Bilhete
"Eu acho que estou gostando de você, mas você não percebe por quê?..."
Por quê? - Jorge&Mateus
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Carol está me observando, eu seguro sua mão e a puxo para casa. Seguimos em silêncio até entrarmos.
O silêncio é preenchido por seu riso nervoso quando entramos no local, eu suspiro. Seguimos até o meu local privado e eu fecho a porta. As paredes brancas dão contraste à mobília de madeira escura. Carol se senta e me puxa pelos quadris deixando as mãos em minhas coxas.
— Mora sozinha? — Une as sobrancelhas.
— Com minha mãe. — Reviro os olhos— Idiota.
— Besta. — Revira os olhos.
Carol me puxa pelos quadris me colocando sentada em seu colo. Um arrepio percorre meu corpo, ela está tão próxima que sinto sua respiração quente. Aproximo nossos rostos. Respirações ofegantes, narizes colados e então ouço passos. Me levanto do colo de Carol e me recomponho. Os passos param, abro a porta e não há ninguém. Ando por toda a casa e tudo que encontro é o vazio.
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Coloco o suco no meu copo, pego um pedaço de lasanha e o coloco no prato. Me sinto cheia.
— Vai comer só isso? — Minha mãe pergunta.
— Vou. — Dou de ombros.
— Você pode ficar sozinha até mais tarde amanhã? — Pergunta com os olhos fixos nos meus.
— Posso. — Coloco um pedaço de lasanha na boca.
— Vou deixar dinheiro pra você comprar algo. — Sorri.
— Está bem. — Bebo um gole do suco.
Ela me olha de forma doce mas eu não consigo aceitar isso bem, abaixo meu rosto e volto a comer em silêncio.
Termino de jantar, coloco meu prato junto com o copo na pia e sigo direto para o banheiro. Tiro toda a roupa e abro o chuveiro deixando a água fria tocar meu corpo.
Uma noite de primavera comum.
Termino o banho, visto um pijama azul com bolinhas brancas, escovo os dentes e sigo para a sala improvisada. Observo um papel amarelado que não estava usado, sorrio com a ideia de escrever um bilhete para ela. Pego uma caneta e um envelope.
Pego uma folha de rascunho e começo a escrever.
"Olá moça "
Rabisco a frase em seguida. Muito idiota. Talvez ela ache que eu nunca conseguiria fazer algo bonito. Respiro fundo, um raio no céu dá indícios de que logo haverá uma tempestade.
"Será que fechei as janelas do meu quarto? "
Meus punhos estão cerrados, estou tentando fazem trinta e seis minutos e nada me vem em mente. Aliás, quando se trata de Carol sou completamente péssima.
Eu sou boa pra ela?
Prendo meus cabelos, respiro fundo. A chuva começa forte como típicos finais de primavera. Mordo o lábio, pego novamente a caneta e começo a rabiscar algumas frases.
Oito linhas. Escrevi oito linhas e ainda não ficaram boas. Respiro fundo, conto até dez. Amasso o papel e o jogo na lixeira, pego um novo papel e tendo outra vez.
"Olá senhorita Stivanello! Vejo que gostou de minha caneta, acho que vou te dar outra. Por acaso vai aparecer amanhã como costuma fazer? Pode ser em uma manhã de vento clichê ou em um dia no parque. Não me importo para a forma em que aparecerá. Se vier posso te pagar um sorvete e te dar um livro empoeirado.
P. S : Rê. "
Seguro o rascunho e sorrio, está ótimo! Passo para o papel a amarelado fazendo a melhor caligrafia que consigo para impressionar Carol.
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O meu quarto parece pequeno de mais para meus planos, os cem reais que minha mãe me deu estão dentro da minha mochila. Sorrio, Carol vai amar o que vou fazer. Isso se ela aparecer por aqui.
O livro que escolhi para Carol está separado, eu tirei a poeira do mesmo por medo de a causar alergia. Suspiro, espero muito que ela goste de ler livros clichês porque eu separei um exemplar de Capitu. Não é o mais romântico mas é o que ela mais vai gostar.
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