10 Anos

— Mudou muita coisa?

— Muito!

— O que?

— Minha mãe voltou.

—Para te buscar?

— Ficar alguns dias.

— E como ela reagiu a tantas mudanças?

— Ah, não gostou de muita coisa.

— Foi ruim tê-la por perto, depois de dois anos?

— Não, ela foi para ficar alguns dias comigo e eu mal lembrava como era tê-la por perto, então de certa forma, foi bom.

— Ela quis te levar de volta?

— Sim, ela e meus padrinhos conversaram sobre a possibilidade de me deixarem ficar alguns dias com ela em Goiânia.

— Deixaram?

— Sim, no entanto o problema foi na hora de volta.

— O que aconteceu?

— Ela não queria me deixar voltar para a Família Alencar.

— Imagino que deva ter sido uma guerra.

—Na verdade foi.

— Como foi sua estadia com sua mãe Janaina?

— Ela me levava para o serviço dela, então acabei conhecendo a enorme casa que ela limpava. Eles tinham um quintal enorme nos fundos com vários casais de cachorros de raças diferentes. Até a mamãe tinha um quarto para dormi lá caso precisasse. E em um desses dias dormindo lá que eu chorei de saudade da Família Alencar.

— Sua mãe não deve ter ficado nada feliz.

— Não mesmo. E me lembro muito bem do que ela disse: "Você ficou um tempão lá com eles e quando vem ficar comigo, fica chorando por causa deles". Mas não foi porque eu quis...

— Os patrões da sua mãe, eram legais com você?

— Eles e os filhos deles, os garotos brincavam de cócegas ou me deixava ficar na sala de música deles, tinham uma banda de garagem. E a menina, já era mãe, e deixava eu assistir desenho no quarto dela.

— E quando falou com os Alencar de novo?

— Alguns dias depois, mãe Fernanda ligou e eu acabei chorando na ligação, ai que a guerra aconteceu mesmo.

— Pode me contar?

— Os Alencar foram para Goiânia, para me buscar. Porém a mãe Janaina não quis me deixar ir, mas como ela assinou toda uma documentação dando minha guarda legal para eles, ela teve que deixar. Só que eu também chorei quando me despedi dela.

— Sério?

— Eu não sabia quando ia vê-la de novo e além disso, um casal dos cachorros do patrão dela, tiveram filhotinhos, eles eram daqueles salsichinhas coloridos, patas enormes e as orelhas arrastando no chão.

— Lindos!

— Sim, uns bebezões, eles eram muito carinhosos. Tiveram filhotes e eu tinha ganhado um, só que não pude levar para o Mato Grosso.

— Por que não?

— Do que me lembro, disseram que o cachorrinho não tinha carteirinha de vacina e a polícia não deixaria.

— Puts.

— Ai que chorei mesmo.

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