| A LIGAÇÃO |

Quando minha cabeça latejar
Você poderá abaixar todos os sons?

Any Gabrielly

Já estávamos em casa novamente, não conversamos no caminho pois ele parecia muito entretido em seu celular e eu preferi não incomodar.

Deixei as sacolas no quarto e encontrei ele subindo as escadas.

— Josh. — o chamo, vendo ele parar nos degraus. — Quem era naquele carro?

— Provavelmente alguém querendo me sequestrar para matar. — disse simples. — E é melhor você tomar cuidado, provavelmente já devem ter informações de você. — arregalei os olhos.

— O quê? — ele suspirou, parecendo sem paciência para explicar qualquer coisa que fosse. — Nossa, já entendi. — revirei os olhos. — Pode ir para o seu escritório. — segui em direção a cozinha.

Corro o risco de ter mais gente atrás de mim e ele fala isso assim? Simples desse jeito? Estou começando a me perguntar se isso vale realmente a pena.

Entrei na cozinha e algumas das meninas estavam ali, inclusive uma pessoa nova.

— Oi Any. — Sina disse sorridente. — Como foi lá?

— Josh não avisou que tinha um carro seguindo a gente? — me sentei ali.

— Sim, mas os meninos estavam lá e foi confirmado que ele morreu. — encarei ela. — Estou dizendo na loja.

— Ah. — alisei minha nuca. — Normal. — dei de ombros.

— Eu viajo por dias e tem uma pessoa nova aqui? — encarei a garota nova que me olhava. — Quem é você? — cruzou os braços.

— Noiva do Josh. — levantei minha mão mostrando o anel e ela arregalou os olhos.

— Diarra? — Sina se levantou indo até ela.

A moça se abanava parecendo com falta de ar e eu apenas coloquei um pouco de suco no copo para tomar...

— Como assim "noiva do Josh''? — perguntou após se acalmar e veio ao meu lado. — Desde quando?

— Desde ontem eu acho. — as meninas riram. — Inclusive prazer, me chamo Any Gabrielly. — estendi minha mão.

— Diarra. — apertou com um pequeno sorriso. — Vem cá, isso aqui tem ligação com a inauguração de domingo? — olhou as meninas.

— Sim. — disseram juntas e ela pareceu ter entendido.

— Caraca, Josh achou uma garota e tanto em. — sorri sem graça.

— Inclusive meninas, preciso da ajuda de vocês. — me olharam. — Não sei andar de salto. — mordi o lábio inferior.

— Deixa com a gente. — Sabina disse animada. — É tão legal ter alguém novo nessa casa. — rimos. — Quando quer começar?

— Pode ser… — fui interrompida com Josh entrando ali.

— Gabrielly, preciso de você. — encarei ele confusa. — Minha mãe está em ligação comigo e eu disse que você estava aqui, então... — balançou o celular me mostrando.

— Ai Deus, eu mereço. — revirei os olhos e sai acompanhando ele.

Paramos na sala e eu me sentei no sofá vendo ele vir ao meu lado.

Josh tirou o celular do mudo e colocou no viva voz.

— Mãe? — a chamou me olhando.

— Oi filho. — mordi o lábio inferior. — Achou ela? — ele apontou para o celular me pedindo para dizer algo.

— Olá, senhora Beauchamp. — digo sorridente. — É um prazer finalmente falar com a senhora.

— Oh, por favor, não me chame de senhora. — ri baixo. — Como você está? Achei que nunca iria conversar com a noiva do meu filho.

— Vou bem, e a senhora, quer dizer, você. — me corrigi. — Conhece o seu filho, ele adora manter sua vida em sigilo e fazer suspense desnecessário. — rimos e Josh levantou o polegar sinalizando que eu estava indo bem.

— Pois é, ele sempre foi assim. — alisei minha nuca. — Mas estou ansiosa para te conhecer domingo, ele falou tão bem você e não poupou elogios. — encarei Josh com uma sobrancelha arqueada.

— É, seu filho realmente adora me fazer elogios. — digo irônica, mas não transpareço isso em minha voz. — Um charme de homem que realmente sabe conquistar alguém. — ele sorriu de canto.

— Conheço a peça. — rimos. — Mas estarei no aguardo para te conhecer, viu?

