CURTAIN CALL
Dois meses depois...
Estava só em nosso apartamento. Harry tinha saído para correr. Eu queria ter ido com ele, mas por algum mistério ele preferia ir sozinho.
Sabia que ele passaria no escritório de sua editora para pegar os modelos de paginas para seu livro. De certo que eu poderia ter ido junto. Não era sempre que tínhamos dias de folga, especialmente Harry que agora ocupava uma nova posição na companhia. Eu esperava que passássemos a noite toda juntos. Mas em vez disso organizei o apartamento e comecei a preparar o jantar.
Às seis e meia ouvi chaves na porta.
Ele entrou e imediatamente soube por que tinha me deixado em você.
"Seus cabelos."
Ele sorriu. "Gostou?"
Seus cabelos estavam na altura de suas orelhas, bagunçado atrás e ondulado em cima. Seus cachos tinham sumido.
"Seus cachos."
Harry largou suas chaves na ilha da cozinha e ficou de frente a mim. "Você tá chorando?"
"Não!" Sim. "Por que não me contou?"
"Porque eu sabia que você ia dar um pití."
"Eu não tô dando um pití!" Gritei. "Eu só não tava preparado!"
"Achei que fosse ficar mais apropriado no trabalho. Quero ser levado a serio." Sentou no sofá. "Venha aqui. Toque nele."
Aproximei-me hesitante, como se ele fosse um animal. Me pus entre seus joelhos e coloquei minha mão em sua cabeça.
Olhou para mim. "E então?"
"Okay, você tá bonito."
Harry procurou dentro de sua bolsa carteiro e puxou seu manuscrito de lá para a mesa de centro. Seu livro sobre O lago dos Cisnes estaria sendo publicado pela Imprensa da Universidade de Cambridge, uma editora acadêmica. Ele tinha muito interesse em editoras comerciais, mas todas elas queriam que ele escrevesse um memoir*, o que ele se recusava a fazer.
Eu achava que um memoir seria ótimo.
"Você deveria considerar o memoir como seu próximo livro."
Ele folheava as paginas soltas d manuscrito.
"Sobre o que eu escreveria? O mundo inteiro já sabe dos meus segredos mais obscuros."
"Você poderia escrever sobre mim! Sobre como sou o amor da sua vida!"
"Talvez você devesse escrever um livro."
Ponderei. Não era uma má ideia...
Assim como suas palestras sobre Tchaikovsky, seu livro tinha quinhentas paginas. Como seu namorado engajado eu tinha de ler todo o manuscrito mesmo que eu só compreendesse dez por cento de tudo aquilo. O que não me impedia de me gabar para qualquer um que quisesse ouvir sobre meu namorado ser um autor brilhante!
Harry era meticuloso com a publicação como era com os ballets que performava. Estava envolvido em cada detalhe do processo, da capa ao layout, até a tipografia, tipo de papel e folhagem.
Esse era o produto final que seria posto em produção. Harry queria dar uma ultima olhada para se assegurar de que nem uma virgula sequer estivesse fora do lugar.
Cuidadosamente, abri na pagina da dedicatória:
Para Hans Faust
Marcus Aurelius disse "A arte de viver é mais como uma luta do que uma dança."
Eu lutarei por nós dois.
A tese de Harry se baseava na ideia das cartas pessoais de Tchaikovsky davam uma ideia maior do que era o libreto. As cartas, que Harry traduziu do russo, eram sobre o isolamento e solidão de Tchaikovsky enquanto compunha. De vários modos o livro em si era uma carta a Hans.
Harry passou seus dedos pelo nome de Hans. "Você acha que dá pra sentir a falta de alguém que nunca conheceu?"
"Acho que pode sentir falta do que sentiu ao saber que eles estavam por aí."
"Sinto que ele me entendia."
Isso era um tópico sensível para nós dois. Não importava o quão próximo eu e Harry fossemos, eu nunca entenderia de verdade o que lhe passou.
"Você te Léo. Falou com ele depois que entrou na RBS?"
Depois que Beauchamp foi preso na França, Léo foi expulso da academia francesa. Harry não aguentava a ideia de que o garoto tivesse de sofrer mais do que já tinha sofrido e se ofereceu para bancar sua educação, quarto e passagem para estudar dança em Londres. Sua mãe concordou.
Harry tirou o celular do bolço. "Sim. A gente tem que marcar um dia para nos encontrarmos, mas ele está se divertindo muito com os novos amigos. O inglês dele tá muito bom agora. Ele já tem uma namorada!"
"Maldito sedutor."
O sol começava a se por, sumindo atrás do Parlamento como uma gota de tinta. Tínhamos a noite toda a nossa frente, voltar ao trabalho era a primeira coisa que faríamos ao nascer do sol.
