorriso para confortar a Lee, Jeongin se levantou e desceu do palco pelo lado oposto de onde estava a família do Yang. Foram passos rápidos, inquietos para se afastarem daqueles olhares curiosos e julgadores. Saíram do salão, mas ainda assim continuaram caminhando, só parando seus passos ao chegarem no jardim dos fundos do enorme castelo. O mais novo sentou-se em um dos bancos feitos de madeira e o Kim o seguiu, sentando-se ao seu lado.

Ficaram em um silêncio mútuo, cada um com seus próprios pensamentos para organizar antes de poderem dizer algo. Era como se nos últimos dias eles estivessem vivendo em um tipo de conto distinto, um conto romântico que só os dois conheciam, mas agora haviam puxado ambos de volta à realidade. No entanto, aquela não era a realidade que eles queriam.

- Isto não pode acontecer... não é certo. - Jeongin resmungou, escondendo seu rosto com ambas as mãos. - Eu não vou aceitar isso em silêncio, eu vou me opor, não importa o que digam. Minha mãe vai entender, não vai? Ela só está fazendo isso porque acha que eu gosto dela.

Seungmin tampouco sabia o que dizer, sua mente repassava a notícia de que agora ele era noivo, mais uma vez ele era noivo. Aquele não foi o seu primeiro casamento arranjado, porém, por causa da situação, ele sentia como se fosse tão ruim quanto. O Kim não sabia se contava aquilo ao Yang, principalmente naquele momento em que ele parecia tão nervoso.

Ele iria resolver aquele assunto, não precisava preocupar o mais novo

O salão de festas poderia ter ficado em um silêncio mortal e constrangedor se não fosse pelos burburinhos que os nobres espalhavam entre si. Nem mesmo quando a orquestra voltou a tocar os convidados pararam de fofocar entre si. Os Yang pareciam constrangidos, tentando fazer com que de alguma forma os presentes esquecessem o que tinha acontecido, nem eles mesmos sabiam os motivos para a saída repentina de Jeongin. Ele sempre havia sido um garoto regrado, sabia bem as etiquetas que deveria seguir, mas ainda assim partiu daquela maneira rude.

Soon se desculpou por diversas vezes com o Barão Lee pelo constrangimento causado à sua filha, ele parecia muito aborrecido pelo o ocorrido, mas não era exatamente por sua filha. Chaeryeong não conseguia dizer se realmente estava triste por aquilo, na verdade, se sentia um pouco aliviada, mesmo após passar uma vergonha na frente de tantos outros nobres muito mais importantes do que ela e seu pai.

A noite se passou de maneira arrastada, e durante todo esse tempo, Jeongin e nem Seungmin haviam voltado para o salão, deixando o ambiente com sua tensão, que pairou pelo ar, porém, se eles tivessem voltado, talvez fosse até mesmo pior do que uma simples tensão.

Assim que o baile de aniversário terminou, o Rei Jiyoon seguiu até o quarto de Jeongin, Soon tentava acompanhar os passos do Rei. Os passos ecoaram pelo corredor do castelo, até finalmente estar em frente à porta dos aposentos do seu filho mais novo. Jeongin já esperava por aquilo, então a porta estava aberta. Jiyoon odiava que os planos saíssem do rumo, algo que Jeongin pareceu ter herdado. A porta foi aberta com uma força desnecessária, assustando a Rainha que estava logo atrás do Rei, o príncipe mais novo permaneceu quieto, mesmo após isso.

- Tente me explicar o que aconteceu hoje, Yang Jeongin! - O tom de voz era alto o suficiente para fazer a cabeça dos presentes doer, o suficiente também para que pessoas de fora soubessem o que estava ocorrendo naquele cômodo. - Era para ser uma data importante para seu irmão, para a nossa família! Era para que o foco da noite fosse Yunbin, todos saíram com o que você fez em mente!

Jiyoon se aproximou do filho, sentado na cama, estava com roupas para dormir, mas havia esperado pelo pai, sabia que não escaparia de sua ira nem mesmo se estivesse dormindo. Soon fechou a porta atrás de si, não ousando dizer algo naquele momento, sabendo que apaziguar a raiva do Rei era complicado, qualquer coisa poderia deixá-lo com mais raiva.

- Você foi irresponsável quando não fez o que deveria ter feito e mal-educado ao sair daquela forma grosseira! O Barão Lee ficou irritado com sua insolência. Ainda deixou a senhorita Chaeryeong em uma situação desconfortável.

- Se não queriam que algo parecido acontecesse, não deveriam ter frustrado os meus planos daquele jeito. - Respondeu, afrontoso. - Eu não queria tocar. Eu só... não consegui.

- Você sempre conseguiu tocar muito bem nos bailes que realizamos, você toca quase todos os dias no salão!

- Vocês fizeram eu me sentir sufocado! Eu achei que estava livre, agora que sou adulto e não sou o herdeiro, mas eu estava completamente errado. Tomam decisões para mim sem que eu saiba. O senhor sabia que a mamãe estava propondo um noivado com a baronetesa para mim?

- Sim eu sabia, ela me contou e me fez concordar com isso.

- Eu não quero ela como noiva. Peço para que cancelem isso o mais rápido possível com o Barão Lee.

