21 Anos

— Como estava em relação as amizades?

— Depois que tranquei a faculdade, Karine só lembrava de mim quando precisava de dinheiro. Claro que devolvia depois, porém não era isso que eu queria, que ela ficasse próxima pelas vezes que poderia socorre-la e aos poucos fomos nos afastando.

— E quanto a uma nova amizade que surgiu?

— Ele se chamava William.

— Como se conheceram?

— Eu trabalhava na secretaria de uma Igreja, ele em outra e aos poucos fomos nos aproximando, até que começou a ir na minha casa para tomar tereré e ficávamos conversando, inclusive planejamos uma viajem juntos que no fim, não ocorreu.

— Por que se afastaram?

— Naquela época, às vezes eu e tio Carlinhos fazíamos caminhada de noite, quando ele não podia, levava William. Em um dia qualquer, tio Carlinhos começou a falar que devemos conhecer bem as pessoas antes de nos relacionarmos com elas, ou que quando era mais novo e saia com os amigos, tinha um que se escondia atrás do terno e gravata, mas a noite usava vestido.

— Assunto delicado.

— Sim, não conversávamos sobre assuntos polêmicos ou muito íntimos, pelo menos da minha parte eu me mantinha em silencio, então estranhei o assunto.

— Por que ele tocou nesse tema?

— Queria que eu soubesse que meu novo amigo se escondia como o seu, tinha a pose de hetero e, no entanto, não era. Não sei se posso usar essas palavras, esse assunto sempre me deixou confusa sobre quais termos usar.

— E como ele sabia disso?

— Nossa cidade é pequena e todo mundo adora cuidar da vida dos outros, ou seja, muitas pessoas sabiam sobre a vida particular dele, inclusive tio Carlinhos e mãe Fernanda que nessa conversa toda, dava a atender que eles pensavam que eu estava apaixonada por ele e que não era uma boa companhia para mim.

— E não estava? Como reagiu quando ele tocou nesse assunto com você?

— Fiquei quieta como sempre, eu já sabia e não, eu não estava apaixonada por ele.

— Ele confiou em você a esse ponto?

— Sim, conversávamos abertamente sobre muitos assuntos e com isso, ele mesmo dizia que estava feliz por eu me abrir com ele e eu estava feliz por ter alguém com quem passear. Na volta das caminhadas tomávamos cerveja e comíamos espetinhos, ou ficávamos sentados na calçada e mesmo que eu não tivesse nada para falar, a companhia dele era muito boa.

— E qual foi o gatilho para se afastarem?

— Com essa questão do tio Carlinhos e mãe Fernanda começarem a me pressionar mais por causa dos boatos, e de boatos que ele estava me usando para se esconder, ficaram mais rígidos em relação as minhas saídas com ele e aos poucos, fui parando de sair com ele. Isso o incomodou e não tive coragem de dizer a ele, até que uma das freiras durante meu horário de trabalho me perguntou se eu e ele estávamos namorando, quando eu disse que não e perguntei de onde ela achou isso, ela desconversou e nunca me respondeu.

— Chegou a conversar com o garoto sobre esses boatos de vocês?

— Sim, contei tudo a ele, desde o que meus pais falaram até a pergunta feita pela freira.

— Qual foi a resposta dele?

— Nada, simplesmente abaixou a cabeça e eu não sabia que isso poderia confirmar os boatos de um namoro entre nós ou se ele ficou chateado com tudo isso. Esse foi o gatilho, simplesmente parei de falar com ele.

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