"Você gostou mesmo do meu cabelo?" Perguntou com seu braço esticado atrás de mim no sofá.
Sentei sobre sua coxa e me aproximei para olhar melhor. O corte definia seu maxilar e fazia ser rosto parecer maior, mais masculino e maduro. "É bastante..." Procurei pela melhor palavra. "Conservador."
Ele riu. "Madame Lesavauge ficaria tão orgulhosa!"
"Ele sempre te perseguia com aquela maldita tesoura!"
Estava prestes a sair de seu colo quando ele me pegou pela cintura. "Fica aqui."
Colocou suas mãos por baixo de minha camisa e a puxou por minha cabeça. Então desfez o nó em meu moletom. Harry não acreditava em preliminares. Sua idealização de sedução era dizer "eu te quero" ou se esfregar em mim assim que eu botasse um pé fora do chuveiro. Simples, porém eficaz.
Beijou meu ombro nu e com seu nariz esfregando em meu braço me pediu que virasse. Fiquei de joelhos, meus punhos afundando no encosto do sofá. Abaixou minha calça e correu seus dedos por minha carne, me dando calafrios. Virei minha cabeça para olhá-lo. Estava começando a gostar do novo corte.
Começou a tirar suas calças com pressa e sorri para mim. Quando ele não estava olhando me virei e belisquei suas costas.
"Louis!" Sua voz soava assassina. Apertei seus punhos, os pressionando nas almofadas.
"Você só pode me ter se conseguir se soltar."
Ele se balançava loucamente sob meu peso. Tentou, mas não conseguia. Sem fôlego, falou, "Essa não é uma luta justa. Você dança o dia todo. Eu como chocolate e te assisto."
"Então você admite. Eu sou mais forte."
"Não falei isso!"
Tencionou em meu aperto, seus músculos cada vez mais fracos com cada esforço que fazia ate que finalmente se deixou perder com um biquinho.
"Você tentou, amor." Falei brincalhão.
Olhou-me em desespero.
Então seus olhos caíram para meus lábios.
Beijei0o. Ele se submeteu a mim, seus lábios cheios quentes e molhados. Aprofundei o beijo e ele corou, abrindo suas longas pernas. Acomodei-me entre suas coxas e ele ronronou em aprovação. "Sim."
Esfreguei meu membro contra ele, que arqueou suas costas.
"Você quer tanto isso, não é?" Sussurrei.
Ele mordeu seu lábio inferior e assentiu.
Soltei suas mãos e abaixei suas boxers, quando, de repente, ele me jogou no chão. Minhas costas atingindo o chão de madeira polida fazendo um barulho alto.
"Oi! Isso é trapaça!"
Harry arrancou minhas calças e cueca de meus tornozelos e abriu minhas pernas.
"Você disse que eu tinha que me soltar. Não falou como."
Ele era incorrigível! Esse maldito!
Enterrou seu rosto entre minhas pernas e lambeu minha entrada com intensidade. Gritei. Meu deus, nossa rixa tinha lhe dado ainda mais energias!
Então ele parou e fechou os olhos. "Delicadamente." Se lembrou. "Seja delicado."
Toquei seu pescoço. "Tudo bem, amor."
Colocou sua boca em mim novamente, beijando e lambendo lentamente até que eu estivesse relaxado e húmido.
"Harry." Gemi, acariciando seus cabelos curtos.
"Posso te ter agora?" Perguntou docemente.
"Sim." Respondi, embora eu o desse tudo que me pedisse.
Delicadamente, ele se colocou dentro de mim.
***
Caminhamos até o trabalho n amanhã seguinte assim como fazíamos todos os dias. Saindo pela porta da frente de nosso prédio, olhei para a campainha. Não havia mais um espaço em branco ao lado do numero do apartamento de Harry. Ele não gostava de usar nossos nomes inteiros, mas me deixou usar uma plaquinha com nossas iniciais: H.S. & L.T. Até que ficava elegante.
Entrelaçamos nossas mãos e compramos café no caminho. Fazíamos uma dupla interessante: Harry em seu terno preto que passava uma imagem séria e eu de moletom com uma bolsa de ginastica cruzando meu peito.
Ao chegarmos ao teatro encontramos Liam no corredor. Ele grampeava um anuncio ao quadro de avisos, sua bengala encostada à parede ao seu lado.
"Vocês chegaram cedo!" Falou animado.
"Culpa do Harry." Gemi. "Eu poderia dormir mais umas três horas."
Seus olhos castanhos brilhavam à nossa imagem.
Depois que Kenneth foi demitido o comitê prontamente ofereceu a Harry a vaga de Diretor Artístico. Ele recusou. Não queria ficar preso em um escritório o dia todo. Odiava a parte administrativa. Queria trabalhar diretamente com os bailarinos. Falou ao comitê que apenas tomaria a posição como Coreografo Residente se a posição de Diretor Artístico fosse dada a Liam. Eles aceitaram. Todos já sabiam que Liam era mais que competente e o nome de Harry, mesmo que não fosse diretor, seria uma mão na luva para a companhia.
