XIII
PARTE 2: GETAWAY CAR
25/05/2022
•pov gina•
Acordei com algo pesado, porém macio caindo no meu rosto.
- Levanta, temos que ir.
Tirei o objeto de cima de mim e reparei que era uma mala.
- Vamos fugir?
Ela assentiu.
- Se fugirmos vai ficar óbvio que somos as culpadas.
- Nós saímos correndo da delegacia, não vai demorar muito até alguém encontrar as filmagens - ela me olhou pela primeira vez, havia duas olheiras embaixo dos seus olhos, ela não dormiu nada. - Escolhi algumas roupas confortáveis pra você, olha e vê se quer mais alguma coisa.
Eu a obedeci. As roupas eram todas de cores neutras, não gostei nem um pouco, mas é o necessário para nos escondermos. Peguei um boné e um óculos nas mãos.
- Pra que isso?
- Você nunca sabe. Pode servir como disfarce.
- Não acho que funcione.
Ela deu de ombros.
- Não custa nada tentar.
Levantei a procura dos meus essenciais. Peguei a minha necessárie de viagem e enchi de produtos para rosto, lábios e corpo.
- O que é isso?
Ela apontou para a necessárie em minhas mãos.
- Meus cremes.
- Só o essencial, Gina.
- Eu preciso deles, você quer acordar um dia e ver a minha pele deteriorada?
Eu falei como se ela fosse dormir ao meu lado por anos. Rosa percebeu, mas não disse nada, apenas deu de ombros.
- Se precisarmos aliviar o peso, isso é o primeiro que vai ser jogado fora.
Eu sorri.
- Combinado.
Peguei o meu fone de ouvido, carregador, mini aquecedor e mini ar condicionado. Ela só me olhou julgando.
- Não - falei. - Você vai me agradecer depois.
Ela revirou os olhos. Cara, ela é muito gostosa. Peguei os meus produtos do banheiro e fechei a mala, estava pesada, mas não reclamei, não preciso que ela saiba como está certa.
Nós descemos de elevador até o carro. Minha barriga roncou alto.
- Fiz um sanduíche pra você. - ela disse como se não fosse nada, eu sorri.
- Obrigada.
Ela deu de ombros. Ela praticamente correu até o carro, tentei acompanhar seu ritmo, mas o peso da mala me fez ficar lenta. Rosa parou na frente do carro, eu ainda estava longe, ela revirou os olhos e voltou para pegar a minha mala. Ela carregou como se estivesse vazia.
Uau, ela é muito forte.
- Gina. - ela me chamou, sai do transe e entrei no carro. Ela assumiu o volante, eu não reclamei, prefiro ser a passageira responsável pelo entretenimento.
- Aonde vamos?
- Não sei.
Eu estalei a língua. Peguei o celular para avisar Olivia.
- Espero que não twite sobre.
Eu a olhei, ela não fez nenhuma expressão. Rosa Diaz sabe que sou viciada no twitter? Isso é interessante.
- Você está me stalkeando?
Ela me ignorou.
- Não conte a ninguém, eles podem rastrear de volta para nós.
- É só Olivia.
- Não importa quem seja.
- Ela é minha assistente... - Rosa me olhou rapidamente. - ...e minha melhor amiga, preciso avisá-la.
Ela parecia aliviada.
- É melhor não. Qualquer coisa pode nos incriminar.
- O que acha que vai acontecer? - perguntei. - Eles vão nos perseguir pelo estado?
- Sim.
- Que resposta elaborada, parabéns.
Ela grunhiu em desaprovação.
- O que quer que eu fale? Que você drogou um cara e depois eu o matei? - sua voz quase sumiu no fim.
Engoli a seco, a expressão de Diaz parecia com a mesma de sempre, mas eu pude perceber seus lábios tremerem de leve e seus olhos repuxarem, como se estivesse prestes a chorar. Os detalhes são imperceptíveis, eu só consigo percebê-los porque decorei todo o seu corpo nas poucas vezes em que a vi e nas milhares em que sonhei com ela.
Eu queria dizer algo que amenizasse a sua dor. Mas não consegui. Pela primeira vez, estou sem palavras. Não conversamos no restante da viagem, conectei meu celular no bluetooh e coloquei no aleatório. Getaway Car começou a tocar.
Durante a minha fantástica dublagem, eu bocejei.
- Pode dormir - disse com os olhos fixos a estrada. - Te acordo quando chegar.
Encostei a cabeça no banco e dormi como nunca, me senti segura ao seu lado.
♤♡◇♧
Acordei com Rosa me balançando. Estiquei os braços e bati em madeira, olhei para trás e reparei que havia uma cabeceira. Analisei onde estava atordoada, era um quarto pequeno, com apenas uma cama, sofá e banheiro. Não é nada comparado aos hotéis cinco estrelas que costumo ficar, mas dá pro gasto.
- Você me carregou até aqui?
Ela deu de ombros. Sorri, mas logo o escondi entre as cobertas. Rosa apontou para a cabeceira ao meu lado.
- O almoço/jantar, já que demorou para acordar.
Peguei a sacola, havia um podrão.
- Foi mal, foi a única coisa que achei.
- Obrigada. Faz muito tempo que não comia um desses, até esqueci o gosto.
Eu lembro de não gostar muito, sempre tive um paladar refinado. Na primeira mordida senti fogos de artifício explodirem atrás de mim, não sei se é porque estava faminta ou se o lanche era realmente bom, também, não estava interessada em descobrir.
Rosa mexia no celular com a testa franzida, estava muito concentrada. Decidi tomar banho depois de terminar minha refeição, quando voltei ela ainda estava na mesma posição.
- O que está fazendo?
- Desativando o gps - ela sorriu sem mostrar os dentes. - Consegui caralho. Agora me dá o seu celular.
- 'Por favor' seria bom.
- Sou eu quem está fazendo o favor.
- Esqueceu que também é uma foragida?
Ela entortou a boca.
- Não. - disse secamente.
Dei o meu celular à ela.
- Não olha na minha galeria.
- Por quê?
- Tem nudes. - menti.
Ela assentiu, sua expressão voltou a ser concentrada.
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