capítulo 02: amor ou interesse?
Niki estava a frente de sua pia, com as mãos um pouco úmidas, esfregando a última panela que restava na pia. O barulho da água caindo misturava com o som da música que tocava ao fundo. Quando ele já começava a sentir o cheiro de sabão nos dedos, o celular apitou.
Ele deu uma leve olhada para o aparelho, que estava em cima da bancada, e sentiu um impulso de pegar. Enxugou as mãos na toalha que estava sobre a mesa e foi até lá. Ao olhar a tela, viu que a mensagem vinha de um número desconhecido. O nome não apareceu, apenas o número com o código de área que ele reconhecia.
Niki sentiu uma pontada de curiosidade. Perguntava-se se era algum erro, ou talvez alguém tentando entrar em contato com ele para aplicar algum golpe. Hesitou por um momento, o dedo pairando sobre a tela, antes de decidir abrir a mensagem.
[Número desconhecido] Boa noite, flamenguista.
[Você] Boa noite, quem é?
[Número desconhecido] Céus, você dá seu número pra qualquer um que pedir, por acaso?
[Você] Hahaha que engraçado. Poderia me dizer quem é, por gentileza?
[Número desconhecido] Hoje mais cedo você estava vendendo picolé por um preço absurdo. Você ofereceu para mim e eu neguei pagar o preço que você estava vendendo, e então você me deu um desconto e eu pedi seu número.
[Você] Ah, é o loirinho paulista! Achei que você não iria me mandar mensagem.
[Loirinho] Sim, sou eu.
[Loirinho] Demorei para te mandar mensagem porque estava andando por aí com um amigo meu.
[Você] Entendi.
[Você] E eu achando que era entrevista de emprego... perdi as esperanças.
[Você] O que você tá fazendo agora?
[Loirinho] Acabei de sair do banho, estou deitado na cama fazendo nada. E você?
[Você] Estou lavando louça
[Você] Estava, na verdade. Você me interrompeu.
[Loirinho] Lavando a louça com as mãos? Estranho.
[Você] Como eu lavaria a louça sem as mãos, loirinho?
[Loirinho] Com a lava louças.
[Você] Eu não tenho isso.
[Loirinho] Porque?
[Você] É caro, oras.
[Loirinho] Meu deus, em que mundo você vive?
[Você] Num mundo onde uma lava louças custa o olho da cara.
[Loirinho] Estou em choque por causa dessa informação.
[Você] Talvez vivemos em mundos diferentes.
[Loirinho] Estou falando com um alien?
[Você] Porque todos os loiros são tão burros!!?
[Loirinho] Hahaha!
[Loirinho] Já que você não pode comprar uma lava louças porque é de outro mundo, contrate uma diarista.
[Loirinho] Espere... existe diarista nesse outro mundo?
[Você] Meu deus! É claro que existe!
[Você] Não é tãoo caro, mas eu ia ter que abrir mão do meu futebol semanal para contratar uma diarista.
[Loirinho] Ei, qual é o seu nome?
[Você] Nishimura Riki, mas me chame de Niki. E o seu?
[Loirinho] Nome bonito!
[Loirinho] Eu me chamo Kim Sunoo.
[Você] Você tem um nome elegante. Enfim, eu preciso ir agora.
[Loirinho] Tudo bem! Boa noite, Niki.
[Você] Boa noite loirinho.
[...]
Era um almoço tranquilo em um restaurante sofisticado no centro do Rio de Janeiro, e Sunoo estava animado, pois havia conseguido convencer seus dois melhores amigos, Jungwon e Sunghoon, a acompanhá-lo. O ambiente era bem arrumado, com luz suave, cadeiras confortáveis e uma decoração moderna. O trio estava sentado à mesa, rindo e conversando enquanto olhavam o cardápio.
— Eu tô morrendo de fome! — Jungwon reclamou, espiando o menu.