Harry prendeu seu braço ao de Liam. "Almoça comigo?"
"Você paga."
Harry e Liam almoçavam juntos pelo menos duas vezes por semana no escritório dele. Harry sentava a sua frente, uma perna casualmente cruzada sobre a outra enquanto jogavam ideias de um lado pro outro, as ideias vanguardistas de Harry e as tradicionais de Liam. Harry dava seu melhor para se comprometer e Liam dava seu melhor para não ter um ataque do coração.
"Creio que vocês estarão no jantar dos patronos nesta sexta?" Liam perguntou, mas era uma adirmação.
"Não perderia por nada." Respondi. "Farei vocês dois dançarem comigo."
Liam arqueou uma sobrancelha em direção a Harry. "entre o seu joelho ruim e o meu tornozelo ruim seremos as atrações do baile."
"De fato."
Harry e eu nos encaminhamos ao estúdio A. Esbarramos com Niall, que estava indo ao auditório com uma pilha de partituras sob o braço.
Cumprimentou-nos com um aceno de cabeça e passou direto na direção oposta.
"Olá, Horan. Ainda bem que te peguei." Falou Harry, o colocando contra a parede.
Niall ajeitou seus óculos de armação preta na ponte de seu nariz. "Você não me pegou. Eu preciso levar essas partituras pra minha seção de cordas."
"É exatamente sobre isso que queria falar com você! Sabe, agora que terminei meu livro sobre O Lago dos Cisnes comecei a fazer uma pesquisa por cima sobre Giselle. História interessante. Muito interessante."
"E não é mesmo?" Disse Niall, se arrastando para longe dele.
Harry bateu uma mão contra a parede, prendendo Niall como um pôster com uma tachinha. "tenho algumas ideias sobre o espaçamento de tempo que gostaria de discutir com você."
"Não."
"Você vai adorar, prometo." Arrumou a gravata de Niall e pegou uma folha de suas mãos. "Vou precisar de uma copia disso. Cheers* mate."
"Cheers." Niall estremeceu.
No estúdio estavam Zayn e Gigi. Assim como Harry, Gigi preferia começar o trabalho cedo, e assim como eu, Zayn estava dormindo em pé. Deitei-me ao seu lado, peguei um de seus fones de ouvido e juntos fechamos nossos olhos e ouvimos musica enquanto Harry guiava Gigi em seus exercícios na barra.
Gigi dançaria o papel principal como Giselle e eu faria o papel masculino principal, Albrecht. Zayn era Hilarion e Eleanor Myrtha, Rainha dos espíritos malévolos.
Eleanor se arrastou para dentro do estúdio descalça, suas sapatilhas de ponta amarradas uma a outra penduradas sobre seu ombro. Seu dia de folga não lhe foi dos mais gentis. Tinha bolsas sob os olhos e seus cabelos eram um emaranhado de tranças frouxas, mechas escuras penduradas em frente a seu rosto. O exato oposto do belo coque de Gigi.
"A rainha do submundo chegou!" Ela declarou, fazendo uma reverencia dramática.
"Bem, você certamente parece estar morta."
Ela me chutou.
Em seguida solistas e bailarinos de apoio encheram o estúdio. Todos estavam lá ao mesmo tempo, com medo demais de Harry para ousarem um atraso.
Abri o zíper de meu casaco moletom e tirei minhas calças. Estava usando leggins cinza claro. Achei que Harry poderia gostar de um alivio aos olhos.
Harry se pôs em frente ao estúdio com as mãos nas costas. Todos corremos para tomarmos nossas posições na barra. Aquecimentos deveriam ser guiados pelo tutor da academia, mas Harry, controlador como era, preferia olhar de perto todos os exercícios.
Ele bateu palmas. Tinha um anuncio a fazer antes de começarmos. "Farei uma alteração no elenco." Harry apontou para o fim do estúdio, para um dos bailarinos de apoio. Jeffrey.
Jeffrey congelou e virou para um de seus colegas. "Mas que porra, de novo não!"
Cabeça baixa, bochechas vermelhas de humilhação, ele foi até a frente do estúdio.
Harry colocou uma mão sobre seu ombro. "Tom está doente. Estou lhe dando o solo no Festival de colheita do primeiro ato."
Jefrrey erguei a cabeça. "Eu? Solo? Sério? Oh meu deus. Eu não acredito. Isso é uma honra. Sempre fui um grande admirador de seu trabalho, Sr. Styles-"
Harry o interrompeu. "Não fode tudo."
"Sim, senhor." Jeffrey o saudou e voltou para a barra.
