𝕮𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 25
" Olhos fechados
Nunca se sinta seguro
Estou com a língua presa
Nunca deixe minha raiva sair."
— Prisioner, Raphael Lake.
Assim que eu vi o nome "pai" na tela do celular de Gabriela, não pensei duas vezes em fazê-la atender. Afinal, isso já era uma deixa e um pretexto para que eu pudesse chegar no tal traficante e de quebra descobrir o que realmente aconteceu com o pai dela.
Então, Gabriela faz o que eu havia pedido, atende e põe no alto falante, para que eu possa escutar e ficar a par de toda a conversa deles.
— Oi pai...— atende receosa, me olhando.
— Oi morena linda — ouço a voz do filho da puta do bandido.
Desgraçado! Depois do estrago que ele fez na delegacia, tô querendo estragar com a vida dele.
— Grego? — Gabriela diz espantada, seus olhos transmitem medo, faço sinal para que ela fique calma — O que fez com o meu pai? — continua o diálogo.
Ele se mantém em silêncio por alguns segundos.
— Nada, ainda ! Mas fique sabendo que ele logo estará sofrendo da pior maneira possível — diz repentinamente com deboche.
Gabriela deixa lágrima escaparem, mas se matem firme.
— Por que está fazendo isso com a gente? Deixa ele em paz ! — diz ela com a voz embargada.
O bandido da uma risada escarnia, ele está debochando dela, minha vontade é de tomar esse celular e ameaça-lo, dizer tudo que vou fazer com ele antes de mata-lo, mas não sou burro. Se eu fizer isso vou jogar toda a minha investigação e a do batalhão pelo ralo.
— Sério que você está fazendo esse cacete de pergunta guria? Não se faça de sonsa, você me pediu ajuda quando precisou, fizemos um acordo, mas aí.. você não quis cumprir com esse maldito acordo — diz ele com uma falsa calma.
Me encosto na pia do banheiro e tento o máximo me conter, não sei como e onde estou tirando forças para me segurar ao escutar tudo que esse infeliz está dizendo a Gabriela.
Ver sua carinha de medo e aflição está me matando aos poucos.
— Eu sei que não cumpri com o combinado, mas você quis me forçar a uma coisa que não queria.
— Mas eu queria, acha mesmo que eu não estava de olho em você antes mesmo de assumir o posto de traficante da lajinha?
— O que? — diz confusa e eu juntos as sombrancelhas interessado no que ele vai revelar.
— Isso mesmo que você ouviu, eu já estava de olho em você desde o dia que te vi pela primeira vez, você lembra do dia que estava no ponto, esperando o ônibus e um carro passou cantando pneu, quase te dando um banho de água suja? Pois é, foi eu! — diz cada palavra com ironia, filho da puta!
— Meu Deus! — diz assustada.
Esse cara só pode ser doente!
— Pois é, quando eu te vi pelo retrovisor me xingando, logo pensei, por que não ficar perto de uma morena com essa? Então, assumir o posto lá na lajinha, mas o destino fez algo muito melhor, te levou até mim.
— Nunca foi o destino que levou até você, foi a burrada que meu pai fez.
— E agora ele vai pagar pela burrada que você fez, em me rejeitar só para ficar com aquele tenente de merda!
— Você é um monstro, Grego!
— Eu sei que sou, é bom que você saiba disso, seu namoradinho esta ai com você?
— Não, estou sozinha!
— Mentir é feio, tá guria? Sei muito bem que ele está aí, o que é dele está guardado — ele da uma pausa e eu trinco o maxilar contendo meu ódio — Ouviu Tenente de merda? Se prepara para encomendar teu caixão.
Tu..tu..tu..
Dito isso, o desgraçado finaliza a chamada e eu dou um soco na mármore da pia. Como pode, um traficantezinho de merda ter essa audácia?
De cabeça baixa, tento controlar minha raiva, como consequência, sinto minha ansiedade atacar, meu peito sobe e desce freneticamente, fazendo com que eu sinta uma sensação estranha, como se o ar não chegasse em meus pulmões.
— Amor ca..
Saio abruptamente do banheiro a deixando sozinha antes que terminei de falar, ando de um lado para o outro tentando buscar o ar que está a me faltar, olho para direção de Gabriela e vejo que ela está chorando, porém está mais calma que eu, por que nesse momento eu pareço um leão enjaulado.
— Ele desligou antes que eu pudesse perguntar onde ele está com meu pai, e agora? Como vamos saber?
— Não precisa se preocupar com isso, eu grampeei as chamadas do seu celular a uns dias atrás.
