19. AKEMI VARTAN

Hoje não tem disfarce.
Hoje as coisas vão se resolver do meu jeito.

Entramos em um prédio de três andares. O primeiro andar é uma espécie de bar, os dois últimos são apenas quartos.

Homens estão sentados jogando cartas e bebendo, mulheres seminuas passam aqui e ali, algumas sentam no colo de algum cara, outras os guiam escada acima.
Nenhum sinal de Fulgaz.

– Hans eu eu vamos subir e ver se Fulgaz está lá em cima, Maya e Sebastian ficam aqui e distraem os capangas deles, Trever e Shera, vocês procuram a pedra.– Todos concordam com minhas ordens.

–Duas perguntas.–Hans começa– Porque vamos atrás de Fulgaz? E que diabos você está fazendo com esse taco?

Eu guardei minha arma na cintura e estou segurando um taco de beisebol.

– Tenho uma coisinha pra resolver com ele– respondo enquanto subo as escadas.

Depois de verificarmos em três quartos, encontro Fulgaz.

Abro a porta, me deparo com uma mulher fazendo um boquete nele.

– A brincadeira acabou. Hora de sair garota.– Digo.

Hans aponta a arma para eles enquanto entramos no quarto.
A garota vira e eu levo um susto.

–Rose? O que você está fazendo aqui, porra?– pergunto irritada.

Rose me encara assustada.

– Freya? – ela olha pro taco. Lembro que Rose não sabe meu nome verdadeiro.

Fulgaz se meche. Tem uma arma no canto da cama.

– Se tentar algum movimento eu atiro– Hans ameaça Fulgaz.

– Sai daqui e se alguém perguntar por Fulgaz diz que ele não quer ser incomodado.

Rose balança a cabeça e sai correndo fechando a porta.

Hans a tranca.

– Akemi? Aposto que não veio me pedir ajuda – Fulgaz desdenha.

Me aproximo dele.

– Ah, não! Eu vim te matar.-sorrio.

Pego a arma na cama e jogo para Hans.

– Veste a cueca, seu filho da puta.– ordeno e Fulgaz obedece.

– Akemi, eu deixei você viver, lembra?– algo parecido com medo passa em seus olhos.

– É, lembro, e esse foi seu maior erro.

– Então atira logo, sua vadia.– ele provoca, mas percebo que ele está suando.

Sorrio.
- Não, antes nós vamos brincar. Lembra?

Eu dou um giro e chuto a cara dele, ele cambaleia pra trás.

Antes que Fulgaz possa se recuperar por completo, eu desfiro outro chute e mais outro.
Ele cai no chão, e continuo chutando nele, ele tenta se defender em vão. Ele levanta e acerta meu rosto.
Não sinto dor.
Sorrio.
Raiva e adrenalina são as únicas coisas que passam pelo meu corpo.
Eu dou uma rasteira nele e o derrubo de novo no chão, e começo a chutá-lo, eu pego o taco e desço.

– Você. Matou. Meu. Pai.- cada palavra é um golpe– Você. Queimou. Minha. Casa.

Lágrimas de ódio embaçam minha visão.
Sonhei com esse dia. Vivi pra isso acontecer.
O destino entregou a vida de Fulgaz em minhas mãos, e eu decidi o que fazer.
Sangue espirra de algum lugar e eu transpiro ódio.

– Você. Acabou. Com. A. Minha. Vida. Seu. Filho. Da. Puta!!

Meus braços cansam mas não consigo parar.

– AKEMI! AKEMI!- ouço alguém gritar.
É Hans ele segura meus braços.

– Acabou! Ele está morto!– ele tira o taco da minha mão.

Olho pro chão, o que existia de Fulgaz agora é só um monte de carne e sangue.

Minha respiração é pesada.

– Eu matei ele.– balbuço– Eu finalmente matei ele.

Meu corpo começa a tremer violentamente.
Hans me abraça com força e retira algumas mechas de cabelo do meu rosto. Ele limpa o suor da minha testa e a beija.

– Acabou, está bem? Acabou.

Eu começo a chorar descontroladamente.

É uma sensação de alívio. Dever cumprido. Você pode a até me condenar dizendo que mais violência não trazer meu pai de volta, que eu tenho que perdoar e seguir em frente.

Se alguém matasse a sua única família, se alguém matasse o seu herói ou a pessoa que você mais ama, impedindo você de ouvir a risada dela outra vez, de sentir o cheiro dela enquanto a abraça, de segurar a mão dela quando está com medo, de ouvir ela dizer 'se cuida' quando você sai de casa, se alguém matar essa pessoa matando todos os sonhos dela também, tirando a oportunidade de ela realizar cada um deles, o que você faria se tivesse em um quarto fechado e um taco de baseball na mão?