Um pouco mais tarde, durante um curto intervalo, sussurrei para Harry. "Achei que você odiasse até a alma de Jeffrey."
Olhou-me por cima de suas anotações. "ele melhorou."
"Melhorou depois que terminei com ele."
"Uma coincidência." Apertou o botão de sua caneta.
Sorri.
Harry nos colocava para trabalhar duro pelo tempo que fosse necessário, com uma atenção especial me mim e Gigi. Quando tomou a posição como coreografo residente inocentemente achei que ele me daria tratamento especial. O que aconteceu foi o exato oposto. Era bruto em suas ordens, me fazendo repetir a mesma variação varias e varias vezes. Ele na verdade se satisfazia em me fazer tremer e suar perante a ele.
"Vamos de novo!"
Gigi e eu tínhamos uma aproximação similar a dança, que era colocar a técnica a frente de tudo. Para Harry, uma técnica perfeita era o mínimo que um bailarino deveria buscar. Teatralidade era o estopim. Tínhamos que nos tornar o personagem. Eleanor tinha uma habilidade natural para isso, o que irritava Gigi.
"Você sabe quem eu sou?" Gigi gritou. "Minha dança é perfeita, Harry!"
Harry cruzou os braços. "Sua dança só será perfeita quando me fizer esquecer que você é você."
Ao fim do ensaio Harry liberou todos no estúdio, menos eu. Deveríamos ensaiar meu solo no segundo ato. Fiquei surpreso quando ele também dispensou o pianista.
"Deixe-nos a sós."
Eu sabia o que ele estava planejando. Safado.
Lentamente, comecei a puxar minhas calças.
Ele riu. "Não, Louis. Eu realmente quero ensaiar seu solo. Mas vou pegar pesado com você, então achei que seria melhor sozinhos."
Puxei minhas alças e franzi as sobrancelhas.
Sentou em uma cadeira dobrável com as costas apoiadas no espelho, segurando seu bloco de notas amarelo e caneta vermelha.
Ele achou que tinha me pego desprevenido. O que ele não sabia era que eu estava secretamente indo a aulas de atuação, trabalhando em meu solo sem que ele soubesse para lhe surpreender.
"Você vai ficar impressionado, Harry. Estou avisando."
Curvou-se para frente e apoiou o queixo em sua mão. "Mostre."
Emocionalmente, naquela cena, meu solo era complicado. Na floresta negra onde foram enterrados, os fantasmas do mal, guiados por Myrtha, forçavam qualquer homem que cruzasse seu caminho entre a meia noite e o amanhecer a dançarem até a morte. Hilarion é o primeiro a cruzar o caminho. É forçado a dançar pelos fantasmas e tem uma morte lenta. Então os fantasmas viram-se para meu personagem, Albrecht, também o sentenciando a morte.
Eu tinha que fazer a melhor coisa do mundo - dançar - parecer uma tortura.
Foquei no tormento físico de primeira, mas minha professora de atuação me fez perceber que a cena de tormento emocional era muito maior. Os fantasmas estavam me caçoando, rindo de mim, sentindo prazer em minha dor.
Dancei.
Senti a humilhação, a angustia e o medo rasgando minha carne. Meus movimentos vindos não de meu corpo, mas dessa dor. Incorporei o sofrimento da ponta de meus dedos aos traços mais delicados de meu rosto.
Quando terminei o solo olhei para Harry, crente de que ele estaria impressionado.
Seu rosto estava em suas mãos e seus ombros tremiam.
Ele estava chorando.
Corri até ele e cai em meus joelhos. "Harry, Harry! Não chora! É só uma história!"
"Não, não é."
Uma história nunca era só isso para Harry. Ele estava eternamente tentando escapar daquela floresta negra.
"Você tá certo, não é só uma história." Tomei suas mãos nas minhas e beijei-as. "Albrecht vive."
Suas lagrimas cessaram.
"Ele dança até o amanhecer e foge dos fantasmas. Indo direto para a luz."
FIM
[BEM VINDOS A COMEÇO DO FIM.
tem mais três capítulos extras que vou traduzir e publicar no carnaval, mas até lá a fic será dada como concluída.
obrigada por acompanharem essa fic maravilhosa até aqui, fb é uma das melhores histórias que eu já li na minha vida e espero ter feito jus a ela com essa tradução. situações como a do harry acontecem todos os dias, com homens e mulheres {com muito mais mulheres, infelizmente, pois esse mundo que a gente vive é uma bosta misógina}.
nunca julguem uma pessoa sem saber o que aconteceu com ela, pois é aquela velha história de "todos lutam uma batalha da qual você não sabe", todo mundo tem uma treta e as vezes essa treta é pesada, então vamo se respeitar.
amo vocês, treat people with kindness.
xoxo]
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