— Vai pedir o quê, Won? — Sunoo perguntou-me, inclinado sobre a mesa, sem parar de mexer em seu celular.
— Sei lá... Talvez um sushi, ou algo mais leve. — Jungwon respondeu, distraído.
Foi então que Sunoo levantou a cabeça, o olhar fixado na entrada do restaurante. Ele ficou paralisado por um momento ao reconhecer uma figura familiar vestida com o uniforme de garçom. Niki, o garoto com quem ele tinha trocado algumas palavras pela internet, agora estava lá, trabalhando como garçom. Sunoo não conseguiu disfarçar a surpresa.
— Japa Flamenguista! — Ele exclamou, levantando-se da cadeira e indo ao encontro de Niki, que estava se aproximando da mesa com um sorriso tímido, pronto para atender Sunoo e seus amigos.
Niki parou por um momento, surpreso ao ver Sunoo, mas logo sorriu ao ouvi-lo. Sunoo o abraçou de lado, como se fosse um amigo de longa data.
— Sunoo? — Niki perguntou, rindo um pouco ao sentir o abraço inesperado.
— Esses são os meus amigos, Jungwon e Sunghoon. — Sunoo disse, apontando para os dois ao lado, que observavam a cena com um pouco de surpresa.
— Eu me chamo Nishimura Riki, muito prazer. — Niki falou educadamente, dando um sorriso simpático para os dois.
Jungwon e Sunghoon o cumprimentaram com um aceno de cabeça, ambos ainda tentando entender o que estava acontecendo.
— Que surpresa te ver aqui! Quer sentar com a gente? — Sunoo continuou, sorrindo amplamente para Niki, mas logo ele foi interrompido quando Niki fez um gesto com a mão, indicando que precisava voltar ao trabalho.
— Obrigado pelo convite, loirinho. Mas eu preciso continuar, pessoal. Se precisarem de algo, é só chamar. — Niki disse, se afastando, ainda com um sorriso simpático no rosto.
Sunoo se sentou de volta à mesa, sentindo um calor estranho no peito. Seus amigos estavam agora olhando para ele com expressões curiosas.
— Como você conhece ele? — Jungwon perguntou, arqueando uma sobrancelha. — Ele não parece ser do seu... ciclo social. Com todo respeito.
— Ai, é uma longa história! — Sunoo disse, sorrindo de forma quase boba. — Eu conheci ele na praia, mas a gente conversou bastante pela internet. A gente se falou várias vezes, trocamos umas mensagens, jogamos uns jogos juntos... E ele sempre foi super simpático comigo.
— Quantas vezes vocês saíram? - Park perguntou.
— Duas vezes, e ainda foi por acaso.
— Hm, que coincidência... — Sunghoon comentou, com um leve sorriso no rosto. — Só não se apaixona, tá? Vocês se viram só duas vezes!
Sunoo riu, meio sem jeito, mas ainda animado.
— É, mas a gente já conversou sobre muitos assuntos pela internet! — ele respondeu, claramente empolgado. — E, tipo, ele é bem mais legal do que parece. Não é só esse garçom bonitinho aí. Eu gostei dele de verdade, sabia?
Jungwon olhou para Sunghoon com uma expressão de surpresa, parecia estar trocando mensagens telepaticamente.
— Cuidado, Sunoo. Você nunca sabe se ele quer só a sua 'grana, Kim. — Jungwon comentou, mexendo com ele. Sunoo, ainda sorrindo, balançou a cabeça, tentando não parecer tão preocupado.
— Não, ele é diferente. Eu espero que sim. — Sunoo respondeu, em tom de confiança, mas ainda com uma leve dúvida.
Ele sabia que o mundo podia ser imprevisível, mas, por algum motivo estranho, confiava em Niki. O trio continuou seu almoço, mas Sunoo não conseguia parar de pensar na coincidência de ter encontrado Niki naquele restaurante. Ele se perguntava o que isso significava para os dois.
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