— Como assim grampeou? Ouviu todas as minhas conversas nas ligações?
— Não, eu só deixei grampeado para saber algo sobre seu pai e esse cara, só isso.
— Entendi, mais Gael, o que vamos fazer agora?
— Você não vai fazer nada, eu vou para o batalhão agora e depois vou com minha equipe direto para onde a localização está sendo apontada.
— Me deixa ir com você?
— O que ? — digo alto totalmente incrédulo com o que ela acaba de pedir — ficou louca?
— Não, mas é meu pai que está lá Gael.
— Exatamente por isso que não sou nem louco de te deixar ir comigo.
— Amor, por favor!
— Gabriela, você tem noção do que acaba de me pedir? Você não tem nenhum tipo de treinamento de elite, nenhuma noção de como manusear uma arma, quanto mais de como agir em uma situação de risco. Isso é perigoso! Eu não posso estar preocupado com você em um momento tão complicado.
— Eu sei disso, mas eu só quero ir para ficar perto do meu pai, caramba Gael! Eu tô com medo dele morrer, eu..eu não tenho mais ninguém além dele e Vânia.
— Por favor, eu juro que...
— NÃO, NÃO E NÃO — grito perdendo a paciência a interrompendo — você não vai e ponto final.
— Você precisa falar desse jeito comigo?
— E você precisa falar besteira? Acha que eu seria louco em te deixar ir ? Não, você não vai, nem que eu a tranque aqui neste quarto.
— Seu grosso, você não seria louco a esse ponto!
— Se for para poder te fazer entender que o que está me pedindo é loucura, eu sou grosso mesmo e te trancaria aqui sem pensar duas vezes! Mas você está sendo louca em querer por em risco sua integridade física e a minha também.
— Tosco, eu jamais iria querer por em risco sua integridade física — diz rudemente chorando e sai pisando duro para o banheiro.
— Caralho Gabriela! — digo morrendo de raiva e tento me acalmar puxando o ar para meus pulmões e soltando-o de forma gradativa.
Gabriela se mantém trancada dentro do banheiro, sigo para o closet e visto minha farda em questão de segundos, me organizo colocando meu boné com a aba para frente, todos os meus equipamentos do Bope e meu relógio no pulso.
Agradeci mentalmente por ter trago para cá a mala com alguns desses equipamentos, se não teria que ir para minha casa fazer tudo isso.
Olho a hora e vejo que nela marca 23:00 da noite, sigo até o banheiro e bato na porta.
— Gabriela! Vamos conversar, por favor?
— Não — diz de dentro do banheiro.
— Para com isso, eu preciso ir, vamos conversar, não quero ir para mais uma operação importante brigado contigo.
Ela fica em silêncio, encosto minha testa na porta e dou um suspiro profundo. Me afasto e dou as costas, caminho dois passos e ouço a porta ser aberta. Olho para trás e vejo Gabriela parada na porta com uma carinha triste, vê-la assim me partiu o coração.
— Me desculpa, não queria brigar contigo, você tem razão, eu já entendi que não posso ir.
— Que bom que entendeu, me desculpa se fui grosso, só tenho medo que se machuque.
— Também tenho medo que se machuque, promete que vai tomar cuidado?
— Prometo meu amor.
Vou até ela e a beijo com fervor, sinto sua língua acaricia a minha com volúpia e desejo, retribuo na mesma intensidade, sentindo uma vontade enorme fode-la. Se não fosse essa merda toda já tinha rasgado essa camisola que está cozinhando meu juízo desde a hora que a vi vestida.a
Interrompo o beijo com muita relutância, sou completamente viciado por essa boquinha atrevida.
Gabriela encosta a testa na minha e eu fecho meus olhos — Promete que vai salva-lo?
— Prometo — respondo e abro meus olhos, ela me abraça forte, como se esse fosse nosso último abraço.
Sinto seu cheiro doce invadir minhas narinas, fazendo com que meu corpo reaja em desejo no mesmo momento.
Gael me da mais um beijo quente que só ele sabe me dar, o homem é uma erupção ambulante. Sei que fui errada em pedir para ir até o local com ele, mas eu só queria ver como meu pai está, como vou conseguir ficar aqui aflita aguardando notícias?
É Impossível! Estou muito aflita.
O vejo me dar as costas e sair do quarto, fico andando de um lado para o outro tentando me acalmar. Mas não consigo, então vou até a cama e me deito, fecho meus olhos e tenho dormir, para que eu possa acordar com uma boa notícia.
Rolo de um lado para o outro, mas nada do sono chegar, a preocupação ainda está aqui, martelando na minha cabeça, fazendo com que eu sinta meu peito doer.