Soon se aproximou, sentando-se ao lado do filho, na cama.

- Eu não entendo, filho, por que não quer casar com ela?

- A senhora e Yunbin se enganaram, eu não estava a cortejando, somente a conheci em Ziana e nunca mais entramos em contato.

- Isso não importa, tenho certeza que o Barão Lee não aceitará mais o noivado após o vexame que fez a filha dele passar na frente de tantos nobres. - Jiyoon satirizou. - E aquele outro príncipe que o levou para fora do salão foi tão grosseiro e imprudente quanto você, quero que ele se prepare para voltar à Ziana imediatamente.

- Seungmin não tem nada a ver com esse assunto, deixe-o fora disso! - Jeongin pediu, ficando em pé. - Ele só quis me ajudar. Ele percebeu que eu não estava bem, diferente de vocês, que se preocuparam mais com o que os nobres poderiam estar ridicularizando.

Os olhos de Jiyoon pareciam conter faíscas, chamas quentes que ameaçaram queimar Jeongin quando o nome de Seungmin finalmente chegou ao assunto.

- Soon, saia do quarto. - O Rei mandou.

Soon não queria deixá-lo mais irritado, então somente deu uma última olhada no rosto de seu filho, impassível, mas suas orbes lhe expressavam o medo que o mais novo estava sentindo em seu íntimo. Assim, ela saiu do quarto, sentindo um forte aperto em seu peito, não queria ir para seus aposentos, então ficou parada no corredor, aguardando com ansiedade.

De dentro do quarto já não vieram mais gritos, estava silencioso, como se estivessem conversando em tom baixo, o que deixou a Rainha mais aliviada.

Ela avistou no corredor o Kim, que parecia tão preocupado quanto a Rainha, também parecia estar aguardando a saída do Rei. Ela direcionou um sorriso fraco ao príncipe.

- Não pude deixar de perceber a sua aproximação com o Príncipe de Ziana. Diferente de sua mãe, eu não sou tão ingênuo perante isso. - Disse, em tom baixo, porém parecia ainda mais irritado do que quando estava gritando há segundos atrás.

- Nós somos bons amigos. Temos muitos gostos em comum. - Mentiu.

- Não minta para mim, Yang Jeongin! - Sibilou. - Você e Yunbin sempre ficaram sob os meus olhos, eu sempre fui muito bem informado sobre o que fazem dentro e fora do castelo.

Jeongin não queria demonstrar, mas sentia como se seu sangue estivesse congelado em suas veias. Engoliu em seco, queria dizer algo, mas sabia que sua voz iria falhar e entregar o seu nervosismo.

- Podemos fingir que isto nunca aconteceu entre você e aquele Príncipe, irei providenciar para que isso não se espalhe. Eu não quero que algo assim chegue ao conhecimento do povo, isso seria... uma vergonha.

O Yang sentiu seus olhos arderem.

Uma vergonha.

Então era isso que ele seria agora para seu próprio pai?

Depois de todos aqueles anos, tudo que ele se esforçou para que fosse um bom príncipe, um bom herdeiro do sangue Yang, tudo seria descartado daquela maneira?

Seu sangue, que antes parecia ter virado gelo, parecia que agora havia derretido e estava quente, queimando seu corpo com raiva. A ira por seu pai não conseguir compreendê-lo, aceitá-lo. Ele era seu próprio filho, seu herdeiro de sangue, ele não podia tentar entender Jeongin? Pelo menos ele, em todas aquelas outras milhares de pessoas, não podia o amar?

- E por que isso seria uma vergonha? - Questionou. - E se eu disser que não quero fingir que isso nunca aconteceu? Você não pode me obrigar.

- Você é o meu filho, eu sei o que vai ser o melhor para você. Estás confuso, deve ter sido influenciado ou enganado, eu só sei que quero esse príncipe fora do meu castelo para que pare de tentar influenciar você.

- Influenciado? - Repetiu, dando uma risada desacreditada logo após. - É bom que saiba que quem deu a iniciativa para isso foi eu, e não ele. Então, se for seguir o que você disse, foi ele quem foi influenciado.

- Você não entende que estou tentando fazer o melhor para você? O que você acha que vai acontecer quando descobrirem que você é... defeituoso?

Jeongin sentiu sua garganta fechar, não sabia o que dizer, foi como se repentinamente aquela raiva tivesse passado, ele sentiu dor. Era uma dor excruciante, ouvir seu próprio pai dizer aquilo o machucou profundamente, ele sentiu que aquelas palavras haviam cortado seu íntimo. Os olhos Jiyoon pareciam ter um ódio profundo e aquele ódio estava sendo direcionado a Jeongin.

O Yang mais novo sentiu as lágrimas que caíram silenciosamente e molharam seu rosto, ainda teimando em encarar aqueles olhos assustadores do Rei, mesmo que sua visão estivesse embaçada. Ele reuniu forças para dizer uma única frase, antes que desabasse:

- Saia do meu quarto.

Tô sem ideias para colocar aqui nas notas finais...

Viram o Seungmin todo pomposo ontem no Paris Fashion Week com a roupinha de limão da Loewe? Lindão, né?

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