— E eu para conhecer a família dele. — digo com um sorriso.

— Tenho que ir, foi um prazer falar com você, Gabrielly.

— Igualmente. — Josh se despediu de sua mãe rapidamente e encerrou a ligação.

— Você já pensou em ser atriz? — me levantei revirando os olhos.

— Olha quem fala né Joshua? Está armando um teatro para não perder o nome. — cruzei os braços.

— Cada um trabalha como sabe. — piscou com um sorriso nos lábios e saiu me deixando sozinha.

— Eu realmente odiei você! — gritei e ele apareceu ali novamente.

— Oh meu amor, eu também te amo muito. — mandou um beijo no ar e saiu rindo.

Meu Deus que cara insuportável!

Bufei sem paciência e fui me encontrar com as meninas.

...

O dia foi passando e as meninas se empenharam em me ajudar a andar de salto. Confesso que isso foi bem difícil, mas ridiculamente engraçado. Não cheguei a cair, mas eu parecia um robô andando de tão dura que estava.

Bom, de qualquer forma ainda tenho tempo para aprender isso. Só espero conseguir...

|Quatro dias depois|

Estava jogada no sofá da sala aproveitando esse fim de tarde para ver tv.

Devo dizer que esses últimos dias me pareceram eternos, a começar pelo maldito salto alto.

Eu aprendi a andar com aquilo, aos quarenta e cinco do segundo tempo, mas aprendi. As meninas só me alertaram sobre minha postura. Cabeça reta e peito estufado. É um saco lembrar disso inclusive!

Para piorar tudo, ainda tinha aquele loiro insuportável. Primeiro, ele me disse que eu deveria mudar de quarto, mas eu disse que isso não ia acontecer porque não suportava a ideia de ter que ficar subindo aquelas escadas, fora que não vou ficar muito tempo, então não faria sentido a mudança. Segundo, ele praticamente me arrastou até o shopping para fazer compras. Eu lutei, inclusive ameacei bater nele, mas depois as meninas conversaram comigo e eu fui por livre e espontânea pressão.

Amanhã à noite a gente viaja, na verdade pega a estrada. Achei que estava pronta para fazer o papel de esposa apaixonada, mas estava quase enlouquecendo só de imaginar domingo.

Soltei um suspiro me levantando e segui até a cozinha.

Peguei uma garrafinha de água na geladeira e fechei a porta.

— Achei você. — tomei um susto tão grande que poderia jurar que vi minha alma sair do corpo e voltar.

— Joshua seu filho da… — parei de falar respirando fundo. — O que você quer agora? — me virei vendo ele que tinha algo em mãos.

— Minha mãe perguntou se eu queria adicionar algo ao cardápio. — me entregou e eu abri aquilo.

Do que entendi iria ter um jantar, sobre o quê? Eu não fazia ideia, mas como estava "noiva" do loiro teria que ir junto. Ele seria depois da inauguração do tal hotel e confesso que estava faltando bem pouco para eu pular fora desse barco e morrer afogada.

— O que é tudo isso? — fiz uma careta.

Não conhecia absolutamente nada do que estava escrito ali. Cadê a batata frita? O hambúrguer? Refrigerante?

— O cardápio de um jantar, Gabrielly. — revirei os olhos voltando a ler.

— Sou alérgica a camarão. — digo ao ver que dois pratos iriam ter. — E provavelmente a comida de rico. — murmurei fechando aquilo e entreguei a ele.

— Sério que é alérgica? — assenti. — Irei avisar minha mãe então e pedir para mudar. — cruzei os braços. — Tem alguma coisa que queira adicionar?

— Sim, um bolo de chocolate com morango e bastante calda. — digo simples e vejo seu olhar confuso.

— O quê? — soltei uma risada fraca.

— Não quero nada Joshua, esses jantares chiques não devem ter absolutamente nada que me atraia. — passei ao seu lado e sai da cozinha.

Nunca fui em um, mas sei que as regras de etiquetas são seguidas à risca. Conheço alguma? Porra nenhuma. Mas não deve ser tão difícil seguir o passo de todos… assim espero.

↝ Será que nossa Gabrielly vai conseguir fazer isso...

Vejo vocês em breve. Votem e comentem 🤍

Xoxo - Sun