I

PARTE 1: You Belong With Me

•pov gina•

27/03/2030

O local estava escuro, apenas uma luz iluminava-o.

- Tem algo a dizer?

- Sim - falei. - Espero que gostem das minhas histórias.

27/03/2022

- Gina!

Olivia me recebeu de braços abertos, eu a abracei.

- Está pronta para o evento do ano?

- Nasci pronta.

Ela riu e me acompanhou até a minha limosine.

- Estamos prontas, André.

Ele assentiu e começou a dirigir.

- Daqui umas horas você vai receber o oscar de melhor atriz coadjuvante!

- Com certeza!

- Quero fazer um discurso - ela pegou uma taça e despejou champanhe. - Muito obrigada por confiar em mim como sua assistente, esses anos têm sido maravilhosos. Você é minha musa inspiradora.

- Quem? Eu? - gesticulei de forma exagerada.

Ela riu. Nós brindamos. O carro parou, Olivia apertou minha mão.

- Pronta?

- Nasci pronta.

Descemos do carro e já fomos recebidas por flashes. Não olhei diretamente para os paparazzis, estou me preparando mentalmente para o tapete vermelho, não preciso de amadores me incomodando.

- Gina, aqui.

Eu acenei com a cabeça e continuei andando. Olivia prestava atenção nas instruções de uma mulher, sobre como se portar. Eu olhava a passarela a minha frente, deslumbrada.

- É sua vez.

Eu assenti. Desfilei até metade do tapete, os fotógrafos capturavam todos os meus ângulos, procurando defeitos em mim. Boa sorte em achá-los.

Olivia me seguia distante, ela temia as câmeras, enquanto eu as amava. Quando estava saindo do tapete vermelho fui puxada por um repórter.

- Eu estava te chamando!

Eu encarei sua mão no meu braço.

- Estou aqui. - tentei soar calma.

Tentei me desvincilhar, mas ele me apertou ainda mais.

- Como está se sentindo? - antes que eu pudesse responder, ele me cortou. - Ansiosa? Com os nervos a flor da pele? Conta pra gente!

Eu olhei para a câmera irritada, o cameraman percebeu o meu desconforto, mas não disse nada, provavelmente prefere seu emprego à defender uma desconhecida famosa.

Maldito cameraman com seu cachecol de penas azuis.

- Estou com altas expectativas.

- Trouxe um acompanhante?

- Só a minha assistente.

- Vocês estão muito próximas ultimamente, estão namorando às escondidas?

Meu sangue ferveu. Olivia era como uma irmã para mim, eu nunca pensei nela dessa forma. Engoli a raiva.

- OLIVIA.

O repórter agarrou minha assistente e a trouxe para mais perto. Olivia se retorceu assustada.

- Solta ela! - falei com a voz falhando.

- Só quero conversar.

- Não se conversa tocando.

Peguei Olivia pela mão e sai andando. Algumas pessoas tentaram nos parar para conversar, tirar fotos ou dar entrevistas. Apenas continuei seguindo em frente, só parei ao chegar no banheiro.

- Você está bem?

Ela assentiu, os olhos cheios de pavor.

- O que foi aquilo?

- Um babaca, não se incomode.

- Obrigada.

Me olhei no espelho, a maquiagem, o cabelo e a roupa estavam impecáveis. Mas, meus olhos estavam fundos, um misto de medo e raiva os preenchia.

- Você vai voltar?

- Preciso de um momento.

Olivia se encostou na pia.

- Sozinha, por favor.

- Estarei do lado de fora.

Assenti agradecida. Quando levantei de manhã, nunca imaginaria ser assediada por um repórter no Oscar, mas aqui estamos. Com as mãos trêmulas abri a torneira, deixei a água fria escorrer entre meus dedos, parei depois de perder a sensibilidade. Sequei as mãos e abri a porta.

Olivia estava encostada na parede tomando champanhe.

- Melhor?

Assenti.

- Preciso sentar.

- Vamos até a nossa mesa.

Escorei em Olivia e fui guiada até os nossos assentos. Os meus batimentos cardíacos voltaram ao normal quando a cerimônia começou. Estava tedioso, então não prestei muita atenção. A minha categoria foi anunciada, acabei perdendo, felizmente foi para Ariana DeBose, uma amiga distante. Voltei a morrer de tédio, cadê o barraco? O drama? Olivia puxou meu braço, segui seu olhar até o palco. Will Smith caminhava até o apresentador. Ele o bateu. Eu comemorei, odeio esse "comediante" com todas as minhas forças.

No intervalo fui conversar com Will e Jada, os abracei e elogiei a atitude de Will, faria o mesmo se alguém fizesse "piada" sobre as pessoas que amo. Consegui tirar alguns sorrisos com algumas piadas engraçadas. Voltei ao meu lugar para o restante da premiação. Tudo seguiu normal, até a festa pós-oscar. Senti uma mão me puxar, meu coração acelerou. De novo não.

- Mal conversamos antes, podemos falar agora?

- Pare de me puxar! - falei. - Nunca toque uma mulher sem permissão.

- Não precisa gritar.

- Não estou gritando.

- Não precisa surtar. - disse me ignorando.

Senti meu sangue ferver. Me virei e caminhei para dentro do salão. Ignorei seus chamados e falsos pedidos de desculpa.

- Nenhuma mulher surta sem motivo e você é o meu. - sussurei

O salão era enorme, a Vanity Fair esse ano se superou.

- Onde estava? - Olivia não a Rodrigo me olhava brava.

- Cumprimentando o pessoal.

- Você não quer comer? Estava passando mal antes.

- Eu vou, obrigada.

Eu a segui até o buffet. Uma mesa enorme com pratos quentes, frios e sobremesas. Enchi o prato e me sentei a mesa. Uma mulher acenou para Olivia.

- Já volto.

Eu assenti e comecei a comer. Estava uma delícia. Quando terminei, resolvi colocar o meu plano em ação. Limpei a faca em um gardanapo e saí em procura do repórter, ele estava perto da entrada, já de saída. Por sorte não havia mais ninguém.

- Estou pronta para aquela entrevista.

- Meu câmera já foi embora.

- Você não tem um celular pra gravar?

Ele assentiu sorrindo.

- Gosto de como pensa.

Sorri falso. Não tenho certeza se vai continuar gostando.

- Tá muito barulho lá dentro - falei apontando pro salão. - Podemos ir para os fundos?

Ele assentiu. Fomos em silêncio, meu coração estava acelerado, essa seria a minha segunda vez. Me sentei no banco de pedra e olhei ao redor, a procura de câmeras, não havia nenhuma. Ele sentou ao meu lado e colocou o braço ao redor do meu pescoço. Uma pena azul caiu de seu ombro, provavelmente a do cachecol do seu colega.

- Eu sei porque me chamou aqui.

- Sabe? - tentei esconder o nojo.

Antes que ele pudesse me beijar, tirei a faca que estava presa na minha perna. Deixei ele se aproximar o suficiente para cortar sua garganta. Ele colocou a mão sobre o corte, os olhos desesperados.

- Isso sim é surtar. - sussurei em seu ouvido enquanto o observava cair sobre o banco.

Ele parou de se debater, os olhos ficaram vidrados olhando para o nada. Olhei a minha roupa, nenhuma gota de sangue sequer. Obrigada Versace. Guardei a faca na perna e sai pelo lado oposto.

Voltei à festa e à minha comida.



Autora: o que acharam do primeiro capítulo?

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