9. SHERA LEVON
Andersen está na minha frente.
- Se alguém se mexer eu atiro.-falo em alto e bom som.
Minhas mãos começam a suar frio, Andersen me olha espantado, Akemi me encara curiosa, o restante do pessoal me encaram confusos.
- Shera, por favor, abaixa a arma.- Stive pede.
- O que tá acontecendo? Porque ela quer atirar em mim?- Andersen pergunta sem tirar os olhos de mim e da arma.
Um tremor de raiva passa pelo meu corpo.
Esperei anos pra esse momento chegar. Caçei esse infeliz em todos lugares, porém não se consegue muita coisa com um nome falso. Aprendi a atirar somente pra matá-lo um dia. Agora ele está aqui na minha frente.
- Esqueceu de mim tão rápido, Andersen?- pergunto.
Tento controlar minha respiração, sinto um bolo de palavras se formando em minha garganta de tudo aquilo que eu desejei falar pra ele.
- Andersen? Está havendo um engano eu não sou Andersen.-
- Você pode ter esquecido de mim, ou do nome que inventou. Mas eu não. Eu lembro de tudo o que você fez, todos os dias seu filho da puta.- sinto minhas palavras carregadas do mais letal veneno.
- Isso tá ficando interessante.- Akemi diz ao meu lado.
- Alguém explica pra essa mulher que eu não sou Andersen?- Andersen suplica.
Maya se levanta.
- Shera, você o confundiu com outra pessoa. Ele é Trever. Meu... quer dizer, um agente assim como eu.
- Não ele não é. Eu não estou cometendo engano nenhum. Ele é quem eu digo que é. Um ladrão.
- O sujo falando do mal lavado.- Akemi zomba.
- Shera ele é Trever Downey, ele nunca roubou ninguém eu o conheço desde criança.- Stive esclarece.
Mas ninguém vai me confundir.Andersen pode ter enganado todos eles, mas a mim não. Não mais .
- É lógico que vocês pensam que ele é outra pessoa. Mas esse é o seu truque não é? Enganar. Mentir e depois trair.
Algo passa nos rosto de Andersen, parece que ele compreendeu o que falei.
- Olha, se você abaixar a arma, nós podemos conversar.- ele aponta com a cabeça pro assento- eu sei que posso esclarecer tudo isso.
Dou uma gargalhada fria e profunda .
- Você acha que depois de todo esse tempo te caçando eu vou querer ouvir você?- eu aperto a arma com mais força- Teve um tempo em que eu quis, em que tudo o que eu mais desejava era que você aparecesse e dissesse que tudo não passava de um engano. Mas depois, depois de finalmente deixar de ser idiota eu compreendi que você é um desgraçado que merece morrer.
Todos me encaram assustados.
- O que exatamente ele fez?- Akemi pergunta curiosa.
Decido responder. Não que eu queira algum apoio, mas depois da minha resposta eles vão compreender que ele é mesmo um golpista.
- Ele em roubou. Se aproximou de mim, fingiu que me amava e depois de se casar comigo ele me roubou. Tirou tudo de mim. Tudo o que meus pais construíram, tudo que eu tinha e sumiu.
Andersen soltou um palavrão baixinho. Os outros passaram a encarar ele.
Akemi estalou a língua.
- Caramba. Ele merece morrer mesmo. Se você me pagasse eu até fazia um desconto.
- Akemi! De que lado você está?- Maya a repreende.
- Do lado esquerdo de Shera.- Akemi reponde tranquilamente. Hans segura um sorriso.
- Shera, me escuta. Não era eu. Era meu irmão.
Minha raiva cresce.
- Como você ainda insiste em mentir?
- É verdade! Eu ele tem um irmão gêmeo, Agus, eu os vi crescer.- Stive o defende.
- É mentira!- esbravejo- vocês estão denfendendo esse filho da mãe.
- Não Shera! É verdade eu já os vi juntos.- Maya coloca a mão no bolso.
- Fica quieta ou atiro nele!
- Calma é só meu celular- ela mostra o aparelho- viu? Agora olha aqui.
Ela se aproxima e me mostra uma foto dela com dois caras. Os dois são idênticos a Andersen, só que um tem bigode e o outro não.
Ele guarda o celular de novo.
- É uma montagem.- acuso.
- Não pode ser. Eu estava lá.- Maya insisti.
Encaro Andersen de novo. Ou será Trever? Como ele pode ter um irmão gêmeo? Como Trever não sabia da identidade do irmão?
Levanto o queixo.
- Então eu quero o Andersen aqui. Agora.
Eu tenho que matar aquele infeliz. Então eles vão ter que me provar a verdade.
Andersen-barra-Trever faz uma careta de dor.
- Não vai ser possível.
Bingo. Desmacarei ele.
- Porquê? Ele está ocupado, enganado outra pessoa. Vai ver está casando nesse exato momento.-dou um sorriso zombeteiro.
Ele fita o chão.
- Não. Agus está morto.
Fico sem reação.
- Pesado.- ouço Akemi dizer.
- Meu irmão morreu a sete meses, num acidente de carro. Só então descobri a vida que ele levava.
Não sinto pena. Nem tristeza. Sinto raiva. Por não poder matá-lo.
Isso é mentira. Só pode ser. Como a vida pode ser tão injusta? Eu tinha que matar Andersen. Eu.
Não consigo controlar a raiva dentro de mim.
Lembro vividamente de mim chorando no chão do banheiro, de mim chorando durante incansáveis madrugada. Do meu coração dilacerado, que demorou anos pra ser concertado. Desde esse dia nunca mais fui a mesma, não confio em ninguém, não me permito amar, tudo é aparência pra mim. As pessoas não são o que dizem, elas são o que não dizem.
Tive que roubar, me tornei aquilo que mais odiei, uma golpista mentirosa, apenas pra saciar meu desejo de vingança. E quando finalmente consigo. Ele está morto.
Não isso é mentira.
Seguro a arma com firmeza e aperto o gatilho.
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