A abraçaria e a perdoaria?
Quem sabe a convidaria pra tomar um café em sua casa.

Hans me embala por alguns minutos e eu me recomponho. O cheiro de sangue começa a me enjoar.

–Vamos.– digo seguindo pra fora do quarto.

Descemos as escadas correndo.
Está caos aqui embaixo.
Mulheres correndo pra todos os lados, dois caras estou estirados no chão, mesas estão reviradas, homens brigam.
Olho em volta e vejo Shera tentando se proteger atrás de uma mesa de bilhar.

– Cadê os outros?– pergunto me abaixando.

– Ainda não vi!– Shera olha pro taco– isso aí é sangue nesse taco?

Dou de ombros.
– Relaxa, o taco tá bem. O que foi que houve aqui?

– Trever deu um tiro num cara que me beijou a força.

Reviro os olhos.
– Já te falei pra tentar ser menos inrresistivel.

– Cala a boca, Akemi.

Mas não fico pra rebater, de longe eu vejo Rose. Vou até lá.

– Rose?– ela se vira.

– Freya? Aquele cara tá morto?

– É, ele tá morto, Rose.

Ela me encara sem reação.

– Ele matou meu pai.– me ouço dizendo.

Rose desvia o olhar.

– Eu sinto muito.

Eu é que sinto muito pela vida de Rose.

– Escuta, sai daqui.

– Eu não tenho pra onde ir.

Eu sei como é isso. Eu já me senti assim.

Uma ideia me surge.
Pego o celular do bolso e faço uma chamada.

– Oi Tadeo?

– Oi, Akemi! Por onde você andou? Estava preocupado.

– Estou bem, mas depois explico. Preciso de sua ajuda.

– Claro fala.

– Tem uma...amiga. Amiga é, uma amiga que eu preciso que você venha pegar. Preciso que você cuide dela por uns dias.

– Amiga? Ok! Onde?

Passo o endereço e desligo.
Entrego o celular pra ela.

– Toma. Não posso levar você comigo, mas meu amigo vai te ajudar, ele é uma boa pessoa.

Os olhos dela estão marejados.

– Se cuida e não volta mais pra esse lugar.

Começo a caminhar em outra direção.

– Freya!- ela me grita e eu me viro- Obrigada!

Eu sorrio pra ela.

Maya e Sebastian conseguem pegar a pedra. Agora estamos em uma jatinho particular do S.I..
Me sento entre Maya e Shera.

Sinto um cheiro de discórdia no ar.

– Escuta, você devia pedir desculpas pra Maya.– digo pra Shera.

Ela me encara incrédula.

– Pedir desculpa? Foi Trever que me beijou.

– Não importa quem beijou quem, a questão é que houve um beijo. Peça desculpas ou vai se arrepender.

Shera fica pensativa.

– Ãh, desculpa Maya. Me perdoa, de qualquer jeito, me sinto mal pelo que houve.

Encaro Maya.

– Pareceu sincero. Desculpa ela.– digo.

Maya me encara e depois olha pra Shera.

– É, tudo bem. Eu desculpo você.

– Viu? Ninguém morreu. Agora deixem de besteira. E você Maya devia esquecer o Trever ele já tá em outra. Agora aproveita a oportunidade e dá pro louro gostoso.

Shera ri e Maya fica vermelha.
–Ele parece ser legal, mas uma hora ele está carinhoso e em outra parece distante.– Maya confessa.

– Ah, mas isso é só questão de tempo. Abre jogo com ele, deixa claro o que você quer.– Shera aconselha.

– E você também, gata. Não faz mal dá pro irmão.

Shera e Maya riem.
– Ei, só porque você transou com Hans não quer dizer que os outros vão fazer isso!– Shera provoca.

– Além de ladra é fofoqueira!– acuso.

– Você transou com Hans?– Maya arregala os olhos– cuidado ele é um cafajeste.

– Ah, eu sei. Não vai passar de uma pegação.

– Agora vamos descansar. E Maya, bom trabalho hoje.– Shera elogia Maya.

Maya sorri.
– Você também fez um ótimo trabalho no cruzeiro.

– Ei! Eu matei um monte de gente, ninguém vai elogiar meu trabalho?– brinco.

E rimos.

Então sinto duas coisas que só sentia quando meu pai estava vivo.
Algo que não me permitir sentir depois que ele se foi.
Mas agora estavam ali borbulhando dentro do meu peito.

Gratidão e felicidade.

Eu estou grata e feliz por ter essas pessoas bem aqui, onde estão.

É aquela baboseira de  está exatamente onde se deveria está.

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