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27/03/2030

- Quem mandou aquela foto?

- Se continuar com esse tom arrogante, não vou falar.


05/05/2022

•pov rosa•

Duas semanas se passaram e eu descobri quem mandou a foto. Para ser sincera, não descobri exatamente quem, mas sei que foi de um telefone descartável, ou seja, alguém o comprou apenas para mandar a foto e depois o jogou fora. Consegui invadir e vasculhar o telefone, apenas encontrei a foto e o meu contato, nada mais, nada a menos.

Criei diversas teorias, a pessoa planejou aquilo há meses. Era uma vingança dupla. Era uma vingança apenas contra mim. Não era uma vingança. A pessoa me conhece. A pessoa não me conhece. Mas a minha teoria favorita e odiada envolve um nome e sobrenome.

Gina Linetti.

Tudo se encaixa. Eu a recusei, ela se enfureceu, comprou um celular, dirigiu para à praia próxima e matou um cara qualquer. Tudo isso para me enlouquecer. Ela não precisava fazer nada disso. Quis matá-la desde a terceira vez em que a vi. Gina habita na minha cabeça desde a segunda vez em que a vi. Quis beijá-la desde a primeira vez em que a vi.

Balancei a cabeça para afastar o pensamento. Voltei a minha atenção para um roubo qualquer. Amy está compromissada em desviar a minha atenção para "algo mais produtivo". Ela acha que estou obececada por Gina Linetti, mas não estou. Ela é apenas uma suspeita, uma possível serial killer.

- Eu nunca me apaixonaria por uma assasina. - sussurei para mim.

- O quê? - disse Amy.

Levei um susto, não havia reparado que ela estava ao meu lado.

- Estou citando Killing Eve.

- Eu estou com ódio mortal da final.

Suspirei aliviada. Ela está com tanta raiva que nem percebeu a minha mentira.

- Eu também.

- Chorei todos os dias depois da final.

Reparei em seus olhos, estavam inchados e vermelhos.

- Nem dá pra perceber.

Ela riu baixo.

- Você mente muito bem. - disse irônica.

- Sua ironia é muito natural.

Ela franziu as sobrancelhas.

- Eu nunca sei quando está falando sério ou não...

- Sempre sério.

- ... enfim, autorizei o fechamento do caso do homicídio fotoso - ela riu do apelido que seu namorado deu.

- O quê? Por quê?

- Faz duas semanas, Rosa, não encontramos nada nesse tempo e não encontraremos.

- Nós sabemos que veio de um telefone descartável.

- Como eu disse, não temos nada - ela me olhou, minha expressão deve estar preocupada, porque ela suavizou a dela. - Eu sei de quem suspeita, sinceramente, não acho que seja ela.

- Mas o emoji...

- Você não pode acusar alguém de assasinato só porque mandaram um emoji piscando.

- Ela está me provocando!

- Por que uma atriz famosa estaria te provocando?

É tudo um jogo de sedução. Ela quer ser a minha dona.

Mas não respondi isso.

- Eu não sei... Tédio?

Amy revirou os olhos.

- Os livros existem para isso.

Não existe ninguém mais nerd do que Amy Santiago.

- Rosa - seu tom de voz era calmo. - É normal ter crush em celebridade, eu tenho, o Jake tem, todo mundo tem. Isso não quer dizer que ela esteja te perseguindo.

Eu pisquei. "Ela matou um cara só porque a rejeitei. Bem, eu a beijei antes, mas isso não importa. Ela está obececada por mim".

- Acho que você está passando dos limites saudáveis de gostar de uma celebridade.

Eu engoli a seco.

- Se concentra nos casos que te dei, depois trago mais.

Eu assenti, ela tocou meu ombro e com um meio sorriso saiu. Voltei ao meu caso. Uma idosa foi roubada na rua por um homem usando um cachecol de penas azuis. Por que isso me soa familiar? Comecei a escrever na folha, na tentativa de reacender uma memória.

Cachecol de penas azuis.

Cachecol de penas.

Cachecol azul.

Cachecol. De. Penas. Azuis.

O cameraman do repórter que Gina matou usava um cachecol de penas azuis, a mesma pena que encontrei na cena do crime. Abri uma matéria do assasinato e desci até encontrar a imagem do repórter. Comparei a descrição da idosa com a imagem. Idênticos. Eu o pesquisei, aparentemente, ele se demitiu após a cerimônia de Oscar, devido ao trauma.

Copiei seu número de telefone em uma folha e a guardei no meu bolso. Guardei o meu celular no outro bolso da minha jaqueta. Caminhei até o banheiro.

- Aonde pensa que vai?

Desde que contei que visitaria Gina, Amy passou a vigiar as minhas saídas.

- Vou ao banheiro.

Ela me deixou passar, mas ainda me olhava desconfiada. Me tranquei em um box, coloquei um aúdio de água caindo e peguei o papel do meu bolso. Mandei uma mensagem para o número.

R: boa tarde, sou a detetive Diaz da 99, gostaria de conversar sobre o assasinato do seu ex colega, Joaquin Alma.

Para a minha surpresa, Tom respondeu rápido.

T: achei que tivessem arquivado o caso.

R: vou reabri-lo, temos novas pistas. Você pode vir até o precinto?

Menti.

Ele digitou por um longo tempo, dando pausas para apagar e recomeçar, por fim mandou:

T: me mande o endereço, por favor.



Autora: oi gente, voltei!!! Muito feliz com a derrota do Bolsonaro :) Pra comemorar vou postar outro capítulo depois.

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