XXI

12/07/2022

•pov gina•

Uma semana se passou, passei o dia encarando o celular. Apenas às 23h, quando Rosa estava tomando banho, Olivia me mandou mensagem.

Olivia: preciso de mais uns dias. Estamos quase.

Gina: mal acredito.

Olivia: nem eu, estou com saudades :(

Gina: eu também :(

Escondi o celular assim que ouvi o registro fechar. Deitei na cama com um sorriso. Pouco tempo depois, Rosa saiu com uma toalha enrolada no corpo, fiquei a encarando.

- Você me olhar não me ajuda a secar a água.

- Você quer ajuda? Seria o meu prazer.

Ela revirou os olhos.

- Achei que estivesse dormindo.

- E perder você de toalha? Nunca.

Ela pegou a roupa e voltou pro banheiro.

- Onde vai?

- Me trocar.

- Deixa a porta aberta.

- Para de ser tarada.

Mesmo me xingando, ela deixou a porta aberta. Eu não desgrudei os olhos do seu corpo, sua pele macia, dos seus cabelos... Me perdi em outro planeta, até ela deitar ao meu lado. Aparentemente, eu a acompanhei com o olhar. Me recompus e fui tomar banho. Dormi abraçada com Rosa, seu cheiro me consumia e tudo o que eu conseguia pensar naquele momento era nela.

Acordei mais cedo. Fiz panquecas com melaço e café preto. Rosa se surpreendeu.

- Tá de bom humor?

- Por quê?

- Você nunca cozinha.

- Queria te agradar.

Ela me olhou desconfiada, mas sentou e pegou seu prato.

- Nós poderíamos ir ao museu de cera, a minha estátua seria inaugarada no começo do mês. Bem, espero que tenha sido. - eu sabia da inauguração e da polêmica, mas preferi fingir estar desinformada.

Rosa também fingiu que não sabia. Nós duas éramos duas farsantes, mas isso evitava o nosso colapso, então, fingíamos não perceber.

- Depois de sermos presas?

E lá se foi meu bom humor.

- Não seremos presas.

- Não vamos conseguir fugir para sempre.

- Nós não precisamos. - falei.

Rosa me olhou.

- O que quer dizer com isso?

- Eu sou famosa, tenho contatos de advogados...

- E eu? Eu não sou nada, Gina.

- Posso contratar advogados pra você também. Ninguém pode nos prender, vamos pagar todos os nossos crimes.

- Eu sou uma ex-policial que matou um homem. Não sei se serei inocentada tão fácil.

- Claro que vai.

- Eu sou latina e uma pessoa comum, você é famosa, tem uma legião de fãs. A minha justiça não funciona da mesma forma que a sua.

Suas palavras foram como um tiro.

- Como assim?

- Você entendeu.

- Eu sei que não somos iguais, mas farei o meu máximo para nos livrarmos dessa. Eu nunca te abandonaria.

- Nem pelos holofotes?

Demorei para responder. Rosa apenas assentiu, pegou o prato e foi comer no quarto. Deitei a cabeça na mesa fria. Esperei uma meia hora e tentei falar com ela. Rosa mexia no meu celular.

- Que porra é essa? - ela me perguntou mostrando o aparelho.

- Eu que pergunto - arranquei da sua mão. - Isso é invasão de privacidade.

- Eu sabia que estava tramando algo. Não vai dar certo, Gina.

- Vai sim. - sentei ao seu lado. - Vamos sair dessa e adotar um cachorro.

- Gina...

- Não. É muito difícil namorar nessa indústria, nunca achei um amor de verdade, a maioria foi só PR. O que temos é real e eu não vou te deixar. Não posso desistir de nós.

Ela parecia querer repetir a pergunta, mas não o fez.

- Eu posso ser o seu sol, mas você é a minha luz. Eu preciso de você.

O seu silêncio me matava aos poucos.

- Eu te suporto. - respondeu.

Eu sorri.

- Também te suporto.

Eu a beijei.

- Não ouse fugir sem mim.

- Nunca.

30/07/2022

Olivia não me mandou mais mensagem. Decidi parar de obececar e dar uma volta.

- Você vai me levar pra sair.

- Você está se convidando para um encontro?

- Não, estou pedindo para você me levar pra sair. Você que está sugerindo um encontro.

- É meio óbvio que é um encontro.

Revirei os olhos, peguei essa mania dela.

- Você vai me levar pra sair ou não?

- Claro. Aonde quer ir?

- Onde você quiser me levar.

Ela torceu a boca.

- Isso me soa como uma armadilha.

- Não é.

- Restaurante?

Assenti.

- Comida japonesa?

Torci a boca.

- Comida mexicana?

- Você quer que o seu encontro tenha gases depois?

Ela sorriu de canto.

- Então, você admite.

- Admite o quê? - me fiz de sonsa.

Ela sorriu mostrando os dentes.

- Vou te levar pra comer comida argentina.

Eu a encarei maliciosa.

- Não essa argentina.

Eu ri.

- Você vai gostar.

- E de sobremesa?

Ela me encarou.

- Italiano soa bom.

Eu ri.

- Vou me trocar.

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