Levanto, saio do quarto e desço as escadas, vou até a cozinha e pego um copo de água, bebo e volto para o quarto, ainda sentindo o peito doer.
Sento na cama e tento controlar minha respiração, estou me sentindo muito nervosa, mas de repente, meu celular toca novamente.
— Alô..— atendo trêmula, com medo de escutar a voz de Grego novamente.
— Filha!
Nesse momento, sinto alívio em ouvir a voz do meu pai novamente.
— Pai, o senhor está bem? Esse maníaco te machucou?
— Não, fica calma, vai ficar tudo bem, logo esse pesadelo vai acabar.
— Essa chamada está no viva voz? — pergunto curiosa.
— Não.
— Olha, Gael está indo te resgatar, fica tranquilo que ele vai te ajudar, tá ?
— Ah, ele está vindo? Não me diga!
— Pai, por que está falando assim?
— Por que assim que ele chegar aqui, vamos botar um ponto final nisso, estarei livre de Grego e principalmente dele.
— Como assim o que está dizendo?
— Estou dizendo que seu namoradinho do Bope vai morrer.
— O QUE? — meu Deus! Meu pai não pode deixar isso acontecer.
— Desculpa querida, não tive escolha.
— Pai, o que está dizendo? pai?
Ele encerra a ligação antes que eu pudesse completar as palavras, deixo meu celular cair no chão, sinto uma tontura muito forte, me seguro na parede na tentativa de me acalmar mas não consigo.
Não! Gael não pode morrer, não pode, não agora!
Assim que me recupero, abaixo e pego meu celular, tento ligar para Gael, para informá-lo o que está acontecendo, chama uma, duas, três, quatro vezes, mas nada dele atender. Com uma mão, seguro o celular no ouvido e com a outra, mantenho na cabeça, tentando não enlouquecer.
— Vamos lá Gael, atente! Atente!
Chama, mas nada dele atender, só que de repente, minha mente se desvia da realidade, me fazendo recordar que ele havia grampeado as ligações desse celular. Isso me faz pensar na possibilidade dele ter escutado essa conversa, mas o que está me matando é essa dúvida.
Assim que chego no batalhão, começo a dar minhas ordens para que minha equipe caveira tenha uma um bom desempenho e estratégia de trabalho.
Agora neste momento, sigo até a parte externa do batalhão e entro na viatura, o local que veio a ligação no celular de Gabriela apontou para uma comunidade próxima, a do Dendê, outra bem perigosa por sinal. Só que meu celular começa a tocar, opto por não atender, não quero perder o foco e nem me desconcentrar.
— Tudo pronto capitão? — diz 07 ao entrar na viatura na parte do motorista.
— Tudo pronto, vamos! — digo entre dentes e ajeito meu fuzil no pescoço.
07 liga o carro e dá partida, minutos passam-se e logo avisto o ponto de referência, a viatura para indicando que é aqui o local. Desço e bato a porta do carro com tanta força que não faço ideia de como não quebrou.
Sigo com o fuzil em posição de mira na direção da casa informada que me parece cara. Olha como é o tráfico? Você ganha dinheiro sujo para ter esses luxos, só que vai ficar sujo para o resto da vida.
Faço sinal para meia homens avançarem com cautela, cercando o local, mas de repente, começam uma rajada de tiros que atinge alguns dos meus homens, sem pensar, me jogo atrás do carro e fico ali abaixado.
Meu celular começa a toca novamente e eu tiro do bolso, olho na tela e vejo que é meu pai, penso em atender mas desisto, os disparos são incessantes, destruindo tudo que há pela frente, os vidros do carro que estou escondido é estourados fazendo com que os cacos caiam para tudo que ele é lado.
A meu celular para de tocar, olho na tela com as mãos trêmulas e vejo que as chamadas perdidas são de Gabriela e do meu pai. Engulo seco quando vejo pelo retrovisor meus homens quase todos mortos.
Os disparos secessão, então levanto um pouco e espio para ver o que está acontecendo, vejo que tem muitos bandidos na laje da casa e alguns na sacada, me abaixo um pouco e miro na direção do um, atiro atingindo em sua cabeça, assim que o cara cai, todos atiram novamente em minha direção.
— SE ABAIXA, CAPITÃO! — grita 04 vindo em minha direção do outro lado.
Me baixo mais uma vez e logo vejo ele já ao meu lado, miro mais uma vez e atiro com agilidade em outro bandido, só que o que mais me intriga é o motivo do desgraçado do Grego ainda não dá as caras. Mais um disparo é feito e olho na direção cautelosamente e vejo finalmente o infeliz.
