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Theo olha para mais um cliente indo embora de seu pequeno apartamento, o rapaz fecha a porta e olha para as notas de dinheiro em sua mão, céus é uma vida extremamente deprimente, mas o quê pode fazer? É o único jeito que achou de ganhar dinheiro e não morrer de fome, se pudesse jamais teria escolhido essa opção, ninguém jamais escolheria isso se tivesse outras opções.

Infelizmente ele não estava nas melhores condições para escolher, ou fazia isso ou simplesmente passava fome.

Depois daquela noite ele começou a atender homens em sua caminhonete, não era algo que gostava e muito menos se orgulhava, mas ao menos conseguiu dinheiro para conseguir alugar um apartamento em uma pensão, um pequeno prédio de quatro andares, e que não se encontrava nas melhores condições. Não era lá o melhor lugar do mundo, paredes com infiltração e completamente podres, um teto com goteira, a água do chuveiro raramente vem quente e com um tapete grande que não está no melhor estado, mas ao menos conseguiu arranjar um lugar para morar.

Era pequeno? Sim, mas ao menos tinha o básico, o bom é que a pensão tinha a área onde tomavam as refeições.

Há algum tempo não entrava mais na caminhonete, a pensão não ficava tão longe do posto, então ele apenas ficava na esquina esperando o próximo cliente. Também conseguiu comprar algumas roupas bastante baratas, não eram as melhores já que eram baratas até demais, mas ao menos conseguiu achar algumas que lhe serviam.

Não pode dizer que está feliz, ninguém estaria feliz nesse tipo de situação, mas ao menos conseguia ganhar algum dinheiro para pagar o aluguel, comer e conseguir alguma roupa.

- É Theo, não temos muita escolha - murmurou se sentando em sua cama e passando as mãos no rosto.

Já era noite e por sorte com certeza esse seria o seu último cliente hoje, um dia ele espera não precisar mais vender o seu corpo, conseguir um emprego bom e decente, mas sabe que nem tudo é fácil assim. Seus olhos se voltam para a porta assim que escuta alguém batendo, não é possível, mais um cliente? Céus, ele vai dispensá-lo, está cansado demais para atender qualquer pessoa.

Se levanta e vai até a porta, quando a abriu viu um homem claramente bêbado lhe olhando, barba por fazer, um olhar profundo, trajava uma roupa social, talvez fosse um empresário ou funcionário de algum escritório.

- Pode... M.. me atender? - O homem mal conseguia falar direito.

E Theo tem uma política, nunca atender clientes bêbados.

- Desculpa, mas não atendo bêbados - diz.

- O-olha, eu pago - o homem fala e tenta levar uma das mãos até o bolso. Theo o impede.

- Já disse que não - diz com firmeza na voz.

- Ca..

O homem acaba tropeçando, Theo o segura e coloca sentado na cama, vai até o corredor e olha de um lado para o outro, pelo visto o homem veio completamente sozinho, deixar um homem nesse estado andar sozinho, ainda mais nessa hora pode ser extremamente perigoso.

Theo suspira e olha para o homem desconhecido sentado em sua cama, não poderia confiar em um estranho dentro de seu apartamento, porém é bem melhor do que deixá-lo sozinho. Suspira, logo em seguida fecha a porta.

- A minha vida é uma completa merda - o homem desconhecido fala.

- É meu bem, todo mundo tá na merda ultimamente - Theo falou.

O cheiro de bebida alcoólica que vinha do homem era insuportável, por quê encher tanto a cara assim? Vai mudar alguma coisa? A vida vai melhorar? Os problemas vão simplesmente sumir?

Bom, não está na condição de julgar ninguém, cada um lida com os seus problemas de um jeito e tenta encontrar a melhor solução. Ele não diria que conseguiu encontrar a "melhor" solução, mas não teve muita opção.

- Você dá o seu melhor, e no fim toma no cu - a voz do homem estava um pouco embargada.

O rapaz se senta ao lado dele e fica pensando se deve ou não perguntar o que ouve, geralmente as pessoas costumam se embebedar para esquecer os problemas e aliviar o estresse, lidar com decepção amorosa ou com outros problemas, não sabe se o homem ao seu lado tenha tido um desses motivos. O homem olhava para um ponto em específico do quarto, totalmente perdido em pensamentos.

- Está fedendo - finalmente o silêncio é quebrado.

O homem olha para Théo e não diz absolutamente nada, apenas começa a chorar, isso pegou o rapaz de um jeito desprevenido, não sabia o que fazer, deveria tentar acalmá-lo e perguntar o quê aconteceu? Melhor não, afinal nem o conhecia para fazer esse tipo de pergunta.

Mas é notável que aconteceu alguma coisa com o rapaz.

- Que MERDA DE VIDA! - o homem se levanta da cama.

Theo se levanta assustado com a ação repentina do desconhecido, talvez não tenha sido uma boa ideia aceitar um estranho dentro de seu quarto, ainda mais quando ele parece ser bastante imprevisível. Porém o homem cai de joelhos e começa a chorar, Theo apenas ficava olhando pensativo, já era para ele estar dormindo, amanhã seria um dia lotado.

- Por quê ele fez aquilo comigo? - o homem pergunta com a voz embargada.

- Olha, eu..- Theo realmente não sabe o que dizer.

- Você faz de tudo para dar certo, e o que ganha em troca?! - O homem olha para Theo. - UM BELO PAR DE CHIFRES.

A essa altura Theo havia ficado menos nervoso, é só um cara que teve uma decepção amorosa e descontou na bebida.

Mandar ele ir embora ou não? É a pergunta que paira na cabeça de Theo. Percebeu que os olhos do homem estavam começando a pesar, ele estava começando a cochilar.

- Olha, não estou muito afim de escutar sua história de vida agora - Theo falou. - Então, apenas vá dormir, aliás, como conseguiu entrar na pensão? - indagou mesmo já sabendo a resposta.

O homem olha para Theo e não o responde, com toda certeza deviam ter falado dele e a dona da pensão deve ter falado qual era o seu quarto, nada disse o surpreenderia, a velha não se importava muito com ele fazia ou deixava de fazer desde que ele pagasse a estadia, seu quarto ficava no segundo andar.

- Um...uma senhora me acompanhou - o homem respondeu. - M..me desculpa, não quer..queria te assustar.

- Só dorme - Theo resmunga.

No fim o homem se deu por vencido, o cansaço e o sono, Theo pegou um travesseiro e colocou no chão, não iria dormir na cama com um estranho que ainda por cima estava bêbado. Amanhã de manhã mandaria o homem ir embora, e depois continuaria sua vida do jeito que dava.

Não era o melhor plano de todos e ele sabia disso, mas queria se manter longe de qualquer encrenca.

- É cada coisa que me aparece - murmura sentindo bastante incômodo em estar deitado no tapete.

Demorou bastante para que ele conseguisse dormir, sua cabeça estava a mil, um verdadeiro turbilhão. Mas estava pensando em colocar uma ideia sua em prática, tentar arranjar emprego hoje, qualquer emprego estaria de bom tamanho para ele, desde que o tirasse dessa vida, mas ele tentaria.

E foi com esse pensamento que ele acabou caindo no sono.

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