— Bora porra! Pega esse filha da puta — digo com o sangue nos olhos e comeco a atirar em sua direção.
Mas de repente, vejo um dos helicóptero do Bope, sobrevoando mãos baixo que o normal, ele roda pela casa e quem está na porta do mesmo atira na direção dos bandidos com precisão, fazendo cair um por um. Então aproveito a deixa e atiro na direção de Grego, que se joga atrás da porta de vidro atrás da sacada fazendo-me perceber que os vidros são a prova de balas.
Mas o traficante de merda não cansa, atira novamente na nossa direção, fazendo com que mais alguns dos meus homens sejam atingidos mesmo usando colete aprova de balas. Mas de repente, sento no chão atrás da viatura quase toda destruída e tento me acalmar, olho para frente e automaticamente sinto meus olhos darem um sobressalto ao ver um homem todo de preto vindo em minha direção correndo e atirando com agilidade.
— Pai? — digo vendo ele se abaixar ao meu lado.
— Tá firme? — toca meu ombro e me olhando firme.
— Estou! — digo sustentando seu olhar.
— Beleza, vou entrar, entrar ! — diz com pressa e levanta novamente atirando.
Minha sorte foi que meu pai é altamente treinado, assim que ele percebeu que havia algo de errado veio sem nem pensar duas vezes. Agora, como meu coroa chegou aqui eu não faço ideia.
— Gael, vamos avançar, acho que ele tá ferido, agora é a hora!
— Beleza — digo apressadamente e sigo de forma padrão e cautelosa na direção da casa cravada de balas.
Caminho com a arma em posição, meto o pé na porta e entro, sigo até o local onde o filho da puta está, mas de repente, tomo um tiro no ombro.
— AH, CARALHO! — grito caindo no chão devido o impacto.
— GAEL! — ouço meu pai gritar preocupado, olho para ele e o vejo atirar na direção de quem atirou em mim.
Nesse momento, eu vi que o pai de Gabriela é pior do que eu pensava, ele havia atirado em mim, todo para proteger o bandido do Grego.
— Agora você morre seu miserável — diz meu pai com ódio.
— Pai, ele é o pai da Gabriela — sento no chão e faço uma careta de dor.
— E ele atirou em você — sem pensar duas vezes, meu pai atira nele, que cai no chão gritando de dor com um tiro no ombro também.
Levanto e vou até ele, seguro o local que eu havia sido atingi e sinto o sangue escorrer pela minha mão.
— Você é um merda, Walter! Não merece ter a filha que tem, você vai voltar para cadeia e Gabriela vai ficar bem longe de você.
— Acha que você merece ela?
Não o respondo, passo por cima dele que está no chão agonizando e vou até o corpo do infeliz do Grego, que está sentado no chão da sacada encostado na parede.
Olho para ele e vejo que está consciente e acordado, ao reparar bem, noto que ele levou dois disparos, um no peito e outro na barriga.
— Aí está você, não é? Seu filho da puta! Cadê sua marrinha agora? Hã? Cadê? — digo com um sorriso diabólico.
— A..a gente..tem que aceitar quando perde! Na..não é mesmo Dr? — diz com dificuldade e cospe sangue.
— Acha que me matando, vai acabar com o que realmente está por vir ?
— Do que está falando?
Ele da uma risada escarnia, debochando de mim e tenta respirar.
— Na..não é só eu que queria te matar e matar sua bela morena — ele tosse com força, levando ao ponto de cospir mais sangue — essa briga é de peixe grande e você está nadando as cegas nesse mar..
Então, eu tiro de dentro da bota uma adaga, que sempre carrego dentro da mesma. Vou até ele me agacho em sua frente, olho bem no fundo dos seus olhos negros e enfio a adaga com frieza em seu queixo, fazendo com que ele arrega-le os olhos sentindo a dor e deixe muito sangue se transbordar de dentro da sua boca.
— Não me importo com isso, quem tentar chegar até mim e na minha mulher, vai morrer do mesmo jeito, eu disse que você ia morrer em minhas mãos, seu filho da puta!
Me afasto dele e miro minha arma em sua direção, aperto o gatilho, uma, duas, três, quarto e..
— Gael, chega! Acabou filho! — diz meu pai segurando meu ombro me fazendo parar.
▄︻┻┳═ - ═┳┻︻▄
Oi amores, o que acharam desse capítulo? Finalmente Gael conseguiu, mas será que ele deve ficar esperto com as últimas palavras do nosso vilão?
Beijos!❤️❤️
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